INTRODUÇÃO
Neste trabalho vou retratar
acerca da vida e obra do Doutor António Agostinho Neto, filho de Agostinho Neto
e de Maria da Silva Neto tendo profissões Camponesas, A Sua esposa tem como
nome Maria Eugénia Neto.
Nasceu a 17 de Setembro de
1922, em Catete, Icolo e Bengo. Licenciou-se em Medicina em Lisboa e em Cabo
Verde. Agostinho Neto dirigiu a partir de Argel e de Brazzaville as actividades
políticas e de guerrilha do MPLA durante a Guerra de Independência de Angola, entre
1961 e 1974, e durante o processo de descolonização, 1974/75, que opôs o MPLA
aos dois outros movimentos nacionalistas, a Frente Nacional de Libertação de
Angola e a União Nacional para a Independência Total de Angola tendo o MPLA
saído deste último processo como vencedor, declarou a independência do país em
11 de Novembro de 1975,1 assumindo as funções de Presidente da República,
mantendo as de Presidente do MPLA, e estabelecendo um regime mono partidário
inspirado no modelo então praticado nos países do Leste europeu.
A
VIDA E OBRA DE DR. ANTÓNIO AGOSTINHO NETO
Foi Presidente do Movimento
Popular de Libertação de Angola e em 1975 tornou-se no primeiro Presidente de
Angola até 1979. Em 1975-1976 foi-lhe atribuído o Premio Lenine da Paz.
Fez parte da geração de
estudantes africanos que viria a desempenhar um papel decisivo na independência
dos seus países naquela que ficou designada como a Guerra Colonial Portuguesa.
Foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), a polícia
política do regime Salazarista então vigente em Portugal, e deportado para o
Tarrafa, uma prisão política em Cabo Verde, sendo-lhe depois fixada residência
em Portugal, de onde fugiu para o exílio. Aí assumiu a direcção do Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPLA), do qual já era presidente honorário
desde 1962. Em paralelo, desenvolveu uma actividade literária, escrevendo
nomeadamente poemas.
No dia 17 de Setembro, Angola
celebra o Dia do Herói Nacional, comemorando o dia que Agostinho Neto nasceu.
BIOGRAFIA
Nasceu a 17 de setembro de
1922 em Kaxicane, freguesia de São José, conselho de Ícolo e Bengo, filho de
Agostinho Neto, catequista de missão metodista americana em Luanda sendo mais
tarde pastor e professor nos Dembos e de Maria da Silva Neto, professora.
ESTUDOS
E FORMAÇÃO POLÍTICA
Aos seus pais mudarem-se para
Luanda obtém, em 10 de junho de 1934, o certificado da escola primária, e; em
1937 inicia seus estudos secundários no Liceu Salvador Correia, concluindo os
mesmos em 1944. Após concluir o liceu, foi contratado pelos serviços
administrativos da África Ocidental Portuguesa para servir como funcionário dos
serviços de saúde, neste tempo ampliando sua visão do problema colonial.
Deixa Angola e embarca para
Portugal, a fim de frequentar a Faculdade de Medicina da Universidade de
Coimbra. Em Coimbra torna-se um dos fundadores da secção Casa dos Estudantes do
Império (CEI). Na CEI funda a revista Movimento, em colaboração com Lúcio Lara
e Orlando de Albuquerque, e o grupo Vamos Descobrir Angola, que deu origem ao “Movimento
dos Jovens Intelectuais de Angola”.
Em 1948 ganha uma bolsa de
estudos pelos metodistas americanos, transferindo sua matrícula para a
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, continuando sua atividade no
seio da CEI. Em 1948 foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado
(PIDE), em Lisboa, quando recolhia assinaturas para a Conferência Mundial da
Paz ficando encarcerado durante três meses. Ao ser solto, Agostinho Neto, em
parceria com Amílcar Cabral, Mário de Andrade, Marcelino dos Santos e Francisco
José Tenreiro fundam, clandestinamente o Centro de Estudos Africanos a
instituição viria a ser fechada pela PIDE em 1951.
Em 1951 é eleito representante
da Juventude das Colônias Portuguesas (JCP) junto ao Movimento de Unidade
Democrática Juvenil (MUD-J), grupo fortemente ligado ao Partido Comunista
Português (PCP). As atividades no JCP rendem-lhe uma nova prisão pela PIDE, em
Lisboa, em 1951. Em 1955 Foi novamente preso por suas atividades políticas no JCP
e no MUD-J em 1955, sendo condenado a 18 meses de encarceramento. Esta última
mobilizou muitos intelectuais em seu apoio, que fizeram uma petição
internacional a pedir a sua libertação, entre eles Simone de Beauvoir, François
Mauriac, Jean-Paul Sartre e o poeta cubano Nicolás Guillén.
Ainda estava encarcerado
quando, em 10 de dezembro de 1956, funda-se o Movimento Popular de Libertação
de Angola (MPLA), a partir da fusão principalmente dos grupos nacionalistas
Partido da Luta Unida dos Africanos de Angola e Partido Comunista Angolano,
além de outros grupos menores. Libertado em julho de 1957, dedicou-se em
finalizar seus estudos, licenciando-se em Medicina pela Faculdade de Medicina
da Universidade de Lisboa, em 27 de outubro de 1958.
LUTA
ANTICOLONIAL
Em 1959 integra-se ao
Movimento Anticolonial (MAC), embora que desde que liberto, em 1957, já tomava
parte de suas atividades sem filiação formal, para evitar ser novamente preso.
Em 22 de dezembro de 1959, juntamente com a família, ruma para Luanda, onde abre
um consultório médico, passando a organizar as atividades políticas do MPLA,
ainda pouco efetivo. Assume a liderança do movimento neste mesmo ano.
Em 8 de junho de 1960 é preso
em Luanda, gerando grandes manifestações de solidariedade diante do seu consultório
médico. Operações policiais são levadas a cabo contra seus apoiastes e a aldeia
onde nasceu é invadida pelas forças oficiais. É levado para a cadeia do Algarves
em Portugal, sendo pouco depois deportado para o arquipélago de Cabo Verde,
ficando instalada na prisão de Ponta do Sol, ilha de Santo Antão; finalmente é
transferido para o Campo do Tarrafa, onde fica até outubro de 1962. É na prisão
que escreve alguns de seus principais poemas. Mal havia sido solto é posto
novamente em prisão, sendo transferido para as prisões do Aljube, em Lisboa. A
forte repercussão internacional por sua prisão leva vários periódicos e
intelectuais a fazer campanha contra Portugal, escancarando a Guerra Colonial
Portuguesa, que havia iniciado, em Angola, em 4 de fevereiro de 1961. É liberto
da prisão em março de 1963.
Ao ser liberto, permanece em
Lisboa até junho de 1963, quando foge de Portugal com sua família,
instalando-se em Quinxassa, onde o MPLA tinha a sua sede no exílio, reassumindo
as funções de presidente efetivo do MPLA durante a Conferência Nacional do
Movimento (por conta da prisão, era presidente honorário desde 1961). No mesmo
ano ruma, com a sede do MPLA, para Brazzaville em consequência da sua expulsão
do Zaire que passou a dar o apoio total á Frente Nacional de Libertação de
Angola (FNLA).
Entretanto sua figura jamais
foi unanimidade dentro do movimento anticolonial. As fortes divergências que
teve com Viriato da Cruz, em 1963, levaram Neto a torturá-lo e humilhá-lo
diariamente numa prisão, somente saindo (quase morto), por intervenção de
aliados externos da Argélia e China. Outra figura que o questionou fortemente
foi Matias Miguéis, sendo que este acabou morto após humilhantes torturas
ordenadas por Neto, em 1965; foi enterrado vivo somente com a cabeça para fora,
onde lhe jogavam secreções ao mesmo tempo em que recebia golpes. Historiadores,
como William Tonet, apontam que nem mesmo os portugueses cometeram tais
atrocidades.
Passa a coordenar totalmente o
núcleo militar do movimento, abrindo as frentes de Cabinda (1963) e do Leste de
Angola (1966). Em 1968 transfere a sua família para Dá es Salã, onde continuará
até 4 de fevereiro de 1975.
Em 25 de abril de 1974
acontece a Revolução dos Cravos, em Portugal, ocorrendo o cessar das
hostilidades; em outubro de 1974 o MPLA assina o cessar-fogo da Guerra de
Independência de Angola, com o novo regime português reconhecendo o direito das
colônias a independência. Em 1975 é recebido em Luanda, nos preparativos para o
Acordo do Alvor, em Portugal, onde é acordado estabelecer um "governo de
transição" que inclui o MPLA, Portugal, FNLA e União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA).
PRESIDÊNCIA DE ANGOLA
Coordena a Batalha de Luanda,
entre julho e novembro de 1975, onde expulsa as forças rivais que encontravam-se
presentes na capital, elemento chave para o sucesso militar da MPLA ante a FNLA
e a UNITA. Em 11 de novembro de 1975 Angola é declarada independente e
Agostinho Neto é proclamado seu primeiro presidente, continuando
Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola
(FAPLA) e Presidente do MPLA[4]. Neto alinha a MPLA ao bloco socialista e
estabelece um regime mono partidário, inspirado no modelo então praticado nos
países do Leste Europeu.
Na oportunidade, assume em 11
de novembro de 1975 a função de reitor da Universidade de Angola actual
Universidade Agostinho Neto, função meramente cerimonial, pois quem de facto
regia a instituição era o vice-reitor João Garcia Bires. Em 1975 torna-se
também presidente da União dos Escritores Angolanos, cargo que desempenhou até
a data do seu falecimento. Assume o comando militar da FAPLA na Guerra Civil,
angariando apoio de Cuba, que envia um grande contingente militar, apoio de
pessoal médico e professores. Consegue expulsar, em 1976, o exército da África
do Sul.
Sua liderança á frente do
movimento e de Angola é confirmada no congresso de 1977, onde o MPLA é
convertido em Partido do Trabalho.
Durante este período, houve graves conflitos internos no MPLA que
puseram em causa a liderança de Agostinho Neto.
Entre estes, o mais grave
consistiu no surgimento, no início dos anos 1970, de duas tendências opostas à
direção do movimento, a "Revolta Ativa constituída no essencial por
elementos intelectuais, e a Revolta do Leste, formada pelas forças de guerrilha
localizadas no Leste de Angola; estas divisões foram superadas num intrincado
processo de discussão e negociação que terminou com a reafirmação da autoridade
de Agostinho Neto. Já depois da independência, em 1977, houve um levantamento,
visando a sua liderança e a linha ideológica por ele defendida; este movimento,
oficialmente designado como Fraccionismo, foi reprimido de forma sangrenta, por
suas ordens.
MORTE
António Agostinho Neto morreu
num hospital em Moscovo, em 10 de setembro de 1979, no decorrer de complicações
ocorridas durante uma operação a um cancro do fígado de que sofria, poucos dias
antes de fazer 57 anos de idade. Foi substituído na presidência de Angola e do
MPLA por Lúcio Lara, que ficou poucos dias na interinidade até a posse de José
Eduardo dos Santos.
VIDA
PESSOAL
Casou-se em outubro de 1958
com a escritora, poetisa e jornalista portuguesa Maria Eugenia Neto. A conheceu
num círculo de escritores, em Lisboa, em 1948.
Poucos dias depois de casado com Maria Eugênia, nasce
em Lisboa, em 9 de novembro de 1958, o seu primeiro filho, Mário Jorge Neto. Em
1961 nasce sua segunda filha, Irene Alexandra Neto.
OBRA
LITERÁRIA
Poesia
ü
1957
- Quatro Poemas de Agostinho Neto, Póvoa do Varzim, e.a.
ü
1961
- Poemas, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império
ü
1974
- Sagrada Esperança, Lisboa, Sá da Costa (inclui poemas dos dois primeiros
livros)
ü
1982
- A Renúncia Impossível, Luanda, INALD
ü
2016
- Obra poética completa, Lisboa, Fundação Dr Agostinho neto
OBRA
POLÍTICA
ü
1974
- Quem é o inimigo… qual é o nosso objectivo?
ü
1976
- Destruir o velho para construir o novo
ü
1980
- Ainda o meu sonho
ü
Caminho
do mato
ü
Aspiração
ü
Fogo
e ritmo
Em
1970 foi galardoado com o prêmio Lotus, atribuído pela 4ª Conferência dos
Escritores Afro-Asiáticos.
NOTAS
O antecessor do primeiro presidente angolano
Agostinho Neto foi Leonel Cardoso, que exerceu a função de Alto Comissário e
Governador-Geral do então Estado Português de Angola entre 26 de Agosto e 10 de
Novembro de 1975. Entre os anos de 1575 e 1975, a Angola fazia parte de
Portugal, sendo oficialmente chamado de África Ocidental Portuguesa ou,
formalmente, Província Ultramarina de Angola.
CONCLUSÃO
Em
suma deste tema que é para falar da Vida e Obra de António Agostinho Neto,
cheguem a uma conclusão em que na África de expressão portuguesa é comparável à
Leopoldo Senhor na África de expressão francesa. Foi um esclarecido homem de
cultura para quem as manifestações culturais tinham de ser, antes de mais, a
expressão viva das aspirações dos oprimidos, armas para a denúncia de situações
injustas, instrumento para a reconstrução da nova vida. Membro fundador da
União dos Escritores Angolanos, foi eleito pelos seus pares o seu primeiro
Presidente.
BIBLIOGRAFIA
Carlos Pacheco - Agostinho Neto, o perfil de um
ditador, Lisboa, Nova Vega, 2volumi, 2016.
Carreira, Iko, O pensamento político de Agostinho
Neto, Lisboa: D. Quixote, 1996 ISBN 9789722013482.
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