INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO ANGOLA-ISTA
CENTRO DE FORMAÇÃO
PÓLO – CAXITO
A PRESERVAÇÃO DA VIRGINDADE COMO VALOR CULTURAL DOS BANTU, DOS KINBUNDOS E DOS BACONGOS (PASSADO E PRESENTE)
ANO: 2º
CURSO: PSICOLOGIA
DISCIPLINA: ANTROPOLOGIA CULTURAL
GRUPO Nº: 01
TURMA: ÚNICA
SALA: 2
TURNO: TARDE
DOCENTE
_________________________
Francisco Damião
ANO LECTIVO\2017
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO ANGOLA-ISTA
CENTRO DE FORMAÇÃO
PÓLO – CAXITO
A PRESERVAÇÃO DA VIRGINDADE COMO VALOR CULTURAL DOS BANTU, DOS KINBUNDOS E DOS BACONGOS (PASSADO E PRESENTE)
GRUPO Nº: 01
LISTA DOS INTEGRANTES
JOÃO JESUS FRANCISCO ZENZO
MAIRA ZINAIDE VANDUNEM PAIM
MARIA MIGUEL DOMINGOS
MAYAMONA FELÍCIA PAULO PINHO
RESUMO
OS Bantus são grupos etnolinguísticos que habitam no continente africano e que agora podem ser encontrados em qualquer parte do mundo. Contudo, aqueles que prevalecem em África guardaram os hábitos e costumes que herdaram dos seus antepassados embora com alguma diferença, tendo em que a cultura é dinâmica.
Os hábitos e costumes que nos interessou abordar é sobre a preservação da virgindade. Muitos grupos tratam da virgindade como uma matéria superficial contudo outros fazem questão de manter uma postura rígida sobre esta virtude de maneira a não perturbar os espíritos dos antepassados.
Veremos que no caso dos grupos Bakongo e Kimbundo estão questão é vista de maneira semelhante.
OBJECTIVOS
GERAIS:
- Abordar sobre a forma como os diferentes grupos Bantu agem perante a questão da virgindade.
ESPECÍFICOS
- Abordar sobre a forma como o povo Bakongo trata a questão da virgindade.
- Abordar sobre a forma como o povo Kimbundu trata a questão da virgindade.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a deus todo poderoso que fez com que fosse possível fazer este trabalho.
Agradecer o nosso professor Damião por ter nos dado este tema que enriqueceu o nosso conhecimento académico sobre certos hábitos e costumes do povos Bamtu.
Agradecer aos colegas que directa ou indirectamente nos auxiliaram na realização do trabalho.
INTRODUÇÃO
O presente material visa apresentar questões relacionadas à preservação da virgindade como valor cultural dos Bantu relatando especificamente o caso dos Bakongos e Kimbundos.
O conceito virgindade é construído pela sociedade, baseado em critérios tanto biológicos quanto sócio – culturais, e desta forma pode variar grandemente entre as culturas, além de ter sido modificado ao longo do tempo por questões políticas e religiosas. Em alguns meios sociais ou religiosos, importam-se muito com a preservação da virgindade antes do casamento[1].
No mundo Bantu a ideia de “virgindade” é tida com extrema importância em alguns grupos, mantida de forma rígida através das gerações, enquanto que noutros, não é tão rígida.
CAPÍTULO 1 – A VIRGINDADE – CONCEITOS
Biologicamente virgindade pode ser definida como o atributo de uma pessoa (ou
animal) que nunca foi submetida a qualquer tipo de relação sexual (conjunção carnal) e por tal, no caso mais específico das fêmeas, a nenhum contato com esperma e inseminação por meios naturais; conceito estendido atualmente também às inseminações artificiais.
Nas fêmeas de animais dotados de hímen, é popularmente atrelada à não violação desse. Há contudo mulheres virgens para as quais naturalmente não se verifica a presença de tal película em íntegra no órgão reprodutor, e há inclusive aquelas para as quais não encontra-se naturalmente vestígios do mesmo; sendo a definição popular, por esses e outros motivos, incompleta frente à biológica.
Em muitas religiões, virgindade atrela-se à pureza, à não maculação, tanto da alma como do corpo humanos; o que estende o conceito inclusive à ausência de autossatisfação sexual. A mitologia Abraãmica, tanto em perspectiva cristã quanto muçulmana ou judáica, estabelece que Maria, a mãe de Jesus (Isa na fé islâmica), o teria concebido e dando-lhe à luz sem qualquer contato com progenitor ou gameta masculinos; sendo sua gravidez resultado de uma intervenção divina; o que a torna, ao menos nesses sistemas de crenças, a única mulher a dar à luz sem ser maculada: a Virgem Maria; a "Santa Maria, mãe de Deus" - conforme descrito na oração cristã em sua homenagem, a Ave Maria. Nas crenças católica e ortodoxa, ela teria ainda permanecido virgem pelo resto de sua vida.
A ideia de virgindade também remete à não utilização, como em sistemas de computador, CDs, DVDs e outras mídias graváveis. O azeite pode ser chamado virgem ou extra-virgem, caso tratar-se da primeira prensagem e não houver óleo refinado.
1.1 – RITOS DE INICIAÇÃO
“A rapariga deve apresentar-se virgem aestes ritos, de contrário sofre vexações e paga uma indemnização, além de atrair a vergonha para ela e para sua mãe,responsável pela sua educação. Antes, podia ser morta com uma lança.No caso de aparecer grávida assume a desonra e é-lhe atribuída a maior sansão (a morte)”.
A cultura Bantu em particular valoriza substancialmente o estado de virgem. E, embora alguns grupos tolerem relações pré-matrimoniais, outros porém preferem manter a virgindade até ao matrimónio.
Quando se comete este tipo de delito, correspondente às faltassexuais[2], actualmente recorre-se à confissão de modo a se libertar do sentimento de culpa causado pela infracção.
Falar da preservação da virgindade no mundo Bantu, remete-nos a falar também das mutilações a que as mulheres são sujeitas no processo de iniciação feminina, também denominado “efundula”. Bastantes povos negro-africanospraticam a excisão ou clitoritomia. Porém, aprece como exceção entre alguns povos Bantu.
Numa operação dolorosa e cruel extirpam o clitóris com uma faca candente, com pedaços de vidro, com uma lâmina de barbear, com uma faca de sílex ou com tição incandescente. Muitas vezes também cortam os lábios grandes e pequenos da vulva. A prática é efetuada por mulheres especializadas, e nalguns lugares, aplicam-se urtigas como dolorosa anestesia. Normalmente, esta prática é realizada assim que a criança chega à puberdade mas nalguns grupos logo que a criança chega aos oito ou nove anos de idade.
A rapariga aprende durante a sua iniciação que ela é, antes de mais, um campo vaginal destinado a ser fecundado pelo homem.
Esta prática abusiva e desumana tenta garantir a virgindade da jovem e a fidelidade da esposa sempre que o marido se ausenta durante grandes temporadas. Está mais espalhada a desfloração da rapariga durante os ritos de puberdade. Muitos grupos bantu realizam-na, embora muitos outros apreciam a virgindade até ao casamento. A ruptura do hímen é mecânica e é feita por mulher idosa com os dedos ou utilizando um pequeno instrumento. Na costa ocidental da África, as jovens são desfloradas com a ajuda de um bambu, que conservam dependurado da vagina cerca de três meses. À volta da vulva colocam formigas que devoram as ninfas e o clitóris.
Esta prática vergonhosa já foi denunciada pela ONU, que avalia em 70 milhões de mulheres mutiladas.
A virgindade simboliza a pureza não só do corpo mas também da alma; uma esposa virgem é a mais bela e gloriosa coroa dos seus parentes, do seu marido e da sua família. Em numerosos grupos exige-se a virgindade até uma fase avançada do processo matrimonial. Noutros, deve-se conservar até ao casamento e com o maior respeito. As anciãs examinam as jovens periodicamente para ver se foram desfloradas. É verdade que, noutros grupos a virgindade não é valorizada, Evans-Pritchard afirma que a virgindade é uma condição social e não uma condição física.
O sangue da virgindade em muitos grupos é depois de consumado o matrimónio - prova que a vida foi preservada, que o seu fluxo não foi gasto em vão e que a jovem e a sua família respeitaram a santidade da reprodução.
Deste natalismo brota uma concepção da sexualidade matrimonial. O sexo não jogasó um papel biológico, mas também um papel social e religioso.
Só o casamento pode derramar este sangue porque assim abre o caminho aos membros da família que vão nascer da jovem e que se unirão aos vivos e aos mortos – vivos.
A virgindade e o celibato voluntário das pessoas consagradas a Deus são compreendidos e valorizados. Está provado que os bantu se realizam plenamente e sem trauma quando trocam a fecundidade física pela fecundidade muito mais ampla e rica concretizando na vida de Cristo, recebida e comunicada.
CAPÍTULO 3 – A VIRGINDADE NOS GRUPOS BAKONGO E KIMBUMDU
Tanto os Bakongo como os Kimbundu, anteriormente, preferiam manter a virgindade até ao matrimónio. Mas tendo em conta a dinâmica da cultura, alguns aspectos mudaram e hoje nota-se muito o casamento de pessoas que já não são virgens.
Os Kimbundu preservam a virgindade até ao dia do casamento e quando a virgindade é perdida soam cânticos demonstrando ora de descontentamento, pelo facto de se perder a virgindade antes do casamento, ora de alegria, pelo facto de se ter perdido a virgindade de legal e no tempo certo, isto é, depois do casamento. Nos cânticos expressa-se o termo “Kabaço”para mostrar a perda da virgindade.
Já os Bakongo são mais discretos quando se perde a virgindade quer antes ou depois do casamento. Caso aconteça antes do casamento, faz-se uma sentada em que se aborda a questão e se acha a solução.
CONCLUSÃO
Os povos Bantu são povos de imensa riqueza cultural de onde nós podemos aprender virtudes que condicionam o melhoramento da conduta humana. Contudo, de acordo com os estudos antropológicos feitos, observa-se uma realidade sombria em que se pratica muita coisa que vão contra a integridade quer psíquica quer física do ser humano
No caso da virgindade, conhecemos as formas macabras com que são feitas as experiências com as mulheres em fase de transição; práticas estas, que não aprovamos de modo algum pois elas vão contra os direitos humanos que defendemos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Pt.wikipédia.org, virgindade.
ALTUNA, R.R., CULTURA TRADICIONAL BANTU, 2ª Ed, Paulinas, 2014.
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