FACTORES DETERMINANTES DA DELINQUÊNCIA JUVENIL

 

FACTORES DETERMINANTES DA DELINQUÊNCIA JUVENIL NO MUNICÍPIO DE CACUACO, PROVÍNCIA DE LUANDA

 

 

INTRODUÇÃO

A Delinquência juvenil é uma problemática em constante desenvolvimento e progressão, que se tem vindo a propagar por todo o mundo tomando proporções devastadoras, sendo a actividade delituosa dotada de maior precocidade, intensidade e frequência. Os jovens praticam cada vez mais actos anti-sociais, dos quais, agressão física, furtos, roubos, conduta contra as normas, vandalismo, por vários motivos, seja como forma de se afirmar nos grupos de pares, ou como uma forma de oposição às autoridades, nomeadamente parentais, entre outros motivos. As estatísticas criminais têm vindo a comprovar tais factos, sendo fulcral a criação de planos de acção que combatam a Criminalidade, essencialmente nas camadas mais jovens, onde a criminalidade é mais frequente e a intervenção é mais eficaz, sendo que se tratam de idades mais precoces.

 

A delinquência juvenil é um fenómeno cada vez mais saliente nas sociedades actuais. As notícias sobre jovens delinquentes violentos e não-violentos são amplamente divulgadas pelos órgãos de comunicação social e têm um enorme impacto na opinião pública, causando um alarme social que pressiona o Estado a actuar. A delinquência juvenil pode assumir muitas formas e pode ser entendida de modos muito distintos. Actos como furtar algo numa loja ou agredir uma pessoa diferem na gravidade com que são encarados quer pelas autoridades quer pelo cidadão comum. Estes tipos de comportamentos ocorrem tão frequentemente em jovens que têm vindo a ser conceptualizados como normativos (e.g., Eklund & Af Klintberg, 2009; Lynam, 1996).

 

Apesar de muitos jovens se envolverem, nem que seja pontualmente, em actos transgressivos ou ilegais apenas uma pequena minoria comete actos graves de forma persistente. Todavia, essa pequena minoria é responsável por uma parte substancial dos actos delinquentes cometidos (e.g., Baron, 1995; Elliott & Ageton, 1980; Farrington & West, 1993; Henry, Caspi, Moffitt & Silva, 1996; Howell, Krisberg & Jones, 1995; Loeber & Farrington, 2001; Nagin & Tremblay, 1999; Office of Juvenile Justice and Delinquency Prevention, 1995), o que faz aumentar substancialmente a importância de se proceder à sua investigação.

 

Assiste-se actualmente a um interesse renovado pelo estudo da delinquência juvenil e ao desenvolvimento de novas teorias e hipóteses de investigação (e.g., Moffitt, Caspi, Rutter & Silva, 2006; Patterson & Yoerger, 2002). Autores proeminentes nesta área de investigação (e.g., Farrington, Loeber e Kalb, 2001) enfatizam a necessidade de se incentivar a investigação empírica das características dos jovens delinquentes graves de forma a obter conclusões científicas sólidas que permitam posteriormente fundamentar as intervenções no terreno, quer em termos de eficácia terapêutica quer em termos de custo/benefício.

 

É facto sobejamente conhecido pela investigação efectuada nas últimas décadas que os comportamentos anti-sociais têm uma grande estabilidade ao longo da vida (Farrington, 2004), sendo que o melhor preditor do comportamento anti-social futuro é o comportamento anti-social passado (Tremblay & LeMarquand, 2001) e a idade em que este se iniciou (Farrington, Loeber & Van Kammen, 1990).

 

Actualmente sabe-se que os menores que se iniciam precocemente (i.e., antes dos 12 anos de idade) nas actividades anti-sociais têm um risco acrescido de duas a três vezes relativamente a tornarem-se delinquentes persistentes que cometem crimes graves de forma continuada (Loeber & Farrington, 2001; Farrington, Loeber & Kalb, 2001) e a investigação sugere que os melhores preditores do comportamento anti-social infantil e juvenil se encontram a nível das características individuais e familiares (Wasserman & Seracini, 2001).

 

Pretende-se com este projecto aprofundar e consolidar os conhecimentos acerca da Delinquência juvenil em Luanda propriamente no município de Cacuaco e, simultaneamente, compreender em que medida a ausência de vínculos, enfatizando os vínculos familiares, têm influência na adopção de comportamentos desviantes. Para tal, considerou-se pertinente conhecer um pouco do mundo aparte que é vivido no seio dos jovens institucionalizados, e de que forma a diminuição dos vínculos por parte dos jovens que nessas instituições residem poderá estar na base de comportamentos agressivos ou anti-sociais.

 

 

1.     DESCRIÇÃO DA PROBLEMÁTICA

A delinquência juvenil é um dos problemas que preocupa a sociedade e faz com que as autoridades procurem soluções para se acabar com os casos de jovens envolvidos em crimes.

Em Angola, como em qualquer grande país desenvolvido ou em desenvolvimento, há infelizmente bastantes jovens em conflito com a lei, pelo que é oportuno que as entidades competentes prestem a atenção necessária para evitar que muitos adolescentes tenham condutas perturbadoras da ordem pública. As autoridades têm-se debruçado sobre as causas da delinquência juvenil e criado as condições para impedir que os índices de criminalidade aumentem no país, com a adopção de medidas de prevenção da delinquência juvenil, mas também estudam as causas dos crimes praticados por jovens.

A criminalidade é um fenómeno que obriga a uma actuação transversal para a combater com maior eficiência, pois não é somente assunto de Polícia. É também de outros sectores da sociedade que podem, e devem, desempenhar um papel importante na prevenção de crimes. Para tratar do problema da delinquência juvenil é importante sensibilizar quadros que, pelos conhecimentos que têm, podem a ajudar a diminuir os índices de criminalidade.

Também é necessário que as várias entidades empenhadas no combate à criminalidade juntem esforços para mais rapidamente poderem resolver os problemas da delinquência juvenil.

As principais causas da delinquência são conhecidas, devendo haver acções que possam ajudar a impedir que as condutas criminosas sejam recorrentes. É bom que a questão dos jovens em conflito com a lei esteja a ser discutida por muitas pessoas e temos esperança que nos debates que se realizam surjam ideias que contribuam para a solução de muitos problemas.

A discussão é sempre salutar, sobretudo quando se trata de questões complexas como é a delinquência juvenil. Analisar os problemas, por mais complicados que sejam, constitui um bom exercício para se conseguirem as terapias necessárias às graves doenças que sofremos.

A transmissão dos valores morais e cívicos à juventude é uma das tarefas que tem de ser realizada por entidades ligadas ao sector escolar, que devem trabalhar na correcção de comportamentos para podermos ter uma sociedade onde imperem as boas condutas.

Temos de lutar para termos na nossa sociedade homens e mulheres que desenvolvam acções que promovam a boa convivência entre os cidadãos.

Um país constrói-se com bons cidadãos. A prosperidade que queremos para Angola passa pela criação do homem disponível para a prática de boas acções. Queremos todos que haja cidadãos angolanos que prossigam o bem comum.

O Estado, a sociedade civil e a família, trabalhando em conjunto, podem criar um ambiente propício para o surgimento de cidadãos que se preocupem em fazer o bem permanentemente.

Com isto, levantamos a seguinte problemática:

·         Quais os factores determinantes da delinquência juvenil no Município de Cacuaco, Província de luanda?

·         Que papel o Estado, a Sociedade Civil e a família tem para a criação de um cidadão exemplar.

 


 

2.     JUSTIFICATIVA (RELEVÂNCIA E VIABILIDADE)

Considerando a evolução histórica das leis que regulam o atendimento ao adolescente autor de acto inflacional, e ainda, a cultura de institucionalização das crianças e adolescentes, estabelecida em nossa sociedade, isso associado à sensação de insegurança e medo da população – vocalizada por um discurso estigmatizante e criminalizador proferido pelas mídias – que faz com que as pessoas se sintam subtraídas de seu direito à cidadania4. Propomos discutir a medida socioeducativa de internação, visto que a diminuição da idade penal, caso aprovada, altera de forma ampla a aplicação dessa medida.

Como o discurso sobre cidadania ressalta, quase em sua totalidade, apenas a observância de direitos fundamentais; em se tratando de adolescentes autores de actos infracionais, quando se discute sua inimputabilidade, para a população que é refém da escassez de informação sobre segurança pública, devido a falta de transparência das secretarias estaduais de defesa social e das organizações policiais, somada ao sensacionalismo da mídia, fica subentendido que esses estão fora do alcance da obrigatoriedade de cumprimento de deveres.

Ressalta-se ser necessário entender os factores que motivam a proposta de diminuição da idade penal, e ainda, perceber se ela sugere acções sociais e políticas que orientem o atendimento preventivo ao adolescente em situação de vulnerabilidade social. Visto que entendemos que o enfrentamento da questão, vai além das políticas de segurança pública, ultrapassando os muros dos centros de internação, sendo bastante provável que sua origem anteceda o momento de inserção do adolescente no sistema.

Devido a escassez de políticas públicas voltadas para a juventude, ocorre uma falha na protecção integral, quando não são disponibilizados de forma efectiva programas que trabalhem para preencher as lacunas e carência dos adolescentes antes de sua adesão à criminalidade.

Nesse contexto se faz necessário discutir de forma crítica e imparcial, a efectividade da aplicação da medida socioeducativa de internação, com vistas a contribuir para o aprimoramento e optimização das acções, no que tange à 4 Segundo o dicionário Aurélio da língua portuguesa, cidadania é a qualidade ou estado do cidadão; sendo que cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou, no desempenho de seus deveres para com este.

Tomando por base a afirmação de Volpi (2006), “de que a prática infracional não é incorporada como inerente à identidade do adolescente, mas deve ser vista como uma circunstância de vida a ser modificada”, a modificação das circunstâncias e dos factores que corroboraram para a vivência da criminalidade, demanda uma intervenção direccionada para o ato cometido, assim, o ato não pode ser sobreposto ao sujeito, visto que este foi conduzido por aquele, quando considerados os agentes motivadores.

Esses agentes estão, antagonicamente, presentes na ausência do Estado de Direito nas comunidades, ressaltando que no Brasil democrático, a directriz governamental se orienta nos pressupostos do Estado de Direito, que tem por princípio a noção de reciprocidade de obrigações entre os governantes e os governados e, o recompartilhamento de valores em favor do bem comum. Segundo KARPEN (1993), no Estado de Direito, as relações são reguladas por leis que garantem a integridade do indivíduo em sua condição humana. O Estado de Direito se caracteriza por respeitar as leis e atender os direitos do cidadão – o Estado tem a função de servir e está sujeito às normatizações legais - nele os indivíduos se reconhecem como sujeitos.

Quando o Estado não se faz presente em uma determinada comunidade, deixando de garantir a atenção básica aos seus moradores, ele deixa uma brecha para a criminalidade aliciar jovens que, diante da falta de perspectiva de reconhecimento social por meios lícitos, buscam prestígio através dos benefícios simbólicos oferecidos pelo crime organizado. A atracção pelo poder, as dificuldades de acesso ao mercado formal de trabalho, a miséria, a desigualdade social e a ausência de um projecto de vida para o futuro, possibilitam não apenas o acesso, mas a permanência dos jovens na criminalidade.

A pobreza não é um factor determinante da criminalidade, visto que não são todos os pobres que cometem crimes, mas certamente, é determinante da punição, se considerarmos o perfil socioeconômico da população atendida nas unidades de internação socioeducativa, que em quase sua totalidade é oriunda da classe socialmente inferior. Motivo suficiente para nos motivar a discutir a criminalidade juvenil de forma mais abrangente, sem apresentarmos soluções mágicas, como a sugestão de que, a diminuição da idade penal contribuiria para a redução da criminalidade.

O adolescente não deverá ser reconhecido ou rotulado por seu ato, mas, os dois devem ser considerados quando das orientações para intervenções do sistema socioeducativo, possibilitando ao adolescente a retomada de caminhos e construção de projectos futuros fora da criminalidade. Portanto, as propostas de diminuição da idade penal, com vistas na punição mais severa aos autores de actos infracionais, desconsideram o adolescente como pessoa em desenvolvimento, evidenciando mais o ato e desconsiderando o sujeito e seu contexto.

Quando atentamos para a Proposta de Emenda Constitucional - PEC 26/2002, no tópico que justifica a diminuição da idade penal, com base no grau de maturidade dos adolescentes contemporâneos, é necessário discutir o nosso contexto sociocultural e nossas representações sobre os adolescentes e a adolescência, visto que são essas representações que determinam, implícita ou explicitamente, papéis sociais e comportamentos, apoiando-se em aspectos fisiológicos, sexuais, afectivos, sociais, políticos e institucionais. Justificando a discussão da criminalidade juvenil a partir de nosso contexto, tomando por referência CARLOS (2000), entendemos que a criminalidade é um fenómeno social. Cada sociedade trata seus adolescentes de forma específica, orientada por sua cultura.

Nossa sociedade espera maturidade do adolescente, porém, quase sempre, não lhe oferece condições para o pleno desenvolvimento pessoal e social. Fato que retracta a cultura de transferência de responsabilidades e de penalização das partes menos favorecidas. É contraditório afirmar que o adolescente contemporâneo possui um nível de maturidade mais elevado que os seus predecessores, quando eles são excluídos do processo de construção de projectos sociais que lhes são direccionados. Essa exclusão pode ser traduzida como uma negação à afirmativa da condição de sujeito maduro e crítico em suas acções, ou, como forma de negar o lugar social do adolescente.

A prática diária em uma unidade de atendimento a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação, mostra a necessidade de uma reflexão sobre os objectivos e aplicação das medidas. Propomos essa reflexão no sentido de contribuir para o aprimoramento das políticas públicas de prevenção e controle da criminalidade juvenil, enfatizando que a aplicação das medidas socioeducativas cabe ao governo estadual e municipal e que não deve ser meramente punitiva e dissociada de intervenções pedagógicas.


 

 

3.     IMPORTÂNCIA

Entende-se como delinquência o acto de resistir ou infringir as regras morais ou normas convencionadas em uma sociedade. É um comportamento geralmente associado aos jovens, porém é um engano restringir sua ocorrência a apenas esse grupo, embora a prática de actos criminosos ou delinquentes ocorram com frequência consideravelmente maior nessa faixa etária.

O estudo é importante, primeiramente como jovem e residente no município de Cacuaco, onde o nível de criminalidade esta a crescer todos os dias levando muitas familiares a abandonar os seus lares e ceifando a vida de muitos munícipes por parte destes jovens delinquentes.

E por outra, por ser um dos problemas actuais que afecta toda e qualquer sociedade moderna e também pelo facto de que a delinquência estar relacionada a diferentes comportamentos desviantes que são geralmente relacionados à juventude.

Nem todo comportamento desviante se constitui crime, embora os dois estejam relacionados, não devemos atribuir toda delinquência ao ato criminoso. Essa consideração é importante quando observamos as complicações e as vulnerabilidades inerentes ao mundo dos jovens. As teorias funcionalistas que associam o crime ou o comportamento desviante às faltas de oportunidade para suprir os desejos, tratam do problema da desigualdade social que é, em parte, responsável por alguns dos problemas sociais associados ao crime e à violência, mas não são suficientes para explicar todo o fenómeno. Outro aspecto a ser considerado está relacionado à educação oferecida ao sujeito. Essa educação, que é construída tanto no meio familiar quanto no âmbito escolar, define grande parte do comportamento do indivíduo.

Há teóricos que argumentam que os diferentes comportamentos considerados desviantes, o são por convenção ou por “rotulação” daqueles que possuem a legitimidade da moral normativa de uma sociedade. Giddens (2008) nos explica que a “teoria da rotulação” se pauta no princípio de que não existem acções intrinsecamente criminosas, elas são determinadas como tais por aqueles que possuem o poder de rotular, aqueles que possuem poder de criar leis, os tribunais e as instituições correccionais.  

É fato que o crime e a delinquência, em conjunto com a violência, é um dos principais problemas em nossa sociedade actual. No entanto, não existem explicações simples ou um entendimento único de suas causas. A diversidade de motivações que são abordadas pelos estudos sociológicos trazem alguma luz a esse tão complexo comportamento. Está claro que maiores cuidados devem ser dedicados aos processos de formação do indivíduo, sem criminalizar o diferente ou excluir as camadas mais fragilizadas de nossa sociedade. Em especial nossa juventude, que são os mais vulneráveis e expostos aos problemas sociais relacionados ao crime e à violência.

É também ainda importante falar deste tema, visto que contribui em termos ideias, tanto da população em geral e em particular os munícipes para pôr fim a essa problemática.


 

4.     OBJECTIVOS DE ESTUDOS

4.1           Objectivo Geral

ü  Compreender os factores determinantes da delinquência juvenil no município de Cacuaco, província de Luanda.

4.2           Objectivos Específicos

ü  Conceituar delinquência juvenil,

ü  Descrever os factores e causas que estão na base do crescente número de delinquentes na capital de Angola, mas em especial no município de Cacuaco.,

ü  Sugerir ideias que devem ser adoptados pelos órgão responsável pela segurança pública, sociedade civil e a família no geral para prevenir possível desvio comportamental.


 

5.     1.5 HIPOTESE

Para a boa compreensão do nosso trabalho seleccionamos três hipóteses sobre o tema:

H1 – O elevado número de jovens fora do sistema de ensino poderá ser um dos factores determinante da delinquência juvenil.

H2 – A falta de apoio dos pais, a pobreza e o acompanhamento na formação do adolescente poderá ser um dos factores determinantes do crescente número de adolescentes delinquentes no município de Cacuaco.

H3 – A fraca participação activa da policia, da sociedade civil bem como a não urbanização dos bairros poderá ser um dos factores da não melhoria da delinquência nos bairros do município de Cacuaco.

 

6.     Variáveis dependente e independente

Uma variável pode ser definida como classificação ou medida, quantidade variável, conceito operacional que expressa valores, aspecto, propriedade ou factor, que pode ser distinguido em um objecto examinado e que seja susceptível à medição.

A variável independente  é definida como a que exerce influência sobre outra variável, determinando ou afectando o resultado observado na segunda, com precisão e regularidade. É geralmente manipulada pelo pesquisador em seus experimentos a fim de procurar estabelecer a sua relação e influência sobre o resultado de um fenómeno observado.

A variável dependente  resume-se nos fenómenos ou factores explicados ou identificados, por serem influenciados ou determinados pela variável independente. É o elemento que surge, se altera ou desaparece quando o investigador introduz, modifica ou remove a variável independente.

No contexto da pesquisa a variável independente é o antecedente e a variável dependente é o consequente.

Sendo que neste trabalho tivemos como:

Variável independente: Jovens adolescentes.

Variável dependente: Factores determinantes da delinquência juvenil.


 

CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1       CONCEITO E DIFERENTES PERSPECTIVAS ACERCA DA DELINQUÊNCIA JUVENIL

O conceito de delinquência é talvez aquele que está mais associado a uma maior imprecisão. Com, efeito, o termo delinquência tanto pode ser definido em função de critérios jurídico-penais – sendo delinquente o individuo que praticou actos dos quais resultou uma condenação pelos tribunais – como pode confundir-se com a definição de comportamento anti-social (…), assumindo, desse modo, uma muito maior amplitude (Negreiros, 2001, p. 14). 

Tal como Moffitt (1993) indica nos seus estudos, o individuo pode ingressar no mundo da marginalidade em diferentes idades, no entanto, a infância e a adolescência[1] são as mais frequentes. Os motivos para a prática criminal são diversificados e a continuidade dos mesmos varia tendo em conta factores externos, sendo estes factores que ultrapassam o individuo, tais como factores de índole social ou familiar, e internos, os quais por sua vez traduzem-se em factores inerentes ao individuo.

A família e o grupo de pares são, portanto, imprescindíveis no desenvolvimento da personalidade e da identidade do jovem e as lacunas no processo de socialização com esta). A não socialização ou a dificuldade de se integrar no grupo de pares e a ausência de vínculos familiares origina no jovem um sentimento de marginalização e de exclusão, que poderá dar origem a actos delinquentes e explicará em grande parte o fenómeno da Delinquência juvenil, a qual se poderá prolongar pela vida adulta (Born, 2005; Martinho, 2010).

Também as mudanças físicas com que o jovem se depara geram sentimentos de insegurança, assim como as fortes alterações de humor e alternância de estados psicológicos constante. Todas estas pressões a nível físico, psicológico e social que o jovem vivência podem despoletar em si tendências agressivas, de conflito face às autoridades, e de oposição, nomeadamente de oposição parental, que poderão englobar condutas anti-sociais e desviantes que integram o conceito de Delinquência juvenil (Monteiro & Ferreira, 2007). 

De acordo com Born (2005) não há uma única teoria que explique o que é a delinquência no seu âmago. Trata-se assim um tema amplo, que pode ser definido de diversas formas, tendo em conta diversas vertentes, como a vertente Sociológica, Legal, Criminológica ou Clínica/Psicopatológica, em que a vertente Social assume a existência de vários tipos de acções que podem ser classificadas de diversas formas do ponto de vista social, dando destaque às acções anti-sociais, onde se inserem os comportamentos delinquentes, sendo estes comportamentos intencionais e que visam provocar danos a outrem.

Assim sendo considerado crime todos os actos que violam as normas previstas na lei penal (Cusson, 2002).  O fenómeno da Delinquência juvenil engloba os actos qualificados pela lei como crime praticados por jovens entre os 12 e os 16 anos, os quais necessitam de ser educados para o Direito bem como ser inseridos de forma digna e responsável na vida em sociedade. Aos jovens infractores é-lhes aplicada uma das Medidas Tutelares Educativas previstas no art. 4º da Lei Tutelar Educativa tendo em conta o facto praticado. 

No entanto, a definição de delinquência trata-se de uma definição ampla, que se estende não só ao contexto legal mas também ao contexto social, uma vez que a sociedade, tendo em conta as normas pelas quais se rege, define os comportamentos que são considerados anti-sociais e que violam as expectativas sociais (Kazdin & Buela-Casal, 2001)

Sellin e Wolfgang (cit. in Cusson, 2001) De facto, o factor social tem grande pendor na definição do conceito de delinquência, a qual varia tendo em conta as expectativas e as normas sociais.

De acordo com Negreiros (2001:12-13), a Delinquência juvenil é caracterizada como uma perturbação do comportamento em que se verifica um: Tal como se pode verificar e de acordo com a vertente criminológica, o conceito de Delinquência juvenil é um tema amplo e que pode ser explicado à luz de diversas perspectivas. Em suma, a delinquência juvenil envolve toda uma vasta gama de comportamentos contrários às normas legais e sociais e a sua classificação diverge tendo em conta a cultura, os valores, as leis e as normas de uma dada sociedade (Dias & Andrade, 1997). 

Cohen (cit. in Dias & Andrade, 1997), por exemplo, define o conceito de delinquência como uma “violação das expectativas da maioria dos membros duma sociedade”.

Assim, importa fazer uma distinção entre comportamento anti-social e comportamento delinquente. Os comportamentos anti-sociais englobam os comportamentos que violam as normas e expectativas sociais, não sendo necessariamente ilegais. Já o termo “comportamento delinquente” é utilizado quando se pretende mencionar os comportamentos que violam as leis, sendo portanto ilegais, e que são tipificados como crime pela lei (Negreiros, 2001; Pral, 2007).

1.2       TEORIAS EXPLICATIVAS DA DELINQUÊNCIA JUVENIL

1.2.1 TEORIA DO LAÇO DE HIRSHI

Não poderíamos iniciar este tema sem começar por falar da Teoria do Laço Social de Hirshi, sendo esta uma teoria fulcral na explicação dos comportamentos desviantes em adolescentes. De acordo com este autor, a ausência de laços e de uma vinculação firme à sociedade, nomeadamente com os pais e o grupo de pares, poderá dotar o individuo de maior pre-disposição para a prática criminal. Assim quanto mais sólidos forem os laços que o indivíduo possui com a sociedade e quanto maior for a sua conformidade e consenso para com a sociedade, menos será a tendência para contrariar as normas sociais (Born, 2005).

O laço que o individuo cria com os pais e o respeito pelas regras por si impostas e o consequente respeito e conformidade para com as normas sociais, ampliar-se-á então à escola, ao grupo de pares, e à restante sociedade na generalidade. A vinculação é maior quanto maior quanto maior for a importância que o individuo dê à opinião que os outros possuem de si (aspecto qualitativo) e quanto maior for o número de instituições convencionais às quais o individuo está vinculado (aspecto quantitativo) (Siegel, 2012; Hirshi, 2002)

Em suma, Hirshi pretende com esta teoria admitir a possibilidade de cada individuo ser um “potencial desviante”, no entanto, dependendo de variáveis como os laços sociais, a vinculação às instituições convencionais, o envolvimento em actividades convencionais ou a conformidade com as normas sociais, poderá criar uma “intolerância ao desvio”, não enveredando pela via criminal (Gonçalves, 2008).

 

1.2.2LABELING THEORY (TEORIA DA ROTULAGEM)

De acordo com a Labeling Theory, também intitulada de Teoria da Rotulagem, o comportamento criminal resulta do rótulo que as instâncias de controlo formal e informal atribuem aos indivíduos. Estabelece-se assim uma união entre o comportamento criminal e o rótulo que é atribuído ao actor do respectivo comportamento. Os indivíduos rotulados, regra geral são os indivíduos pobres, com menos influência na sociedade e vitimizados pelas instancias de controlo (Siegel, 2012; Kelly, 1978).

O individuo desviante, possui plena consciência da condenação social face aos seus actos marginais e, uma vez rotulado como delinquente, sentir-se-á socialmente estigmatizado e marginalizado, sendo alvo de uma pressão social que o “obriga” a assumir os rótulos que a sociedade lhe atribui (Hess, 2010; Kelly, 1978).

De acordo com Edward Lemert’s (1967) o enraizamento criminal explica-se através do conceito de Desviância Primária e Desviância Secundária. A Desviância Primária envolve actos desviantes pouco significativos e com pouca influência no seu autor, sendo rapidamente ultrapassados. O desvio Primário pode transgredir para Desvio Secundário, sendo já estes actos alvo de uma recriminação social e aos quais a sociedade atribui um rotulo negativo. Na fase de Desviância Secundária o acto criminal tem tendência a basear-se num mecanismo de defesa face à reacção social negativa perante o indivíduo (cit. in Siegel, 2012). Lemert (1972) transmite-nos uma ideia fundamental, sendo considerada uma premissa importante da Labeling Theory, a qual nos diz que “Esforços para controlar os infractores, seja por tratamento ou castigo, simplesmente ajudam a prendê-los ao seu papel desviante”.

1.3       FACTORES DA DELINQUÊNCIA JUVENIL

É preciso compreender que factores como a desagregação familiar, a distorção dos valores educacionais e a falta de acompanhamento das actividades exercidas pelos jovens vêm quebrando o modelo tradicional de família. Seja uma criança desprovida de vida digna seja aquelas com condições económicas favoráveis, o facto é que famílias estão sofrendo com a delinquência juvenil.

Ao partirmos da premissa de que a família exerce um papel decisivo na personalidade dos filhos é possível compreender que a banalização da estrutura familiar moderna, a ausência de autoridade dos pais que deixam seus filhos exercerem uma tirania desenfreada, entre outros, são factores condicionantes para a delinquência juvenil. Além disso, percebe-se que grande parte desses jovens são filhos de mães solteiras, órfãos e ainda há os que são vítimas do desamor entre os pais e as crianças, situações familiares mais adversas que também podem levar o jovem à delinquência.

O problema da delinquência juvenil é diversificado e deve-se a vários factores, como: a desigualdade social, o desemprego, a urbanização expansiva e explosiva da sociedade, o afastamento do adolescente da actividade escolar e desportiva, a falta de assistência familiar imprescindível na formação e identidade de cada indivíduo.

 

  Em todo o mundo, a violência é um desafio urgente; uma questão de ordem económica e social, de saúde e estrutural de grande importância.

A criminalidade e a violência afectam negativamente o desenvolvimento económico e social, aumentam o grau de exclusão social e de pobreza, colocando em risco a cidadania e a segurança, além de reduzirem a capacidade de governar de forma eficiente e capaz.

O processo acelerado de urbanização e globalização vivido por muitos países, além de outros factores como a pobreza, a desigualdade social, a violência política, a precariedade dos serviços públicos, a consolidação de organizações criminosas, o uso e tráfico de drogas (particularmente Crack, Êxtase Cocaína e Heroína), a desintegração das relações familiares e das redes sociais, a disponibilidade de armas ao alcance de qualquer um, e em muitos dos casos resultantes de leilões das já antes apreendidas são frequentemente citados como causadores do aumento da violência social.   

Investigar os principais factores estruturais que estão por trás do crescimento da violência juvenil e discutir como a desigualdade e o empobrecimento, reforçados por políticas macroeconómicas neoliberalistas adoptadas por muitos dos países, aliadas à incapacidade nacional de tratar os problemas da pobreza e da exclusão na distribuição económica, política e social dos recursos, são de facto as principais razões da multiplicação da delinquência e da violência juvenil. 

1.3.1CONSEQUÊNCIAS DA DELINQUÊNCIA

A morte: assassinado por policiais ou por delinquentes de gang rival. Nunca nos enfrentamos tanto com o mistério da nossa finitude como no momento em que nos deixas um ser querido e amado.

Se a morte parece ainda mais escandalosa quando arrebata um ser jovem e cheio de promessas inacabadas, ela mantém sempre o caráter de uma rotura absurda que vem contradizer o dinamismo da nossa vida.

Aflição por parte dos pais: porque nenhum pai quer perder o seu filho, mesmo que esse seja uma questão perturbadora para a sociedade?

Os pais sempre tencionam coisa boas para os seus filhos, quando tentam transmitir as suas experiencias ao filho adolescente, afim de evitar que ele sofra.

A prisão: por furtarem e roubarem os bens dos cidadãos.

A descriminação: para com os ex-presos a sociedade, de vez em vez, é incapaz de aceita-los porque pensam que quem comete um crime não pode socializar-se.

Assim os acontecimentos negativos, servem para levar ao amadurecimento, e podem extrair desse sofrimento e dessa reflexão coisas positivas e negativas que evitarão que esses momentos se repitam.

1.3.2CAUSAS DA DELINQUÊNCIA

É indiscutível que o crescimento físico, e as modificações psicológicas, são considerados como porções de um todo que é o ser humano.

Assim, O aumento da delinquência juvenil, como as rebeliões, a falta de respeito aos adultos tem preocupado o governo, bem como a sociedade e até a Midia, deixando, em certo sentido, sem resposta para esse fenômeno que aflige a sociedade. Entre os comentários e discussões sobre o assunto, as principais causas apresentadas foram a desagregação familiar, o envolvimento com drogas e as más companhias. Assim podemos citar os dois primeiros pontos das causas de delinquências:

Ø  O primeiro modelo concebe que o desvio resulta de um colapso entre as estruturas de autoridade e de controlo social.

Ø  E o segundo, que o desvio surge como resposta a problemas com que os jovens se confrontam no processo de construção das suas identidades sociais.

Em todo o universo, a violência é um desafio urgente; uma questão de ordem psicológica e social, grande importância que se tem vindo a combater, por parte de muitos psicólogos e sociólogos.

A delinquência juvenil refere-se aos atos criminosos cometidos por adolescentes. A delinquência juvenil, normalmente inicia-se em idades entre os 10-11 anos, indo até aos 16-18 anos dependendo do país que se encontra.

Os dados apontam que 30% dos infratores possuem algum tipo de problema familiar. No grupo de não-infratores apenas 8,7% apresentam o mesmo distúrbio. "Há, principalmente, uma grande quantidade de problemas nessa organização familiar que, está na sobrecarga de atividades para o chefe do núcleo familiar e a atribuição precoce de responsabilidades para o adolescente.

Muitos dos pais desses infratores tem um grande distanciamento da vida quotidiana de seus filhos, se mantivermos o conceito de que a educação que é a transmissão de conhecimentos e valores da geração adulta a geração nova, muitos desses pais, não teriam dificuldades em responder quem eram os amigos de seus filhos, quais eram os lugares de lazer que eles mas frequentavam, quais os sonhos e expectativas que eles almejam ser no futuro. Esses pais, se envolvem pouco com a vida dos filhos e tem uma organização pouco rigorosa, não sabem a hora que eles chegavam em casa, nem sugeriam um limite aos mesmos.

1.4       PAPEL DA FAMÍLIA E ESCOLA

A qualidade das relações precoces e o processo de vinculação na relação mãe-filho parecem ser fundamental na estruturação e na organização da personalidade do ser humano. De vez em vez, a complexidade das relações familiares vai influenciar as capacidades cognitivas, linguística e afectivas, no processo de autonomia, e da socialização, bem como na construção de valores das crianças e jovens.

Psicólogos afirmam que entre os 2 á 3 anos de idade, começam a surgir manifestações da afirmação do ego-personalistico, nesta fase a criança procura normalmente afirmar-se e exercer poder sobre a família, o que frequentemente acontece pelo negativismo.

Os pais devem de certa forma acompanhar o desenvolvimento de seu filho, sempre, sobre tudo quando se manifesta o inicio da crise moral, devem defender acerrimamente a questão da moral defendendo o bem do mau, e esclarecendo seus valores, sem encafuar o certo do errado, isso é uma atitude cômoda que pode influenciar o seu modo de ser, e libertar-se de muitos comportamentos maquiavélicos.

Aos pais, cabe esclarecer aos filhos que a vida é um linear em busca do desenvolvimento, e que todo caminho prevê chegar ao um fim, e a vida não é uma eterna competição.

É importante que os pais tentem colocar-se no lugar dos seus filhos, sentindo todo aquele aparato, das suas tremendas doidices ou confusões, afim de obter diretrizes abonatórias,  conciliadoras  e orientadoras que sejam benéficas á família como parte de um todo.

A família e a escola estão no centro da problemática em torno da «delinquência juvenil». Esta centralidade da família e da escola nasce da nossa convicção de que a delinquência é produto da incapacidade dessas duas estruturas de socialização de levarem, em muitos casos, a bom termo as responsabilidades e os deveres que socialmente lhes competem realizar.

Vezes á, que os pais pensam que são detentores do saber e da educação, e tentam meter de parte as opiniões de seus filhos, como pai, a necessidade de colhermos as opiniões dos mesmo, deixar com que eles falem tudo, as boas coisas tem de servir para ele como fonte de vida e as más coisas levar ao barco do esquecimento.

 

1.5       A DEMOGRAFIA E A DELIQUENCIA EM ANGOLA

1.5.1        CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E OCUPAÇÃO DO ESPAÇO

Em 2009, estimava-se, a população total de Angola em 18 409 010 habitantes, conforme mencionado no Relatório Económico e 2009 elaborado pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC/UCAN). Àquele quantitativo populacional correspondia uma taxa de crescimento demográfico de 2,9 %, uma taxa de fecundidade total de 5,8 crianças por mulher, uma densidade populacional de 14,7 habitantes por km2 , enquanto a população rural representava cerca de 45 % do total da população.

O relatório alude para a existência de diferentes estimativas da população, algumas das quais apontando para uma população de Angola, no mesmo ano, superior a de 22 milhões de pessoas.

É provável que a população total do país, em 2010, ronde os 19 milhões de habitantes. De facto, estimativas do CEIC feitas com base dos resultados do registo eleitoral de 2007 e divulgadas no Relatório Económico 2010, admitindo uma taxa de crescimento demográfico entre 2,7% e 2.9% e uma taxa média de fecundidade total de 5,8 crianças por mulher a população cifrava-se em 18 943 mil habitantes, valor próximo dos 19 082 milhares de indivíduos projectados pela Divisão de População das Nações Unidas (Revisão 2010, cenário médio).

A nota mais saliente relaciona-se se com a grande concentração populacional de Luanda a qual corresponde, praticamente a 30% da população total do país (mais de 5 milhões habitantes em 2007). Estima-se que entre 2000 e 2007 se tenha registado um aumento de 10 pontos percentuais na quantidade de pessoas que passaram a residir em Luanda (Relatório Económico 2010 CEIC/ UCAN, Junho 2011)

O CEIC/UCAN alerta para o êxodo rural que o país regista, para o forte ritmo de urbanização, sobretudo depois de 2002, observado nas principais cidades, em particular Luanda. Estes fluxos imigratórios internos reflectem a procura de novas oportunidades de trabalho e de negócios entretanto proporcionados.

As diferentes taxas de crescimento de populações residentes nas zonas urbanas e rurais reflectem em mais alto grau, as vicissitudes do período compreendido entre 1970 -1990 durante o qual pelo menos 2/3 de qualquer crescimento registado da população foi produto das zonas urbanas do país.

Com a continuidade destas tendências identificadas, Angola poderia contar, no limiar do século XXI com 2/5 da sua população maioritariamente urbana.

Um critério possível para melhorar a ocupação do imenso espaço territorial, ainda segundo o CEIC, por razoes de equilíbrio regional, reconciliação nacional e limitação de emigração fronteiriça era “estabelecer um valor desejável para o rácio população/superfície de, por exemplo, 25 habitantes por km2  devidamente bem distribuídos”.

Como se sabe está previsto para 2013 a realização do Recenseamento Geral da População e Habitação, operação estatística que permitirá, certamente, melhor caracterizar a situação demográfica de Angola. As Nações Unidas apontam no relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2010 um quantitativo populacional em Angola, em 2010, de 19 milhões de habitantes e uma taxa de crescimento natural de 3,25%. Para 2015 prevê -se um volume global de população em Angola de 21,7 milhões de pessoas de acordo com as Nações Unidas. As estimativas de Centro de Estudos Investigação Cientifica da Universidade Católica de Angola (CEIC/UCAN) com base no registo eleitoral de 2007 anotam uma cifra bem próxima e avaliada em 18 043 mil habitantes considerando uma taxa de crescimento demográfico anual entre 2,7% e 2,9% e uma taxa media de fecundidade de 5,6 crianças por mulher (Relatório económico de 2010 CEIC/UCAN Luanda, Junho de 2011.

A nota mais saliente relaciona-se com a grande concentração populacional de Luanda com praticamente 30% da população total do país (mais de 5 milhões habitantes em 2007). Entre 2000 e 2007 registou-se um aumento de 10 pontos percentuais na quantidade de pessoas que passaram a residir em Luanda (Relatório económico 2010 CEIC/UCAN, 2010).


ESTRUTURA POPULACIONAL

A estrutura demográfica angolana caracteriza – se por uma população bastante jovem. Com efeito a pirâmide etária apresenta a base bastante larga e o vértice estreito, forma que reflecte, principalmente, o número elevado de crianças que nascem. Um resultado natural da alta fecundidade que como prevalece no país.

A fim de identificar alguns cálculos divulgados é possível notar que a faixa etária que reúne a população mais jovem (menos de 15 anos) apresenta proporções que não se mostram, substancialmente, diferentes segundo o sexo e o local de habitação que, em todos os casos correspondem quase à metade da população. No que diz respeito à camada da população potencialmente activa (15-59 anos), sob o ponto de vista económico, é possível observar algumas diferenças, tanto em termos de proporções entre os sexos como da participação própria, relativamente a esta faixa de idade que representa cada um dos totais consideráveis. Nos meios rurais, a proporção das mulheres em idade activa teria atingido, em 1990, 24,8% contra 17,6% para os homens. Nos meios urbanos, a diferença seria menos acentuada e corresponderia a 24,8% e 21,8% respectivamente de mulheres e de homens. A guerra civil causou enormes estragos no país desde 1975 por um lado, e provocou por outro um movimento de migração interna orientada principalmente para as grandes cidades do país. Pode-se deduzir que as diferenças nessas percentagens reflectem uma selectividade por sexo a nível da população em idade activa que abandonava os meios rurais (FNUAP 93). A esperança de vida à nascença, é muito baixa, com os indivíduos a não sobreviverem para além dos 40 anos, como resultado das elevadíssimas taxas de mortalidade infantil (150 óbitos com menos de um ano por mil 1 000 nados vivos) e de mortalidade infanto-juvenil (250 em 1000 nascimentos)

 

 

 

 


 

CONCLUSÃO

 

Para terminar, tal como foi possível verificar nas páginas acima deste trabalho; a Delinquência juvenil é um fenómeno cada vez mais visível e alvo de preocupação social NO município de Cacuaco. É fundamental que se combata a criminalidade juvenil, sendo esta um meio para a Criminalidade Adulta, que poderá propagar-se ao longo da vida do indivíduo e causar danos inigualáveis, podendo o colocar o seu agente na prisão ou mesmo pôr termo à sua vida.

A Delinquência juvenil ocorre maioritariamente na adolescência, atingindo o seu pico aos 17 anos, podendo ser causada por diversos factores, de índole familiar, individual, social ou escolar, denominados de factores de risco. O factor de risco em foco no presente projecto trata-se da ausência de vinculação parental, nomeadamente a presença de relações afectivas e vinculativas maternas frágeis ou inexistentes, as quais poderão, juntamente com outros factores, originar comportamentos anti-sociais, muitas vezes como forma de os jovens expressarem a revolta e a rejeição que sentem. É nas idades mais precoces que deverá haver uma actuação face à criminalidade, pois torna-se mais eficaz a prevenção em crianças e jovens, que se encontram a construir diariamente a sua personalidade e identidade, do que em adultos, que já construíram o seu próprio “eu” e possuem uma opinião formulada acerca das normas sociais e se conformam ou não com as mesmas, tornando-se seres sociais ou associais. Nesses seres associais, que agem contrariamente às normas sociais, já pouco ou nada há a fazer para prevenir a criminalidade ou, reinseri-los na sociedade. 

Assim, é fulcral a criação de estratégias de prevenção de criminalidade em jovens, nomeadamente os que se encontram em situações de risco de exclusão social, provenientes de famílias negligentes e desestruturadas, física e economicamente, bairros degradados sem condições de habitabilidade e higiene, onde o desemprego e a pobreza é uma constante e o crime é uma forma de assegurar a sua sobrevivência.  

 

 

 

 



[1] A adolescência é uma fase conturbada na vida do individuo, marcada por alterações a nível físico, afectivo, social, familiar e psicológico. É também na etapa da adolescência que o jovem desenvolve a sua própria identidade e constrói a sua personalidade em função das suas vivências, experiências e da sua história pessoal. O jovem começa a adquirir maior autonomia, o que o permite afastar-se um pouco da retaguarda familiar, inserindo-se num grupo de pares com o qual se identifica e que terá grande relevo no processo de socialização e da construção da sua identidade, passando a ser o seu ponto se referência na construção da sua identidade, ao invés da família (Pral, 2007). 

 

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