INTRODUÇÃO
No
presente trabalho abordaremos sobre o Reino do Mali, por tanto o Reino do Mali
foi um estado grande e rico que existiu na África ocidental do século XIII ao
XVI. Expandiu-se a partir de um pequeno reino chamado Cangaba, às margens do
rio Níger, para uma vasta área que incluía algumas das mais importantes regiões
comerciais da época. O comércio e a mineração de ouro foram responsáveis pela
riqueza do Mali.
Suas principais cidades foram: Niani, a capital,
Kumbi-Saleh, antiga capital do império de Gana, Walata, Tombuctu, Djenné,
Kirina e Gao.
A população da capital Niani, era de aproximadamente
100 mil pessoas, e estima-se que o império de Mali tenha comportado 40 a 50
milhões de habitantes em 400 cidades que formavam o império.
O REINO DO MALI
O reino do Mali foi um Estado que existiu
na África Ocidental no período de 1230 a 1600
aproximadamente. Também pode ser considerado uma etapa da história do atual Mali, embora as fronteiras do
extinto Império do Mali compreendessem, também, regiões onde hoje se encontram
outros países da África. O Império do Mali foi descrito pelos viajantes árabes como
um Estado rico e suntuoso durante o seu apogeu, e certamente foi um importante
centro comercial. Os Mansas
do Mali ampliaram
seu domínio sobre outros reinos da África, constituindo amplas redes de poder.
Originários da região do rio
Senegal e do Alto Níger, os grupos malinqués (malinqué significa
"homem do Mali") vivendo nas cidades antigas de Kiri e Dakadyala eram liderados por chefes
mágico-caçadores chamados de "simbon"
(que significa "mestre-caçador"). O "simbon" era apenas um primus inter pares, ou seja, um
"primeiro entre iguais", e não detinha autoridade
real sobre os outros membros da sociedade,
mas o grande conselho (ghara)
constituía um proto-Estado, que decidia sobre a guerra e os impostos.
A sociedade era dividida em grandes
unidades familiares, que viviam em campos comunitários chamados de Foroba. As
famílias pagavam impostos para o Estado por meio de trabalhos nas terras do simbon. Durante o século XI, esses
povos sofreram a interferência cada vez maior do principado do Sosso, cujo
príncipe havia tomado o título de mansa (Imperador) nessa época. Também no
século XI, contudo, os líderes do Mali se converteram ao islamismo e
iniciaram um processo de centralização política acentuado.
Mansa
Musa retratado num atlas catalão de 1375. O texto do mapa
diz: "Este senhor negro é chamado Musa Mali, senhor dos negros da Guiné. Tão abundante é o ouro que foi achado no seu
país que ele é o mais rico e nobre rei em toda a terra".
Foi no ano de 1240 em Kuru-Kan-Fugha, que se decidiu
que Sundjata Keita, rei do Mali, seria o novo Mansa. A corte imperial
se estabeleceu em diversas cidades (Djeliba, Kangaba) até se fixar em Niani. Nos anos subsequentes, o Mali se
expandiu sobre regiões do Sudão, do Baixo
Senegal e do Baixo Gâmbia. Sundjata Keita morreu em 1255 num
acidente.
A sociedade foi dividida em trinta
grandes clãs,
alguns de artesãos,
outros de guerreiros, outros de homens livres ("ton dyon") etc.
Existia escravidão e servidão
no antigo Mali. Os casamentos eram regulados por casta, e os
casamentos entre membros de castas diferentes eram proibidos. A guerra era
conduzida após a reunião de camponeses-guerreiros, estes organizados em
"kelé-bolon" (contingentes) controlados por um "kelé-tigui"
(general-chefe). O Mali era um império agrícola. Os malinqués dominavam a
cultura do algodão
introduzida no país por Sundjata.
PODER E SABEDORIA
Os reinos africanos, governados por reis sábios e
justos, como Mansa Mussa e Sonni Ali (Songhai), eram admirados tanto entre os
islâmicos como entre os cristãos europeus. Suas riquezas eram transformadas em
conquistas sociais e artísticas para seus povos.
As capitais eram cidades muradas e possuíam mesquitas,
sendo que, pelo menos duas delas em Timbuktu e Djenne tinham universidades. Os
estudiosos, religiosos, sábios e poetas iam até lá sempre em busca de mais
conhecimento.
Leo Africanus, descreveu
Timbuktu como a cidade do ensino e das
letras, onde o rei, embora dispusesse de muitos cavaleiros, financiava de seu
próprio tesouro muitos magistrados, doutores e religiosos. Ele ainda
comenta que, em Timbuktu existe um
grande mercado de livros dos países bérberes e ganham muito mais com a venda de
livros do que com qualquer outra mercadoria.
Essa foi a época de ouro do reino de Mali, com suas
escolas de teologia e direito famosas por todos os lugares.
O poder desses reis era apoiado pela força militar,
mas também por um senso de justiça, pelo controle do comércio e dos impostos e
por alianças diplomáticas.
APOGEU
Após Sundjata
Keita, governou seu filho, Mansa Ulé (1255-1270). Mansa Ulé
entregou o controle das províncias imperiais a diferentes generais,
proporcionando a descentralização do reino. Um escravo do mansa Abubakar I (1270 e 1285), Sakura,
foi entronizado como imperador e aumentou os domínios do Mali, fazendo com que
mais reis se tornassem vassalos do imperador. Sakura foi assassinado
após retornar de uma peregrinação.
Abubakar II, o mansa que assumiu o
governo em 1303, ficou célebre por conta de sua tentativa sem sucesso de se
expandir para o oeste enviando navios navegarem pelo oceano atlântico, na direção da América
do Sul. O Mansa Musa, mansa de 1312 a 1332, foi um outro célebre
rei malinqué que organizou uma grandiosa peregrinação com cerca de 60 mil
servidores e cem dromedários carregados de ouro, impressionando os líderes árabes da
época.
Este mansa foi responsável pela
construção em Tombuctu
da mesquita
de Djinger-ber, pela expansão e
afirmação do Islã no império e por estabilizar as relações
diplomáticas do Mali com os reinos vizinhos. Seu reinado é considerado a
Era Dourada da História do Mali. Durante o reino de Maghan (1332-1336), Tombuctu foi saqueada por povos
estrangeiros. Mansa Solimão (1341-1360)
recuperou a economia do Império, tentou restaurar a sua influência sobre a
periferia do Império e conseguiu fazer reconhecer sua soberania sobre os Tuaregues.
Os reinados de Mari Djata (1360-1374) e Mussa II (1374-1387) marcaram o início
do período de decadência do Império.
DECADÊNCIA
A queda do Império do Mali está relacionada às lutas
internas pela posse do trono, o crescimento do Império de Gao e os
levantes dos reinos vassalos. Os Peules iniciaram um movimento de
resistência liderados por Djadjé no começo do século XV, ao mesmo tempo em que
povos do Tecrur se associaram aos estados uolofes,
e as províncias do leste eram anexados por Gao. Em 1490, Gao já havia
conquistado Futa Tooro, Bundu e Dyara.
Nessa época, o
Imperador do Mali tentou formar uma aliança com o rei João II de Portugal, mas as missões diplomáticas não chegaram à Europa.
A investida da dinastia ásquia de Gao fez com que o Mali se
dissolvesse de vez, quando a capital do Mali foi ocupada em 1545. Em 1599, o
domínio de Gao foi substituído pelo controle marroquino,
e o Mansa Mamude organizou uma nova resistência se aproveitando da situação,
mas seus homens foram derrotados pelas armas de fogo
dos marroquinos.
ECONOMIA
Por Tombuctu, circulavam sal e ouro das minas do Império do Mali, tecidos,
grãos, noz-de-cola,
peles, plumas, marfim e instrumentos de metal. Ao longo do século XIV, Tombuctu
se transformou num importante centro intelectual do mundo, reunindo cerca de
150 escolas com muitos estudantes oriundos de outras partes do território
africano.
RELIGIÃO
A religião oficial do Império do Mali era o islamismo.
Acredita-se que o islã do Mali tenha carregado algumas características das religiões animistas do Mali antigo:
os dyeli (sacerdotes)
praticavam ritos
com os rostos cobertos por máscaras animistas, a população comia carnes consideradas
impuras pelo islão etc. Os principais agentes da divulgação do Alcorão
no Mali eram os comerciantes saracolês e diúlas.
A religião predominante era o islamismo,
que está ligada ao estudo não só do Alcorão
mas ao ensino em geral. Embora seja importante fazer um parêntese para notar
que havia, na religião, várias influências, especialmente pagãs.
As crianças aprendiam o Alcorão, mas ainda havia muito de feitiçaria
nas crenças populares.
POLÍTICA
A estrutura política do império foi estabelecida pela Carta de Kurukan Fuga.
O Mansa vestia-se com artefatos de ouro e usava uma túnica
vermelha (mothanfas). O trono do imperador era o pempi, uma poltrona
feita de ébano.
O mansa detinha, como funções, ministrar a justiça
no reino e comandar a guerra. O Império era governado de duas formas: no
centro, o controle direto do rei; na periferia, eram estabelecidos reinos protetorados.
O reino central era subdividido em províncias
com um governador
(dyamani tigui). As menores
unidades de uma província eram os kafo
e os dugu. Os reis da periferia
reconheciam a soberania do imperador, mas não perdiam seu estatuto de reis. Estes,
normalmente, pagavam impostos ao imperador.
Mansa Mussa foi o rei que incentivou a cultura, o
ensino e a expansão do Islã. Na sua famosa peregrinação a Meca, ele
trouxe, para o Mali, mercadores e sábios e divulgou a religião islâmica.
O imperador também trouxe, consigo, um
poeta-arquiteto, Abu Ixaque, mais conhecido como Essaheli, ou Ibraim Abu Ixaque
Essaheli. Foi ele quem planejou a grande mesquita de Djingareiber: uma joia da
arquitetura que começou a ser construída em 1325 e que foi terminada por Candu
Musa.
Esse rei também enviou estudiosos para o Marrocos,
para estudar na universidade de Fez. Esses sábios voltaram
ao Mali e, lá, fundaram seus centros de ensino e estudo corânico. Tombuctu se
tornou um centro de difusão de conhecimento para comerciantes e para estudiosos.
CONCLUSÃO
O
reino do Mali surgiu ao redor da cidade de Timbuktu, fundada por volta do ano
1100. A cidade nasceu como ponto de apoio e abastecimento das caravanas que
traziam sal das minas do Deserto do Saara, matérias-primas e outros bens preciosos.
Estes reinos careciam tanto de fronteiras geopolíticas como de identidades
étnicas. O sal era trocado por ouro e escravos, trazidos pelo Rio Níger.
Em suma conclui-se que ainda hoje, tantos séculos
passados, este povo é lembrado, pois na sociedade brasileira é muito comum
associarmos a palavra “mandinga” a práticas de feitiçaria, pois este povo
possuía profundo conhecimento no uso de ervas medicinais e ainda havia a
prática de rituais de magia, protagonizadas pelos mágicos encantadores.
BIBLIOGRAFIA
PEDRO, Augusto, Imperio do Mali,
2009
Império do Mali. In Britannica Escola Online. Enciclopédia Escolar
Britannica, 2017. Web, 2017.
LAMPRÉIA,
José D. Etno-História do Império Mali,
Lisboa, 1959;
SOUZA, Marina de Melo e. África e Brasil africano. São Paulo – Ática.
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