ÍNDICE
O
objectivo deste trabalho é tecer considerações introdutórias acerca dos
princípios básicos que fundamentam os métodos e técnicas de pesquisa nas Ciências Sociais. Espera-se que,
ao final da leitura deste capítulo, o/a leitor/a tenha apreendido qual é a
especificidade da abordagem quantitativa nas Ciências Sociais e quais são os
aspectos imprescindíveis para a boa condução desse tipo de investigação.
A
construção do conhecimento e do objeto de investigação em Ciências Sociais
Tratar da questão dos métodos e das técnicas de investigação em Ciências
Sociais nos leva a considerar, ainda de que forma breve, o contexto do
surgimento das Ciências Sociais como disciplina.
Ela
se constituiu num contexto de profundas transformações, que reconfiguraram as
diferentes esferas da vida social (família, divisão do trabalho, religião,
Estado etc.) e tornaram-se problemas de investigação.
As
Ciências Sociais passam, desde os seus primórdios, a ocupar o lugar de um
pensamento que procura dar sentido às transformações no seu entorno sem se
render às interpretações de senso comum.
Método é uma palavra que provém do termo grego
methodos (“caminho” ou “via”) e que se refere ao meio utilizado para chegar a
um fim. O seu significado original aponta para o caminho que conduz a algures. A
palavra método pode referir-se a diversos conceitos. Por exemplo, aos métodos
de classificação científica. Esta é a disciplina por intermédio da qual os
biólogos agrupam e categorizam os organismos e os seus conjuntos.
Os métodos, por sua vez, validam empiricamente
nossas perguntas e nos ensinam a testar hipóteses teoricamente construídas.
Outro papel importante da teoria é a sua contribuição para a redução de
possíveis vieses no desenho da pesquisa. Conforme apontado acima, o cientista
social se dedica ao entendimento daquilo que está no seu entorno e sobre o qual
existem muitas opiniões, inclusive a do próprio investigador.
A
ciência tem como objetivo fundamental chegar à veracidade dos fatos. Neste
sentido não se distingue de outras formas de conhecimento. O que torna, porém,
o conhecimento científico distinto dos demais é que tem como característica
fundamental a sua yerificabilidade. Para que um conhecimento possa ser
considerado científico, torna-se necessário identificar as operações mentais e
técnicas que possibilitam a sua verificação. Pode-se definir método como
caminho para se chegar a determinado fim. E método científico como o conjunto
de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o
conhecimento.
Estes
métodos esclarecem acerca dos procedimentos lógicos que deverão ser seguidos no
processo de investigação científica dos fatos da natureza e da sociedade. São,
pois, métodos desenvolvidos a partir de (elevado grau de abstração, que possibilitam ao pesquisador decidir acerca
do alcance de sua investigação, das regras de explicação dos fatos e da
validade de suas generalizações. Podem ser incluídos neste grupo os métodos:
dedutivo, indutivo, hipotético- dedutivo, dialético e fenomenológico.
O
método dedutivo, de acordo com a acepção clássica, é o método que parte do
geral e, a seguir, desce ao particular. Parte de princípios reconhecidos como
verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira
puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. E o método
proposto pelos racionalistas (Descartes, Spinoza, Leibniz), segundo os quais só
a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios
a priori evidentes e irrecusáveis.
O
protótipo do raciocínio dedutivo é o silogismo, que consiste numa construção
lógica que, a partir de duas preposições chamadas premissas, retira uma
terceira, nelas logicamente implicadas, denominada conclusão. Seja o exemplo:
Ø Todo homem é
mortal, (premissa maior),
Ø Pedro é homem,
(premissa menor),
Ø Logo, Pedro é
mortal, (conclusão).
O
método dedutivo encontra larga aplicação em ciências como a Física e a
Matemática, cujos princípios podem ser enunciados como leis. Por exemplo, da
lei da gravitação universal, que estabelece que matéria atrai matéria na razão
proporcional às massas e ao quadrado da distância, podem ser deduzidas
infinitas conclusões, das quais seria muito difícil duvidar.
O
método indutivo procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca
a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados
particulares. De acordo com o raciocínio indutivo, a generalização não deve ser
buscada aprioristicamente, mas constatada a partir da observação de casos
concretos suficientemente confirmadores dessa realidade. Constitui o método
proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o
conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar em
consideração princípios preestabelecidos.
Nesse
método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se deseja
conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a finalidade de descobrir as
relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com
base na relação verificada entre os
fatos ou fenômenos.
O
método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de críticas à
indução, expressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela primeira
vez em 1935. A indução, no entender de Popper, não se justifica, pois o salto
indutivo de alguns para todos exigiria que a observação de fatos isolados
atingisse o infinito, o que nunca poderia ocorrer, por maior que fosse a
quantidade de fatos observados.
O
conceito de dialética é bastante antigo. Platão utilizou-o no sentido de arte
do diálogo. Na Antigüidade e na Idade Média o termo era utilizado para
significar simplesmente lógica. A concepção moderna de dialética, no entanto,
fundamenta-se em Hegel. Para esse filósofo, a lógica e a história da humanidade
seguem uma trajetória dialética, nas quais as contradições se transcendem, mas
dão origem a novas contradições que passam a requerer solução.
A
unidade dos opostos. Todos os objetos e fenômenos apresentam aspectos
contraditórios, que são organicamente unidos e constituem a indissolúvel
unidade dos opostos. Os opostos não se apresentam simplesmente lado a lado, mas
num estado constante de luta entre si.
O
método fenomenológico, tal como foi apresentado por Edmund Husserl (1859-1938),
propõe-se a estabelecer uma base segura, liberta de proposições, para todas as ciências. Para Husserl, as
certezas positivas que permeiam o discurso das ciências empíricas são ingênuas.
A suprema fonte de todas as afirmações racionais é a consciência doadora
originária.
Estes
métodos têm por objetivo proporcionar ao investigador os meios técnicos para
garantir a objetividade e a precisão no estudo dos fatos sociais. Mais
especificamente, visam fornecer a orientação necessária à realização da
pesquisa social, sobretudo no referente à obtenção, processamento e validação
dos dados pertinentes à problemática que está sendo investigada. Podem ser identificados vários métodos desta
natureza nas ciências sociais.
O
método experimental consiste essencialmente em submeter os objetos de estudo à
influência de certas variáveis, em condições controladas e conhecidas pelo
investigador, para observar os resultados que a variável produz no objeto. Não
constitui exagero afirmar que boa parte dos conhecimentos obtidos nos últimos
três séculos se deve ao emprego do método experimental, que pode ser
considerado como o método por excelência das ciências naturais.
O
método comparativo procede pela investigação de indivíduos, classes, fenômenos
ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles. Sua
ampla utilização nas ciências sociais deve-se ao fato de possibilitar o estudo
comparativo de grandes grupamentos sociais, separados pelo espaço e pelo tempo.
Este
método fundamenta-se na aplicação da teoria estatística da probabilidade e
constitui importante auxílio para a investigação em ciências sociais. Há que se
considerar, porém, que as explicações obtidas mediante a utilização do método
estatístico não podem ser consideradas absolutamente verdadeiras, mas dotadas
de boa probabilidade de serem verdadeiras.
Exemplo:
Estudo de todos os tipos de governo democrático, do presente e do passado, para
estabelecer as características típicas ideais da democracia.
3- PESQUISA SOCIAL
Pesquisa é um conjunto de ações que visam a
descoberta de novos conhecimentos em uma determinada área. No meio acadêmico, a
pesquisa é um dos pilares da atividade universitária, em que os pesquisadores
têm como objetivo produzir conhecimento para uma disciplina acadêmica,
contribuindo para o avanço da ciência e para o desenvolvimento social. A
palavra pesquisa deriva do termo em latim perquirere, que significa
"procurar com perseverância. Uma parte importante de qualquer pesquisa é o
recolhimento de dados, e por isso um pesquisador deve buscar por informações
com diligência.
Quanto à abordagem do problema, a metodologia da
pesquisa pode ser:
Quantitativa: método de pesquisa que recorre a diferentes
técnicas estatísticas para quantificar opiniões e informações.
Qualitativa: é uma pesquisa descritiva que explora as
particularidades e os traços subjetivos considerando a experiência pessoal do
entrevistado.
A
pesquisa social pode decorrer de razões de ordem intelectual, quando baseadas
no desejo de conhecer pela simples satisfação para agir. Daí porque se pode
falar em pesquisa pura e em pesquisa aplicada. A pesquisa pura busca o
progresso da ciência, procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a
preocupação direta com suas aplicações e conseqüências práticas.
As
pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações
entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este
título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas
padronizadas de coleta de dados. Dentre as pesquisas descritivas salientam-se
aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua
distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, nível de
renda, estado de saúde física e mental etc.
São
aquelas pesquisas que têm como preocupação central identificar os fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de
pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a
razão, o porquê das coisas.
A
pesquisa participante, é a pesquisa que
responde especialmente às necessidades de populações que compreendem operários, camponeses, agricultores e
índios as classes mais carentes nas
estruturas sociais contemporâneas levando em conta suas aspirações e potencialidades de conhecer e agir.
CONCLUSÃO
O
ser humano, valendo-se de suas capacidades, procura conhecer o mundo que o
rodeia. Ao longo dos séculos, vem desenvolvendo sistemas mais ou menos
elaborados que lhe permitem conhecer a natureza das coisas e o comportamento
das pessoas.
Pela
observação o ser humano adquire grande quantidade de conhecimentos. Valendo-se
dos sentidos, recebe e interpreta as informações do mundo exterior. Olha para o
céu e vê formarem-se nuvens cinzentas. Percebe que vai chover e procura abrigo.
A observação constitui, sem dúvida, importante fonte de conhecimento. Ao
nascer, o ser humano depara-se também com um conjunto de crenças que lhe falam
acerca de Deus, de uma vida além da morte e também de seus deveres para com
Deus e o próximo.
Concluindo, as ciências sociais são uma grande área
de estudos voltada especialmente aos primórdios, organização e desenvolvimento
de diferentes culturas, comunidades e sociedades. O cientista social é o
profissional responsável pelo estudo de estruturas, fenômenos e relações
sociais em organizações do tipo econômicas, culturais, políticas e sociais como
um todo.
Entre os campos de pesquisa do cientista social
destacamos a análise de conflitos e movimentos sociais, a construção de
opiniões e identidades, a formação de hábitos e costumes e a própria relação
que se estabelece entre diferentes grupos, pessoas, famílias e até mesmo
organizações. Neste artigo, confira uma introdução à área de ciências sociais.
Marina de
Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos
5ª Edição –
Editora Atlas – 2003
Capítulo 4.7
Coutinho, C.
(2011), Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e
Prática, Coimbra: Almedina
Quivy, R. &
Campenhouldt, L. (1992), Manual de investigação em Ciências Sociais, Lisboa:
Gradiva
Enviar um comentário