ÍNDICE
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa desenvolver o tema a importância
e a estrutura da família angolana, a nossa realidade social é caracterizada
pela presença maioritária de valores e referências espirituais da cultura
tradicional africana, a que se sobrepõem valores e referências da cultura
ocidental de importação. A tudo isto acresce a influência dinâmica da
globalização cultural universal.
Por força dessa combinação cultural, existem dois grandes
tipos de organização familiar na nossa sociedade: família tradicional e família
do tipo europeu. A família tradicional é em regra extensa, podendo ser
poligâmica. Este tipo de organização é originário e inerente ao sistema
cultural tradicional angolano, em todas as suas matrizes regionais e locais.
Começou por ter inspiração espiritual animista, mas não é incompatível com a
visão cristã do mundo.
Predomina nos meios rurais, mas vigora também em largas
faixas da população urbana, independentemente do estrato a que pertençam os
seus membros. Nos meios urbanos, o tipo de organização familiar tradicional é
seguido pela população que não aderiu ao sistema de organização familiar do tipo
europeu, ou que prefere conduzir a sua vida familiar com base nos valores e
referências da cultura tradicional.
CAPÍTULO I-
IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA
A família é importante na medida em que possibilita a
cada membro constituir-se como sujeito autônomo. É o lugar indispensável para a
garantia da sobrevivência e da protecção integral dos filhos e demais membros,
independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando.
É a família que propicia os aportes afectivos e sobretudo
materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela
desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que
são absorvidos os valores éticos e humanitários. É também em seu interior que
se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais.
Nos dias atuais é comum conhecer indivíduos que, por
diversos motivos, se distanciam de sua família. Seja devido ao cotidiano
corrido, aos anseios em se atingir metas, aquela busca incessante pela
estabilidade financeira, ou simplesmente por pensar que a presença dos
familiares impede o seu crescimento, como ser humano, e o torna dependente –
nem tanto na área financeira, mas sim emocionalmente.
Entretanto, a liberdade e independência não tem nada a
ver com o afastamento de seus familiares, muito pelo contrário, se você
conquistou seus objetivos e caminha rumo aos seus horizontes almejados, precisa
reconhecer que foram suas raízes, que fundamentaram as bases de seu sucesso.
A família representa bem mais do que um conjunto de
pessoas, que se reúne eventualmente em celebrações, mas simboliza um grupo que,
unido, revela os primeiros contatos que temos com o conceito de sociedade. Através
dessa instituição, nos constituímos como seres humanos, aprendemos que as
pessoas são diferentes, moldamos nosso caráter, e também doamos
intencionalmente ou não uma parte nossa, para que os demais nos carreguem
consigo ao longo da vida.
1.1-Conceito de
Família
A família é um conjunto de pessoas
que se encontram unidos por laços de parentesco. Estes laços podem ser de dois
tipos: vínculos por afinidade, como o casal e consanguíneos como a filiação
entre pais e filhos.
1.2-A família em Angola e o seu
papel na formação das pessoas
A família é a célula básica fundamental da sociedade,
precisamente porque nela assenta toda sociedade e se inicia o chamado processo
de socialização da pessoa humana. É a família que converte os indivíduos em
seres sociais e os fornece à sociedade.
As pessoas nascem boas, por isso a família deve assegurar
que se mantenham boas, ensinando, desde muito cedo, aos educandos que se deve
amar o próximo, respeitar a vida, cuidar da higiene pessoal e colectiva, cuidar
dos bens materiais próprios e alheios, estudar, trabalhar, saber ouvir, e que
não se deve roubar, matar, mentir, desrespeitar as outras pessoas, normas e
leis.
Estes ensinamentos, parece-nos, podem, com ligeiras
diferenças, ser observados pela família nuclear ou alargada, pobre, rica, rural
ou urbana, mono parental ou bi parental, numerosa ou pequena. Os chefes de
família, os encarregados de educação, devem estar realmente encarregados de
disseminar e inculcar nos seus educandos tais conselhos, para tal precisam ter
autoridade e conduta exemplar.
A discussão sobre a família no nosso país deve estar na
ordem do dia, porque há a nítida sensação de que, em muitos casos, ela se
demite das funções, enquanto que noutros tantos casos ela se apresenta
desagregada, sem capacidade de orientar o comportamento dos seus membros.
Registam-se excessivos casos de violência física e moral, de divórcio ou
separação de casais, e de infidelidade conjugal, por diversas causas, com
nefastas consequências para a função e estrutura familiar.
Acrescenta-se a isso, os numerosos casos de agregados
mono parental; a fuga à paternidade e à prestação de alimento; a existência de
muitos adolescentes e jovens a viverem fora de agregados familiares; os maus
relacionamentos entre pais e filhos, irmãos e irmãos, avós e netos, sobrinhos e
tios; a redução do diálogo e contacto diário entre os membros da família que
reduz o amor e afecto no seu seio e a sobrevalorização dos valores materiais em
detrimento dos valores morais.
Como atestam os factos, podemos dizer que a família não
vai bem, sem que isso signifique que exista o caos generalizado. Dada a
imensidão de problemas na família, pretendemos reiterar a importância dela,
destacar as suas funções tradicionais e actuais, bem como enfatizar a relação
dialéctica entre ela e a sociedade.
Desde logo, a importância da família reside na sua função
socializadora. Nela se recebe uma identidade, se desenvolve o sentimento do
amor, as relações de afecto, o sentimento de auto estima, o conhecimento de uma
língua, se desenvolve os traços de personalidade do indivíduo, se inicia a
aprendizagem de que as pessoas têm direitos, deveres, princípios, normas e
regras a cumprir. Para que isso seja assim, a família deve cumprir determinadas
funções.
Tradicionalmente as funções da família, resumiam-se à
providência de alimentos, vestuário, segurança, educação dos seus membros e
procriação. Hoje em dia, a estas funções da família, acrescentam-se a
orientação do tempo livre e de lazer dos educandos; a orientação emocional; o
acompanhamento, na medida do possível, do comportamento dos filhos fora de
casa; o acompanhamento e aconselhamento sobre como gerir as volumosas
informações a que os educandos têm acesso; filtração das influências negativas
de outros micro meios sociais; reforço do contacto e diálogo diário entre os
seus membros, tratando de assuntos considerados tabus até há pouco tempo.
Entretanto, o papel educador da família, não se restringe
apenas a fase da infância e adolescência, se estende até a fase adulta,
corrigindo más condutas, resolvendo contradições, incompreensões entre os seus
membros adultos, apelando à união familiar, à harmonia, e ao equilíbrio dos
valores morais e valores materiais e banindo tendências individualistas,
egoístas e invejosas, etc.
Para tanto, seria
bom que a família recuperasse aquela figura que poderíamos chamar de Autoridade
Familiar, que não se restringiria necessariamente ao pai ou mãe, nem a uma
única pessoa, que de forma democrática, seria o conciliador, promotor do
diálogo, da unidade, estabilidade e moral familiar.
No que tange a relação entre a família e a sociedade,
importa referir que a sociedade é justamente constituída pelo conjunto de
famílias que estabelecem objectivamente relações sociais. A família deve
brindar à sociedade pessoas boas. Desse modo, por exemplo, a solução de males
sociais como o abandono escolar, a criminalidade, a prostituição e o alcoolismo
requerem a participação da família. Se esta formar boas pessoas, sob o ponto de
vista educacional, intelectual, psíquico, físico, e moral a sociedade será boa,
mas se, pelo contrário, a família formar más pessoas, assim será a sociedade.
Naturalmente há influência recíproca entre a família e a
sociedade. Por exemplo, percebe-se, amiúde, na nossa sociedade, particularmente
no trânsito rodoviário, a predominância de atitudes de impaciência, ansiedade,
stress, intolerância, individualismo, irritabilidade e falta de respeito pelo
próximo, que podem ser reflexo do que se passa na família, mas ao mesmo tempo
pode ser que aquelas atitudes a nível social estejam a ter influência sobre a
família. A sociedade, ou as suas instituições, por sua vez, precisam também
corresponder às necessidades e interesses da família. Ou seja, a sociedade deve
dar a possibilidade de a família, destinatário principal das suas acções, se
desenvolver em toda plenitude, para que a família possa, como referimos atrás,
oferecer pessoas úteis à sociedade.
Neste sentido, o Presidente da República, José Eduardo
dos Santos, na sua mensagem de fim do ano de 2013, manifestou preocupação em
relação às questões referentes à família, enfatizando que a aplicação do Plano
Nacional de Desenvolvimento é um processo que em última instância visa a
valorização e a melhoria das condições de vida das famílias, a promoção da
igualdade de género, a protecção social do idoso, a protecção integral dos
direitos da criança e a integração social completa dos desmobilizados. A
intenção é fortalecer a estrutura familiar, enquanto núcleo básico da
sociedade, e pugnar pela inclusão social e económica de todos cidadãos, sem
qualquer distinção”.
Como se depreende, o Presidente da República reconheceu
que, para melhorar a situação da instituição família, é necessário que a
instituição Estado e outras instituições sociais a coloquem em primeiro plano,
até porque para melhorar a sociedade há que melhorar em primeiro lugar a sua
célula mais pequena, a família, o que pode ser conseguido com a discussão
analítica profunda dos problemas descritos acima.
1.3-A
Importância da Família na Sociedade
À medida que o tempo passa, as transformações se dão cada
vez mais rápido em nossas vidas. Tais mudanças não estão apenas associadas aos
produtos ou à tecnologia, a rapidez com que este processo acontece também
influencia na nossa percepção sobre a sociedade e como as relações interpessoais
ocorrem no dia a dia. A maneira como enxergamos a família também está se
transformando. Não precisamos voltar muito no tempo para lembrarmos que o
casamento entre duas pessoas de cores diferentes era algo abominável para uns e
em certos lugares até proibido. A relação da família sempre teve grande
importância no desenvolvimento da sociedade. O núcleo familiar, pais e filhos,
é responsável pela forma como veremos o mundo no futuro.
A escola tem o objetivo de difundir conhecimento e não de
educar, dar limites ou moralidade. Não podemos permitir que a influência da
família na sociedade seja desvalorizada, ela é quem define nossos princípios, o
que entendemos por certo e errado e, principalmente, como nos relacionaremos com
os integrantes de outras famílias. É a partir da nossa casa que aprendemos como
administrar os nossos sentimentos e tudo isso contribui completamente como será
o comportamento da sociedade futuramente.
1.4-A Família em Angola e o Direito
Nas
famílias estruturadas de acordo com o sistema tradicional, em regra os
processos de casamento, paternidade e de hereditariedade obedecem ao princípio
uterino de linhagem. Segundo os critérios que presidem a este tipo de linhagem,
os membros das famílias a que pertence cada um dos cônjuges são os que resultam
dos laços uterinos anteriores ao casamento.
As relações e factos familiares posteriores ao
casamento seguem a linha uterina de cada cônjuge. Assim, os filhos pertencem à
mãe e estão vinculados à família desta, pois considera-se que, em última
análise, a ligação uterina de procriação é mais decisiva do que a ligação
testicular, designadamente em sede de dúvida sobre a paternidade. Seguindo a
linha materna, o poder paternal sobre os filhos do casal é exercido pela mãe e
pelos seus irmãos uterinos, os tios.
É óbvio que ocorrem conflitos ocasionais, pois existem
diferenças que interferem na tomada de decisão, gerando impasses que, por meio
do diálogo e paciência se resolvem e, assim, tornam-se mais enriquecidos os aprendizados.
As trocas de ideais e argumentos nos encaminham (a passos largos), para o
entendimento das diversidades e o respeito ao próximo. Aqui vale ressaltar que,
o desenvolvimento de uma consciência de tolerância é fundamental para a convivência
pacífica com a família.
Torna-se indispensável, portanto, que exista o equilíbrio
entre o que esperamos do outro e também no que estamos oferecendo a ele, haja
vista que mais do que sermos consanguíneos, os laços de fraternidade precisam
ser constituídos, e fortalecidos, a partir da amizade e partilha dos bons
momentos; do apoio, quando as situações se tornam difíceis; ou simplesmente de
uma escuta. Amar ao próximo, como a nós mesmos consiste em aceitar o outro nas
suas peculiaridades e, acima de tudo respeitá-lo. E que grupo se encontra mais
próximo de nós, desde a infância, do que a família? Daí o reconhecimento de que
seu significado deva ser essencial em nosso viver.
CAPÍTULO II-A
FAMÍLIA COMO GARANTE DA ESTABILIDADE SOCIAL
•Em Angola podemos encontrar vários tipos de famílias:
•Família composta por pai, mãe ou mas e seus filhos.
•Família alargada: Composta por um conjunto de famílias
que vivem na mesma casa.
•Família Incompleta: é aquela que pode ir da morte a
separação dos pais. A família pode assumir uma estrutura nuclear ou conjugal,
que consiste em duas pessoas adultas (tradicionalmente uma mulher e um homem) e
nos seus filhos, biológicos ou adoptados, habitando num ambiente familiar
comum.
Existe também famílias com uma estrutura de pais únicos
ou monoparental, trabalhando-se de uma variada estrutura nuclear habitacional
devido o fenómenos sociais, como o divórcio, óbito, abandono do lar,
ilegitimidade ou adopção de crianças par uma só pessoa. A família ampliada ou
extensa (também dita consanguínea) e uma estrutura mais ampla, que consiste na
família nuclear, mais os parentes directos ou colaterais, existindo uma
extensão das relações entre pais e filhos para avós, pais e netos.
2.1-Famílias
Iguais e Diferentes
Nas famílias encontramos acontecimentos iguais e
diferentes. As famílias são diferentes porque têm formas de pensar e de estar
diferentes, tem uma história de vida própria onde inserem os filhos ou filhas
após o nascimento. Estas formas de pensar, de estar relacionam-se com a
historia de cada família, com o meio onde vivem com a cultura que adquiriram
com os seus antepassados, com a religião ou fé que cultivam.
Assim, todas as famílias têm os seus próprios valores, as
suas próprias crenças e costumes, que são a base da educação dos seus filhos e
filhas. Os valores próprios de cada família reflectem-se, ainda nos dias
especiais celebrados pela família.
Por isso, quando
convivemos com colegas ou com pessoas de culturas e religiões diferentes, vamos
sempre ter presente as diferenças de conduta dos nossos colegas de turma das
suas famílias e de outras famílias em circunstâncias determinadas.
Quando nos unimos por aquilo que temos em comum podemos
perceber que todas as pessoas têm direito iguais. Não há razão para uns serem
mais iguais do que outros e podemos dizer que dividir igualmente é dar partes
iguais a cada uma das pessoas.
Quando nos unimos por aquilo que nos faz diferentes,
podemos descobrir que a diferença tem a sua riqueza e podemos dialogar com
pessoas diferentes da nossa condição social, económica, da nossa cultura e das
nossas características físicas.
2.2-
A família na formação da personalidade
É hoje universalmente aceite que o ser humano se
configura como pessoa, especialmente nos primeiros anos a sua vida, no seio da
própria família. A família tem um lugar insubstituível na formação ou, se
quisermos, na formatação da personalidade humana. A família é a comunidade na
qual desde a infância se pode assimilar os valores morais e usar correctamente
a liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade.
2.3-A Família ao
Serviço da Justiça da Reconciliação e da Paz
Segundo a Igreja , afirma que a família na qual se
congregam as diferentes gerações que reciprocamente se ajudam a alcançar uma
sabedoria mais plena e a conciliar os direitos pessoais com as outras
exigências da vida social constitui assim o fundamento da sociedade. E por esta
razão, todos aqueles têm alguma influência nas comunidades e grupos sociais
devem contribuir eficazmente para a promoção do matrimónio e da família.
Apesar dos modelos de família sofrerem variações ao longo
dos tempos e nos diversos contextos culturais, ela constitui sempre uma base
fundamental da sociedade sendo chamada a desempenhar um papel crucial na
educação, desenvolvimento e socialização de cada pessoa humana, que a qualidade
da vida social acaba por reproduzir em grande parte.
Importa reconhecer que a verdadeira Paz nasce da Justiça
e os índices de violência – física psicológica, sexual, económica, cultural,
religiosa, etc- tanto na família como na sociedade, são sinal manifesto de
graves injustiças que exigem reparação e um processo de reconciliação onde a
dignidade de cada pessoa seja reconhecida e respeitada.
Perante os enormes desafios que se colocam hoje as
famílias Angolanas e as entidades civis e religiosas a quem é confiado o
encargo de as promover e proteger, mesmo reconhecendo a diversidade dos
contextos é necessário encontrar estratégias viáveis que uma vez postas em
pratica, vão ajudar as famílias a serem mais sólidas estáveis e felizes.
2.4-Alguns males
que enferma a família
As falsas ideologias, os longos anos de guerra fratricida
e de violência, e a pobreza económica extrema dilaceraram profundamente as
famílias angolanas. As deslocações forçadas, a falta de habitação condigna, a
alimentação insuficiente, o desemprego, o alcoolismo, o sistema de saúde
deficitário, as relações extraconjugais, estáveis ou ocasionais, causadoras de
chantagens e rivalidades são alguns exemplos de males gerados por uma concepção
deturpada de família e agravados pela instabilidade provocada pela guerra.
Preocupa-nos sobre maneira o aumento de lares constituídos que gerações
múltiplas avós, pais, filhos e netos a partilharem espaços limitados, onde se
cruzam conflitos por interesses de espaços e de gerações. A disseminação
massiva de informação através de diferentes meios de comunicação,
principalmente da televisão e da internet, a par das suas vantagens, também tem
efeitos nocivos no seio familiar.
Não poucas vezes a educação dos filhos, sobre tudo nas
cidades, é cofiada as telenovelas, filmes e programas inadequados para as
crianças, longe da atenção e do controle dos pais e encarregados de educação,
absolvidos como andam pela busca de subsistência, quando não alienados pelo
pretexto de uma falsa liberdade, o que acaba por deixar os filhos entregues a
sua sorte e expostos a violência, a pornografia, e a outros comportamentos
nocivos como o abordo, o desrespeito a autoridade paterna, namoros e casamentos
precoces, contra valores amplamente difundidos pela televisão e pela internet.
Alguns contra valores da nossa cultura têm ressurgido com
perigosa intensidade. As acusações de feitiçaria, tanto contra as crianças como
contra os mais velhos, têm levado a destruição de muitas famílias, causando a
exclusão, do seio familiar, destas franjas, já por si necessitadas de carinho e
aconchego, traumatizando-as para o resto das suas vidas. A crença na feitiçaria
tornou-se tão perniciosa que, até nas grandes cidades, influencia a vida de não
só de iletrados mas também de intelectuais, que nela colocam toda a sua
confiança.
2.5-A família valor precioso da
humanidade
Reconhece na instituição familiar um dos bens ou valores
mais preciosos da humanidade e garante que todas as instituições oferecem o seu
apoio a todo o homem que se interessa pelo bem estar das famílias. O futuro da
humanidade passa pela família. Por isso, os estados do mundo inteiro têm os
olhos voltados para a família cuja estabilidade vem sendo ameaçada de todos os
lados, com os reflexos para a sociedade em geral.
E a estabilidade, a solidez e a dignidade da comunidade
familiar estão intimamente ligadas ao bem estar da pessoa e da sociedade
humana, de tal sorte que não é possível mudar o rumo da sociedade humana, em
geral esquecendo a família ou sem começar pela família.
2.6
– Família primeira escola de valores
Os pais devem ser os reais governadores das suas casas.
Transmitem os valores quando os vivem e dão testemunho deles de maneira natural
quando dão a alguns valores uma importância maior do que aquela que eles
encerraram e actuam de acordo com essa valoração, estabelecem uma escola
errónea sobre tudo quando preferem valores inferiores aos superiores. O exemplo
os pais que obrigam seus filhos, a cumprimentar as pessoas e ele não o faz
esses pais não inculcam nos seus filhos uma correcta escola de valores.
Eis alguns valores que é preciso ter em conta: a
dignidade, a honestidade, a responsabilidade, o bem, a fidelidade, a justiça, a
paciência, a gratidão, a solidariedade, a compaixão, piedade, e o servir etc.
É urgente e importante transformar o mundo, partindo de
famílias unidas, felizes e bem estruturadas que eduquem os principais valores,
reconheçam o valor da vida e afrontem confiadamente o futuro. A família é
chamada a educar as novas gerações nos valores humanos.
CAPÍTULO III- DESAFIOS QUE SE COLOCAM AO ESTADO
SOBRE A QUALIDADE DE VIDA DAS FAMÍLIAS
No entanto é no seio da família que temos de encontrar,
em primeiro lugar as motivações essenciais para a conquista do que queremos
para melhorarmos as nossas vidas. O momento histórico que vivemos em Angola,
assinala-nos que a família tem vivido problemas complexos pressões que têm a
ver com factores endógenos e exógenos de vária ordem, problemas esses que vêm
obrigando a estrutura familiar a abdicar do seu próprio ser e da sua missão de
formar as pessoas. É uma reflexão baseada no dia – a – dia constituindo, por
isso uma plataforma para uma partilha de experiencias e para uma tomada de
consciência mais clarificada sobre a situação real em que nos encontramos.
A família deve assumir também as suas responsabilidades e
colaborar com o estado no seu esforço para dissuadir o consumo exagerado de
bebidas alcoólicas e de substâncias ilícitas, a prostituição a delinquência a
violência domestica etc sobretudo entre os mais jovens, pois que estes males
afectam o desenvolvimento pleno dos jovens, e não poucas vezes tira-lhes
prematuramente a vida, outras como consequências efeitos nocivos que se
traduzem nos alarmantes índices de violência no transito e que causam luto no
seio de muitas famílias. O combate a fome e a luta pela redução e erradicação
da pobreza, pelo seu impacto na vida das famílias constituem dois maiores
desafios que se colocam hoje ao estado angolano, pois são preponderantes para
se construir uma sociedade mais prospera e de justiça social.
Estes dois problemas estão a ser tratados numa dupla
perspectiva isto é , no quadro da execução da politica macroeconómica e no
âmbito de uma desconcentração administrativa e da desconcentralização da
execução do O.O.E. Por esta razão o executivo esta a implementar programas
municipais integrados de desenvolvimento rural e de combate a pobreza com maior
participação comunitária, fiscalização local e acompanhamento dos conselhos de
concertação social.
Quando as famílias não atingem um nível de vida
satisfatório, as pessoas ficam na miséria, situação que é uma ameaça á
dignidade humana. A miséria constitui uma violação aos Direitos Humanos,
sobretudo das crianças. Assim, quando uma família está na miséria, convive
frequentemente com a violação do Direito a Vida. É por isso que o estado
angolano esta preocupado com a miséria que muitas famílias angolanas vivem,
principalmente com as mais desfavorecidas que vivem durante anos o conflito
armado.
3.1-A estrutura da familia Angolana
A família constitui o núcleo básico da sociedade, uma
realidade que, em Angola, nos leva a repensar os caminhos por que passam as
relações familiares, bem como os passos no sentido do seu fortalecimento. Muito
há a fazer em Angola para melhorar a condição da família enquanto ponto de
partida e de chegada das políticas do Estado. Fruto da guerra e das suas
consequências, a família angolana foi dos segmentos que mais sofreu, realidade
ainda visível em muitas partes do país.
Mais de dez anos
depois do alcance da paz, continuamos a assistir a grandes esforços por parte
de muitas famílias no sentido de recuperarem laços desfeitos e reconstituírem
as suas vidas em todos os sentidos. Muitas famílias continuam a lidar com
desafios relacionados com perdas irreparáveis de parentes próximos, divisão ou
deslocações forçadas pela guerra, cujos efeitos ainda perduram até hoje.
A desestruturação familiar contribuiu para a
relativização de muitos costumes e regras úteis de convivência no seio familiar
e social. De uma maneira geral, a degradação dos costumes e a perda de valores
considerados relevantes pelo senso comum acontece um pouco por todo o mundo. É
um problema universal, razão pela qual a Organização Mundial da Família (OMF)
prevê, na sua agenda pós-2015, fortalecer a estrutura familiar, a inclusão
social e económica de segmentos desfavorecidos da sociedade.
No campo da saúde, com a introdução da vacinação contra o
tétano em jovens e contra o cancro do útero em adolescentes dos nove aos 13
anos de idade, bem como medidas para reversão da mortalidade materna e
infantil, os números não mentem. Há muito que a governação em Angola desenvolve
a estratégia de promoção do bem-estar familiar partindo da melhoria da condição
da mulher, enquanto pilar dos agregados familiares.
O investimento que o Executivo vem fazendo a nível da
saúde, tendo como prioridades acções no campo da sensibilização, da educação,
da prestação de cuidados e da prevenção de doenças, estão a resultar em
melhorias. Com as políticas que implementa tendo como centro das atenções e
preocupações a família, o Executivo está a fortalecer a estrutura familiar. A
mulher faz parte do maior grupo populacional, por isso grande parte dos
indicadores ainda por melhorar também se concentram neste grupo. E é neste
grupo que ocorrem também mudanças significativas no sentido da inclusão social
e económica de sectores considerados ainda como desfavorecidos da sociedade.
CONCLUSÃO
Concluimos que a famílias são as escolas de
reconciliação, que seja fermento de paz e amor cada vez mais alargada até
incluírem todos os filhos e filhas de Angola. O bem-estar da pessoa e da
sociedade humana esta estreitamente ligada a uma favorável situação da
comunidade conjugal e familiar.
Em suma o que o Estado Angolano já esta a fazer deve ser,
apoiado por todos e só seremos um grande povo, se na verdade apostarmos na
edificação de famílias educadas e economicamente estabelecidas. Numa sociedade
marcada durante varias décadas pelo conflito armado e onde se verificou uma
desagregação sem procedentes de famílias inteiras, a atenção a família e a sua
valorização devem constituir uma prioridade do Estado Angolano e não só.
REFERENCIAS
BIBLIOGRAFICAS
ALVES, José Carlos
Moreira. Direito Romano. Rio: Forense, 1977.
MINUCHIN, Salvador –
Famílias: Funcionamento & Tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. p.
25-69.
SARACENO, Chiara –
Sociologia da Família, Lisboa: Estampa, 1997.
STANHOPE, Marcia –
Teorias e Desenvolvimento Familiar. In STANHOPE, Marcia ; LANCASTER, Jeanette –
Enfermagem Comunitária: Promoção de Saúde de Grupos, Famílias e Indivíduos. 1.ª
ed. Lisboa : Lusociência, 1999. ISBN 972-8383-05-3. p. 492-514.
Sem comentários:
Enviar um comentário