ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS





ELABORADO POR JAY KLENDER WORSES

Escola superior pedagógica do Bengo
Departamento de Letras Modernas

Morfologia e Sintaxe



ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS





Ano académico: II
Período: Manhã


                                                                         






                                 Professor: Márcio Undolo








Caxito, Outubro – 2017









INTRODUÇÃO

O plural vazio é um fenómeno linguístico do PA (portugês angolano), desviante a norma padrão do PE (português de Portugal); visto que, o português angolano é um conjunto de dialectologia ou variantes linguísticas regionais próprias de Angola, que interferem a norma padrão do português de Portugal, sobretudo a não concordância entre o determinante e o núcleo do sintagma nominal no plano da oralidade. Esse desvio fonético, fonológico, morfológico, morfo-sintáctico, sintáctico e lexical é resultante das interferências causadas pelas línguas regionais dos falantes do PA e de forma espontânea.
Peres & Móia  (ibid., p. 449), em PE afirmam que "a boa formação de uma frase ou de um discurso depende, entre outros factores, da conformidade com as normas sintácticas que regulam a ligação entre os seus vários elementos". Os autores assinalam, ainda, que " uma parte importante das regras sintácticas da maioria das línguas consiste naquilo que podemos designar por regras de concordância". Por exemplo, não se reconhece no PE as construções como "as criança", mas sim "as criaças".
Os autores Peres & Móia, observam somente no PE, esquecem-se da existência das demais variedades do idioma do português. As suas afirmações reflectem um desconhecimos do que, por exemplo, a esse respeito, sucede no português angolano, inclusivamente no uso formal de comunicação.
Presume-se que  a análise de Peres & Móia, sobre as regras de concordâncias na construção "as crianças" para o PE, esteja na base de factores sociolinguístico e psicolinguístico do PE. Assim, como também na construção do PA "as criaça", pois, em línguas regionais não existe determinante ou artigo, ou seja, os artigos estão intrinsicamente ligados aos sintagmas nominais. Por exemplo, na língua regional Kimbundu, a sentença tuana tuambeya, que em português significa [crianças pequenas], a sentença (tuana) tem o valor sintáctico de determinante e o (tuambeya) tem o valor sintáctico de determinado.
 Nota-se que na língua nativa kimbundu (bantu) não há pluralização em "tuana", ou seja, não se diz "tuanas" para refererir-se a um conjunto de crianças, mas sim "tuana". No entanto, a desinência de pluralização "s", não existe nas línguas bantus, tanto nos artigos ou determinantes, como nos nomes ou SN. Entretanto, a estrutura da gramática das línguas bantu que os falantes conceberam sobretudo nos nomes, faz com que os mesmo tendem a apagar a marca do plural "s" no plano oral e da escrita do PA. Por outro lado, as línguas bantu apresentam estrutura de sistema fechado e a sua gramática não admite variedades de construções sintácticas, como na gramática do PE.
O fenómeno plural vazio do apagamento da marca "s", no PA, resulta da variante popular das línguas bantu, visto que, do ponto de vista linguístico, Angola é um país com heterogeneidade linguística e o português é considerado como língua materna para alguns, língua segunda para muitos e língua oficial de unidade nacional entre os povos angolanos e europeus. Marques (1983), justifica a concordância do plural vazio como sendo uma interferência linguística, consequente do contacto linguístico em Angola. Acrescente-se o de Inverno (2005). Tanto um estudo quanto outro, previlegiam, na sua metodologia, o estudo da variante popular; e, comparan-na ao PE, apesar da distância social e cultural que separam as duas variantes linguísticas. Inverno (ibid., p. 4) conclui que o núcleo do SN raramemnte recebe marcação de número. A pluralidade é indicada pela adição do sufixo -s apenas aos elementos não-nucleares mais à esquerda do SN, especialmente no discurso de falantes mais velhos ou menos instruídos ou no discurso informal daqueles que são mais jovens ou instruídos.
Adriano (ibid., p. 170) observa que o plural vazio pode ocorrer tanto à esquerda, quanto a direita do SN. Além disso, este tipo de plural não acontece apenas nos discurso de falantes adultos ou menos instruidos, nem tão-pouco apenas no discurso informal dos demais jovens, mas também no discurso de falantes escolarizados e de indivíduos que ocupam cargos de relevância social.
Para qualquer falante, independenetemente do seu estatuto social, do seu nível de escolaridade ou outros factores, as diferenças mais evidentes entre as variedades de uma língua são de ordem fonética, até se ir apercebendo das diferenças sintáctico-morfológicas, lexicais, etc. efectivamente, é nitidamente sensível a diferença entre o PE e o PA em relação às vogais átonas que são muito mais audíveis no PA do que no PE, sendo, nesta variedade muito reduzidas, o que leva por vezes ao ensurdecimento dos sons. Esse ensurdecimento é um dos principais factores de distinção entre a variedade europeia e angolana, já que nesta última a redução entre a variedade, é muito menor.
Segundo Márcio Undolo, nessas línguas (bantu), não existem artigos. Se no PE, temos artigo (determinante), constituinte do SN; nas línguas bantu, o classificador tem outras funções, de natureza léxico-sintáctico e morfo-sintáctico: não só informa sobre a classe nominal à qual a palavra pertence, participando na formação da palavra, mas também configura-se como um elemento sintáctico, na medida em que determina a regra de concordância dos demais elementos na frase.
Marques (1983: 217-218) partiu de algumas características do Kikongo, Umbundu, Kimbundu, afim de, e a a título de exemplo, demostrar as interferências das estruturas bantu no PA. De entre os casos apresentados, destaca-se o seguinte, frequente no discurso dos falantes do Umbundu: ensurdecimento do [Z] em [S] intervolcálico, como ["Kaza, 'mɛza] em ["Kasa, 'mɛsa], por não existir no sitema consonântico do Umbundu aquela fricativa sonora.
Carrasco (1987: 91) fez a mesma constatação em relação à fricativa sonora referindo a sua inexistência e, no mesmo processo fonético, refere a inexistência das conclusivas sonoras. De acordo com Brito (2003:326), "qualquer construção linguística é um dado sintagma ou grupo; daí a designação de categoria sintagmática, comportando-se como centro, como núcleo, uma categoria sintáctica (nuclear)". Ainda em Brito (op. Cit., p.327), "as categorias sintagmáticas são de natureza endocêntrica, isto é, têm de comportar um núcleo da mesma natureza. […] sintagmas nominais, sintagmas adjectivais, sintagmas verbais e sintagmas adverbias podem ser constituídos exclusivamente pelo núcleo.
Na prespectiva Fariano et al. (1996:14), a gramática deve ser "entendida como um modelo de conhecimento da língua do falante-ouvinte representativo de uma dada comunidade linguística, reconhecendo-se-lhe várias componentes, que correspondem aos vários tipos de saber linguístico intuitivo de tal falante, pois, a língua é uma conformação cultural. A sua compreensão depende do domínio que se tenha da cultura dos povos que a falam.







CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considera-se por um lado de fenómeno natural, em virtude de ela resultar da criativiade dos Angolanos, a apontar distintas necessidades comunicativas, sendo que, o falante do PA está mais preocupado em transmitir a ideia do que obdecer normas gramaticais que o mesmo desconhece na sua gramática bantu; embora que o PE exige o estabelecimento da concordância de número do núcleo do SN com todos os determinantes através de uma desinência final, verifica-se no entanto que, esse rigor, não sucede na gramática oral de falantes angolanos, tanto em contexto informal de comunicação, quanto em contexto formal e, consequentemente, no plano da escrita, tudo isto porque, Angola é um país com heterogeneidade línguística e maior parte dos falantes, tantos os menos instruidos como os mais instruidos, têm o português como língua segunda.















REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
- LUCERE - 2016 - Revista Aadémica da UCAN
- Márcio Undolo – NORMA DO PORTUGUÊS ANGOLANO 

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