REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
GOVERNO DA PROVÍNCIA DO
BENGO
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE TÉCNICO DE SAÚDE DO BENGO
E.F.T.S.B
TRABALHO
DE SAÚDE DA CRIANÇA
A BULIMIA
EM ADOLESCENTES
SALA: 16
GRUPO: 03
CLASSE: 12ª
PERÍODO: TARDE
CURSO: ENFERMAGEM GERAL
DOCENTE
_______________________
MANUEL AFONSO
MARÇO /
2019
LISTA DOS
INTEGRANTES DO GRUPO
1.
Adolfo Isaias
Garcia
2.
Engracia Gomes
Pedro
3.
Filomena Manuel
Vunge
4.
Ivánia Francisco
Mateus
5.
Manuel Rodrigues
Sebastião
6.
Nascimento da Piedade
Augusto
7.
Nelson António
Paulo
8.
Rosalina Seleste
Sauandi
Índice
Os transtornos
alimentares são frequentemente considerados quadros clínicos ligados à
modernidade, na medida em que ao avanço da mídia nas últimas décadas tem se
dado papel de relevância quase casual. De
acordo com a última edição do DSM, "a bulimia é caracterizada por
episódios repetidos de compulsões alimentares seguidas de comportamentos
compensatórios inadequados" (APA, 1995, p. 511), além de uma excessiva
influência da forma e do peso corporal na auto-avaliação do indivíduo.
Assim sendo, o
presente trabalho visa abordar sobre a Bulimia em adolescentes, cujo objectivos
é de Conceituar o termo Bulimia, identificar as suas Causas, Sinais e Sintomas,
Conhecer o seu Diagnóstico, Tratamento, Complicações e Descrever os Cuidados de
Enfermagem a ter com o paciente que apresenta este quadro clínico ou esta
patologia.
2. Fundamentação Teórica
O preconceito em
relação à obesidade tem sido muito intenso e a magreza está ligada a um padrão
de beleza massificado, ao sucesso, perfeição, competência, autocontrole e
atratividade sexual. O corpo perfeito é
sinônimo do ideal corporal da cultura no qual o ser humano está inserido e, na
maioria dos casos, impossível de ser alcançado (OLIVEIRA; HUTZ, 2010).
A primeira
descrição científica da Bulimia foi feita por Gerald Russell (1979), sendo
caracterizada por uma ingestão rápida e compulsiva de grandes quantidades de
alimentos, sem qualquer prazer, com sensação de perda de controle, de acordo
com Claudino e Cordás (2002).
Segundo esses autores, o termo foi usado séculos
antes de Cristo, designando-se uma fome doentia, por Hipócrates, que recomendava
a indução de vômitos por dois dias consecutivos todo mês como um método de
prevenir diferentes doenças. Os romanos criaram o “vomitorium”, que lhes permitia
alimentar-se em excesso durante os banquetes, e posteriormente vomitar em local
reservado para esta finalidade.
A bulimia
nervosa (BN) tem uma história muito antiga; o termo deriva do grego "bous"
(boi) e "limos" (fome), designando, assim, um apetite tão grande que
seria possível um homem comer quase um boi (CLAUDINO; CORDÀS, 2002).
Gerald Russell (1979) descreveu a bulimia
como uma nova doença derivada da anorexia. Russell considerou a bulimia como
uma variante sinistra da anorexia e definiu-a assim:
- os doentes
sentem uma necessidade imperiosa e compulsiva de comer em excesso;
- fazem
tentativas para evitar o aumento de peso provocado pelos alimentos ingeridos
através do recurso a vómitos e laxantes;
- têm um receio
mórbido de engordar;
Mais tarde verificou-se que a bulimia nervosa
também surgia em pessoas que registavam um peso normal e não só em anoréxicas.
O conhecimento
deste quadro como entidade nosológica distinta tem avançado rapidamente, graças
à proliferação de grupos de pesquisa em vários países. Este facto é,
principalmente, reflexo da importância clínica e epidemiológica que a Bulimia
vem demonstrando, superando em número de publicações, o interesse pela sua
"irmã mais velha", a Anorexia Nervosa. American Psychatric
Association. DSM-IV-R. (1995).
A bulimia
refere-se a um distúrbio alimentar, algo semelhante a A.N. AB é caracterizado
por episódio repetido por compulsão alimentar, seguidos de comportamentos
compensatórios inadequados, tais como: vómitos, auto induzidos; devido
delachantes, diuréticos, ou outros medicamentos.; jejum; ou prática de
exercícios físicos excessivos. (American Psycgiatric Associatio, 2000).
A nosso ver, “a bulimia é um
transtorno alimentar no qual uma pessoa oscila entre a ingestão exagerada de
alimentos, com um sentimento de perda de controle sobre a alimentação, e
episódios de vômitos ou abusos de laxantes tentando impedir o ganho de peso.
Também chamada de bulimia nervosa, o distúrbio leva as pessoas a estarem sempre
preocupadas com a aparência, principalmente com o peso”.
A bulimia
nervosa geralmente acontece na adolescência e no início da fase adulta, sendo
mais comum em mulheres, de acordo com Brandão (2004).
Os episódios bulímico
acontecem após uma ingestão calórica de até 8585 kcal em uma média de 59 minutos,
podendo ser planejados, pois eles acontecem, muitas vezes, quando o paciente já
está se sentindo culpado por achar que comeu muito ou por ter comido
algumalimento específico, sendo que seu pensamento passa a ser “Já que” ou
“tudo ou nada” (PHILLIPI; ALVARENGA, 2004).
A causa exata da
bulimia ainda é desconhecida. Trata-se de um transtorno de alimentação e, por
isso, muitos fatores podem estar envolvidos nos motivos que levam à sua
ocorrência. (Associação Brasileira de Psiquiatria).
A influência
exercida pela mídia sobre o comportamento e o padrão de beleza das pessoas
também pode estar entre as possíveis causas da bulimia. O culto ao corpo magro
e o desprezo às pessoas acima do peso pregado pela indústria da beleza e da
moda, aparentemente, levam milhões de pessoas em todo o mundo a apresentar
quadros de bulimia.
Dessa forma, a
bulimia é um distúrbio de imagem, no qual o paciente não consegue aceitar seu
corpo da forma como ele é, ou tem a impressão de que está acima do peso em
níveis acima da realidade. Isso pode levar a um quadro de ansiedade, que faz a
pessoa buscar maneiras bruscas de perder peso rapidamente, ao mesmo tempo em
que busca conforto na comida. (Associação Brasileira de Psiquiatria).
Quando um
indivíduo é afectado pelo nervosa da bulimia, diversas mudanças podem ocorrer
no corpo que pode se tornar evidente.
Em conseqüência
da má nutrição, do vômito freqüente, ou do uso dos laxantes ou dos diuréticos,
a concentração de eletrólitos (por exemplo, potássio, magnésio e sódio) no
sangue pode ser alterada. Isto pode causar efeitos conseqüentes tais como
mudanças no ritmo do coração (arritmias). Outros sintomas ligados ao sistema
cardiovascular incluem a massa diminuída do músculo no coração, na parada
cardíaca, na hipotensão, na bradicardia e na anemia. (Yolanda Smith, B.Pharm,
Aug 23, 2018). Outros sinais e sintomas de bulimia mais comuns são:
·
Preocupação excessiva com o peso e com a silhueta
·
Ter medo de ganhar peso
·
Perder o controle sobre o que come
·
Comer em excesso até sentir desconforto ou dor
·
Ir ao banheiro imediatamente após as refeições
·
Forçar o vômito após comer
·
Fazer uso de diuréticos e laxantes após comer
·
Usar suplementos diários de perda de peso.
O diagnostico é
feito com base as manifestações Clinica, em conformidade com os croterios
estabelecidos pela American Psycgiatric Associatio (2000). A suspeita de um
diagnóstico da Abulimia pode acontecer pela presença das complicações.
De acordo com os
critérios de Diagnóstico para BN no DSM-IV-TR (APA, 1995), são comuns os
comportamentos compensatórios inapropriados para prevenir ganho de peso, como
vômito auto-induzido, laxantes, diuréticos ou outras drogas, além de dietas
restritivas e exercícios físicos excessivos, com episódios em média duas vezes por
semana. São dois os subtipos da BN, o purgativo e o não purgativo. O purgativo
tema auto-indução de vômitos, com abuso de laxantes e diuréticos e enemas. Já o
não purgativo se baseia na prática de exercícios excessivos ou jejuns e sem
práticas purgativas.
Para os
critérios de Diagnóstico para BN no CID-10 (OMS, 1993), há, por parte do
bulímico, auto percepção de estar muito gordo, com pavor intenso de engordar e
com uso de exercícios excessivos ou jejuns. Em pacientes diabéticos,
negligenciar o tratamento insulínico é comum. Essa omissão ou uso insuficiente
de insulina necessária para o controle da glicemia com o objetivo de perda de
peso é chamado de Dia bulimia (RUTH-SAHD et al., 2009).
Leonidas e
Santos (2013, p. 562), alegam que pacientes com BN apresentam: Comportamentos
marcadamente impulsivos, auto-estemas flutuante, pensamentos e emoções
desadaptativas, busca exacerbada de estímulos e experiências novas, além de
traços histriônicos.
Levando em
consideração as diferentes linhas de atuação do psicólogo no tratamento aos
Transtornos Alimentares, a abordagem psicodinâmica refere-se à compreensão do
psiquismo em seus processos dinâmicos, tendo como objetivo de auxiliar os
pacientes a compreender os significados dos sintomas manifestos e encontrar alternativas
para lidar com esse sofrimento (GORGATI et al., 2002).
Quanto aos
bulímico, eles demonstram claramente o conflito que estão tendo entre o desejo
inconsciente para o comer compulsivo e a censura psíquica relacionada ao pavor
intenso para engordar. Na maioria dos casos, esse conflito não é resolvido o
que faz com que os episódios venham a se repetir (COBELOet al., 2008;
FERNANDES, 2006)
A psicologia
comportamental tem como objetivo desenvolver repertórios que produzam reforço
social; buscar que o cliente se auto conheça e conheça as relações que controlam
seu comportamento de não comer; e desenvolver repertórios que a levem a diversos
reforços. Esse condicionamento comportamental consiste na liberação de recompensas
à medida que o paciente vai cooperando com o tratamento (BRANDÃO, 2004).
O tratamento na terapia comportamental tem a função de
avaliar o comportamento contextualizado e em diferentes graus, devendo levar em
consideração que justamente esse comportamento é aprendido, chegando a se
tornar um hábito ou costume (TODOROV, 2007).
De acordo com
Carter e Mc Goldrick (1995, p. 20) as famílias com filhos adolescentes devem
estabelecer fronteiras qualitativamente diferentes das famílias com filhos mais
jovens. As autoras afirmam que: As fronteiras agora, devem ser permeáveis.
Os pais não
podem mais impor uma autoridade completa. Os adolescentes podem e realmente
abrem a família para o cortejo completo de novos valores, quando trazem seus
amigos e novos ideais para a arena familiar. As famílias que descarrilam neste estágio
podem muito fechadas a novos valores e ameaçadas por eles, e com frequência
estão fixadas numa visão anterior de seus filhos.
Neste estágio,
segundo as autoras citadas acima, os adolescentes começam a estabelecer seus
próprios relacionamentos independentes com a família ampliada, e são necessários
ajustes especiais entre os pais, para permitir que o adolescente possa movimenta-se
para dentro e fora do sistema. As fronteiras devem ser permeáveis,permitindo
aos adolescentes se aproximarem e serem dependentes nos momentos em que não
conseguem manejar as coisas sozinhas, se afastarem e experimentarem, com graus
crescentes de independência.
·
Medicamentos para Bulimia
Os medicamentos
mais usados para o tratamento de bulimia são:
·
Daforin
·
Fluoxetina.
Por fim, e não
menos importante, a família tem sido considerada uma parceira necessária no
tratamento dos Transtornos Alimentares, porém é comum percebermosintensa
dificuldade de entenderem o transtorno alimentar e seus sintomas comconcepções
equivocadas, muitas vezes de viés moralista. (SCORSOLINI-COMIN et al.,2010;
SOUZA; SANTOS, 2006)
A bulimia pode
ser perigosa e levar a complicações médicas graves ao longo do tempo. Por
exemplo, os vômitos frequentes colocam ácido gástrico no esôfago (o tubo que
liga a boca ao estômago), o que pode lesar permanentemente essa área.
·
Possíveis
complicações da bulimia incluem:
·
Constipação
·
Desidratação
·
Cáries
·
Desequilíbrios
eletrolíticos
·
Hemorroidas
·
Pancreatite
·
Inflamação
na garganta
·
Rasgos no
esôfago devido ao excesso de vômitos.
O processo de
enfermagem para cuidado de adolescente com um transtorno alimentar é descrito
no plano de cuidados. (American Psycgiatric Associatio, 2000).
Se a vida do
adolescente estiver em perigo iminente, como resultado da desnutrição,
implementar um plano para restaurar a Homeostasia fisiológica: reposição de
líquido e eletrólitos, alimentação intérica de acordo com as necessidades, e
monitorização dos sinais vitais e do equilibro hidroelétricos.
Trabalhar em
colaboração com a equipa de saúde multidisciplinar (nutricionista, conselheiro
de saúde mental, médico, enfermeiro), para estabelecer um plano de assistência
consiste para o adolescente com transtornos alimentares identificados.
·
Desenvolver um acordo mutuo de objectivos diários de ingestão calórica.
·
Observar os comportamentos alimentares e monitorizar a ingestão
nutricional e o comportamento durante 1 a 1 ½ horas.
·
Monitorizar-se nas vitais de acordo com a situação.
·
Monitorizar status dos líquidos e electrólitos.
·
Definir com adolescente a quantidade de líquidos aceitáveis a ingerir
por dia.
·
Estabelecer com adolescente um objectivo relacionado com exercício
diário que esteja de acordo com a gestão de nutrientes e ganho de peso.
·
Monitorizar as actividades para ver a ocorrência de comportamentos
prejudiciais, tais como: administração de inemas, vomito, comportamento
compulsiva (bulimia) e exercício excessivo.
·
Estabelecer limites e definir claramente expectativas em relação ao
plano terapêutico que aumenta a gestão de nutrientes.
·
Desenvolver um contrato comportamental para gestão de nutrientes e
sensação de comportamentos prejudiciais a alimentação.
·
Monitorizar sinais de recaídas: perda de peso, perda de massa muscular,
alopésia, sinais de desequilíbrio, hidroelectrolicos.
A literatura a
respeito do papel do profissional de enfermagem no tratamento dos transtornos
alimentares evidência a importância da actuação da enfermagem e destaca que é
de fundamental importância estudos e pesquisas que discutam e reflictam sobre a
qualidade da assistência de enfermagem e sobre o seu papel no tratamento desses
pacientes, a fim de se ampliar as dimensões do cuidar, amenizando o sofrimento
e a dor dessas pessoas e dos seus familiares.
No que diz
respeito especificamente ao papel da enfermagem no tratamento dos transtornos
alimentares, autores afirmam que o profissional de enfermagem, pelo seu perfil
de cuidador, educador e pesquisador, é elemento importante no trabalho da
equipe multidisciplinar que atende a pacientes com anorexia e bulimia nervosas,
uma vez que tenta buscar estratégias que favoreçam a recuperação do doente, de
sua família e da sociedade em geral.
Os transtornos
alimentares como a Bulimia são patologias, assim como os outros transtornos,
que requerem dos adolescentes que convivem com ele comportamentos e atitudes de
compreensão, entendimento, colaboração, paciência, disponibilidade, busca
constante de orientação e momentos de reflexão. Nesse momento o principal e
mais importante é o papel da família, que ajuda o paciente a chegar a uma
compreensão melhor de como ele está e como chegou até aqui.
Por fim, uma das
ferramentas utilizadas pelos profissionais de enfermagem no tratamento dos
transtornos alimentares (como a Bulimia) é a implantação da Sistematização da
Assistência de Enfermagem (SAE), a qual permite que esses profissionais
ofereçam assistência individualizada e holística aos pacientes sob seus
cuidados. O enfermeiro de forma
interdisciplinar necessita buscar qualificação profissional, atualizando-se
sobre as melhores evidências científicas e tratamentos que demonstraram alto
potencial de resolutividade, para que possam oferecer uma assistência
qualificada aos pacientes com Bulimia.
Ballone, G.J.
(2005). Transtornos alimentares na
adolescência, PsiqWeb. Disponível em www.psiqueweb.med.br. Acesso em: 25 de
maio de 2011.
BRANDÃO, M.L. Comportamento
alimentar. In Brandão, M.L. (orgs.) As
bases biológicas do comportamento: Introdução à neurociência. São Paulo:
Editora Pedagógica Universitária, 2004
CLAUDINO, A.M.; CORDÀS, T.A. Transtornos
alimentares: fundamentos históricos. Revista Brasileira de Psiquiatria. São
Paulo, Edição 24, Periódico 3, p.03–06, 2002.
COBELO, A.W.; GONZAGA, A.P.; WEINBERG, C. Abordagem psicanalítica nos transtornos alimentares. Cadernos da
CEPPAN – Revista de Transtornos Alimentares. São Paulo, Edição 1, 2008.
OLIVEIRA, L.L.; HUTZ, C.S. Transtornos
Alimentares: o papel dos aspectos culturais no mundo contemporâneo.
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, n. 3, p. 575-582,2010.
PHILIPPI, S. T.;
ALVARENGA, M. Transtornos alimentares:
uma visão nutricional. Barueri: Editora Manole, 2004.
RUTH-SAHD, L.A.,
SCHNEIDER, M.; HAAGEN, B. Diabulimia:
what it is and howto recognize it in criticalcare. Dimensions of Critical Care
Nursing, edição 28, v. 4, p.147-153, 2009.
WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica: elementos essências à
intervenção efectiva. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/bulimia (Associação Brasileira de Psiquiatria)
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