A SOCIOLOGIA – RESUMO FEITO
POR JAY KLENDER WORSES
1.
História Das Idéias E Sociologia Das
Ciências
Há quase trinta anos, nos países anglo-saxões, mais
recentemente na França, a oposição às insuficiências da história das idéias é
reivindicada pela sociologia das ciências. Muitas vezes, esta oposição se
apresenta de maneira radical.
De
um lado, a sociologia das ciências contesta a possibilidade de existência de
conteúdos do pensamento científico não redutíveis socio-culturalmente, ou então
perde o interesse por eles. Na França, é a noção de campo científico, proposta
nos anos 1970 por Bourdieu, que teve durante muito tempo maior êxito.
2.
Uma história "historicizante",
isto é, contextualizadora
A história disciplinar, como a história epistemológica
que Bachelard e seus alunos praticavam, produz muitas vezes problemáticas que
poderiam ser qualificadas de genealógicas, que consistem em retraçar a origem e
a evolução dos conceitos, em trabalhar de maneira privilegiada os grandes
autores reputados "fundadores", em discutir a anterioridade de tal ou
qual teoria.
Ora, mesmo se estas problemáticas são
legítimas e indispensáveis, sofrem geralmente do defeito próprio à interrogação
retrospectiva quando esta se torna na realidade, por uma tendência bastante
natural do espírito, uma reconstrução a partir do presente. Chega-se então a
esta postura metodológica que se chama, após Georges Stocking, o presentismo.
3.
Nascimento Da Sociologia Unversitária Na
França
Incontestavelmente, nos anos 1880-1900, assistiu-se na
França ao aparecimento massivo de autores e de grupos de autores que
reivindicavam o rótulo de sociólogos, que procuravam autonomizar esta ordem de
saber das abordagens preexistentes e que tentavam desenvolver este ensino no
seio da universidade.
Foi o momento decisivo. Por certo, o princípio
da existência de uma nova ciência batizada de Sociologia foi estabelecido já em
1856 por Auguste Comte, na 47ª Lição do Curso de Filosofia Positiva. Do mesmo
modo, a primeira Sociedade de Sociologia foi fundada em 1872 por Émile Littré,
o líder dos discípulos não-religiosos de Comte 3. Essa sociedade contava com
médicos, juristas e filósofos.
4.
As transformações do campo universitário e
a profissionalização das ciências humanas
A
autonomização paradigmática das ciências humanas foi amplamente facilitada pela
autonomização universitária destes saberes6. É preciso em primeiro lugar
assinalar a importância da criação da École Pratique des Hautes Études (EPHE)
no final do Segundo Império (1864 e anos seguintes).
Esta
nova instituição continha na origem quatro seções; apenas a 4ª interessa às
ciências humanas: a seção das ciências históricas e filológicas. Em 1885,
nasceu todavia uma 5ª seção para as ciências religiosas (seção que desempenhará
um papel importante no grupo de Durkheim).
5.
O contexto político-intelectual
Quando se afirma que a sociologia nasceu na França em
torno de 1880-1900, é difícil não perceber que se trata muito exatamente dos
anos de fundação da Terceira República e, em seguida, da instalação do que hoje
é chamado o Estado de bem-estar8. Por isso, é importante interrogar-se sobre o
conteúdo da ideologia republicana desta época, sobre as idéias, os valores
partilhados pela geração que acompanha este evento político de importância
considerável.
6.
A autonomização do campo da sociologia
Nas
décadas que precederam o nascimento da sociologia universitária, o estudo científico
das condutas humanas era sobretudo tarefa das ciências biomédicas:
antropologia, psiquiatria, psicofisiologia. Globalmente, estas ciências
funcionavam no quadro de um paradigma naturalista, explicando os comportamentos
sociais pela natureza biopsicológica dos indivíduos e dos grupos de indivíduos.
As
noções de raça, hereditariedade, constituição cerebral, são centrais nestas
abordagens que consideram as sociedades como somas de indivíduos. Os anos
1860-1890 foram o momento de apogeu destes modelos naturalistas aplicados às
ciências sociais.
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