ELABORADO POR JAY KLENDER WORSES
SÍMBOLOS
CULTURAIS DE ANGOLA
Os
Mucubais
Os Mucubais vivem no sul de
Angola, na Província do Namibe, mantêm as suas tradições e as suas línguas e conseguem subsistir com a
pastorícia. São de origem bantu, falam línguas derivadas ou semelhantes ao
Kimbundo ou Kikongo. Acreditam em Deus, que na sua religião tradicional é
chamado de Kalunga ou Djyambi.
A autoridade tradicional
frisou que a tribo Mucubal, localizada no deserto do Namibe e nas extremidades
da Serra da Leba, é considerada como o verdadeiro povo de África, como a figura
1. Isto porque conseguiram preservar a sua cultura, hábitos e costumes mesmo
durante os conflitos armados em Angola.
Os bois são a verdadeira
base de sustento desta importante etnia angolana. Um mucubal é tanto mais rico
e mais importante quanto maior for o número do seu gado. Pode portanto
afirmar-se, que o gado é para qualquer mucubal
a suprema expressão da sua riqueza.
Os Mucubais são dos poucos
povos que conseguiram conservar a sua identidade cultural ao longo do tempo .
Quanto ao vestuário, frisou os Mucubais possuem uma cultura semelhante aos
povos Mumuilas como a figura 2, Mucuissis Muihimba os Mohacahonas,
apresentando-se semi-nus cobrindo-se apenas com peles e panos típicos, não
dispensando a catana, lança e purinhos, e são capazes de percorrerem mais de 50
quilómetros por dia.
Os mucubais vestem-se de
forma muito rudimentar, muito semelhante a de outros povos africanos do Sul de
Angola. Andam semi-nus e cobrem as partes mais íntimas com peles e panos
típicos. O seu armamento é normalmente formado por uma lança, um purrinho e uma
catana que manejam habilmente. São muito corajosos e resistentes e não hesitam
em enfrentar predadores como o leão e como o leopardo, sempre que esses animais
ameacem a segurança do seu gado.
Os mucubais praticam a
poligamia. Um mucubal pode ter as mulheres que conseguir sustentar. À volta da
sua cubata edifica as cubatas das mulheres, uma para cada mulher e forma assim
um clã que se relaciona perfeitamente e sem conflitos conjugais como mostra a
figura 3. Os seus herdeiros são sempre os seus sobrinhos, os filhos de uma
irmã, porque tem a certeza que esses são os únicos que são mesmo do seu sangue
familiar.
Trata-se de uma velha
tradição que é unanimemente aceite e respeitada por todas as suas mulheres sem
suscitar desentendimentos conjugais.
O casamento tem um
significado diferente em várias tribos. Em primeiro lugar, quem pretende uma
esposa deve falar com os encarregados, enquanto nos Mucubais a menina é
reservada, aos seus cinco anos de idade, para um jovem entre os 15 e os 17
anos.
INSTRUMENTOS
MÚSICAIS
Quissanje
Instrumento musical muito
cultivado pelas populações, e porventura o mais popular, é um lamelofone muito
conhecido em Angola sob a designação Encontra-se um modelo de quissanje
inteiramente construído com madeira de palmeira bordão (Raphia textilis Welw.),
também designada palmeira de ráfia, e de designação nativa variada, de acordo
com os dialectos. Utiliza como matéria-prima para a tábua do quissanje, o miolo
do raque, construindo-a por pedaços, ligados entre si com pregos de madeira.
Sobre ela montam o teclado, feito de lâminas de casca do raque, apoiado em dois
cavaletes da mesma madeira, fixado por uma tira transversal, correndo por cima,
e amarrando ao fundo por umas voltas de fibras vegetais. Tanto no quissanje de
ferro (piano de mão figura 4),como no de bordão(figura 5), aplicam, no topo
superior ou inferior,tranquetas de arame enfiadas por anéis ou canudilhos
metálicos, produtores de vibrações, para efeitos tímbricos.
NDUNGU
– BATUQUE
Instrumento musical
alongando, membranofone, policromático, apresentando bastantes características
da expressão artística Kongo.
A sua função e uso estão
directamente associadas ao desenrolar da vida quotidiana da comunidade,
devendo, contudo realçar a sua presença determinante quer em cerimónias rituais
religiosas, sociais, quer no decorrer de actividades lúdicas.
Associado ou não a outros
instrumentos, o Ndungu é o elemento basilar e impulsionador do ritmo (figura
6). Está presente nas mais variadas cerimónias, imprimindo as nuances do
acontecimento que decorre. Confere e actualiza o poder político do chefe
tradicional (Soba). Nos julgamentos o tambor serve de recurso para alcançar a
assistência. A um toque determinado são repostos o silêncio e a ordem.
MÁSCARAS
NDEMBA
Uma das características da
escultura kongo é a sua representação policromática e expressão profundamente
realista figura 7. A máscara Ndemba é uma das mais belas produções deste grupo
sócio-cultural. Utilizada em cerimónias rituais da circuncisão, ela tem como
função testemunhar a transição dos circuncidados dum estádio de total
ignorância para aquele dos indivíduos com estatuto socialmente reconhecido.
Como todas as máscaras
utilizadas nos rituais, a Ndemba é o elemento intermediário entre o mundo dos
vivos e o mundo dos espíritos. Através da dança e da teatrização das cenas do
quotidiano dos seus elementos. O seu uso é interdito às mulheres e aos não
circuncidados sob risco de morrerem, uma vez que quem se encontra nesta
situação é considerado inferior, não gente, inculto, ignorante dos segredos da
vida.
Ligada à parte superior da
máscara (a cabeça) existe um fato, elaborado de vegetais, designado
genericamente por Nkisi Nkanda.
MwanPwo
A Máscara Mwana Pwo é
originária do grupo etnolinguístico Cokwe. Ela simboliza a mulher ou rapariga,
sobretudo esta que floresce e garante a procriação, em suma a continuidade da
sociedade na qual está inserida. Sob o ponto de vista da Cultura Cokwe, ele
encarna a ancestralidade feminina.
A Máscara Mwana Pwo é
exibida nas manifestações culturais, danças tradicionais do grupo étnico Cokwe,
nas grandes manifestações culturais entre as quais a mukanda (circuncisão
masculina).
É feita em madeira esculpida
nalguns casos pode ser feita de resina(raras vezes).
Portanto, os homens que a
usam, usam seis postiços e uma tira de pano que as cobre-o muya wa ciyanda
(cito de ciyanda), tudo para simbolizar a mulher que tem e exerce um papel de
destaque na sociedade Cokwe.
YAKA
Através dela se celebra a
esposa, a irmã, a mãe e se declara a autoridade da mulher na sociedade Cokwe,
talvez ainda numa remota homenagem a rainha Lweji.
Etnias, Música, Grupos
Musicais, teatrais, danças da Região.
A região Lunda-Cokwe é
constituído pelas Provínciais da Lunda-Norte ,Lunda-Sul e Moxico, cada uma
comportando diversas etnias, sendo os cokwe, o grupo maioritário seguindo-se
outros como sendo: os kakongo ou bandinga, suku, bângala, luba, xinge, matapa,
songo, Khari,kafia, kakete, holo e bondo.
O Teatro é um meio de
educação social. Umas das artes e inspirações culturais que nasce, cresce,
evolui com o Homem meio crítico dos aspectos negativos da sociedade e, ele
vive-se no dia-a-dia. Ao nível da Província, esta arte não é encarada na sua
totalidade, a julgar pela ausência de profissionais, escolas de formação e
salas apropriadas para a sua inserção para além de estímulos, daí que, o Sector
da Cultura controla apenas três grupos teatrais: Samanhonga, jovens Unidos da
Estufa e os Bilumbos.
Tal como reportamos sobre o
teatro, as danças constituem, igualmente, aspectos positivos da nossa Cultura,
sendo expressão de sentimentos manifestada através de movimentos corporais ao
ritmo do som, da música, etc. Dançar é vivênciar e exprimir com o máximo de
intensidade, a relação do homem com a natureza, com a sociedade e com o futuro.
Desde os primórdios, a dança sempre serviu ao homem nas suas práticas
sócio-religiosas e todos os momentos solenes, considerando-se a primeira das
artes por este cultivada desde a sua existência. Encontramos diversidade de
danças, entre as danças guerreiras (propiciatórias), comemorativas,
mágico-curativas, cerimoniosas (evocação de espíritos) e fúnebres.
A designação nkanda
aplicava-se, em 1972 (Cfr. R. Devisch, ob. cit.) a duas modalidades de
circuncisão e iniciação masculina: o loongwa e o mahoodi. Enquanto o loongwa
era um ritual ancestral, o mahoodi tratar-se-ia de uma simplificação recente da
circuncisão, onde já não interviriam nem os sacerdotes, nem as máscaras. Esta
ausência das máscaras, associada ao desaparecimento dos intermediários do culto
dos espíritos ancestrais, parece-nos de particular relevância para confirmar o
que dissemos acerca do papel da máscara enquanto instrumento de ligação do ser
humano ao espírito dos antepassados. Os rituais bantu de iniciação feminina
também implicam práticas que, numa acepção ampla, poderíamos classificar
enquanto máscaras. Destacamos, desde já, a unção do corpo das jovens com tinta
vermelha extraída das árvores, como a takula, frequente entre os Bakongo grupa
a que pertencem os Yaka (Cfr. António Fonseca, Sobre os Kikongos de Angola,
União dos Escritores Angolanos, Luanda 1989, p. 73), chamando-se a atenção para
o facto de o radical kula ser provavelmente o mesmo que está na origem da
palavra ukule, usada pelos Tchokwe para designar precisamente o ritual de
iniciação das raparigas.
O
Bakama
Os Bakamas são grupos
culturais com seitas próprias, localizados na província de Cabinda. Existiam,
segundo a história, quatro conhecidos grupos de Bakamas, que são os do Kizo, do
Kinzazi, do Susu e do Ngoyo, sendo que alguns deles encontram-se extintos e,
dentre eles, o grupo do Kizo é o mais conhecido e notável, situado no Morro do
Kizo, na região sul da capital da província.
Caracterizam-se por total
sigilo acerca dos que estão por trás das máscaras e por seus rituais
sobrenaturais.
Aparecem, com freqüência, em
festas históricas da cidade como folclore. São tidos como um dos símbolos
históricos dos povos de Cabinda.
Os homens que fazem parte
desses grupos aparecem sempre escondidos por trás de máscaras pintadas, com o
corpo todo revestido por folhas de bananeiras secas. Carregam consigo uma
vassoura feita com nervuras de folhas de palmeiras figura 8. O mais surpreendente
é que nunca são conhecidos os nomes das pessoas por trás das máscaras.
WELWITSCHIA
Welwitschia é um género de
plantas suculentas, consistindo numa única espécie, a famosa Welwitschia
mirabilis, só encontrada no deserto ao sul de Angola. Esta espécie foi
baptizada a partir do nome do Dr. Friedrich Welwitsch, que contribuiu para o
conhecimento desta e de muitas outras plantas de Angola. Devido às suas
características únicas, incluindo o seu lento crescimento, a Welwitschia é
considerada uma espécie ameaçada e tornou-se um símbolo da cultura nacional
pela sua resistência e longevidade figura 9.
É uma planta rasteira,
formada por um caule lenhoso que não cresce, uma enorme raiz aprumada e duas
folhas apenas, provenientes dos cotilédones da semente. As folhas, em forma de
fita larga, continuam a crescer durante toda a vida da planta, uma vez que
possuem meristemas basais. Com o tempo, as folhas podem atingir mais de dois
metros de comprimento e tornam-se esfarrapadas nas extremidades. É difícil
avaliar a idade que estas plantas atingem, mas pensa-se que possam viver mais
de 1.000 anos.
A Welwitschia mirabilis é
uma planta dióica, ou seja, os cones masculinos e femininos nascem em plantas
diferentes. Tradicionalmente, esta espécie foi classificada como uma gimnospérmica
(como os pinheiros e plantas semelhantes), mas actualmente é classificada como
uma gnetófita, uma divisão das plantas verdes que produzem sementes
(espermatófitas).
Apesar do clima em que vive,
a Welwitschia consegue absorver a água do orvalho, através das folhas. Esta
espécie tem ainda uma característica fisiológica em comum com as crassuláceas
(as plantas com folhas carnudas ou suculentas, como os cactos): o metabolismo
ácido - durante o dia, as folhas mantêm os estomas fechados, para impedir a
transpiração, mas à noite eles abrem-se, deixam entrar o dióxido de carbono
necessário à fotossíntese e armazenam-no, na forma dos ácidos málico e
isocítrico nos vacúolos das suas células; durante o dia, estes ácidos libertam
o CO2 e convertem-no em glicose, através das reacções conhecidas como ciclo de
Calvin.
A maior Welwitschia
conhecida, apelidada de "A grande Welwitschia", mede 1.4 m de altura
e mais de 4 m de diâmetro.
PALANCA
NEGRA GIGANTE
A Palanca Negra Gigante
(Hippotragus niger, var.) é o mais belo antílope africano. Valoriza-o, ainda
mais, além da beleza das formas, o facto de só existir em Angola, e em número
escasso, pois a espécie está classificada como em grave perigo de extinção
(IUCN, 1996). Sua caça é rigorosamente proibida,como medida de protecção como
forme mostra a figura 10.
Estes belíssimos animais
viviam em pequenas manadas de seis a doze indivíduos, frequentando as orlas e o
interior de matas abertas, próximas da água e dos prados. Mas era frequente vê-los
isolados ou em casais.
A palavra Hippotragus deriva
da aglutinação dos termos gregos latinizadas "hippo" (que significa
cavalo) e tragus (que significa bode ou antílope). Ainda que nada tenha a ver
com qualquer perissodáctilo (família dos cavalos), este antílope possui uma
cauda longa e cheia, uma cimeira erecta, orelhas longas e pontiagudas e um
pescoço largo e quase vertical, que fazem lembrar, efectivamente, o perfil de
um equídeo.
Uma manada de palancas
negras, nas orlas das matas que frequentam, é dos mais belos quadros que se
pode admirar em Angola, contudo, isso hoje é quase impossível, a não ser em
fotografias ou pinturas. Depois de 20 anos sem ser vista, a palanca negra
gigante foi redescoberta em 2005, no Kuando Kubango.
No passado, os cornos da
palanca negra eram utilizados como ornamento decorativo. Extraordinariamente
longos e robustos, chegam a atingir mais de um metro e meio de comprimento,
formando, cada um, uma semi-circunferência pela sua curvatura.
Actualmente, os jogadores da
selecção angolana de futebol são conhecidos como “os palancas negras”.
O
Pensador
Conta-se que O Pensador tem
a seguinte origem: No nordeste de Angola existe o cesto de adivinhação, o
ngombo, e o adivinhador usa pequenas figuras, esculpidas em madeira, as quais
irão determinar a sorte do consulente. Curiosamente, foram estas figurinhas que
vieram a inspirar a famosa figura nacional d’ O Pensador.
Essa imagem é, hoje, uma
figura emblemática de Angola, que aparece inclusive na filigrana das notas de
Kwanza, a moeda nacional. É considerada uma obra de arte nativa fidedignamente
angolana. À semelhança de qualquer figura emblemática de um povo — como, por
exemplo, o "Zé Povinho" em Portugal, o "John Bull" na
Inglaterra ou o "Tio Sam" nos Estados Unidos —, o Pensador tem origem
numa "tradição inventada" ou "convencionada" figura 11.
As primeiras figuras d’ O
Pensador foram esculpidas nas oficinas do Museu do Dundo, ao final da década de
40 do século XX. Em 1947, por iniciativa da Diamang, a então Companhia dos
Diamantes da Lunda, foi criado na povoação do Dundo um museu de arte
tradicional e de colecções arqueológicas e etnográficas. Funcionários da
empresa, na maioria belgas e portugueses, contrataram artesãos locais e os
incentivaram a esculpir na madeira, ou a modelar no barro, figuras que fossem
genuinamente angolanas mas, ao mesmo tempo, que suas formas se aproximassem de
uma estética que julgavam ser mais convencional no sentido ocidental.
Ela representa a figura de
um ancião que pode ser uma mulher ou um homem. Concebida simetricamente, com a
face ligeiramente inclinada para baixo, exprime um subjectivismo intencional
porque, em Angola, os idosos ocupam um estatuto privilegiado. Os mais velhos
representam a sabedoria, a experiência de longos anos e o conhecimento dos
segredos da vida.
A dinâmica emprestada a esta
peça reflete o alto conhecimento e a intenção estética do seu autor( anónimo),
que foi capaz de lhe conferir o equilíbrio do gesto calmo, tranqüilo, sereno e
a harmonia da mensagem mais ou menos enfatizada na utilização dos espaços
abertos e fechados, de tal maneira humanizada, que acreditamos por isso estar
em presença de uma das mais belas obras de arte jamais concebidas.
Esta peça trata-se do
segundo estudo escultórico elaborado a partir do original, furtado das coleções
do Museu Nacional de Antropologia, por acções de pirataria de arte.
Na sua expressão, podemos
ainda ver retratados as tensões, o ritmo, o movimento que a referencia à sua
escola criadora - A Escola Cokwe-escola tradicional desenvolvida ao longo de
muitos séculos
A escultura designada O
Pensador é uma das mais belas estatuetas de origem tchokwe, constituindo hoje
um referencial da cultura inerente a todos angolanos, visto tratar-se do
símbolo da cultura nacional. Olhando para esta escultura, misturam-se os
sentimentos mais diversos e, tentar exprimir a emoção que ela provoca, a
estética que lhe é intrínseca, sugere interrogar como admirá-la: se com olhar
de alguém endógeno ao grupo que assumiu como símbolo da sua cultura, ou se
admirá-la como alguém capaz de livremente interpretar a sua estética e tecer
opiniões a respeito.
As premissas interligam-se e
prevalece a importância de perceber o Pensador no seu contexto, não perdendo de
vista que, quanto melhor se conhece esta peça, melhor se poderá falar dela e
novos elementos de análise vão surgindo.
Hoje,pode-se adquirir
estatuetas d’O Pensador em galerias, lojas e feiras de artesanato, em
diferentes dimensões e materiais, como lembrança de Angola.
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