AS TEORIAS HIPOCRÁTICAS



INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA
POLO - CAXITO







CONSTITUIÇÃO FÍSICA E O COMPORTAMENTO HUMANO


AS TEORIAS HIPOCRÁTICAS








Caxito, 2019




AS TEORIAS HIPOCRÁTICAS




Trabalho de pesquisa Científica como avaliação apresentado no Instituto Superior Técnico de Angola na cadeira de Psicologia Diferencial, orientado pelo Professsor Manuel Zua.



GRUPO Nº 2
2º ANO
SALA: 01
TURMA: ÚNICA
PERÍODO: TARDE
CURSO: PSICOLOGIA


O DOCENTE         ______________________
                                                                                                                     Manuel Zua



Caxito, 2019
INTEGRANTES DO GRUPO

1.      Cardoso Tomás Gonga
2.      Diogo Gaspar Mucuta
3.      João António Cabelami
4.      Liliana Dos Santos
5.      Maria Diogo
6.      Feliciana Albino
7.      Lurdes Mateus 















DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho, primeiramente aos nossos familiares, que nos acompanham durante este período, dando força e aos colegas, amigos que de forma dierecta ou indirecta estão sempre disponível para tirarem as nossas dúvidas, ao Professor Manuel Zua , que consiste em grande sacrifício para o melhoramento da nossa formação.  

















AGRADECIMENTO

A Deus e a todos aqueles que estão  ao nosso lado durante essa longa caminhada agradecemos  pelas vibrações positivas.
Aos amigos, por afeto, incentivo, companheirismo, compreensão, apoio emocional e financeiro, pelos conselhos principalmente, os livros e disponiblização de computadores  e por me ensinar os “segredos” no uso do computador para a elaboração dos trabalhos, no Word, passos são fundamentais para vencer nossas limitações com os tempos actuais.














RESUMO

Estudando as teorias Hipocrática, faz nos saber mais  sobre o assunto, uma vez parte da psicologia e desenvolvendo tema escolhido pelo professor, assim se fez cumprir com o pedido na elaboração do presente artigo. Dizem alguns médicos e sábios que não se pode saber Medicina sem se saber o que é o homem. Quem quiser tratar bem os homens tem de ter esse conhecimento. Mas essa questão é mais de Filosofia; é comparável à atitude de Empédocles ou outros, que escreveram sobre ciências naturais, o que é o homem desde a origem, como se formou a princípio, a partir de que elemento se constituiu. Eu, por mim, entendo que quanto disseram ou escreveram sábios e médicos em matéria de ciências naturais não mais diz respeito à arte da Medicina do que à Pintura.

Palavras-chaves: Hipocrática, medicina, doença.












ABSTRACT

Studying the Hippocratic theories, makes us know more about the subject, once part of the psychology and developing topic chosen by the teacher, thus was made comply with the request in the elaboration of this article. Some doctors and sages say that one can not know medicine without knowing what man is. Whoever wants to treat men well must have this knowledge. But this question is more of Philosophy; is comparable to the attitude of Empedocles or others, who wrote about the natural sciences, what man is from the origin, as it was formed at first, from which elements was constituted. I, for my part, understand that what has been said or written by sages and doctors in matters of natural sciences is no longer concerned with the art of Medicine than with Painting.

Key- words: Hippocratic, medicine, disease.









 

INTRODUÇÃO


O presente trabalho tem como o foco principal desenvolver o tema as teorias Hipocrática, um tema de extrema importância que faz parte do estudo da disciplina de Psicologia Diferencial. Em contra partida, a teoria hipocrática floresceu na Grécia em meados do séc. IV e no séc.V a.C. e teve como figura de referência Hipócrates embora os dados da investigação científica já tenham provado não ser possível atribuir a autoria de todos os textos do Corpus Hippocraticum a um só autor.
É importante saber que, Hipócrates foi sem dúvida um dos mestres mais importantes da Escola médica de Cós como testemunham os textos de Platão e Aristóteles, que o consideram o modelo do grande médico e a própria personificação da medicina.
Assim procuramos desenvolver o trabalho por intermédio do livro a Medicina Hipocrática, onde se um total resumo naquilo é o foco principal da materia, trazendo a tona a historicidade do que é hipocrático.











1-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1- As teorias Hipocrática

Embora a teoria Hipocrática tenha resistido ao tempo, a vida do seu autor ainda continua pouco conhecida. Sabe-se que nasceu na pequena ilha de Cós, 400 anos antes de Cristo, tendo estudado em Atenas e praticado a Medicina na Trácia, em Crotona, em Perinto, em Salamina e na Macedônia, morrendo com a idade de 104 ou 107 anos na Tessália. O Corpus Hippocraticum, reunido por estudiosos da Escola de Alexandria nos idos do século 2, ainda que mostrando pontos contraditórios, traz, no entanto, um conjunto de ideias que representa o chamado Pensamento Hipocrática.
A base fundamental do seu sistema foi exactamente afastar da Medicina as interpretações teológicas e as fantasiosas encenações da magia. “Proponho tratar a enfermidade chamada sagrada a epilepsia. Em minha opinião, não é mais sagrada que outras doenças, senão que obedece a uma causa natural, e sua suposta origem divina estão radicadas na ignorância dos homens e no assombro que produz peculiar carácter”. Para o Gênio de Cós, a doença nada mais era que simplesmente um processo natural, recebendo, inclusive, influência dos factores externos, como clima, ambiente, dieta e género de vida. O organismo tem seu próprio meio de recuperar-se; a saúde é o resultado da harmonia e simpatia mútua entre todos os humores; o homem saudável é aquele que possui um estado mental e físico em perfeito equilíbrio.
Conduzia ele a Medicina dentro de um alto conteúdo ético. O diagnóstico deixava de ser uma inspiração divina para constituir um juízo sereno e um processo lógico, dependendo da observação cuidadosa dos sinais e sintomas. Era a morte da Medicina mágica e o nascimento da Medicina clínica.
Hipócrates fez com que a atenção do médico se voltasse exclusivamente para o doente, e não para os deuses, abandonando as teorias religiosas e alguns conceitos filosóficos. Fez ver a necessidade e a utilidade da experimentação curativa, e passou a intervir nas fases mais precoces da enfermidade, evitando sua evolução. Em Epidemias descreveu com rigoroso carácter científico o desenrolar das doenças; em Ares, Águas e Lugares, criou o primeiro tratado de saúde pública e geografia médica; em Histórias Clínicas, trouxe à tona o valor do exame minucioso e a razão de esse ato ser judicioso, solene e meditado; em Prognóstico, além de descrever a alteração do pulso e da temperatura como elementos importantes em determinados processos patológicos, relatou com a mais alta precisão os ruídos auscultados nos derrames pleurais hidrogasosos, conhecidos até hoje como sucção Hipocrática. Escreveu ainda Aforismos, Regime das Doenças Agudas, Articulações e Fracturas, Feridas da Cabeça, Medicina Antiga, entre outros.

1.2- Medicinas Pré-Hipocráticas

Mesmo depois da pré-história, em sociedades organizadas e conhecedoras da escrita  apesar de alguns progressos baseados numa crescente racionalidade -, a medicina continuou com sua base mítica. Embora as origens da tradição médica ocidental sejam colocadas na Grécia, os gregos não foram o único povo do Mediterrâneo que inventou a medicina. A antiga Mesopotâmia e o Egipto tinham tradições e textos médicos anteriores à Grécia, sem falar na Índia, Pérsia, China e outros povos orientais que também clamam por primazia. A abundância de novas descobertas a partir de escavações, bem como a reinterpretação de fragmentos de textos antigos escritos em argila reconstituem em parte as medicinas correspondentes.

1.2- Medicina Grega antes de Hipócrates

Na Grécia antiga, berço da civilização ocidental, antes do advento da escola Hipocrática, propagava-se o culto a Asclépio (Esculápio para os romanos) Deus da Medicina, filho do deus Apolo com uma plebeia, que aprendera a arte de curar com o centauro Quironte. Asclépio sucumbiu por um raio mandado lançar por Zeus, por ter-lhe roubado o poder sobre a vida e a morte. Por vingança, Apolo fulminou os ciclopes que fabricavam os raios para Zeus, ficando este sem poder. Depois de um acordo entre Zeus e Apolo, este ressuscitando os ciclopes e Zeus ressuscitando Asclépio como deus da Medicina, tudo voltou às boas. Seus filhos Macaon e Podalírio foram deuses protectores dos cirurgiões e dos médicos. Suas filhas Higéia e Panaceia foram deusas da saúde e dos remédios medicamentosos. (GOTTSCHALL, 2007).
Os templos dedicados a Asclépio - provavelmente inspirados na medicina egípcia foram os primeiros hospitais. Especialmente nos maiores templos, em Epidauro (mais bem conservado), Tricca, Lebena, Cós e depois Pérgamo, os doentes seguiam orientações dietéticas e higiénicas gerais, numa espécie de interregno (incubacto), e depois, induzidos a um sono hipnótico por sacerdotes-médicos, recebiam conselhos de Asclépio, que eram decifrados por esses mesmos sacerdotes, e frequentemente compatíveis com receitas e conselhos de um médico secular, receitas que muitas vezes funcionavam, mormente em doenças auto limitadas ou psicossomáticas.
Quando o deus não aparecia, o desgraçado voltava para morrer em casa. Nos templos, o uso de drogas era restrito e não se faziam cirurgias. Tal cura era talvez menos custosa e mais acessível que os serviços de um médico particular. Na alta, ressaltavam aspectos psicológicos e as recomendações sobre a prática de uma vida saudável. Os curados ofertavam presentes ao templo (e aos sacerdotes). Deve estar aí a origem dos honorários médicos! Surgiram os famosos ex-votos, reprodução de partes curadas de pacientes agradecidos, que ornamentam até hoje locais de fé.

1.3- O Surgimento de Hipócrates

No fim do século V e início do IV a.C., surgiram na Grécia as escolas médicas de Cnido e de Cós, a primeira cultuando um tradicionalismo médico mais arraigado e a segunda com maior abertura a novas idéias, mas ambas representando uma evolução do conhecimento médico. Hipócrates de Cós (460-370 a.C.), filho de médico, aluno de Heródico de Selímbria, nascido de uma família de sacerdotes-médicos - diziam ser descendente de Asclépio -, rompeu com o culto estabelecido, não visitou o Oriente nem o Egipto (os estágios no exterior da época), praticou e ensinou sua medicina em Larissa, Tasos, Delos, Abdera, Perinto, Crotona e outras cidades, acompanhado de assistentes e auxiliares, conforme o costume da época. Quando Péricles morreu vitimado pela peste em Altina, em 481 a.C., Hipócrates lá se encontrava. Mostrando que quem é bom nasce feito, foi cognominado o “Pai da Medicina”, sendo a personalidade central do que é chamada a “Escola Hipocrática”, que refogou a visão templista do curandeirismo mágico e, além dos postulados éticos, começou a dar à Medicina uma conotação de corpo integrado por disciplinas, indo do diagnóstico ao tratamento e prognóstico.
É importante ressaltar que, embora o Hipócrates histórico, figura totalmente humana, tenha sido famoso como médico e professor, nenhum tratado isolado pode ser seguramente identificado como sendo dele e muitos dos detalhes tradicionais de sua vida são invenções posteriores a ela. Contemporâneo de Sócrates, Platão, Heródoto, Tucidides, Fídias, Polignoto e Péricles em Atenas, vivendo numa época áurea e numa cidade que liderava intelectualmente o mundo e para este mostrava os caminhos da inteligência, da razão, da beleza, da harmonia e da grandeza, deixando um sombrio passado para trás, Hipócrates representou para a Medicina o que as maiores contribuições de seus iluminados contemporâneos representaram para a filosofia, as artes e a política.
Fiel a princípios pitagóricos de Pitágoras, que ensinava ser a busca do equilíbrio o objectivo da natureza -, repudiou a noção de que as enfermidades eram castigos dos deuses, dizendo serem causadas por agentes naturais, como o calor, o frio, o vento e o sol, alterações do clima, dos ventos, das águas, de desequilíbrios orgânicos e alimentares, e que restituir a saúde dependia principalmente de restaurar as forças naturais do corpo e do espírito. Introduziu visões críticas e racionais numa área antes entregue à magia e à superstição, sistematizou a abordagem ao paciente, introduziu o exame clínico, organizou prontuários com histórias clínicas, registrou sucessos e fracassos de tratamentos. Embora tenha sido o introdutor dos registros médicos no Ocidente, seu exemplo foi esquecido, só reaparecendo no século IX no mundo muçulmano, e no século XVI na Europa. Hipócrates criou aforismos médicos baseados na experiência e seu juramento continua sendo a pedra de toque da Ética Médica, tão frequentemente afrontada.
Com Hipócrates de Cós, no 5º século a.C., inicia-se a fase técnica com o surgimento da racionalidade na medicina criando pelo método indutivo um sistema integrado de diagnóstico, prognóstico e tratamento, baseado em causas e efeitos e o aprendizado pela experiência, inaugurando não a ciência mas uma atitude científica e moralizando a medicina pelo famoso juramento, com as idéias de benefício ao paciente e responsabilidade médica.
A fase técnica da medicina é baseada numa suposta relação de causa e efeito, respaldada por um regrismo empírico advindo de observação prolongada. Hipócrates de Cós foi o primeiro que viu e raciocinou sobre o que viu, mostrando que o empirismo indutivo produz resultados mais compensadores para os pacientes que as adivinhações dos curandeiros, dispensando as lendas e buscando a verdade, claro que baseada nos conceitos da época. Instituiu a honestidade na medicina, dizendo que impressionar os pacientes é um dolo, recusando-se a usar tratamentos que julgava desnecessários (mensagem ainda actualíssima). Deixou um corpo de doutrinas, provavelmente compiladas em parte Corpus Hippocraticum, de que fazem parte numerosos tratados sobre: O Médico, A Arte, Preceitos, Beneficência, Tratado da Natureza e do Homem, Regime das Pessoas com Saúde, Prognóstico, Crise e Dias Críticos, Tratado das Luxações, Tratado dos Ares, das Águas e dos Lugares, Aforismos e o famoso Juramento. (GOTTSCHALL, 2007).
Sua concepção sobre o funcionamento harmonioso do organismo e a relação deste com a natureza foi inovadora. Afirma que para ser sadio um indivíduo precisa de ar puro, água limpa, dieta equilibrada e frugal, exercício moderado, tranquilidade, pais sadios, avós longevos, demonstrando percepção das verdadeiras razões da saúde e da influência genética (embora não tivesse a menor idéia do que fossem genes). É claro que não vivenciava conceitos modernos sobre medicina, como a existência de microrganismos, de hormônios ou outros conhecimentos nem mesmo sabia que o sangue circula mas, ao relacionar as doenças com causas naturais e melhorar o conhecimento pela experiência, já fazia ciência. Porém, a seguir, os pensadores gregos passaram a valorizar mais o método dedutivo, o que retardou o surgimento da ciência baseada em experiências. Assim, o método indutivo, empírico, capaz de observar fenómenos isolados, agrupá-los e generalizar conclusões, só foi reabilitado por Galileu e Bacon, no século XVII.
O tripé dogmático da medicina Hipocrática é formado pelo vitalismo, teoria dos humores e naturismo. Embora os hipocráticos utilizassem algumas abordagens não científicas pela óptica actual, estabeleceram o hábito de examinar o paciente, anotar os sintomas e achados físicos, fundamentar prognósticos baseados na experiência e tratar selectivamente os doentes com princípios naturais, dos quais sobressaíam os remédios de origem vegetal.
Criando o método indutivo, baseado em resultados (a tão actual medicina baseada em evidências), Hipócrates estabeleceu a importante medida de instituir tratamentos precoces, terminando com o hábito egípcio de só agir depois do quinto dia (se o infeliz conseguisse sobreviver). Introduziu cuidados intensivos na fase aguda da doença repouso e alimentação adequados e, embora recorresse a purgativos, vomitórios, dietas de fome esangrias, enfatizava a prescrição de banhos, massagens, caminhadas, bebidas de cevada, vinho e hidromel, procurando mitigar a dor e reequilibrar o organismo, de modo que a cura natural pudesse acontecer. Essencialmente contentava-se em lançar mão dos recursos do clima, da água, da dieta e do equilíbrio emocional, deixando a natureza seguir o seu curso.
 A restauração do bem-estar mental do paciente também competia ao médico. Após a cura, vinha o conselho de moderação e equilíbrio em todas as circunstâncias. A escola Hipocrática observava os fatos, mantendo-se céptica quanto ao inverificável, hesitante em teorizar além do constatável, porém pronta para generalizar a experiência. Ironicamente, contudo, proveio de Políbio, filho adoptivo de Hipócrates, a “teoria dos humores”, idéia seguida dogmaticamente por muito tempo.


Figuras 1.







1.4- Corpus Hippocraticum       

As medicinas babilónica e egípcia antigas mostram evidências de acurada observação, bem como hierarquização de seus praticantes. O que os escritos não revelam é questionamento, argumentação e discussões especulativas que marcam a medicina grega e que de certa forma a tornam independente das demais, como é visto no Corpus Hippocraticum, a colecção de mais de 50 tratados atribuídos a Hipócrates (cerca de 410 a.C.). A variedade de tratados no Corpus Hippocraticum é típica de um período em que a prática da medicina estava evoluindo na Grécia a partir de um sistema familiar exemplificado nas lendas de Asclépio e seus descendentes, um dos quais é dito que foi o próprio Hipócrates. O famoso Juramento hipocráticos representa um meio-termo, colocando o professor como a figura de quase um pai para o estudante, mas outras evidências mostram uma multiplicidade de profissionais da saúde dentistas, médicos, obstetras, sacerdotes, encantadores, exorcistas, traumatológicas, cirurgiões -, para não citar curiosos de ambos os sexos, automedicação e intervenção divina. (GOTTSCHALL, 2007).
Na verdade, o Corpus Hippocraticum reúne um conjunto de textos médicos de épocas e escolas distintas que foram recopilados pela Biblioteca de Alexandria no século III a.C., entre 420 e 370 a.C., composto de 53 tratados perfazendo 72 livros. O conjunto dessa obra foi editado por Émile Littré no século XIX. Oferece conselhos em ginecologia, ferimentos da cabeça, epilepsia e grande faixa de doenças. Alguns dos tratados são manifestos públicos, outras colecções de anotações de casos; muitos dependem de estreita observação, diversos são altamente especulativos. A agudeza de suas descrições clínicas pode ser detectada nesta descrição de uma pleurisia: “Quando os pulmões tocam nas costelas e há tosse, o paciente sente dores no tórax e ouve-se um som semelhante à fricção de duas peças de couro”, ou nestes ensinamentos: “Declare o passado, diagnostique o presente, antecipe o futuro”; “Nas doenças, faça hábito de ajudar ou no mínimo não prejudicar” (princípio da não maleficência); “A arte envolve três coisas: a doença, o doente e o médico. O médico é o servo da arte. As doenças devem juntar-se ao médico no combate à doença”.
A medicina Hipocrática conforme mostrada no Corpus caracteriza-se por três aspectos: detalhada observação de sintomas, abertura para discussão de idéias e disposição para explicar causas das doenças. A grande variedade de explicações oferecidas, muitas vezes conflitantes, tem por denominador comum considerar saúde e doença como formas de harmonia ou desarmonia orgânicas. Algumas vezes é um balanço de elementos (as últimas partículas do corpo e o universo inteiro, micro e macrocosmo), outras vezes de fluidos ou “humores”, diversas vezes de qualidades (calor, frio, humidade e secura) ou ainda de fluxos que podem prejudicar por localizarem-se em lugar errado. O corpo era visto como muito instável, aberto à doença, difícil para diagnosticar e frequentemente impossível de curar.
Dois fluidos principais, ou humores, mereceram especial consideração, bile e flegma, vistos como causas ostensivas de moléstias de verão, como diarreia, e resfriados, no inverno. Os hipocráticos consideravam o corpo uma arena para os dois, no qual também a mente podia ser afectada: flegma causando epilepsia e bile, delírio. Nesse meio, tinham papel mudanças sazonais e hereditariedade. O sangue também foi descrito como um humor e o tratado Da Natureza do Homem adicionou um quarto humor, bile negra causadora de melancolia -, uma misteriosa substância tão mortal quanto o sangue, benéfico.
Este sistema dos quatro humores, depois visto como do próprio Hipócrates, foi facilmente estendido para ligar-se com os quatro elementos enunciados por Empédocles da Sicília (490/495-435 a.C.), água, ar, terra e fogo, e as quatro qualidades, calor, frio, humidade e secura. A teoria dos quatro humores ofereceu um rationale para entender o homem na doença e na saúde dentro do macrocosmo e ao mesmo tempo para explicar a individualidade das doenças. Os sete livros de Epidemias trazem histórias de casos individuais e maior espectro de doenças numa comunidade durante um ano. Ares, Águas e Lugares usam o ambiente para explicar diferenças físicas e mesmo políticas entre os povos.
Observando que o corpo humano contém vários fluidos, como sangue, bílis, urina, esperma e outros, e que durante muitas moléstias aumenta a produção de secreções (corrimento nasal, expectoração, purulência, vómitos, diarreias, etc.), e conjugando os efeitos dessas alterações sob uma óptica pitagórica, os hipocráticos as interpretavam como manifestações da ruptura da harmonia corporal (discrasia). Não deixa de ser uma idéia embrionária da teoria hormonal. Como visto, foram identificados “quatro humores corporais”  sangue, bíle negra, bíle amarela e flegma ou catarro, aos quais associaram-se as quatro qualidades dos quatro elementos, secura, humidade, calor e frio. Numa pessoa saudável tudo estaria equilibrado. Sendo mal distribuídas pelo corpo, variação das proporções entre os componentes determinaria as doenças orgânicas.
A terapêutica lógica seria a drenagem dos excessos. Daí a origem das sangrias, punções, cataplasmas, ventosas e sanguessugas, usadas até o século XX. Dessas terapêuticas, mantém-se a punção para drenagem de abcessos e de derrames internos compressivos e, em alguns casos, sangria para alívio de policitemias extremas. As sangrias surgiram da observação de que muitas mulheres sentiam-se mais dispostas depois da menstruação, cuja tensão pré-menstrual atribuíam a excesso de sangue impuro, e não a alterações hormonais, que desconheciam.
Mais tarde, no século II, Galeno adicionou à lista dos quatro elementos, quatro qualidades e quatro humores os quatro temperamentos: sanguíneo (caloroso e agradável), fleumático (calmo e apático), melancólico (triste e deprimido) e colérico (violento e explosivo). A tantos seduziu o número quatro que logo foi enumerado os quatro órgãos principais do corpo: coração, cérebro, fígado e baço. Como já se reconheciam as quatro estações, primavera, verão, Outono e inverno, a vida humana também foi fraccionada em infância, juventude, maturidade e velhice, e surgiram as quatro virtudes, prudência, justiça, temperança e fortaleza. O conceito dos vários “quatro” permaneceu na medicina pelo menos até o século XVII, e muitos desses termos são usados ainda hoje. (GOTTSCHALL, 2007).
Na explicação do metabolismo corporal ressaltava a importância do calor como manifestação de vida, já que a morte é fria. Esse calor ia diminuindo durante a existência humana; assim, a febre nas crianças costuma ser mais alta que nos velhos, estes mais perto da morte. O calor indispensável à vida seria gerado no coração, por isso o órgão mais quente do corpo. A escola Hipocrática, fraca em fisiologia, apenas utilizou conceitos mais antigos sobre essa disciplina.
Na sessão sobre o coração do Corpus Hippocraticum, repetem-se as antigas idéias de Empédocles de que o coração é a origem do calor animal, sede de um fogo inato. O ar inspirado chegaria no coração pela veia pulmonar, onde se aquecia e depois era enviado para todo o corpo pelas “artérias”, cheias de ar (para ele, só as veias continham sangue). Reconheceram-se as valvas átrio ventriculares e a presença de sangue escuro e claro nas diferentes cavidades e afirmou-se que o coração é um órgão tão nobre e essencial que não poderia adoecer, pois isso seria incompatível com a vida. Confundiam veias com artérias e nervos com tendões. No seu tratado Da Respiração, Hipócrates impõe a idéia de que a respiração é uma sequência de inspiração e expiração - ventilação pulmonar -, resultante dos movimentos torácicos consecutivos aos do coração, para esfriá-lo, uma vez que, quanto mais o coração esquenta e se agita, mais aumenta a ventilação pulmonar.
A medicina Hipocrática não era estritamente científica porque no tempo de Hipócrates o método científico ainda não existia, mas a clínica estava no caminho certo uma vez que partia da observação e procurava ligar causa com efeito. Foi aplicada e muitas vezes teve êxito por mais de dois mil anos. Por derivar-se de uma observação empírica de repetições de ocorrências, o conhecimento hipocráticos construindo uma técnica baseada no método indutivo -, de certa forma decreta o nascimento da ciência; assim, a ciência começou pela medicina. Observações empíricas frutos de vivência clínica sobre semiológica, prognóstico e terapêutica governaram toda a arte médica por dois mil anos, sob forma de aforismos, muitos sendo verdadeiros até hoje.

2- SOBRE A PROFISSÃO MÉDICA

A vida é curta e o aprendizado longo; a crise é efémera; a experiência perigosa; a decisão difícil. O médico precisa estar preparado para fazer não apenas o que julga certo mas também fazer com que o paciente, seus assistentes e outras pessoas colaborem.

2.1- Sobre vida Saudável e medicação Abusiva

            Nos atletas, a obesidade quando atinge um limite extremo é perigosa, uma vez que estes, não podendo car estacionários e nem se aperfeiçoar, só lhes restam piorar; por isso é preciso tentar reduzir a obesidade sem demora, para que o organismo tenha chance de se recuperar.
·         As pessoas que sempre foram gordas têm maior probabilidade de morrer cedo do que as magras.
·         Na pessoa jovem, alguns quilos a mais favorecem a aparência, mas na idade avançada é mais saudável ter um corpo delgado.
·         Nem a repleção, nem o jejum, ou qualquer outra coisa são benéficos quando em exagero.
·         Quando o organismo não está adequadamente purificado, quanto mais alimento a pessoa ingerir, maiores serão os danos.
·         Os purgativos são prejudiciais às pessoas que gozam de boa saúde.

2.2- Sobre clima e Epidemiologia

            Um ano seco é mais benéfico ao organismo do que um ano chuvoso, e no primeiro caso a taxa de mortalidade costuma ser menor. O verão provoca a ocorrência de febres contínuas e intensas, febres terçãs acompanhadas de vómitos, diarreia, conjuntivite, dores de ouvido, ulcerações na boca, necrose das partes íntimas. (GOTTSCHALL, 2007).

2.3- Sobre febres e Doenças Agudas

            Quando uma determinada área do corpo está quente ou fria, é sinal de que ali está instalada uma moléstia.
·         Em febres contínuas, se as áreas externas do corpo estiverem frias mas os órgãos internos muito quentes e se a pessoa tiver sede, esse é um sintoma mortal.
·         Quando uma pessoa está doente é normal que chore voluntariamente, e esse é um bom sintoma, mas o choro involuntário é um mau sinal.
·         Todos os tipos de febres complicadas por gânglios são graves, excepto quando eles desaparecem logo.
·         As pessoas com tétano morrem em quatro dias mas quando conseguem atravessar esse período se recuperam.
·         Se uma pessoa estiver com febre mas não apresentar inflamação na garganta e for tomada de súbita sensação de falta de ar, esse é um sintoma mortal.
·         Em moléstias agudas não é aconselhável prognosticar a morte ou a recuperação.
·         É preferível que a febre sobrevenha à convulsão a que a convulsão sobrevenha à febre.
·         Sobre doenças torácicas
·         É aconselhável observar se as dores nas partes laterais do corpo, nos seios e em outras regiões diferem muito entre si.

2.4- Sobre doenças Abdominais

1.      Para tratar queimor no estômago, evitar dietas ocres e fazer uma viagem pelo Mediterrâneo.
2.      Vómitos misturados com sangue são um mau sintoma mas a eliminação de sangue junto com as fezes não é um sintoma tão grave, o mesmo valendo para fezes negras.
3.      Nos casos de icterícia, é um mau sintoma quando o fígado fica endurecido.

2.5- Sobre doenças Urogenitais

            Uma espuma gordurosa e abundante na superfície da urina é indicação de moléstias renais agudas.
1.      No homem idoso, a cura de moléstias renais e da bexiga é muito difícil.
2.      Os eunucos não sofrem de gota nem ficam calvos.
3.      O homem jovem não sofre de gota enquanto não pratica o coito, e a mulher só depois que cessa a menstruação.

2.6- Sobre a Mulher

            Se a mulher grávida for acometida de violenta diarreia, correrá o risco de abortar. Quando o volume dos seios de uma mulher grávida diminui subitamente significa que ela terá um aborto. Se uma mulher grávida continuar a menstruar, a criança nascerá doentia.

2.7- Uma Mulher nunca é Ambidestra

Os aforismos hipocráticos são pérolas que abarcam desde uma filosofia profunda até conhecimentos clínicos, conselhos terapêuticos, lições epidemiológicas e prognósticos precisos, vários deles ainda válidos nos dias de hoje. Em muitos textos a ênfase é colocada no prognóstico, que incorporava o diagnóstico moderno e previa o mais provável desfecho de um caso, como visto na medicina babilónica ou egípcia. O prognóstico hipocráticos também actuou como um seguro: garantia ao médico distinguir entre o que ele poderia ou não fazer, livrando-se de culpa por falha subsequente ou pela recusa de tratar o doente. (GOTTSCHALL, 2007).


3- ÉTICA MÉDICA HIPOCRÁTICA

            Por menor que seja o apelo material de uma sociedade, esta não sobrevive sem conflitos, nem por curtos períodos, sem um sistema de regras e valores que regulem as relações entre as pessoas. A regulação das interações pessoais através de leis, de códigos, de mandamentos torna-se imperiosa para a harmonia da sociedade.
            A palavra ética, que significa um conjunto de qualidades nobres e a defesa do homem e da vida, vem associando-se à Medicina desde a antiga Grécia e, passando por todas as épocas, chegou até os dias presentes. Com a figura de Sócrates (469-399 a.C.), a filosofia clássica associa o emergir da ética aplicada à sociedade. Sócrates buscava incessantemente a verdade, questionando, porém, todos os caminhos até chegar a ela, o que declarava não conseguir atingir, mas continuar buscando: “Só sei que nada sei”. Suas dúvidas, porém, assentavam-se e eram resolvidas sob a égide do bem, a partir daí constituindo-se a união entre bem e filosofia, que, sob a dominante influência cristã, caracterizou todo o pensamento ocidental até recentemente. Sócrates elevou a Ética à sua dimensão racional, justificando que a integridade do “outro” é também merecedora de respeito. É claro que depois os diferentes costumes e complexidades das sociedades gregas, romana, medieval, renascentista, moderna e contemporânea criaram demandas baseadas em anseios diversos, conduzidos por comportamentos resultantes de múltiplos estágios de evolução social modificadores dos apelos éticos.

3.1- Juramento

            “Juro por Apolo, médico, por Asclépio, por Higéia e por Panaceia, por todos os deuses e todas as deusas a quem tomo por testemunhas do cumprimento deste juramento, que me obrigo a cumprir com todas as forças e minha vontade. Dedicarei a meu mestre de medicina igual respeito ao que dedico aos autores de meus dias, dividindo com ele meus haveres e socorrendo-o, em caso de necessidade; considerarei seus filhos como meus irmãos, e, se quiserem aprender medicina, ensiná-la-ei desinteressadamente e sem nenhuma recompensa. Instruirei com preceitos, lições teóricas e demais métodos de ensino a meus filhos, os de meu mestre e os discípulos que me acompanharem conforme a convenção e o juramento da lei médica e a mais ninguém. (GOTTSCHALL, 2007).
Prescreverei o regime dos enfermos de modo que lhes seja mais proveitoso, conforme minhas possibilidades e meu conhecimento, evitando todo o mal e toda a injustiça. Não darei venenos a ninguém, mesmo que me peça, nem farei sugestões nesse sentido.

3.2- Legado de Hipócrates

Com toda probabilidade, a obra Hipocrática completa é reflexo mais de uma Escola que de um homem isolado. Entretanto, isso não retira mérito de seu monumental legado: separação do mito e da filosofia da ciência; sistematização da medicina; mundo natural como base da medicina; código de ética médica.

3.3- Separação do mito e da filosofia da Ciência

Ao ter sido Hipócrates o primeiro a testar pela experiência a concepção racional dos filosófico, desenvolvendo o “método Hipocrática” conhecido como indutivo, e validando hipóteses, começou a separar, assim, a Medicina e com ela a Ciência da Filosofia. Tal como a matemática com o mundo físico, a medicina de Hipócrates levou a ciência para a biologia. Numa época em que a medicina era teocrática, os médicos adivinhos e as explicações irracionais, Hipócrates de Cós criou um corpo de doutrina sistematizado que elevou essa mesma medicina à categoria de pré-ciência, procurando tornar as explicações relações entre causa e efeito. Fundou o método clínico à beira do leito (klinós) dizendo que o lugar do médico é ao lado do doente, e desenvolveu a relação médico paciente, que vigoram até os dias actuais. Foi pela medicina que o homem começou a se aproximar da ciência, quando o facto se libertou do mito e de um idealismo filosófico que negava a realidade. (GOTTSCHALL, 2007).

3.4- Mundo natural como base da Medicina

O reconhecimento de que a saúde depende da qualidade de factores naturais que cercam o indivíduo criou o conceito de que a doença pode ser vencida ou evitada restaurando-se o equilíbrio das forças naturais que mantêm a sanidade orgânica, como vida saudável, alimentação correcta, ar puro, equilíbrio emocional. Trata-se de um princípio eterno ligado a causa e efeito, funcionando sempre que se combate a poluição ambiental, o fumo e outras drogas, usa-se dieta equilibrada sem agrotóxico, vive-se em clima favorável, elimina-se o estresse emocional ou desobstrui-se mecanicamente uma coronária que estava levando ao infarto do miocárdio. (GOTTSCHALL, 2007).

3.5- Código de Ética Médica

O código de ética Hipocrática humanizou a medicina, transformando-a de um ramo da história natural na mais nobre das ciências, regulamentou e estabeleceu limites para a conduta médica, impôs o sigilo profissional e o respeito absoluto à vida, ao paciente e sua família. Tão grande tem sido sua influência que, junto com a filosofia socrática e platónica, moldou o núcleo da moralidade e da ética cristã e ocidental até os dias actuais. Mostrando sua completa absorção pelo cristianismo, na Idade Média seu texto chegou a ser escrito em forma de cruz, substituindo-se apenas a invocação inicial a deuses pagãos gregos por um chamamento a ícones católicos. Sendo pré-cristãos, Sócrates, Platão e Hipócrates foram chamados de cristãos que vieram anunciar a chegada de Cristo. O princípio ético da beneficência fazer o bem, não causar dano, cuidar da saúde, favorecer a qualidade de vida é o mais antigo dos princípios da ética médica e da bioética e remonta directamente a Hipócrates. (GOTTSCHALL, 2007).

3.6- Depois de Hipócrates

A partir de Hipócrates a Medicina ligou-se à Ética mas prática e conhecimento médicos ainda não reconheciam anatomia e fisiologia como suas bases explicativas, as quais permaneciam como disciplinas estanques, baseadas em estudos de animais. Foi na Escola de Alexandria, cerca de 300 anos a.C., que começaram a ser dissecados corpos e estudadas anatomia e fisiologia humanas. É possível que tenham sido feitas vivissecções. Não obstante, por influência da filosofia platónica e depois do cristianismo, que muito a absorveu, tornou-se proibido dissecar corpos humanos. O corpo não podia ser violado nem depois da morte. No século II, no mundo romano, surgiu o médico Galeno que era autoritário, impositivo, manteve ensinamentos teleologistas aristotélicos e criou um modelo de médico semelhante, cujos conhecimentos dominaram a medicina por 1.400 anos. (GOTTSCHALL, 2007).
Com a destruição de Alexandria pelo obscurantismo religioso cristão e muçulmano e com o surgimento da Idade Média, praticamente desapareceram na Europa a cultura e a erudição entre os anos 400 e 1000. O advento do cristianismo - que dominou na Europa Ocidental todas as formas de pensamento do ano zero até o início da Renascença no século XV - modificou os horizontes filosófico do mundo greco-romano, deixando para trás o politeísmo e a concepção cosmológica grega e incorporando à cultura médica uma nova ordem moral proveniente da concepção estóica de um deus único, do qual emanava toda a ordem universal. Apareceu assim uma ética messiânica pela qual o amor por Deus e pelo próximo é expressado por meio da caridade cristã. A ética Hipocrática que nascera do “amor ao homem por amor à arte” transmutou-se em “amor à arte por amor ao homem”, sem pedir nada em troca. Nasceram a medicina monástica e os primeiros hospitais. (GOTTSCHALL, 2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS


            A teoria Hipocratica, em sua essência, é de um admirável e comovente humanitarismo, de compaixão e de afetividade. Mesmo mais modernamente, nos famosos acordos internacionais, tais como o Código de Nuremberg, a Declaração de Helsinki, a Declaração de Genebra e o Código Internacional de Ética Médica, ou os Códigos nacionais aceitos pelos diversos países, paira a flama do espírito hipocrático. O pensamento do venerável Mestre de Cós, sem quaisquer dúvidas, emprestou tanta contribuição à Medicina que fez dela a mais notável e a mais meritória de todas as profissões, a ponto de fazer valer-lhe a reconhecida e justa gratidão de toda a Humanidade.
            Em fim, a Medicina nasceu como forma de socorro, consolo, alento, traduzindo o lado altruístico do ser humano. Representou-se a primeira diferenciação profissional já na figura do feiticeiro, que utilizou mito e magia para afastar maus espíritos. Tendo surgido antes da filosofia e da ciência, desenvolveu técnicas e habilidades que a tornaram útil. Começou a criar a ciência, pelo desenvolvimento do pensamento indutivo, e foi a primeira profissão regulamentada por um código de ética. Ao chegar aos tempos actuais, por maior que tenha sido a distância percorrida, é impossível esquecer que as origens do caminho até a ciência médica moderna cheio de espinhos momentâneos e glórias tardias, repousam lá na velha Grécia, na Medicina Hipocrática.









BIBLIOGRAFIA


GOTTSCHALL, C. A. (2007). MEDICINA HIPOCRÁTICA 1ª Edição: 1.000 exemplares. Porto Alegre: Editora Stampa.



Sem comentários:

Enviar um comentário