DOENÇAS PLAQUETÁRIAS

 

INSTITUTO TÉCNICO PRIVADO DE SAÚDE NELSON MANDELA

CURSO DE ANÁLISES CLÍNICAS

 

 

 

 

 

DOENÇAS PLAQUETÁRIAS

 

 

 

GRUPO Nº 02

 

 

 

 

 

 

 

BENGO/2022

INSTITUTO TÉCNICO PRIVADO DE SAÚDE NELSON MANDELA

CURSO DE ANÁLISES CLÍNICAS

 

 

 

DOENÇAS PLAQUETÁRIAS

 

 

Trabalho apresentado ao professor Graciano Tomas como requisito de avaliação no curso de Análises Clínicas, na cadeira de Hematologia.

GRUPO Nº 02

12ª CLASSE

TURMA: A

SALA: 18

PERÍODO: TARDE

 

 

 

 

 

 

 

 

BENGO/2022

INTEGRANTES DO GRUPO

 

1-      André Quebani

2-      Afonso Bumba

3-      Irineu Evaristo

4-      Lopes Mungo

5-      Luís Baltazar

6-      Menezes Lucas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


AGRADECIMENTOS

 

A Deus por ter nos cuidados sempre e sempre, por ter nos presenteado o caminho para que possamos ter uma conquista, pela força, sabedoria e auxílio na superação das dificuldades para a realização desse trabalho.

Queremos agradecer principalmente ao nosso professor pela ajuda e tempo disponibilizados, para que desse modo nos fosse possível desenvolver e concluir com este trabalho.  

Queremos agradecer ainda à minha família e amigos, pela compreensão e apoio demonstrados ao longo de todo o meu percurso académico. E em especial, quero agradecer de coração ao meu namorado, pela paciência infinita, motivação e apoio demonstrados, e principalmente por nunca me ter deixado desistir nos momentos mais difíceis. 

Agradecemos também a todas as outras pessoas que contribuíram e foram essenciais para a nossa formação académica ao caminhar do curso, incluindo Professores e colegas de turma.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DEDICATÓRIA

 

Dedicamos este trabalho primeiramente aos nossos pais que nos ensinaram que o estudo é o bem mais poderoso de um ser humano, e aos profissionais de saúde que através da sua vocação dedicam-se à vida do próximo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EPIGRAFE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Penso que cumprir a vida, seja simplesmente, compreender a marcha e ir tocando em frente”

Almir Satter & Renato Teixeira 

 

 

 

 

 

 

 

 

ÍNDICE

 

 

AGRADECIMENTOS. I

DEDICATÓRIA.. II

EPIGRAFE. III

1- INTRODUÇÃO.. 1

1.1- Problema. 2

1.2- Objectivos. 2

1.2.1- Objectivo Geral 2

1.2.2- Objectivo específico. 2

    Identificar a etiologia como mecanismos básicos responsáveis pela plaquetopenia; 2

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.. 3

2.1- DOENÇAS PLAQUETÁRIAS. 3

2.1.1- Fisiologia das Plaquetas. 3

2.1.2- Definição de Plaquetopenia. 3

2.1.3- Pseudoplaquetopenia ou Plaquetopenia Espúria. 3

2.1.4- Causas da doença Plaquetárias. 4

2.2- ETIOLOGIA.. 4

2.2.1- Anamnese e exame físico. 4

2.2.2- Avaliação laboratorial 5

2.2.3- Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI) 5

2.3.1- Fisiopatologia. 5

2.3.2- Manifestações clínicas. 6

3- CLASSIFICAÇÃO.. 6

3.1- Diagnóstico. 6

3.2- Tratamento. 7

3.4- Plaquetopenias congênitas. 8

3.5- Medicamentos. 9

3.6- Alterações na Função Plaquetária. 10

4- CONCLUSÃO.. 11

5- BIBLIOGRAFIA.. 12


1- INTRODUÇÃO

 

As plaquetas são fragmentos de células sanguíneas produzidas na medula óssea, os megacariócitos, células precursoras da linhagem mielóide. O principal papel das plaquetas no corpo humano é a formação de tampão hemostático como resposta à lesão vascular. A diminuição das plaquetas decorre de diferentes processos fisiopatológicos, podendo estar relacionada com falência medula óssea ou a destruição plaquetária periférica.

O exame de escolha para identificação da plaquetopenia é o hemograma, geralmente por meio de analisadores hematológicos automatizados. Todavia, existem desvantagens no método de automação que não podem ser desconsideradas. Dentre elas, destaca- se o fato de não ser possível observar alterações que possam causar interferências nos resultados. A plaquetopenia geralmente leva a um desequilíbrio na fase inicial do sistema hemostático, podendo ocasionar quadros de hemorragia. Para se reverter este quadro, a terapia mais utilizada nestes pacientes é a transfusão de plaquetas.

Entretanto as indicações do concentrado de plaquetas devem levar em consideração o uso racional dos hemocomponentes devido aos riscos inerentes ao ato transfusional e a difícil manutenção do estoque por causa do seu curto prazo de validade. Por este motivo a contagem de plaquetas para identificação de defeitos na hemostasia é essencial, sendo de suma importância obter resultados fidedignos. Objectivos: Avaliar a eficácia do uso do método de contagem manual de plaquetas considerando a correlação com a contagem automatizada, observando as discrepâncias nos resultados obtidos e possíveis consequências terapêuticas em pacientes plaquetopênicos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.1- Problema

 

Considerando a relevância da contagem precisa do número de plaquetas em situações de doenças plaquetárias, este trabalho tem o intuito de se aprofundar no tema e gerar informações relevantes para o diagnóstico de plaquetopenias. As plaquetas correspondem às células sanguíneas de menor tamanho, que apesar de serem apenas fragmentos citoplasmáticos anucleados provenientes dos megacariócitos, possuem um papel essencial na manutenção da hemostasia sanguínea. Para além de participarem nos processos de hemóstase e trombose, actuam também na manutenção e regulação do tónus vascular, na defesa do hospedeiro e no processo inflamatório. Em estados fisiológicos, as plaquetas circulam sem aderir ao endotélio vascular intacto. Portanto, para este trabalho temos como ponto de partida a seguinte questão:

1.      O que são doenças plaquetárias?

1.2- Objectivos

1.2.1- Objectivo Geral

·         Avaliar a doença plaquetárias considerando a correlação com a contagem automatizada, observando as discrepâncias nos resultados.

1.2.2- Objectivo específico

·         Identificar a etiologia como mecanismos básicos responsáveis pela plaquetopenia;

·         Definir a doença plaquetárias

·         Descrever as formas de tratamentos da doença plaquetárias;

·         Analisar os métodos de diagnósticos da doença plaquetárias.

 

     

 

 

 

 

 

 

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1- DOENÇAS PLAQUETÁRIAS

2.1.1- Fisiologia das Plaquetas

 

As plaquetas são fragmentos celulares derivados de grandes células multinucleadas situadas na medula óssea (megacariócitos). Sua sobrevida no sangue periférico é de 7 a 10 dias. Estima-se que 2.000 a 5.000 novas plaquetas sejam produzidas por cada megacariócito, e quando um estímulo induzido pela redução do número de plaquetas ocorre, em 24 a 48 horas observa-se um aumento na produção. Em condições fisiológicas, o pool plaquetário é distribuído em dois compartimentos: 2/3 no sangue periférico e 1/3 no baço.

As plaquetas são peça fundamental no processo de hemostasia primária (adesão no endotélio lesado, agregação plaquetária e secreção de moléculas envolvidas na hemostasia e reparação tecidual). Também desempenham função na hemostasia secundária. Após injúria vascular, as plaquetas são os componentes responsáveis pelo controle da lesão por formar um tampão plaquetário.

As plaquetas contêm grânulos em seu interior que armazenam importantes substâncias pró e anticoagulantes. Os grânulos alfas contêm proteínas que atuam na hemostasia, como fator V, fator de von Willebrand (FVW), fibrinogênio e proteínas fibrinolíticas. Os corpúsculos densos, também grânulos secretores intraplaquetários, contêm difosfato de adenosina, serotonina, cálcio e trifosfato de adenosina. A membrana plaquetária apresenta glicoproteínas de superfície que são responsáveis pela ligação ao colágeno e fator de von Willebrand (GpIa/IIa, GpIb/IX/V), ao fibrinogênio (GpIIb/IIIa) e a outras plaquetas via trombospondina (GpIV).

2.1.2- Definição de Plaquetopenia

A plaquetopenia é definida como uma redução na contagem plaquetária a valores inferiores a 150x109 plaquetas/L.

2.1.3- Pseudoplaquetopenia ou Plaquetopenia Espúria

Na avaliação do paciente com plaquetopenia, deve-se sempre descartar a possibilidade de ser uma pseudoplaquetopenia ou plaquetopenia espúria. A plaquetopenia espúria é uma condição não patológica em que a contagem plaquetária está falsamente reduzida. É reconhecida pela análise das plaquetas na distensão do sangue periférico.

Na maioria dos casos, ocorre pela ação de auto anticorpos naturais contra o complexo GPIIb/IIIa, exposto in vitro na superfície plaquetária devido ao anticoagulante EDTA (ácido tetra-acético etilenodiamina), levando a uma aglutinação plaquetária secundária à ligação destes autoanticorpos. Estes agregados são interpretados pelo contador automático como leucócitos, levando à falsa impressão de plaquetopenia. Estudos demonstram uma incidência entre 0,09 a 0,21%, o que corresponde a aproximadamente 1 em cada 1.000 exames (hemograma). Uma estratégia para a obtenção da contagem real de plaquetas é a coleta da amostra em frasco com um anticoagulante alternativo, como a heparina ou o citrato de sódio. A manutenção da amostra em temperatura de 37ºC também pode reduzir a formação de agregados de plaquetas em alguns casos. A pseudoplaquetopenia também pode ser secundária à presença de plaquetas gigantes, observadas em algumas trombocitopenias hereditárias, e de macroplaquetas.

2.1.4- Causas da doença Plaquetárias 

Trata-se de um grupo de doenças que resultam da deficiência do conteúdo de um ou mais grânulos intraplaquetários ou de anormalidades no mecanismo de secreção plaquetária. São frequentes causas de sangramentos cutaneomucosos leve a moderados, principalmente em mulheres. Existem muitas causas para a trombocitopenia. Uma das principais são as infecções por vírus e bactérias (H1N1, dengue e vírus Zika, por exemplo), que fazem com que a trombocitopenia se manifeste no organismo do paciente.

2.2- ETIOLOGIA

Existem três mecanismos básicos responsáveis pela plaquetopenia:

      diminuição de produção;

      aumento de destruição;

      alteração de distribuição.

2.2.1- Anamnese e exame físico

Dados da anamnese e exame físico são fundamentais na avaliação do paciente com trombocitopenia, pois podem direcionar o raciocínio para o diagnóstico etiológico. Na avaliação clínica, deve-se questionar:

·         manifestações hemorrágicas;

·         localização e gravidade do sangramento;

·         sintomas sistêmicos que sugiram causas secundárias (neoplasias, colagenases, infecções);

·         presença de esplenomegalia;

·         uso de medicamentos e álcool;

·         história familiar de plaquetopenia e sangramentos;

·         antecedente de transfusão de hemocomponentes;

·         factores de risco para infecção por HIV e hepatites;

·         antecedentes de neoplasias hematológicas e não hematológicas.

 

Muitos pacientes com plaquetopenia podem ser assintomáticos, e a alteração laboratorial pode ser apenas um achado após avaliação de rotina. De modo geral, indivíduos com contagem de plaquetas acima de 50x109/L não apresentam sangramentos espontâneos. As manifestações hemorrágicas características na plaquetopenia ocorrem em território cutaneomucoso, diferentemente de pacientes com distúrbios da coagulação, que cursam com sangramentos profundos (músculos e articulações). Assim, observam se púrpuras e petéquias, equimoses superficiais, menorragia e metrorragia, epistaxes e, mais raramente, sangramento do trato gastrintestinal e hemorragia conjuntival.

2.2.2- Avaliação laboratorial

Inicia-se com a contagem plaquetária automatizada e confirmação posterior por meio da contagem manual de plaquetas em amostras com EDTA e citrato de sódio. Deve-se excluir pseudoplaquetopenia e avaliar a morfologia plaquetária e dos outros componentes celulares do sangue por análise da distensão de sangue periférico. O exame da medula óssea é útil na avaliação da plaquetopoiese, pois revela alterações no número e na morfologia dos megacariócitos.

Outros testes laboratoriais podem auxiliar no diagnóstico da etiologia da plaquetopenia, como a análise do coagulo grama na suspeita de coagulação intravascular disseminada (CIVD), sorologias para HIV e hepatites B e C, assim como a análise de auto anticorpos na suspeita de plaquetopenias secundárias a colagenases. Dosagem de DHL, reticulócitos, haptoglobina, bilirrubina indireta e função renal alterados podem direcionar para o diagnóstico de micro angiopatias.

2.2.3- Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI)

 

A PTI é uma doença adquirida, mediada por auto anticorpos e caracterizada pela contagem plaquetária diminuída e por manifestações hemorrágicas cutaneomucosas variáveis. Estima-se que a prevalência ajustada de PTI por idade nos Estados Unidos seja de 9,5/100.000 pessoas, e a incidência anual, entre 6 a 10/100.000 pessoas. O diagnóstico de PTI é realizado por exclusão de outras patologias que levam à plaquetopenia.

2.3.1- Fisiopatologia

A fisiopatologia da PTI envolve mecanismos autoimunes que levam à destruição plaquetária. Inúmeros antígenos da superfície plaquetária são responsáveis pela formação de autoanticorpos, sendo os principais alvos antigênicos os complexos GPIIb/IIIa e GPIb/IX. Outro mecanismo descrito como responsável pela destruição plaquetária é a citotoxicidade mediada por linfócitos T, sobretudo nos pacientes que não apresentam anticorpos antiplaquetários detectáveis. Somente 50 a 70% dos casos cursam com autoanticorpos positivos, e remissão pode ocorrer em alguns pacientes mesmo na presença desses anticorpos.

 

Evidências atuais mostram que, na PTI, a produção de plaquetas é inadequada ou insuficiente, uma vez que anticorpos antiplaquetários se ligam a determinados antígenos que estão presentes tanto em plaquetas, como em seus precursores (megacariócitos). No entanto, o megacariócito não é afetado na mesma proporção que ocorre com as plaquetas, uma vez que anticorpos antiplaquetários reagem apenas com megacariócitos que estão em estágio de trombopoiese.

2.3.2- Manifestações clínicas

Em torno de 30 a 40% dos pacientes adultos com PTI podem ser assintomáticos, e o diagnóstico é realizado apenas como um achado em exames de rotina. Em geral, o paciente apresenta manifestações clínicas quando a contagem plaquetária é inferior a 30 x109/L, sendo mais evidentes e graves quando as contagens plaquetárias atingem níveis inferiores a 10 x109/L. As manifestações clínicas da PTI são aquelas características de alteração da hemostasia primária, ou seja, sangramentos em território cutaneomucoso, sobretudo. Assim, observam-se petéquias, púrpuras, epistaxes, gengivorragias, sangramento em cavidade oral, sangramento conjuntival, em trato gastrintestinal, geniturinário e, menos comum, mas grave, hemorragia em sistema nervoso central.

3- CLASSIFICAÇÃO

A PTI pode ser classificada em aguda, quando dura menos de 6 meses, ou crônica, quando dura mais de 6 meses após o diagnóstico. A PTI aguda é a apresentação mais comum em crianças, e, em geral, é auto-limitada e cursa com bom prognóstico. Já a PTI crônica ocorre mais frequentemente em adultos, e raramente cursa com cura espontânea.

3.1- Diagnóstico

Não há um teste padrão-ouro que indique o diagnóstico de PTI, o qual se faz pela exclusão de patologias que levam a plaquetopenia isolada. Em primeiro lugar é necessário confirmar a presença de plaquetopenia, repetindo o exame e revisão do esfregaço de sangue periférico, obtendo a contagem de plaquetas anteriores se disponíveis, e avaliando se existe a presença de outras anormalidades hematológicas. O esfregaço de sangue periférico pode mostrar alterações sugestivas de possíveis etiologias de plaquetopenias como a presença de plaquetas gigantes, ou eritrócitos fragmentados, que são característicos de microangiopatia trombótica.

Em um paciente com achado incidental de plaquetopenia assintomática com menos de 60 anos de idade, tem-se a princípio um diagnóstico provável de PTI e nenhuma outra avaliação além da história de rotina, exame físico, hemograma,  revisão do esfregaço de sangue periférico,  teste adicionais incluem sorologias  para o HIV e vírus da hepatite C. Dosagens de anticorpos antiplaquetas, estudos de imagem e aspiração da medula óssea e biopsia de medula óssea não são necessários. Sempre devem ser observadas as medicações que o paciente faz uso como ranitidina e descontinuar se essa droga pode potencialmente causar plaquetopenia.

A história natural da plaquetopenia assintomática leve foi estudada prospectivamente e na maioria dos casos tem evolução benigna com resolução e 10-12% desenvolvem síndrome mielodisplásica ou outras condições durante a evolução. Os pacientes com plaquetopenia associada com hemorragia, ou outros sintomas, se manifestando petéquias, púrpura e hemorragia de mucosa (por exemplo, epistaxe, menorragia), têm um espectro de diagnóstico diferente, que inclui a PTI, uso de medicamentos e outras condições mais graves e podem inclusive  ter outras manifestações, como febre e manifestações neurológicas e ter diagnósticos mais graves como PTT. Esses diagnósticos são feitos com base.

3.2- Tratamento

Os pacientes que são saudáveis e não têm manifestações hemorrágicas não precisam de restrições de atividades físicas, exceto para atletas em atividades como artes marciais e rugby em que plaquetopenia <50.000 céls/microL implica em risco de sangramento. As medicações antiplaquetárias devem ser evitadas, mas a profilaxia para trombose venosa profunda deve ser realizada, se indicação.

O tratamento deve ser adequado para condição associada, em pacientes com PTI, por exemplo, o tratamento é realizado com glicocorticoides em geral prednisona em dose de 1mg/Kg, o tratamento é indicado em pacientes com plaquetas <10.000 céls/microL ou <30.000 céls/microL e sangramento.

Em crianças, o quadro é autolimitado e geralmente desencadeado por doença infecciosa. Em adultos, é raro ocorrer remissão espontânea. O principal objectivo do tratamento na PTI é manter um nível plaquetário seguro e suficiente para prevenir sangramentos graves. Desse modo, evita-se o tratamento desnecessário em pacientes com plaquetopenia leve a moderada que estejam assintomáticos. Em uma série de casos com 208 adultos com o diagnóstico de PTI, seguidos por uma mediana de 92 meses, 42% dos pacientes apresentavam contagem plaquetária acima de 50x109/L e não foram tratados, e somente 5 pacientes morreram por plaquetopenia. Em outra série de 245 pacientes com PTI e contagem de plaquetas inferior a 50x109/L, 28% eram assintomáticos e apenas 12% dos pacientes apresentaram sangramentos graves; destes, houve somente 1 óbito.

Não há um nível de contagem plaquetária exato que determine o início do tratamento. A contagem plaquetária pode fornecer uma ideia do risco de sangramento, mas não é um preditor acurado, e o nível de plaquetas associado a hemorragias varia amplamente entre os pacientes. Há indivíduos com plaquetopenia grave, por exemplo, abaixo de 10x109/L, que não apresentam sangramentos, e outros com níveis de plaquetas muito mais elevados, que sangram excessivamente. A decisão de tratar ou não pacientes assintomáticos é uma questão complexa e deve levar em consideração não apenas o nível de contagem plaquetária, mas outros fatores como:

 

·         Idade: em pacientes com contagem plaquetária inferior a 30x109/L, a taxa de hemorragia fatal aumenta com a idade. Abaixo de 40 anos, é 0,4% ao ano, entre os 40 e 60 anos é de 1,2% ao ano e, acima dos 60 anos, é de 13% ao ano.

·         Estilo de vida e profissão: pacientes esportistas e trabalhadores braçais certamente estão sob maior risco de sangramentos do que pacientes sedentários ou que não se utilizam da força braçal.

·         Presença de comorbidades: hipertensão arterial sistêmica não controlada, diabetes melito, febre, uremia, história prévia de úlcera péptica.

 

O tratamento padrão de primeira linha é feito com glicocorticoides. Inicia-se prednisona 1 mg/kg/dia por via oral, com duração dependente da resposta, isto é, mantém-se a droga até obtenção de níveis plaquetários seguros por no máximo 4 a 6 semanas. Após isso, pode-se iniciar redução gradual até o desmame total. Essa terapêutica leva a resposta parcial ou completa em aproximadamente 70% dos pacientes, entretanto, somente 10 a 15% dos adultos mostram resposta sustentada por longo prazo.

Metilprednisolona endovenosa em doses altas (1 g/dia, por 3 dias) é uma alternativa no tratamento de primeira linha da PTI, principalmente quando o paciente apresenta plaquetopenia grave e manifestações hemorrágicas. Altas doses de dexametasona (40 mg/dia, por 4 dias consecutivos) mostram resultados promissores como tratamento de primeira linha, com resposta inicial de 85 a 89% e a longo prazo de 50%.

Imunoglobulina intravenosa (IVIG) pode ser usada no tratamento inicial da PTI, sobretudo naqueles pacientes em que se quer obter uma elevação plaquetária rápida. A resposta ocorre em 80% dos pacientes, mas é transitória, e em 3 a 4 semanas o nível de plaquetas retorna ao nível pré-tratamento. A dose preconizada de IVIG é de 1 g/kg/dia em 2 dias ou 400 mg/kg/dia em 5 dias. Imunoglobulina anti-D também é outra opção de tratamento inicial da PTI, mas apenas para pacientes Rh positivos e que não foram submetidos à esplenectomia. A resposta é transitória e pode ocorrer em até 70% dos casos.

À falha no tratamento de primeira linha, a esplenectomia pode ser considerada em pacientes com plaquetopenia grave abaixo de 10x109/L, ou com alto risco de sangramento, mesmo quando os níveis plaquetários estejam acima de 30x109/L. A esplenectomia ainda está indicada nos casos de pacientes que requerem tratamento com glicocorticoides para a manutenção de níveis plaquetários seguros. Resposta completa pode ocorrer em 66% dos pacientes, com manutenção por 5 anos em 64%. As complicações podem ser decorrentes do ato cirúrgico e de infecções. Quando realizada por laparotomia, descreve-se taxa de complicações de 12,9%, e por laparoscopia, 9,6%. A mortalidade é de 1% e 0,2%, respectivamente. Recomenda-se vacinação contra germes encapsulados para se evitar infecções por esses agentes.

Sangramentos com risco de morte, como hemorragia em sistema nervoso central ou do trato gastrintestinal grave, apesar de raros, podem ocorrer e são considerados uma emergência. Embora não existam estudos sistemáticos que avaliem a eficácia de diferentes regimes terapêuticos no tratamento de emergência da PTI, há um consenso geral de que as seguintes medidas são apropriadas: IVIG, metilprednisolona 1 g/dia por 3 dias, transfusão de concentrado de plaquetas e, no caso de falha dessas medidas, considerar administração de fator VII ativado recombinante.

3.4- Plaquetopenias congênitas

As plaquetopenias congênitas são doenças muito raras e de diagnóstico difícil. São decorrentes de anormalidades na maturação dos megacariócitos. Nestes casos, a massa megacariocitária está aumentada com formação diminuída de plaquetas, configurando a trombopoiese ineficaz.

Podem ser agrupadas de diferentes modos, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1: Plaquetopenias congênitas

Plaquetas pequenas (< 7 FL)

Plaquetas de tamanho normal (7 a 11 FL)

Plaquetas gigantes ou macroplaquetas (> 11 FL)

Síndrome Wiskott-Aldrich (X)

Trombocitopenia amegacariocítica congênita (AR)

Síndromes relacionadas ao gene MYH9 (AD)

Plaquetopenia ligada ao X (X)

Trombocitopenia com ausência de rádio (AR)

Trombocitopenia do Mediterrâneo (AD)

 

Distúrbio de plaqueta familiar associado à neoplasia mieloide (AD)

Síndrome de Bernard-Soulier (AR)

 

 

Síndrome da plaqueta cinzenta (AD)

 

 

Trombocitopenia Paris-Trosseau (AD)

 

 

Mutação GATA1 (X)

 

 

Síndrome DiGeorge/velocardiofacial (AD)

Obs: X = herança ligada ao X; AD = herança autossômica dominante; AR = herança autossômica recessiva.

 

É fundamental o diagnóstico dessas doenças para a terapêutica adequada. Não é raro se observar casos de plaquetopenia congênita tratados erroneamente como púrpura Trombocitopênica idiopática, com corticoides e esplenectomia, muitas vezes adicionando grande morbidade.

3.5- Medicamentos

Vários medicamentos estão implicados na etiologia da plaquetopenia. Os principais estão listados na Tabela 2.

Tabela 2: Medicamentos associados à plaquetopenia

Anti-inflamatórios

Ácido acetilsalicílico, naproxeno, ibupropeno, piroxicam, indometacina

Antibióticos

Penicilinas, cefalosporinas, nitrofurantoína

Antagonistas do ADP

Ticlopidina, clopidogrel

Antagonistas do receptor Gpb-a

Tirofiban, eptifibatide, abciximabe

Heparina

Heparina não fracionada e heparina de baixo peso molecular

Cardiovascular

Hidroclorotiazida, quinidina, bloqueadores dos canais de cálcio, nitroprussiato e nitratos

Expansores de volume

Dextran

Oncológicas

Daunorrubicina, mostarda nitrogenada

Outras

Etanol, contrastes radiográficos, halotano, antidepressivos tricíclicos, fenotiazinas, anti-histamínicos, acetaminofeno, sais de ouro

 

Clinicamente os pacientes apresentam petéquias, púrpuras e plaquetopenia grave (< 20x109 /L). Em geral, a plaquetopenia se inicia após 1 a 2 semanas da exposição à droga, mas pode ocorrer tardiamente, mesmo após anos de uso. A plaquetopenia reverte, frequentemente, em poucos dias da suspensão da droga, mas há casos de melhora somente após semanas. O principal tratamento consiste na suspensão da droga. Em alguns casos, isso se torna difícil, principalmente se o paciente faz uso de inúmeras medicações. Assim, as drogas mais suspeitas devem ser suspensas.

Corticoides sistêmicos não apresentam benefícios comprovados, entretanto podem ser utilizados na forma de prednisona 1 mg/kg, nos casos de difícil distinção com PTI. Outra opção é a imunoglobulina intravenosa 1 g/kg por 2 dias. A transfusão de plaquetas, embora a sobrevida plaquetária esteja reduzida a algumas horas após a infusão, pode ser útil no controle do sangramento, principalmente naqueles de alto risco.

3.6- Alterações na Função Plaquetária

As plaquetopatias ou distúrbios hereditários da função plaquetária são doenças raras. As manifestações hemorrágicas são semelhantes nessas diferentes patologias. De modo geral, os pacientes apresentam sangramentos cutaneomucosos, como púrpuras e petéquias, gengivorragias, equimoses superficiais, menorragia e metrorragia, epistaxes e sangramento do trato gastrintestinal.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4- CONCLUSÃO

 

Como forma de conclusão, as plaquetas, também chamadas de trombócitos, são fragmentos de células sanguíneas produzidas na medula óssea. São anucleadas, ou seja, não possuem núcleo, medem em torno de 1,5 a 3 micrômetros de diâmetro, possuem volume plaquetar médio de 7-11fL, um formato discoide, e, um alto conteúdo energético.

As plaquetas são estruturas sanguíneas que, diferentemente das hemácias e leucócitos, não são células, mas, sim, fragmentos citoplasmáticos. Em média, um indivíduo adulto normalmente apresenta de 125.000 a 450.000 plaquetas por mm3, e cerca de 30.000 são formadas diariamente. Portanto, as plaquetas são fragmentos citoplasmáticos de megacariócitos produzidos na medula óssea. Por serem fragmentos, essas células não apresentam núcleo, sendo, portanto, anucleadas. Possuem um formato discoide com cerca de 2-4 um de diâmetro e uma estrutura interna muito complexa dividida em quatro zonas: zona periférica, zona sol-gel, zona de organelas e sistema membranar.

As plaquetas apresentam tempo de circulação no sangue bastante reduzido, demorando, em média, 10 dias para serem removidas. Esses fragmentos celulares são retirados da circulação pelas células reticulo endoteliais do fígado e baço. As plaquetas apresentam importantes funções para a manutenção do nosso organismo.

Quando ocorre, por exemplo, alguma lesão em um vaso sanguíneo, elas se aglutinam, formando um tampão, e liberam substâncias que garantem que mais plaquetas movam-se para o local. Além disso, participam da cascata de coagulação, liberando substâncias importantes que garantem a formação de um coágulo. Vale frisar que as plaquetas também possuem enzimas que contribuem para a remoção do coágulo.

Em geral a plaquetopenia definida como grave implicaria em maior risco de sangramento, mas a correlação entre contagem de plaquetas e sangramento é pobre e o risco de sangramento varia de acordo com a condição subjacente e pode ser imprevisível.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5- BIBLIOGRAFIA

 

 

1.      ADURA, M.; DOUGLAS, C.R. Patofisiologia geral das plaquetas. In. DOUGLAS,

2.      C.R. - Patofisiologia Geral Mecanismos da Doença, São Paulo, Guanabara Koogan, 2000.

3.      COMAR, S.R.; DANCHURA, H.S.M.; SILVA, P.H. Contagem de plaquetas: avaliação de metodologias manuais e aplicação na rotina laboratorial. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. 2009.

4.      COMAR, S.R.; DANCHURA, H.S.M.; SILVA, P.H. Contagem de plaquetas: avaliação de metodologias manuais e aplicação na rotina laboratorial. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. 2009.

5.      DUSSE, L.M.S.A; VIEIRA, L.M.; CARVALHO, M.G. Pseudotrombocitopenia. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, vol.40, n.5, p. 321-324, 2004.

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