INSTITUTO
SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA
DEPARTAMENTO DE
CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM PSICOLOGIA
GRUPOS E
EQUIPAS NA ORGANIZAÇÃO
BENGO
2021
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
LICENCIATURA EM PSICOLOGIA
GRUPOS E
EQUIPAS NA ORGANIZAÇÃO
BENGO
2021
LISTA NOMINAL
RESUMO
No presente estudo encontraremos um conjunto de informações
relacionadas à grupos e equipa na organização, assim como às peculiaridades que
caracterizam o comportamento dos seus membros. Mais do que um roteiro de como
trabalhar com grupos e equipas deseja-se favorecer a sua reflexão a respeito da
complexidade do comportamento humano, quando inserido numa coletividade que,
neste caso, desempenha as suas atividades num cenário maior chamado
“organização”. O trabalho está dividido em duas partes sendo que, na primeira,
o foco recai sobre os grupos, enquanto a segunda enfatiza o estudo das equipas
de trabalho. A primeira seção está organizada de maneira a guiar-nos, em
primeira instância, a definição e características dos grupos. A segunda parte
também se inicia com uma breve introdução na qual as equipas são definidas e as
suas características são especificadas com o objectivo de estabelecer as
diferenças entre grupos e equipas de trabalho.
Palavras-chave: Equipas de Trabalho, Grupos, Organizações.
SUMÁRIO
1.1.1- DEFINIÇÃO
E CARACTERÍSTICAS
1.1.3- O QUE AFETA
A ESTRUTURA DAS EQUIPAS
1.1.4- CONTRASTE
ENTRE GRUPOS E EQUIPAS
2.1- DEFINIÇÃO E
CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS
2.1.1- A
IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS
2.1.2- INTERAÇÃO
GRUPO X COMPORTAMENTO
2.1.3- LIDERANÇA,
EXISTE OU SE CRIA
2.3.1- COMO UM
GRUPO CHEGA A SER UMA EQUIPA
1. INTRODUÇÃO
A vida humana é grupal. Desde que nascemos até a fase
adulta nos relacionamos com diversas pessoas, cada uma com suas características
e peculiaridades, refletindo o grupo de referência a que pertence. Ou seja,
estamos inseridos numa coletividade, onde conhecemos e fazemos parte de vários
grupos.
No meio corporativo, de acordo com o comportamento dos
indivíduos, encontramos os grupos de trabalho e as equipas de trabalho, cada
qual com características bem distintas, cada qual com suas normas e regras
conforme veremos no desenrolar deste trabalho.
Como podemos compreender, os grupos permeiam toda a
sociedade e diante de um cenário empresarial competitivo, onde o trabalho em
equipa é uma das competências mais valorizadas actualmente, é necessário
conhecer a diferença entre os grupos e as equipas, de modo a compreender a
funcionalidade de cada um, assim como o comportamento de seus indivíduos, tudo
isso será considerado com mais detalhes científicos com base em referências bibliográficas
usada nesta pesquisa.
1.1 PROBLEMÁTICA
Um peixe, se consciência tivesse, provavelmente não se
daria conta de que vive permanentemente na água. Nós, raramente tomamos
consciência de que vivemos imersos numa grande camada de oxigénio. Do mesmo
modo, quase nunca nos apercebemos que vivemos em contato direto com os grupos e
as instituições. Somente quando o peixe é retirado da água, quando sofremos
alguma privação de oxigénio, quando nos afastamos ou perdemos um grupo de referência,
é que sentimos o quanto estávamos envolvidos por este meio ambiente, que nos
abraça de forma tão sutil, tão cotidiana, que o temos como um fato, pouco nos
importamos com ele. Tal qual o amor, não a paixão, que nos acarinha com
tranquilidade, segurança e que alguma vez sentimos sua falta, mas não a sua
presença.
Pois de maneira parecida ocorre com os grupos. De tão
habituados a viver em relação com os demais, poucas vezes nos damos conta de
sua importância ou de sua influência em nossos comportamentos ou em nossas
decisões.
Portanto, porque é importante o estudo do grupo e
equipa na organização? Será que esse estudo pode melhorar aspectos importantes
nos nossos comportamentos como gestores de recursos humanos? E, como os estudos
sobre grupos e equipas podem ser aplicados as organizações?
1.2- OBJECTIVOS
1.2.1- Geral
·
Compreender as principais
características e contraste entre um grupo e uma equipa e mostrar a sua
importância numa organização.
1.2.2- Específicos
·
Discriminar conceitos
relativos a grupos e equipas, compreendendo a inter-relação entre eles;
·
Identificar os elementos
que afetam a estrutura das equipas de trabalho.
·
Refletir sobre como o
estudo sobre os grupos e equipas pode auxiliar no entendimento dos processos
organizacionais.
1.3- JUSTIFICATIVA
Falar de grupo e equipa na organização é um assunto
que prende atenção de muitos, particularmente para nós como estudantes de
Gestão de Recursos humanos, pois para muitos, assim como para mim antes desta
pesquisa, têm muitos obstáculos em diferenciar quando é que estamos diante de
um grupo e quando é que um conjunto de pessoas são consideradas uma equipa,
será que existe efectivamente uma diferença entre um grupo e uma equipa? Talvez
nos perguntados, se existe uma dissemelhança, como estão organizados estes
grupos? Ora, compreender estes aspectos é indispensável para todo gestor de
recursos humanos, pois esta matéria está comumente relacionada à liderança e a
maneira como ela é exercida define nitidamente o jeito como devemos entender
grupo e equipa na organização.
1.4- HIPÓTESES
·
Toda equipa é um grupo,
mas nem todo grupo é uma equipa;
·
Equipa é um grupo que
compreende seus objectivos e está engajado em alcançá-los de forma
compartilhada.
1.5- METODOLOGIA
No presente estudo adotou-se pesquisa bibliográfica
que é desenvolvida a partir de materiais publicadas em livros, artigos,
dissertações e teses. Visto que é um tipo de pesquisa realizada
independentemente ou pode constituir parte de uma pesquisa descritiva ou
experimental, segundo Cervo, Bervian e da Silva (2007, p.61).
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1- EQUIPAS DE TRABALHO
Ao longo deste trabalho já apresentamos o que são os
grupos, a influência que exercem sobre o comportamento dos seus membros e
algumas características da dinâmica do seu funcionamento. Ao falar dos grupos
nas organizações foi dito que podem afetar os resultados do desempenho dos seus
membros, portanto, no funcionamento da organização. Tomando como base os mesmos
princípios que orientam a vida e o funcionamento dos grupos, um tipo específico
de grupo será focalizado nesta parte do nosso estudo: as equipas de trabalho.
1.1.1-
DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
A partir da definição de
equipes de trabalho foi possível identificar que se trata de um conjunto de
indivíduos que, mantendo um esquema dinâmico de interações, caminham para um
objetivo que lhes é comum.
Também é importante ter em mente que
a efetividade da equipe de trabalho depende, em grande parte, do cenário em que
ela está inserida. Assim, se a equipe de trabalho faz parte de uma organização
que está passando por um processo de redução do quadro de funcionários, a
instabilidade e o fantasma do desemprego perturbam o sono de boa parte deles,
mesmo que os membros da equipe tenham seu emprego garantido, o clima externo
irá influenciar, em maior ou menor grau, o desempenho dessa equipe.
Embora não exista uma
receita de sucesso para as equipes de trabalho, alguns aspectos devem ser
cuidadosamente investigados pois existem evidencias, obtidas a partir de
resultados de pesquisas empíricas, que mostram o seu impacto sobre os
resultados do desempenho da equipe. Um desses elementos é a correspondência
entre a quantidade de membros que compõe a equipe e as tarefas designadas.
Equipes que afirmam ter um número inadequado de membros em relação à tarefa que
devem executar (muitos ou muito poucos), tendem a apresentar piores resultados
que as equipes que afirmam ter o número adequado de membros. Além da adequação
do número de membros, é necessário que os membros da equipe tenham as
habilidades necessárias para atingir os resultados esperados.
A equipa deve contar com
o suporte de que necessita para poder executar as tarefas incumbidas. Este
suporte não se refere apenas à quantidade e qualidade de recursos materiais.
Refere-se também ao suporte social. Assim, é necessário que goze de uma certa
margem de liberdade, de confiança, de maneira que possa gerenciar os seus recursos
e tomar decisões com independência sem ter de recorrer sempre às lideranças
organizacionais. Esta independência outorgada aos membros da equipe promove o
sentimento de controle sobre o seu desempenho e de responsabilidade pelos
resultados.
Existe várias definições para equipas de trabalho e
podem ser encontradas divergências dependendo do aspecto enfatizado pelos
autores interessados no seu estudo. Assim, segundo Arrow e McGrath (1995)
definem o grupo de trabalho como um padrão complexo de relações dinâmicas entre
um conjunto de pessoas (membros), que utilizam uma determinada tecnologia para
atingir propósitos comuns. Nesta definição, os autores apontam a existência de
três elementos constitutivos: os membros, o propósito ou objectivo e a
tecnologia.
A partir das definições apresentadas, podemos talvez
nos perguntar se os termos grupo e equipa de trabalho são sinônimos quando
usados para descrever unidades de trabalho inseridas no seio da organização.
Pois bem, apesar de guardarem semelhanças, trata-se realmente de estruturas
diferentes pelo que a seguir tais diferenças serão enfatizadas.
1.1.2- TIPOS DE EQUIPAS
Identificar os tipos de equipas não é fácil, porque
nem sempre as características que observamos podem não ser próprias da equipa.
As classificações são diversas e fica complicado chegar a um consenso. Mas há
alguns critérios que ajudam na identificação como: tempo, duração, missão,
natureza da atividade, a ordem de seus elementos e a finalidade das tarefas.
Na organização podem existir equipas permanentes e as
temporárias. Uma que se une em prol de um objectivo temporário e a outra que
está na organização e faz parte de um trabalho permanente. No primeiro caso
podemos citar as pessoas que são contratadas para a época de natal no comércio
e em algumas indústrias ou na páscoa. Os permanentes são os contratados para
integrar uma equipa que tem o objectivo de atender ou produzir por período
indeterminado, como exemplo uma indústria têxtil ou de móveis. Casos em que
estão sempre renovando seus produtos com o intuito de agradar seus clientes e
mantê-los. Podemos citar também a indústria automobilística.
Quando o foco é a missão temos as equipas de trabalho.
Já para “incrementar a efetividade dos processos organizacionais”, surgem às
equipas de desenvolvimento. Os grupos de tarefas, equipas propriamente dita e
tripulação surgem quando o elemento da estrutura da equipa é priorizado. Nos
grupos de tarefa é enfatizado o cumprimento da tarefa antes que a sobrevivência
do grupo. Quando o objectivo é atingido o grupo se desfaz. Nas equipas o
elemento mais importante são os indivíduos e o sucesso da inter-relação deve
ser favorável para cumprir as tarefas necessárias. Já as tripulações o mais
importante é o objectivo, vindo em segundo a tecnologia que geralmente é
complexa.
O modo de classificar se as equipas são temporárias ou
permanentes se refere à duração e ao objectivo. Essas não são as únicas formas
de classificação, sendo preciso realizar uma pesquisa maior.
1.1.3- O QUE AFETA A ESTRUTURA DAS
EQUIPAS
Existem elementos que afetam a estrutura das equipas
de trabalho. Uma delas são as normas que regem o comportamento e o desempenho
dos membros e a tolerância com o sucesso ou fracasso de cada um. São diferentes
das regras de uma organização por serem estabelecidas de forma informal. Outra
seria a forma como são apresentados os papéis atribuídos aos participantes
dentro da equipa. Pois o papel atribuído deve ser desenvolvido de forma
aceitável.
Realizando
aquilo para o que foi proposto. Sendo que esse papel pode não ser espontâneo.
Existe ainda o prestígio ou status que se alcança. Que pode ser interpretado
como um reconhecimento social dado a um membro. Isso pode trazer consequências
positivas ou negativas. O prestígio geralmente leva aos objectivos, enquanto o
contrário pode colocar obstáculos ao desempenho e a realização.
1.1.4- CONTRASTE ENTRE GRUPOS E
EQUIPAS
Segundo Greenberg e Baron (1995) destacam que parte da
confusão é decorrente do uso corriqueiro da palavra time ou equipa quando a
estrutura apontada nem sempre responde as características que uma equipa
deveria ter. Com certa frequência a palavra equipa é usada para definir
conjuntos de pessoas que trabalham num mesmo departamento ou seção, sendo que
elas nem sempre têm um objectivo comum, claramente especificado. Por exemplo,
no caso de funcionários do departamento financeiro de uma empresa, embora o
objectivo de trabalho de todos eles seja cuidar das finanças da empresa, cada
empregado funciona como uma unidade mais ou menos independente.
Uma segunda diferença diz respeito à responsabilidade
em quem recai a realização do trabalho. Embora, em determinadas circunstâncias,
os membros do grupo possam fazer um esforço conjunto para atingir determinados
objectivos, a responsabilidade pelos resultados obtidos é individual. Portanto,
cada empregado se responsabiliza apenas pelos seus resultados. No caso das
equipas de trabalho, a responsabilidade pelo resultado final é compartilhada,
seja em maior ou menor grau. A vitória no campeonato é uma responsabilidade da
equipa brasileira, e de todos seus membros é cobrada, ainda que contribuições
diferenciadas possam ser identificadas como a do goleiro ou a do treinador.
Em terceiro lugar, as equipas de trabalho se
caracterizam por ter um objectivo de trabalho compartilhado. Ainda que cada
membro possa ter metas específicas que devam ser atingidas, haverá um objectivo
global, da equipa, que é a razão pela qual foi criada e que é compartilhado por
todos. A relação entre o esforço individual e o objectivo geral é mais próxima
do que nos grupos, pelo que exige um certo grau de comprometimento no sentido
de direcionar o esforço à sua consecução. No caso dos grupos, os objectivos são
distantes e vagos pelo que não se observa, de maneira clara, o comprometimento
dos membros com eles.
Por último, Greenber e Baron (1995) afirmam que os
grupos se diferenciam das equipas na relação que mantêm com a empresa. Os
objectivos de trabalho que devem ser atingidos pelos membros do grupo, por
exemplo os funcionários do departamento financeiro, são definidos pela
organização que também estabelece os passos a serem seguidos, as atribuições
individuais e as normas que regem comportamentos e desempenhos.
Outros autores interessados no estabelecimento de
diferenças entre grupos e equipas de trabalho são González, Silva e Cornejo
(1996). Estes autores manifestam que elas (as diferenças) são claras pois
enquanto os grupos se caracterizam por: a) ter um líder claramente designado
por um elemento externo perante o qual responde pelo grupo, b) trabalhar em
prol do objectivo da organização, c) enfatizar em aspectos individuais para o
desempenho, definição de responsabilidades e estabelecimento de recompensas, e,
d) ter a sua efetividade evidenciada a partir da influência que exercem sobre
outros membros ou grupos da organização, as equipas se caracterizam por: a)
compartilhar as responsabilidades que não recaem apenas sobre o líder, b)
trabalhar em prol de um projeto específico e próprio, c) enfatizar no esforço
conjunto tanto para o desempenho como para recompensas e responsabilidades, e,
d) ter a sua efetividade evidenciada a partir dos produtos da equipa.
A partir das contribuições oferecidas por Greenberg e
Baron (1995) e González e cols. (1996) é pertinente concluir que equipas e
grupos de trabalho constituem duas estruturas de desempenho diferentes.
Contudo, dada a frequência com que estas denominações são empregadas de maneira
alternada, desconhecendo as peculiaridades que caracterizam às equipas de
trabalho, divergências podem ser encontradas entre autores interessados no seu
estudo assim como entre gerentes ou administradores que adotam estas
denominações com o objectivo de nomear as unidades de desempenho que comandam.
Katzenbach e
Smith (1993) expõem no quadro a seguir algumas diferenças entre grupo de
Trabalho e Equipa:
GRUPO |
EQUIPA |
Há um líder explícito; |
Papéis de liderança compartilhados; |
A responsabilidade é do líder; |
Comprometimento mútuo; |
A responsabilidade é de apenas alguns dos membros do grupo; |
Responsabilidades compartilhadas; |
Há grupos de especialistas; |
Multiplicidade de funções (Produção, Marketing, Recursos Humanos e Finanças); |
As reuniões são ‘‘racionais“ e chegam logo a conclusões; |
Encorajamento da aparição de divergências de opiniões e conflitos
construtivos; |
Mensura-se sua efetividade indiretamente em outros grupos; |
Mensuração de seus resultados pelo desempenho de cada indivíduo do
grupo; |
As decisões ocorrem pelo voto da maioria; |
Decisões por consenso; |
A decisão final é do líder; |
Decisão final do grupo; |
Os objectivos são “clarificados” ou sugeridos pelo líder. |
Objectivos aceitos e incorporados por todos os membros do grupo. |
Fonte: Katzenbach e Smith (apud MUNCK, 1999, p.39).
Porém, os outros autores
resumem a diferenciação entre equipas e grupos nas organizações da seguinte
forma:
Equipas
·
Esforço coletivo;
·
Responsabilidade compartilhada pelos resultados globais;
·
Objectivo de trabalho compartilhado;
·
Unidades de trabalho semiautónomas ou autónomas.
Grupos
·
Esforço individual;
·
Responsabilidade por resultados individuais;
·
Objectivo de trabalho individual;
·
Unidades de trabalho dependentes.
Outro elemento essencial de uma equipa é a atuação do
líder. O líder deve ser consciente de suas responsabilidades, assumindo o papel
de gestor das atividades a serem feitas. Em síntese, o papel do líder é obter
coesão entre as tarefas de cada um dos componentes da equipa, motivando-os a
atingirem os resultados propostos ou esperados e atenderem os prazos
combinados.
2.1- DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS
DOS GRUPOS
Embora todos conheçamos grupos e pertençamos a vários
deles, é mais fácil descrever um grupo que defini-lo. Uma definição que tem se
mostrado adequada é a de que um grupo é um conjunto formado por duas ou mais
pessoas que para atingir determinados objectivos necessita algum tipo de
interação, durante um intervalo de tempo relativamente longo, sem o qual seria
mais difícil ou impossível obter o êxito desejado. Ou dito de outro modo, um
conjunto de pessoas se caracterizará mais fortemente como grupo segundo as
seguintes condições: a) quanto menor for o número de seus membros; b) quanto
maior for a interação entre os seus membros; c) quanto maior for a sua história
e d) quanto mais perspectiva de futuro partilhado seja percebido pelos seus membros.
Como se vê, definições funcionais que pretendem apenas situar o leitor de forma
que ele possa compreender o processo que se estabelece em uma relação na qual
se pode dizer que existe um grupo.
Talvez um contraponto sirva para aclarar as ideias.
Pessoas esperando um autocarro em uma paragem não constituem um grupo porque o
objectivo a alcançar depende unicamente de cada uma delas. Mesmo só a pessoa
pode atingir seu objectivo de tomar a condução. Já amigos que se reúnem nos
finais de semana para jogar futebol, pode ser considerado um grupo na medida em
que necessitam um dos outros para poder se divertir. Podem até ser concorrentes
em outras áreas da vida profissional, mas ali, naquele momento, formam um grupo
sim.
Desse modo, os grupos possuem determinadas
características como serem pequenos, ou seja, as pessoas se conhecem entre si,
existe uma relação face a face; compartilham objectivos e aceitam as normas
construídas pelo próprio grupo. Em relação às normas construídas pelo próprio
grupo, cabe se remeter a alguns estudos sobre construção de normas sociais.
Geralmente pouca conta nos damos de que partilhamos normas e ao mesmo tempo
estamos contribuindo para a sua construção através dos diversos encontros que
temos com nossos companheiros, familiares, cônjuges, enfim, com quem nos
relacionamos socialmente.
As organizações não fogem à regra, ali também os
grupos existem e constituem a matéria prima do seu desenvolvimento. Em duas
organizações que têm mesmo objectivo, como dois colégios, duas lojas comerciais
ou duas fábricas de automóveis, muitas vezes o que vai diferenciar uma da outra
é a maneira como as normas grupais foram estabelecidas. A capacidade
administrativa em lidar com as pessoas consiste fortemente em lograr a
superação dessas tensões canalizando-as para objectivos grupais, que sejam
concatenados com os objectivos organizacionais.
2.1.1- A IMPORTÂNCIA DOS GRUPOS
Os homens são seres sociais, portanto, necessitam
viver em grupo. Apesar de passar despercebidos para si mesmos que já estão inseridos
nesse contexto social. O primeiro grupo a que pertencemos é a família, e aos
poucos vamos estendendo a participação no ambiente em que vivemos, como a
escola, grupos religiosos e na vida adulta a admissão ao grupo organizacional.
Ao pertencermos a determinados grupos, adquirimos
atitudes e comportamentos parecidos que nos molda de uma forma que levam as
pessoas a perceber que somos participantes de certo seguimento, que muitas
vezes chamamos de estereótipo. Quando isso acontece estamos nos referindo aos
comportamentos próprios do grupo a que um sujeito é integrante, onde os
participantes apresentam comportamentos parecidos ou semelhantes. Alguns grupos
parecem tão homogêneos (com exceção das diferenças individuais) que as pessoas
falam, gesticulam e riem da mesma forma, por exemplo. Todo grupo tem regras,
normas, direitos e deveres, que necessariamente não precisam ser colocadas em
Atas, mas apenas implícitas. Aos poucos, se reconhece o poder exercido, os
benefícios e punição por não cumprir o que já está determinado, qual a forma de
participar obtendo sucesso e prestígio ou então sofrer as consequências da má
participação.
2.1.2- INTERAÇÃO GRUPO X
COMPORTAMENTO
Pelo visto até agora podemos estar nos perguntando em
que medida o nosso comportamento representa a nossa individualidade ou reflete
as características do nosso grupo. São as duas coisas. Somos fruto de nossa
personalidade, porém somos ao mesmo tempo resultado da interação dessa
personalidade com os grupos a que pertencemos, aos quais valoramos. Todos
queremos aparecer bem ante os demais. A questão é que não a todos os demais e
sim àqueles que elegemos como mais importantes para nós. Em outras palavras,
nosso comportamento é também fruto da interação com os outros, até quando estes
não estão fisicamente presentes. É aí que muitas vezes esbarra a capacidade de
algumas pessoas: pais, professores ou gerentes, para administrar o
comportamento dos demais.
Para administrar pessoas, devemos compreender que o
grupo é maior do que os indivíduos, embora por eles seja constituído. Possuir
uma visão global ou sistêmica é o caminho mais adequado para conseguir
estabelecer padrões de comportamento desejáveis em uma organização.
Compreendendo que os grupos existem, que estabelecem normas de convivência e
que estas normas podem ir a favor ou em contra dos objectivos organizacionais,
o administrador pode estabelecer suas próprias regras comportamentais de forma
a interagir de maneira adequada com os diversos grupos e assim lograr seus
objectivos.
Embora possa parecer simples, gerenciar o
comportamento humano é uma tarefa complexa. Os membros da organização
reconhecem as diferenças entre os comportamentos socialmente sustentados pelo
seu grupo e as cobranças feitas pela organização.
2.1.3- Liderança, existe ou se cria
Quando falamos em liderança nos vem à mente figuras da
história ou das religiões que fortes influências exerceram em seus povos. Aí
existem explicações para tudo, do mesmo modo que havia explicações
contraditórias sobre se somos ou não influenciados pelos grupos, como visto
acima. O que nos interessa chamar a atenção é para o quotidiano, o dia-a-dia da
empresa, da organização, onde as relações de poder são exercidas a diário, os
objectivos devem ser cumpridos e as metas são estabelecidas. Este é o terreno
em que queremos discutir sobre liderança.
Defendemos neste estudo que o comportamento é
resultado de muitas variáveis, algumas internas ao próprio indivíduo e outras
externas a ele. Pois com a liderança se dá o mesmo, o líder é um fenômeno
grupal, funcional, ele existe em determinada circunstância e lugar histórico e
não de forma descontextualizada. E o líder também se dá por momentos, assim,
uma pessoa não é líder todo o tempo. Um grande líder em casa será esposo e pai.
Então, o líder geralmente é a pessoa que em
determinadas circunstâncias tem a possibilidade de melhor refletir as
aspirações do grupo a que pertence. Nem é o mais inteligente, nem o mais
bonito, nem o mais radical ou conservador, na maioria das vezes exerce esse
papel aquele que melhor síntese faz das aspirações do grupo. Mudando as
aspirações, ou o líder muda com elas ou se muda o líder.
Em sistemas institucionais, ou seja, nas organizações,
exercer liderança significa estar centrado nos grupos, podendo ou não possuir
cargos ou apoio institucional. É o processo, a maneira de lidar com as pessoas,
a capacidade de enfrentar obstáculos para defender os interesses do grupo ou a
capacidade de correr riscos para cumprir metas, o que faz um líder. Quer dizer,
estamos considerando que liderar é resultado de um processo interativo entre
pessoas que têm aspirações e que devem ser cumpridas em um determinado espaço
institucional. Saber conjugar os objectivos e aspirações dos que estão
envolvidos nesse processo, com as metas e os objectivos organizacionais é o
desafio de liderança que se coloca àquele que de alguma maneira representa o
poder instituído.
2.3.1- Como um Grupo Chega a ser
uma Equipa
Um grupo transforma-se em equipa quando passa a
prestar atenção à sua própria forma de operar e procura resolver os problemas
que afetam o seu funcionamento, criando um processo de auto - exame e avaliação
contínuos. A equipa compreende seus objectivos e está engajada em alcançá-los
de forma compartilhada. Assumem-se riscos (o que não existe num grupo) e há
investimento constante em seu próprio crescimento. A comunicação entre os
membros é verdadeira e as opiniões diferentes são estimuladas, fazendo com que
as pessoas se conheçam, aumentando a compreensão mútua e evitando os
preconceitos e julgamentos superficiais indevidos. Respeito, mente aberta e
cooperação são elevados. No entanto, a transformação de um grupo em uma equipa
de trabalho é sempre um grande desafio.
2.4- CONCLUSÃO
Mediante o presente estudo, foi possível compreender
que as equipas os grupos são instâncias inerentes à vida organizacional, e que
a maneira como são organizados interfere no processo produtivo. Os psicólogos
têm desenvolvido estudos de forma a permitir que esses grupos e equipas possam
desenvolver interações que propiciem um desenvolvimento organizacional
adequado, tanto do ponto de vista produtivo quanto do ponto de vista social.
Portanto, trabalhar em equipa é uma das competências
mais valorizadas pelo mercado de trabalho actualmente e para desempenhar essa
habilidade em conjunto com outras pessoas, portanto, é necessário conhecer a
diferença entre os grupos e as equipas de trabalho existentes nas organizações.
Diante dessas diferenças, podemos perceber que, para uma equipa evoluir, todos
necessitam estar entrosados e empenhados em cada tarefa, não existindo espaço
para individualismo.
O Trabalho em Equipa é fundamental na vida de qualquer
estudante académico e de qualquer profissional. Uma equipa poderá ser descrita
como um conjunto ou grupo de pessoas que se dedicam à realização de uma determinada
tarefa ou para atingir um objectivo comum para todos. Não raras vezes, os
trabalhos de grupo no ensino superior são uma fonte de preocupação e
dificuldade para alguns estudantes, pois estão inseridos num grupo com pessoas
que não se conhecem ou num grupo com amigos em que se torna difícil produzir
trabalho.
Neste texto, pretendemos fornecer estratégias que
ajudem a promover a eficácia numa equipa de trabalho. Para que uma equipa
funcione é necessário um ingrediente fundamental e muitas vezes, escasso:
tempo. Tempo para que se ajustem as diferenças individuais, se fomente uma
visão partilhada e uma organização interna: papéis, objetivos, percepções
individuais, relações interpessoais, graus de autonomia, etc.
3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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J.L., & Garrido, A.L. (2003). Psicologia Social: perspectivas psicológicas
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H., & McGrath, J. (1995). Membership dynamics in groups at work: a
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Vieira Miguel, Grupos e Equipas no ambiente de trabalho, 2ª Ed. Edições
Reditep, Luanda, 2011.
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