O CORNO DE ÁFRICA. PERMANÊNCIA E RUPTURA CASO DA SOMÁLIA

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Universidade Agostinho Neto
Faculdade de Ciências Sociais
Departamento de História


O CORNO DE ÁFRICA. PERMANÊNCIA E RUPTURA CASO DA SOMÁLIA



Por:
Antónia Marisa Teixeira Monteiro



                   
Trabalho de fim do curso apresentado à Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto, como requisito para obtenção do grau de licenciada em História, orientado pelo Professor Dr. Boubakar Keita



Luanda, 2015

Dedicatória
Dedico este trabalho, aos meus pais pelo apoio prestado ao longo da minha formação, e finalmente aos meus filhos.
























Agradecimento
Agradeço ao Dr. Boubakar Keita, pelo sabia orientação, incentivo e paciência.
Aos meus pais primeiro por serem a minha fonte de inspiração, pela perseverança, por cuidarem dos meus filhos enquanto eu estudava e por acreditarem sempre em mim.
Ao meu marido pela força e compreensão e também por ter acreditado que eu seria capaz de chegar ao final.
Agradeço as bibliotecas por mim frequentadas pela dedicação nos momentos de consulta.
Agradeço ao meu colega Jaime Domingos, pela orientação prestada, pois foi de grande ajuda para que eu chegasse ao fim.
Agradeço a Faculdade de Ciências Sociais e a todo o corpo docente pela orientação, durante esses anos de estudo.
   













RESUMO
O trabalho que tem como tema o “Corno de África. Permanência e Ruptura. Caso da Somália”. É uma análise  dos conflitos que têm assolado a região do Corno de África. Tentamos descrever nele os principais pressupostos da relactiva estabilidade populacional e social, ao mesmo tempo, a implosão política de que foi alvo a partir da década de 70 do século XX. Porém procuramos apresentar, de forma sintética, os problemas que caracterizam o Corno de África. Muito embora estes conflitos tivessem sido protagonizados por factores de ordem étnica, devemos recordar que, um outro factor, foi a questão da ocupação europeia do continente africano, que de forma directa ou indirecta, influenciaram na divisão dos povos, na sua maioria do Corno de África que pertenciam aos mesmos conjuntos e ao mesmo território.   
Palavras-chave: Somália, Corno de África, Conflitos, Permanência, Ruptura. 















ABSTRACT
The work that has as theme the "Horn of Africa. Permanence and Rupture. In case of Somalia". it is an analysis of the conflicts that you/they have been devastating the area of the Horn of Africa. We tried to describe in him the main ones presupposed of the relative population and social stability, at the same time, the political implosion that it was white starting from the decade of 70 of the century XX. However we tried to present, in synthetic way, the problems that you/they characterize the Horn of Africa. A lot although these conflicts had been played by ethnic order factor, we should remember that, another factor, was the subject of the European occupation of the African continent, that of form direct or indirect, they influenced in the division of the people, in his/her majority of the Horn of Africa that you/they belonged to the same groups and the same territory.     
Keyword: Somalia, Horn of Africa, Conflicts, Permanence, Rupture.   
 














ÍNDICE

INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………1
CAPÍTILO I- EVOLUÇÃO DO CORNO DA ÁFRICA…………………………….3
I.1 Os territórios do Corno de África e a sua composição étnica………………………..3
I.2 Ocupação colonial e suas particularidades…………………………………………...3   
CAPÍTILO II- O CORNO DE ÁFRICA. PERMANÊNCIA E RUPTURA……....10
II.1 Particularidades do Estado Somali………………………………………………...10
II.2 Instabilidade política na Somália…………………………………………………..13  
Conclusão………………………………………………………………………………21
Bibliografia……………………………………………………………………………..22





INTRODUÇÃO
Neste trabalho que tem como tema o Corno de África. Permanência e Ruptura Caso da Somália, tratamos de acontecimentos do período pós-independência. 
Concretamente procuramos fazer uma viagem pela História da África Oriental, da região do Corno de África, visto que essa zona de África foi fruto de vários confrontos entre as potências por ser uma zona estratégica e mais tarde entre os próprios africanos devido a questões étnicas e territoriais. Para analisarmos a história do Corno de África houve a necessidade de fazermos um recuo até ao período pré-colonial, para melhor compreendermos a situação actual da região.
No entanto, entendemos que o continente africano nunca mais foi o mesmo desde a chegada dos Europeus. As suas bases estruturais socioeconómicas, políticas e culturais, foram alteradas. Os territórios sofreram mudanças nas suas delimitações, determinados grupos étnicos foram obrigados a conviverem com outros ou se dividirem. Muitas populações foram submetidas a tristes momentos de escravatura, por muitos séculos a África deixara de ter vida própria.
Objectivo Geral, Analisar os antecedentes que estão na base da divisão étnica do povo do Corno de África;
Objectivo Específico, identificar os reais motivos que estão na base dos conflitos e da instabilidade política na Somália.
Porém continuamos assistindo hoje, alguns conflitos nessa região com particular realce para o território da Somália.
Porém na elaboração deste trabalho, questionamo-nos por que razão o Corno de África é tido como uma zona de vários conflitos? 
Sob a questão colocada, entendemos que o corno de África não fugiu a regra sobre a presença colonial, no entanto é a principal causa dos conflitos que se verificam nesta região, em particular o território da Somália, pois essa causou a separação de grupos étnicos, repartiu um mesmo território em dois ou mais, alterou as pedras bases desta região; porém no outro anglo entende-se que a Africa é a principal culpada pelo que esta vivendo hoje, pois não soube o que fazer com a independência, continuou vivendo como se ainda estivesse sob o jugo colonial.
Para a elaboração deste trabalho consultamos algumas fontes bibliográficas, das quais se destacam: “História da África Negra” de Joseph ki-Zerbo; “África Negra, História e Civilização” de Elikia M´Bokolo; “A Descoberta do Passado de África” de Basil Davidson; “África deve Unir-se” de Kwame Nkrumah e outras que estão nas referências bibliográficas deste trabalho.    
O nosso trabalho é estruturado em dois capítulos:
No primeiro procuramos descrever a evolução do Corno de África, e a sua composição;
No segundo apresentamos uma abordagem sobre a Permanência e Ruptura do Corno de África, em particular o Estado Somali.
               
   












CAPÍTILO I- EVOLUÇÃO DO CORNO DE ÁFRICA
I.1Os territórios do Corno de África e a sua composição étnica  
O Corno da África, situa-se no continente africano, está constituído por Djibuti, Etiópia, Eritreia, e Somália. O corno da África é também conhecido como nordeste africano e algumas vezes península somali, tem uma área de aproximadamente dois milhões de km, uma população de cerca de 90,2 milhões de pessoas (Etiópia, 7,5 mil, Somália 10 mil, Eritreia 4,5 mil, e Djibuti com 0,7 mil).
A Eritreia, tem o litoral a nordeste e a leste o mar vermelho, o país é virtualmente dividido a nordeste em duas partes por uma das cordilheiras mais longas do mundo. O grande de vale de Rift, com terras férteis a oeste e a parte baixa é desértica no leste. O largo da linha costeira arenosa é árido e situam-se as ilhas Dahlak, um arquipélago dotado de zonas pesqueiras. A Eritreia ao extremo Sul do mar vermelho é o berço da confluência do Rift.
A Eritreia, tem quatro principais regiões fisiográficas: a planície costeira do mar vermelho; o planalto centro sul, que forma o núcleo do país; as colinas das áreas Norte e centro-oeste; e os amplos planaltos ocidentais. As cidades principais são a capital, Asmara, a cidade portuária de assab, a Sueste e a cidade de Macua e Karen. O território é constituído por um trecho setentrional do maciço da Etiópia, ladeado por baixadas a leste e a oeste. A planície oriental de 16 á 80 km de largura, abrange a depressão de Danakil é delimitada por uma escarpa, no lado oeste, cortado por gargantas formadas pelos rios que correm em direcção ao Sudão, a altitude diminui gradualmente do maciço.
A costa do mar vermelho estende-se por mais de 1000 quilómetros, e é dessa água que deriva o nome dos pais (erythrós, em grego que significa vermelho em português). A Oeste, a planície costeira eleva-se subitamente para o planalto, onde as altitudes vão de 1830 á 2440 metros, acima do nível do mar, a chuva anual é mais alta que na costa. As terras das colinas ao Norte e Oeste do centro vão de 760 á 1370, geralmente recebe menos chuva do que o planalto.
As amplas planícies rios da Eritreia são: Anseba e Baraka, que correm em direcção a Oeste, dentro do Sudão. O curso superior do rio Gash, é conhecido como o rio Mereb. Estes rios são temporários e não permanentes, uma vez que eles não correm em uma base regular, são alimentados por chuvas estacionais. No que tange, a flora e a fauna, a Eritreia é revestida por três tipos de formações de vegetais.
Djibuti, é um pais pequeno do nordeste de África, limitado a Norte pela Eritreia, a Leste pelo estreito do Babe Mandeb, pelo golfo de Adén e pela Somália a Sul, e a Oeste pela Etiópia, a capital também é Djibuti. O país está situado mais precisamente na margem oriental do golfo de Áden, o golfo, o mar vermelho, e o canal de Suez, ligam o oceano Indico e o mar Mediterrâneo. A localização de Djibuti contribui para que a capital também chamada por Djibouti, seja um porto importante, essa localização também tem importância estratégica, os navios passam livremente pela costa de Djibuti, mais para uma nação poderosa que se apossasse da área, seria possível controlar a passagem de navios que navegam entre o oceano Indico e o mar Mediterrâneo.
O país é pobre, quase sem recursos naturais. Em 1977, obteve a independência da França, que dominava a área desde o fim de século XIX. Os franceses originariamente chamavam o país de Somália francesa; em 1967, porém passaram a chamá-lo de território francês dos Afars e Issas.
A Etiópia, está localizada no nordeste de África, entre latitudes de 6-15 Norte, tem uma área total de 1.127.127 km e 5311 km de fronteiras terrestres, faz fronteira com a Eritreia, a Norte (912 km), Quénia, a Sul (830 km), Somália (1626 km), e Djibuti (337 km), a Leste e Sudão a Oeste (1606 km).
O pais é cortado a meio, na direcção nordeste-sudoeste, pelo grande Vale do Rift, o que lhe confere uma configuração particular, é formado por dois planaltos montanhosos, um de cada lado do vale, e a Leste junto á Somália, uma grande planície semidesértica; a nordeste com o Djibuti, o triangulo de Afar, que também é uma planície desértica e vulcânica[1].
A Somália, é um país da África oriental, abrange uma área de 637.657 km. É banhada pelo de Áden a Norte, e pelo oceano Indico a Leste e Sudoeste, faz fronteira com o Quénia a sudoeste, a Etiópia a Oeste e o Djibuti a Noroeste. As principais cidades são Mogadíscio, que é a capital, com 1.234.800 habitantes, Berbera, 232.500 habitantes, Kismaayo, 183.300 habitantes, e Marka 230.100 habitantes. O país é árido constituído por planaltos revestidos por vegetação escassa. É montanhoso a Norte, sendo o monte mais alto de Surud Cad, com 2407; metros de altitude, Os dois rios do país, o Jubba, e o shabelle, são para irrigação das culturas.
I.2 Ocupação colonial e suas Particularidades 
A Etiópia, não tinha problemas de descolonização, ela foi libertada pela vitória das forças dos aliados sobre as sobre as forças do eixo, o mesmo imperador Haile Selassie, recuperou o trono, este pais tinha 20.000.00 habitantes e não ficou alheio as correntes que varriam África. Economicamente, partia de baixo, No ano de 1957, o rendimento anual per capita era de 30 dólares, isso segundo as Nações Unidas, enquanto o Tanganica era de 48,a Nigéria 69 para á África Ocidental Francesa, 94 para o Gana. Era um país essencialmente agrícola (75% da produção). Foram feitos esforços para melhorar e desenvolver as culturas do rendimento, como o café e a cana-de-açúcar. No que se refere a prospeção geológica foi realizado um aproveitamento hidrelétrico, assim como para lançar algumas indústrias de transformação, como a do cimento, etc.
O imperador, sempre prestou atenção ao sector social e educacional. Logo no fim da guerra abriram novas escolas secundárias em Addis Abeba.Essas escolas diferiam das escolas cujo pessoal era composto por monges de rito etíope ou copta, que ensinavam sobretudo a poesia, a música, a religião, a diplomacia, a as línguas. Desenvolveu-se o ensino moderno e numerosos jovens etíopes foram mandados para o estrangeiro continuar os estudos, isso permitiu uma relactiva abertura sobre o mundo. Abertura que não existia antes. No plano político dão-se transformações; foram feitas conspirações contra o imperador, isso para reclamar uma monarquia constitucional ou mesmo para substituir por outra monarquia, foi o caso da conspiração de Betwoded Nagash.Em 1955 o imperador outorgou uma constituição que emendava a de 1930, por ocasião do 25º aniversário do nosso coroamento «para o bem-estar e o progresso do nosso povo amado».
Com efeito, numerosos eram os amigos da Etiópia, no mundo anglo-saxónico em particular, que se sentiam pouco a vontade com as estruturas arcaicas de uma das mais velhas monarquias do mundo. A constituição de 1955,estabeleceu o imperador como chefe de estado e do governo, com um gabinete responsável por ele. “Foi elaborado um sistema parlamentar, com um senado cujos membros, designados pelo imperador, tinham assim um final de carreira dourado. A câmara de deputados devia ser eleita, mas estas duas câmaras não são soberanas: se alguma lei merecesse o acordo e a assinatura do imperador, a mesma teria que ser publicada na Megarit Gazeta, editada pelo Ministério pena”[2].
O imperador continuou a gozar no país de uma enorme veneração. Mas a rebelião de 1960 revelava uma nova atitude, pelo conteúdo e pelo radicalismo. Externamente a Etiópia absorveu a Eritreia, que a ONU, havia decidido federar-lhe em 1950. A administração Britânica terminou em Setembro de 1952,o estatuto de federação não funcionou como se esperava, a simbiose entre uma Eritreia democrática e o mundo etíope era impraticável. O imperador dominou a Eritreia por meio do seu representante e dos seus altos funcionários, a ponto de apesar das perturbações causadas pela facão muçulmana do pais (Afars, Danakils da costa), a assembleia da Eritreia por sua própria unanimidade decidiu suprimir a sua bandeira e ficar apenas com a etíope, e em 1960, por unanimidade votava para a substituição da formula do seu governo pelo termo administração Eritreia, a federação, desaparecida de facto foi abolida em 1962.
O imperador abriu a Etiópia sobre a África militante e independente, participou na primeira conferência dos chefes de estados africanos em Acra em 1958.A segunda conferência realizou-se em 1960 em Addis Abeba, em 1962 o movimento Pan-americano para libertação de África central e oriental com a participação da Etiópia e da Somália, o objectivo do movimento Pan-americano era a liquidação do regime colonial na zona central e oriental do continente africano, e a preparação de uma união interafricana do Mar Vermelho ao cabo.
E em 1963, realiza-se a conferência Pan-Africana dos chefes de estado em Adis Abeba. O mais antigo país independente de África, o regime do imperador constituía uma espécie de escolho, a presença da O.U.A, contribuía para tornar o espetáculo mais anacrónico, esses aspectos fizeram sentir sinais de precursões de um abalo fundamental nas tentativas de conspirações, houve manifestações de estudantes, nos ataques cada vez mais abertos contra a senilidade das instituições e contra a corrupção dos homens[3].
O imperador negligenciava os problemas internos do seu país, a pequena emenda de 1966, permitiu ao primeiro-ministro Habté Wold, constituir o seu próprio governo, mas não houve mudanças, o controlo que o parlamento exercia sobre o governo defendia apenas uma minoria. As tímidas reformas de 1966 e 1968,relativas a algumas terras feudais e a impostos permaneceram no papel. “Porém a seca e a fome se abateram sobre as províncias de wollo e Tigre que serviram de detonadores: enquanto isso as autoridades eram acusadas de indiferença, de corrupção e do desvio do auxílio vindo do exterior”[4].
A inflação chega a 80%, por ano. E com isso sucederam-se revoltas dos soldados, greves, e o primeiro-ministro demitiu-se, e foi substituído por Lij E. Makonnem, mandato para activar as reformas. Mas já era tarde, em Junho de 1974, uma Comissão Coordenadora Militar (Dergue), lançou uma serie de acusações e de prisões, que foram em torno do imperador como tenazes. Em Agosto nomeia-se outro primeiro-ministro mais radical Lij M. Imru. Em Setembro acusado de desvios enormes, o imperador foi deposto e um ano depois morre. A Monarquia foi abolida em 1975, a constituição foi revogada e o parlamento dissolvido. E o Dergue passou a ser o governo provisório, e como cabeça do governo puseram o popular General de divisão Aman Andom, que no decorrer de uma crise interna provocada pela questão da Eritreia, foi abatido e substituído por um triunvirato de oficiais superiores: Tefferi Banté, Mengistu Haile Marian e Atnafu Abate. O Dergue estava ocupado a liquidar a oposição feudal e conservadora, e teve que enfrentar a oposição dos estudantes mobilizados para as tarefas do regime, assim como dos sindicatos e de oficiais que militavam por um retorno ao poder civil, e em resposta o Dergue activou o processo revolucionário.
Em 1974 proclama-se o socialismo isso no mês de Dezembro, em 1975 a Confederação sindical é substituída por uma organização Monolítica mais conformista, nacionaliza-se as terras rurais e as urbanas, e a organização do mundo agrário em comunas e coletividades de base. O regresso a um poder politico civil foi encarado sucessivamente no quadro de um partido único e de uma frente nacional, sobre esse assunto existia duas tendências o Partido Revolucionário do povo etíope, que queria a entrega imediata do poder aos civis; e o Movimento Socialista Pan-europeu próximo de Dergue.
Desde o reinado de Victor Emanuel II (1820-1878), o rei Piemonte, da Itália o governo italiano temia uma intervenção militar da França, (devido a questões religiosas que têm a ver com a recuperação de poderes e regalias temporais por parte do papa de Roma), vinha solicitando há algum tempo uma aliança com a Alemanha. Bismarck impõe como condição para se realizar uma “entente “a três, com a Áustria igualmente envolvida. A partir daqui o destino destas potências, bem como os seus adversários estão mais ou menos interligados.
Um dos aspectos marcantes da política deste período passava por África e pela aquisição de territórios onde se prolongava a rivalidade internacional sentida na Europa. Após a ocupação da Tunísia pela França (1881), concluía-se a tríplice, quando na Itália já governava Humberto I, os italianos contudo pouco beneficiavam com este acordo em termos de expansão territorial; o máximo que conseguem é fazer na Eritreia um ensaio de colonização que conduzirá a uma guerra infeliz na Abissínia, marcada pelo desastre de Adoua em 1876.Com a subida ao trono de Victor Emanuel III 1900, regista-se uma inflexão politica italiana.
Apesar da renovação da tríplice aliança 1902, a Itália por influência inglesa reaproxima-se da França. Eos resultados passam a ser mais animadores; a partir de então com o caminho livre consegue apoderar-se de territórios até ai sob domínio da Turquia como sucedeu com a tripolitana. Depois da primeira guerra mundial, e com a subida do ditador Benito Mussolini ao poder, há um renovado interesse da Itália pela zona “ corno de África”. Em 1935, os exércitos fascistas italianos invadem a Etiópia e ocupam-na efectivamente, apesar da condenação por parte da liga das nações e dos protestos dos “negus” Ailee Selassie.
Apesar das ameaças de sanções e dos protestos de Ailee Selassie, apesar das ameaças de sanções por parte daquela organização, Mussolini prosseguiu firme nos seus propósitos. a Etiópia 9/5/1936, ameaçou formalmente a Etiópia e proclamou como imperador Victor Emanuel III. A invasão da antiga Abissínia, teve ainda outra consequência politica: tornou possível a aliança entre o ditador e Hitler que, deu origem ao pacto do eixo, numa altura em que tal facto não parecia provável[5].
Com efeito, antes de 1935, a França e a Itália, juntamente com a Inglaterra, formavam uma frente comum condenando as violações ao tratado de Versalhes cometidos pelos nazis e, na véspera do ataque a Etiópia, os italianos haviam concluído com os franceses um acordo apoiando as acções de Paris no sentido de travar o rearmamento alemão, em troca de facilidades em África. Contudo, a Inglaterra via perigo nos interesses com o plano expansionista de Mussolini opôs-se-lhe vigorosamente forçando a França a tomar uma posição ao seu lado.
A colonização em África não foi aceite de ânimo leve pelos autóctones, houve muita resistência em qualquer território africano em que as potências colonizadoras tentaram implementar-se, os autóctones enfrentaram inclusive batalhas, mesmo não tendo armas sofisticadas foi difícil o colono enraizar-se em terras africanas.
A França teve um imenso pedaço de terra em África, mas com pouco valor do ponto de vista de recursos, o sistema económico colonial francês não se difere do sistema de outros países colonizadores, tratava-se de extrair o máximo das terras conquistadas. Albert Sarraut, apresenta em 1923 as colónias como sendo o recurso que faria a França sair da miséria provocada pela guerra. A princípio a colónia tinha que bastar-se a si mesma, graças a autonomia financeira, este princípio foi aplicado na África Ocidental francesa, onde os cofres bem recheados serviam de garantia em empréstimos em França para realização de trabalhos muito pouco rentáveis para o sector privado.
As três grandes firmas que dominavam o mercado eram a Compaigne Française de L Afrique Ocidental e, a Societé Commerciale de L Ouest Africain e a Unilever que controlava as oleaginosas, mas se estende por muitos outros sectores e que dispõe de um império pluricontinental, Os comerciantes africanos eram dominados no mercado pelas companhias e muitas vezes tornavam-se seus intermediários e agiam nas zonas excêntricas da rede comercial. O aparelho administrativo trouxe um forte apoio as actividades comerciais, pois as infra-estruturas que foram instaladas eram condicionadas á actividade comercial.
Em 1945, as minas, (ouro e cobre), são exploradas antes de mais nada pelos autóctones, através dos seus métodos tradicionais, as tentativas da França em despojar os africanos, não se baseavam em qualquer desejo real de modernização deste sector, pois os investimentos teriam de ser muito elevados. As sociedades neste campo, como a Compaigne de Mines de Siguiri, e a Falésmé GokdenValley, tinham essencialmente em vista explorar a disponibilidade de certos capitalistas ingénuos, outro aspecto desta estrutura colonial é o carácter muito delimitado do progresso económico, que se encontra no litoral ao longo dos eixos de escoamento e em torno de alguns centros no litoral.
Da mesma maneira que a variedade de produtos se limita apenas a matéria-prima, também imensas regiões permanecem praticamente excluídas do circuito económico geral. As populações eram despojadas do que era seu por um conjunto de mecanismos económicos. O imposto indígena constituía a seguir aos direitos alfandegários a segunda grande fonte de receitas (e por vezes mesmo a primeira) no orçamento das colónias.
O imposto era frequentemente fixado arbitrariamente, tinha que ser pago em dinheiro, e esse era um meio de obrigarem os camponeses a venderem os produtos de exportação, caso os africanos não pagassem, tomava-se como pretexto a falta de dinheiro dos nativos para lhes impor o trabalho obrigatório nos campos «de algodão do comandante» sem contar com o trabalho prestado paras os trabalhos de infra-estruturas. As estradas, os portos e linhas férreas, por falta de equipamento (limitava-se ao máximo a compra de máquinas), foram construídos a mão por homens e mulheres: as mulheres passavam meses a bater estradas com maços como se fosse o chão de suas palhotas.
O caminho-de-ferro do Congo está marcado de cemitérios, quando o número de trabalhadores era insuficiente, porque muitos fugiam, capturavam as suas mulheres e filhos, e na África equatorial eram amontoados em campos da morte como reféns, e esses não eram alimentados, recebiam as suas terras, a esfoliação foi tornada legal na África ocidental francesa por um decreto de 1935,sobre as terras pretensamente vagas, muitas terras atribuídas as companhias privadas. O mesmo se passou com as terras urbanas açambarcadas por lotes, o que provocou a resistência dos primeiros ocupantes, como aconteceu com os Lebeus, em Dakar.
A constituição de reservas de sementes pelas sociedades indígenas de previdência foi um outro modo de espoliação por parte dos comandantes, este sistema foi generalizado nos anos 1930 a 1933.As sementes que os camponeses entregavam raramente eram restituídas, de resto o comandante de círculo presidente da assembleia geral da sociedade geral da sociedade de previdência não se coibia de as utilizar quando delas precisava, as culturas de exportação eram feitas com finalidade especulativa. Não havia cuidado em proteger os solos, a alta de preços representava sempre para o camponês o agravamento dos produtos importados, enquanto a alta dos seus próprios produtos era com frequência absolvida pela margem de lucro da sociedade monopolista, fizeram com que o camponês banalizado na sua própria terra em muitos casos tivesse preferido sair dos campos. Estas migrações foram aumentar a população das cidades, Sobretudo nas regiões costeiras onde a economia já era mais evoluída e exigia braços com condições menos arbitrárias do que no interior. Era assim que os trabalhadores do Sudão partiam para o Senegal como contratados ocasionais para a cultura do amendoim.
Os habitantes do alto volta e do Níger iam por sua vez á costa do ouro e para a costa do Marfim ajudar o desenvolvimento que já se fazia sentir nesses países, desviando assim as forças preciosas para a sua própria região e mandando em troca insignificantes economias conseguidas a muito custo sobre os seus magros salários. Uma boa parte dos salários era muitas vezes arrecadada pelo patrão ou pelo administrador, em princípio como economia forçada em proveito do trabalhador, que servia como fundo de maneio ou pressão por parte das autoridades. As duas guerras mundiais e a crise de 1930 agravaram ainda mais estas condições gerais, já de si miserável, em virtude do esforço de guerra suplentar exigido das populações. Na África equatorial francesa, para compensar a ausência de subsídios metropolitanos ou ainda por causa do mercado negro que fazia subir terrivelmente os preços das requisições por falta de arroz e petróleo, de tecidos de algodão, voltou-se em parte a economia de subsistência. No decorrer das guerras e crises e da crise de 1931 surgiu a fome, cuja recordação ainda está viva no Obangui, no Gabão, no Alto volta, no Níger, onde morreram de fome, em 1931. Muitas vezes os camponeses revoltaram-se e provocaram sublevações políticas, estas sublevações tinham menos alcance do que acontecia na cidade. Em 1937, cria-se um decreto para os sindicatos só que este era restrito, porque para ser sindicalizado era necessário saber falar, e escrever correctamente francês.
Não considera-se essa fase da colonização negativa, porque embora os africanos andassem a pé e dispusessem de seus próprios caminhos, as linhas férreas tinham sobretudo a função de escoar as riquezas para o exterior, e tornavam possível o desenvolvimento de outras actividades económicas. Além disso os africanos que se consagraram as culturas de exportação, não tardaram a acumular suficientes capitais para constituírem no Senegal, na Costa de Benim, uma categoria social privilegiada, dando origem a um processo capitalista de transformação[6].
Na França, foi no Senegal que os franceses estabeleceram primeiro entreposto em 1624, mas não formaram verdadeiras colónias até ao século XIX, limitando-se a traficar escravos para as suas colónias nas Caraíbas. No oceano Índico os franceses colonizaram a lle Bourbon (actual Reunião), em 1664, lle Royale (actual Maurícias), em 1718 e as Seychelles em 1756. Durante o reinado de Napoleão, o Egipto foi também conquistado por um breve período, mas a dominação francesa nunca se estendeu para a área imediatamente a volta do Nilo.
O verdadeiro interesse da França por África manifestou-se em 1830,com a invasão da Argélia e o estabelecimento de um protectorado na Tunísia em 1881.Entretanto expandiram-se para o interior e para o Sul, formando em 1880,a colónia do Sudão francês (actual Mali), e nos anos que se seguiram ocupando grande parte do Norte de África ocidental e central, em 1912,os franceses obrigaram o sultão de Marrocos a assinar o tratado de Fez, tornando-se outro protectorado.
A França, adoptou a administração directa, procurando desenvolver a sua política de assimilação dos colonos. A França conquistou um grande pedaço da África, mais com pouco valor no de vista de recursos naturais. Era um vasto hinterland, com freqsem saída para o mar. O seu sistema económico não se distingue essencialmente do sistema de outros países colonizadores e grande número de observações que se seguem, em particular e matéria de exploração económica, e que serão repetidas mais adiante, são validas também para outras colónias europeias. Em princípio a colónia devia bastar-se a si mesma, graças a á autonomia financeira, O sector privado tomou em suas mãos o essencial da actividade económica centrada no comércio de produtos africanos e europeus. A base do sistema é uma rede bancária muito integrada e quase monopolista com o Banco Ocidental e o Crédito Predial do Oeste Africano. “O Banco comercial africano e o Banco Francês da África, menos sólidos, foram a falência na altura da crise económica de 1929. Era inimaginável que indígenas pudessem recorrer a tais organismos de crédito, porque entre outros motivos, não tinham propriedade privada e não podiam fornecer garantias hipotecárias”[7].
Em contrapartida, estes bancos, assim como as holdings especializados, apoiavam casas sobretudo de Bordéus (Peyrissac, Maurel e PROM) ou de Marselha (compigne Française de L`Afrique Ocidentale, compaigne de Industriaelle et compmerciale Africaine). As três grandes firmas que dominavam o mercado eram a Compaigne Française de L Àfrique Occidentale, aSociétté Commercialle de L`Ouest africain e a Unilever, que controlava as oleaginosas, mas que se estendia por muitos outros sectores e dispunha de um império pluricontinental. Estas sociedades estão na realidade muitas vezes ligadas entre si e têm ramificações para além das fronteiras das colónias francesas.
Dispunham de feitorias nos principais centros, feitorias que drenavam os produtos africanos de exportação e vendiam os produtos manufacturados europeus. O facto de deterem em suas mãos estes dois sectores do comércio permitia às campainhas obter larguíssimas margens de lucro, sobretudo porque não era exercido qualquer controlo sobre os preços. Os comerciantes africanos inteiramente dominados no mercado pelas companhias tornavam-se muitas vezes seus intermediários e agiam nas zonas excêntricas da rede comercial. Esta rede era fortemente influenciada pelas novas linhas férreas ou pelas estradas que permitiam o escoamento dos produtos. Em particular o sal já não vinha do deserto, mas dos portos do litoral. No entanto, continuava ainda a antiga troca norte-sul da noz de cola por gado e peixe seco, por exemplo: As campainhas investiam e reinvestiam o menos que podiam com o propósito de velar economicamente sobre as colónias e de delas tirarem o máximo, sentiam os efeitos da escassa rede de comunicações da fraca disposição dos africanos para se entregarem às culturas de exportação e do baixo nível de rendimentos.
“O aparelho administrativo trouxe-lhe um forte apoio em todos estes sectores. As infra-estruturas que foram instaladas eram nitidamente condicionadas pela actividade comercial, o único porto em funcionamento era o de Dakar”[8]. Além de estabelecerem infra-estruturas muito úteis para o comercio, as entidades oficiais vão ajudar as companhias a assegurar a situação de monopólio, impondo a preferência aduaneira, com direitos alfandegários, o decreto de 14 Abril de 1905,que generalizava a sobretaxa de Senegal, consolidava o comercio francês e era o toque de finados pelas firmas britânicas, foram atribuídas vastas concessões às grandes companhias, sobretudo na África equatorial francesa, ou seja 650 000 quilómetros quadrados, que representavam um território mais vasto do que a França, foram distribuídos por trinta anos a algumas grandes sociedades: a Societé dês Sultanats du Haut-Oubangui ficava, só por si, com 140 000 quilómetros quadrados. Estas companhias utilizavam o seu monopólio para desalojar as companhias inglesas, como a John Holt, que pediu justiça e foi indemnizada, o monopólio também foi utilizado contra o produtor africano, que vendendo um produto avaliado em três francos, teria de receber um franco de mercadorias, por vezes deterioradas ou duvidosas. As melhores terras eram retiradas a aldeia situadas nas concessões. Estas companhias quando iam a falência, obtiam do estado largas indemnizações pela redução do seu domínio. Além disso, a mão-de-obra era muitas vezes fornecida às companhias pelas autoridades administrativas, por meio do trabalho forçado.
A solução mais elegante consistia num acordo pelo qual as autoridades se comprometiam a fornecer, por exemplo, certa quantidade de algodão a companhia que a deveria tratar. Enfim o governo francês praticava uma política de preços que protegia as companhias. Foi o que aconteceu quando houve a crise os preços dos produtos exportados sofreram baixa muito acentuadas. O estado organizou caixas de estabilização e de compensação para salvar as companhias que dependiam das exportações. Esta protecção foi alargada no fim do período, parcialmente por razões políticas, aos produtores africanos, mas, em geral a baixa das cotações era severamente suportada pelo produtor. Nos anos 20, o ministro das colónias Albert Surraut, tentou lançar a chamada política de «valorização». O capital privado, porém, não correspondeu ao que se esperava e acabaram em fiasco, alguns planos grandiosos que deviam implantar pólos económicos dinamizadores. Foi o que o Office du Níger, que, segundo o engenheiro Bélime em 1920, devia irrigar 1750 000 hectares na curva do Níger, cultivadas por 1 500 000 trabalhadores a deslocar do Alto volta para produzirem 300 000 toneladas de algodão, ficou reduzido a proporções diminutas, para contar finalmente, em 1953, apenas 13 000 colonos em 25 000 hectares irrigados, não ultrapassando a produção anual 4 000 toneladas. E haviam sido consumidas no entanto somas elevadíssimas na época, em investigações e trabalhos preparatórios, pagas pelas sociedades que foram encarregues disso. Ao mesmo tempo que eram negligenciados trabalhos de investigação fundamental (pedológicos e sociólogos). A crise mundial de 1929, com a terrível baixa de preços dos artigos importados e exportados, traduziu-se num marasmo económico geral, expresso imediatamente pela queda brutal das receitas orçamentais provenientes dos direitos aduaneiros.
Mas já em 1934-1935, eram muito nítidos os sinais de um relançamento económico, sobretudo na África ocidental francesa. A produção de amendoim voltara a atingir em 1934 o nível de 1930 e subiu para 722 600 toneladas em 1937.Esta situação vai degradar-se, no entanto, durante a segunda guerra mundial que suprime os subsídios orçamentais da metrópole a produção de amendoim na África Ocidental Francesa desceu para 231 000 toneladas em 1942.A separação da metrópole vai dar lugar a um primeiro arranque industrial no Senegal com o estabelecimento de fábricas para produção de óleo.
A compaigne de Mines de Siguiri e a Falem e Golden Valley, tinham como objectivo principal explorar as disponibilidades de certos capitalistas ingénuos. Outro aspecto desta estrutura colonial é o carácter muito delimitado do progresso económico, que se concentra no litoral, e ao longo dos eixos de escoamento e em torno de alguns centros do interior. Da mesma forma a variedades de produtos se limita apenas a matérias-primas, imensas regiões permanecem praticamente excluídas do circuito económico geral.
Os missionários e os religiosos, levaram a cabo um óptimo trabalho na luta contra a doença do sono, quase sempre sem desinteresse nenhum. Politicamente a França controlava no Oeste da África um território igual a nove vezes a sua estrutura, ou seja cinco milhões de quilómetros quadrados, estes países estendia-se desde os espaços desérticos do Hodh até as florestas obscuras do pais guerzé e do Maiombe[9].
O império colonial francês era o herdeiro, pela republica, do regime do autocrático de Napoleão III.O pequeno território senegalês que era efectivamente controlado pela França em torno dos centros. São Luís, Goreia, Dacar e Rufisque (as quatro comunas), foi facilmente assimilado, o Senegal foi a base de partida para a conquista de todo Oeste africano, os franceses sentiram o Senegal, a Mauritânia, a Guine, ser tentados a extrapolar pura e simplesmente as aquisições, o estatuto do domínio senegalês, as condições das colinas de Lóbi e nas escarpas do país dogon eram diferentes das condições da sociedade biológica e culturalmente mestiçadas. Daí provém a ambiguidade da política colonial francesa.
Para que a conquista se efetivasse foi preciso uma organização militar, e durante muito tempo partes dos territórios conquistados ficaram sobre o domínio da administração francesa, a princípio os territórios franceses foram agrupados em dois conjuntos: a África Ocidental Francesa, que primeiro era composta por sete e depois por oito territórios, em 1919 o Alto, Senegal— Níger foi cedida com o objectivo de constituir duas colónias (o Sudão e o Alto Volta), sendo a Costa do Marimbo Níger, e o Daomé. A África equatorial francesa era constituída por (Congo, Gabão, Ubangui-chari e Chade) estiveram reunidos durante algum tempo numa única colónia, mais esta decisão mostrou-se impraticável. A liderar o aparelho encontrava-se o ministro das colónias, que era o responsável pela administração colonial perante a Assembleia Nacional, e esta podia legislar para as colónias. O desconhecimento ou falta de interesse dos assuntos levaram a encaminhar todos os assuntos para o ministro que orientava o andamento das colónias por decretos. Muitas vezes o ministro estava muito ocupado e longe, pois tinha também a seu cargo Madagáscar, e os domínios franceses da América do Norte, da Ásia e da América.
I.3 Tomada de Consciência Nacionalista no Corno de África
Era o representante e detentor dos poderes do governo da república, é ele que prepara o orçamento federal e é o chefe das forças armadas e dos serviços administrativos centrais da federação, nenhuma lei, nem decreto, vindos de França eram aplicáveis no seu sector se não tivessem a sua promulgação o escalão a seguir era o de governador-geral, com o seu conselho consultivo. O princípio era que o governador-geral governasse e o governador administrasse. Mas a distância atenuava a rigidez dos princípios, os serviços da capital de distrito recebia ordens de Dacar, depois de Libreville e Brazzaville, mas as ordens do governador territorial eram com frequência as que prevaleciam.
O trabalho prático do governo era conduzido por meio de uma rede de comandantes de círculos ulteriormente secundados por chefes de subdivisão. O comandante de círculo era na realidade a trave-mestra de todo sistema, o faz-tudo encarregado de preparar o sistema, preparava e executava as decisões. Os africanos estavam divididos em duas categorias: os cidadãos nativos das quatro comunas do Senegal e os outros. Os cidadãos tinham os mesmos direitos políticos que em França. Dispunham de um consulado-geral e mandavam um parlamentar á Assembleia Nacional de Paris, mas o seu estatuto pessoal era conservado (exemplo a poligamia). Todos os súbditos tinham a possibilidade de aceder a cidadania, apôs a segunda guerra mundial, uma doutrina se opôs a essa maneira de encarar as coisas e preconizou a política de associação respeitando os usos e costumes dos africanos. Os súbditos tinham o estatuto de indígena, um decreto de 1924, deu aos agentes da lei o direito de decidir em relação a eles aplicando a eles penas disciplinares, por uma serie de delitos, incluindo por exemplo por fazerem continência ao comandante e por não se levantarem com o hastear da bandeira. Os direitos ao hospital eram diferentes, os súbditos tinham que frequentar hospitais diferentes em relação aos cidadãos franceses.
Para os recrutados não havia botas, e raramente atingiam o grau de oficial, e não iam além do grau de capitão, dependiam primeiro do tribunal da sede de cantão ou chefe da subdivisão e, em segundo lugar do tribunal do comandante, e como este não falava as línguas nativas, precisava de um interprete, que se encarregava de todo processo[10].
O decreto relativo a admissão da cidadania francesa q enumera onze condições para se chegar a ela é posto em evidência em 1937. Em Outubro de 1904,o decreto sobre os inúmeros protectorados de França, é resolvido unilateralmente, e assim acabaram-se os protectorados. No início por falta de quadros as autoridades francesas apoiaram-se nas entidades locais, mas em 1910, o governador-geral William Ponty, declarou que eles tinham de ser suprimidos, e por isso criou-se a o território tradicional, tendo a sua frente um chefe. Só o comandante era responsável, declarou o governador Van Vollenhoven. O chefe indígena não passava de um instrumento, um auxiliar. Muitos chefes tradicionais tornaram-se, chefes administrativos.
O sistema tradicional era decapitado, para utilizar apenas os seus membros, essa medida mostra a ambiguidade do sistema de administração directa, porque se para o chefe de cantão de mossi não passava de uma peça no novo sistema administrativo, para o homem africano o seu chefe continuava a ser o seu chefe africano com poder confirmado pelos brancos. Do lado africano existia a indirect-rule.Os chefes do cantão eram mal pagos, e viviam do orçamento do estado e reajustaram-lhes a hierarquia para consolidar o seu prestígio. Como instituições representativas existiam os conselhos notáveis dos indígenas, autorizados pelo decreto de 1919,e que tinham uma função consultiva apenas.
O exército, era um dos elementos mais importantes da autoridade, os atiradores também eram chamados de senegaleses, isso porque os primeiros vinham do Senegal, o seu recrutamento era feito através da intervenção do chefe de cantão, os não apurados iam para o segundo grupo e eram chamados para trabalhos de interesse publico. Os antigos combatentes, eram canalizados pelas entidades oficiais através de distinções honorificas, os antigos combatentes constituíam uma categoria social original, a sua experiencia os induzia a reconhecer a superioridade material do branco, mais em contrapartida não reconheciam a sua superioridade moral, o serviço militar tinha duração de três anos.  
            As missões cristãs na África Negra francesa, desempenhavam vários papeis, a implantação das missões cristãs aqui e como em qualquer parte do continente estava ligada as potencias colonizadoras, os missionários eram frequentemente da mesma nacionalidade que os agentes da ordem colonial, muitas vezes a igreja para sobreviver manteve mantinha contactos pessoais, com os agentes coloniais, os conselhos de administração das missões obtiveram terras e prédios, assim como subsídios para as suas obras, a forma ocidental como a religião foi apresentada, pela luta contra os costumes e tradição africana, os missionários fizeram acreditar que a igreja era assunto para brancos propagado por eles e para o seu próprio beneficio. No entanto, a maior parte das escolas primárias e secundárias foram abertas pelos missionários, de princípios para satisfazer as suas necessidades, e depois para satisfazer as necessidades do país.
Os missionários desempenharam um papel politico mais directo entrando em conflito com a administração local, em particular no sector social, por exemplo eles exigiam a libertação das raparigas e utilizaram ao máximo o decreto Mandel sobre a necessidade de consentimento da noiva, criando por vezes instituições (criticadas por muitos) onde as raparigas recebiam protecção das intenções de pretendentes indesejáveis, muitos administradores eram de opinião de que os missionários que deviam ser refreada para não levarem a baixo todo o corpo social, as missões cristãs embora colaborarem com os agentes coloniais, foram um dos principais factores da evolução, intelectual, e moral destes países.
O islamismo a princípio foi considerado por certos governadores, como sendo a etapa necessária que os negros teriam que transpor para aceder a civilização, essa teoria foi negligenciada nos territórios do Sul, nesses territórios a influência do islamismo era menor, as escolas alcorânicas desempenhavam um foco na cultura incontestável. Essas escolas desapareceram, e só algumas escolas medíocres nos bairros, da Mauritânia, Senegal, e Sudão, continuaram com o ensino do alcorão.
O ensino era laico e foi criado por Faidherbe em 1854 na África Ocidental Francesa por decreto de 1903, e previa a escola de aldeia e a regional para a preparação do C.E.P.E. (certificat d études primaires élementaires), a escola urbana era para os filhos dos cidadãos, o ensino profissional era dado na escola Laprade, na Goreia, a escola normal e a primaria Superior de são Luís (Escola Fairdherbe) tornaram-se o primeiro liceu da África Negra, seguida pelo curso Secundário Van vollenhoven de Dacar. O serviço de ensino foi criado em 1912 em Dacar, assim como a escola normal William Ponty na Goreia para professores primários, a Escola de medicina em Dacar (1918) e a escola Normal para raparigas em Rufisque (1939). A escola normal de Katibugu foi aberta mais tarde, essas escolas tornaram-se centros de formação profissional dos quadros da África Ocidental Francesa. A escola do conteúdo de ensino fazia parte integrante do sistema colonial, o objectivo era evitar que o ensino indígena se tornasse um instrumento de perturbação social, por isso sacrificavam a cultura africana em detrimento da cultura francesa, as línguas nativas eram vetadas, as crianças recitavam lições segundo os antepassados gauleses, o nativo que ousasse em fazer uso da língua nativa era posto de castigo de joelhos num canto na sala com orelhas de burro.
O ensino agrícola era muito desenvolvido, mais sem novidades, porque não trazia nada de moderno, era o trabalho forçado na escola. Muitas vezes os chefes africanos eram solicitados para mandarem os seus filhos na escola, mais eles preferiam mandar jovens cativos, como defesa de certas condições que eram impostas na escola, como o trabalho cativo. A África Negra Francesa, forneceu uma contribuição significante na segunda guerra mundial, pois os nativos africanos participaram na luta a favor dos aliados, muitos africanos combateram na divisão Leclerc contra o Afrika Korps e na Normandia e lutavam depois na Alemanha contra as tropas nazis.
Há pouca diferença entre a colonização britânica e a francesa, essas diferenças consistem dos hábitos sociopolíticos dos dois países na Europa, isto tendo em conta a indirect-rule e da separação entre súbditos e cidadãos do lado francês. A Grã-Bretanha em África apoderou-se de territórios ricos e que tinham saída para o mar, ao contrário da França que apoderou-se de terrenos vastos, mais com pouco valor em termos de recursos, na ocupação dos suas colónias a Grã-Bretanha não tinha uma doutrina pré-concebida, eles foram adaptando e assim aperfeiçoando o seu método de colonização.
Os britânicos apoiaram-se no princípio da autonomia financeira, condição e medida da autonomia política. «Se as vossas finanças públicas estão equilibradas, tendes vocação para a responsabilidade política.»1
Em 1830 a 1843,G.Mac Lean, que era um homem notável na administração britânica, tentou moldar as regras administrativas e judiciais inglesas ao quadro africano, isto é entrando em colaboração com os chefes africanos, para a administração das colónias, os missionários e os negociantes foram contra esse método. Essa experiencia é retomada nas colónias do Oeste africano, e a partir deste período, as mesmas têm um crescimento socioeconómico mais nítido que o das possessões da África Oriental e Central.
As colónias do oeste africano, constituíam uma larga frente de costa e as vezes com cursos inferiores de rios importantes: Gâmbia, Volta, Níger. Em 1901 era a achantia anexada como colónia, enquanto Sir Goldie tinha de ceder os poderes administrativos do Níger Royal Company em 1900 ao colonial Office.As relações destes países com a Europa remontavam a vários séculos.
As companhias majestáticas, ficaram com a responsabilidade da exploração económica, e a direcção administrativa ficou a cargo de um governo responsável perante o secretário de Estado para as colónias e que dirige o pais por intermédio de chefes de distrito. A Nigéria do Norte, em 1900,encontrava-se em dificuldade por falta de quadros, e Fréderic Lugard, que comandava o protectorado entendeu-se com os emires peules, no sentido de confiar-lhes grande parte da rotina administrativa, isto sob a condição de reiniciarem a prática da escravatura e aceitarem a supervisão de um residente, mais o mesmo só interviria em casos de abuso, a justiça era a cargo dos emires e a cobrança de impostos também, do montante arrecadado (1/4 depois ½), parte desta soma reverteria para a administração central britânica, para os serviços públicos, isso era uma obrigatoriedade, a Inglaterra fornecia as regras de jogo e não intervia directamente, ela desempenhava o papel de árbitro, não intervia directamente nas situações salvo em alguns sectores técnicos (saúde, agricultura, transportes), a intenção de Lugard era reunir as três regiões da Nigéria (colónia de Lagos, protectorado do sul, e território do Norte), esse objectivo é concretizado em 1914. 




CAPÍTILO II- O CORNO DE ÁFRICA. PERMANÊNCIA E RUPTURA
Introdução
É de salientar que a indirect-rule, teve os seus pontos positivos, mas muitas vezes, foi coberta de ambiguidades pois muitas vezes os chefes africanos foram depostos e exilados e por vezes executados, pelos próprios britânicos, e por vezes isso acontecia sobre a especulação de que os mesmos dedicavam-se a escravatura, a prática que haviam dos seus parceiros europeus, essa administração satisfazia a aristocracia de emires e outros sultões, raramente satisfazia os seus súbditos.
O princípio da autoridade tradicional não aceite em todos os territórios britânicos, o Sul da Nigéria nas regiões do delta (Calabar, Port-Harcourt) e Lagos, parte de uma população sem tribo se afizera às instituições municipais europeia, ao passo que os povos do Leste não tinham a estrutura a estrutura político-administrativa muito nítida e os estados yorubas haviam sido muito abalados pelos turbilhões políticos do século XIX.
Nos anos 1920 e 1930, houve tentativa por parte dos britânicos em introduzir a indirect – rule na Costa do Ouro, ai a originalidade política achantia era muito forte, e ali predominava a administração directa, a legalização do conselho confederal dos chefes achantis foi feita em 1935, mesmo esforço foi feito juntos dos chefes dagombas e dos territórios do Norte, mais havia a dificuldade em determinar a extensão dos seus poderes sobre os pequenos povos a sua volta, esta experiência não foi tão bem sucedida como nos territórios da Nigéria do Norte. Na colónia do Sul do Gana falhou quase por completo, o facto de ai já ter existido desde 1874 quadros ingleses e ter existido da  a administração directa, mesmo existindo conselhos de chefes, a influência crescente dos africanos instruídos, que já dispunham de instituições representativas bloqueou o processo.
A pública já estava consolidada e para o público a maior parte dos chefes africanos estava comprometido com o tráfico de escravos, e por isso a indirect-rule, que localmente pedia um expediente prático para enfrentar o não enquadramento dos nativos mostrou-se inapta para servir de princípio geral e dinâmico de administração. As instituições que se revelaram prometedoras foram os conselhos executivos e legislativos. Os executivos eram constituídos por altos funcionários designados para coadjuvarem o governador; o conselho legislativo era uma assembleia local competente para elaborar as leis da colónia, isso com o consentimento e aprovação do governador de Estado para as colónias.
Em 1843, este conselho foi constituído na Gâmbia, em 1850 na costa do Ouro, em 1852 em Lagos, e de 1922 a 1925 as disposições para regular a eleição dos membros por um eleitorado africano foram tomadas, a maioria destes membros só foi eleita em 1948 em relação aos membros nomeados, o regime democrático era restrito, e não de um regime parlamentar, isso porque o executivo do governador não era responsável perante o conselho legislativo, mas sim perante o secretário de Estado para as colónias, o governador tinha o direito de veto em qualquer circunstância.
Na África ocidental anglófona, em 1940 houve escolhas com muito cuidado dos africanos para os chamados conselhos executivos, foi a partir desse momento que os africanos começaram a ter um controlo mínimo nos assuntos de governação, com realce sobre os impostos. As colónias eram organizadas segundo os modelos britânicos, em comparação aos territórios franceses vizinhos, nos territórios britânicos, as instituições democráticas locais permitiam aos africanos uma acção mais eficaz, e em consequência disso a exploração fiscal dos africanos era reduzida em relação aos dos africanos dos territórios franceses vizinhos.
No que diz respeito ao sistema educativo, a acção dos missionários foi importante, a church missionary society funda em 1827 a primeira instituição universitária de Furah Bay (Freetown), que se tornou no viveiro para todo o oeste africano britânico. O colégio Achimota só foi fundado depois de um século e foi dirigido pelo famoso doutor africano James Aggrey. E deste colégio saíram muitos quadros do Estado de Gana, o ensino tinha a mesma estrutura de ensino da Inglaterra o conteúdo porem era segundo os princípios gerais, adaptados a África.
II.1 Particularidades do Estado Somali
Os somalis, ocupam o corno oriental da África, e foram divididos como outros povos africanos, em varias porções, pelos estados submetidos ao colonialismo. Os somalis estavam dispersos em 1946 entre o distrito Norte do Quénia, as províncias de Haud e Ogaden, na Etiópia, a Somália francesa (Djibuti), a Somália italiana e Somália britânica. Na antiguidade, a Somália foi um importante centro de comércio com resto do mundo antigo, seus marinheiros e mercadores eram principais fornecedores de incenso, mirra, e especiarias, os produtos considerados de luxo valiosos, para os antigos egípcios, fenícios, micénicos e babilónicos com que o povo somali negociava. De acordo com a maioria dos estudiosos, a Somália é também o local onde o antigo reino de Punt 1,estava localizado. As estruturas piramidais, templos e casas antigas de alvenaria em torno da Somália, acredita-se que datam desde o tempo da época clássica, várias e antigas cidades-estado, como o pone Masyllon e Malao, competiam com os Sabeus e axumitas pelo comercio indo-greco-romano, que, também floresceu na Somália. Punties eram uma nação de pessoas que tinham relações estreitas com o Egipto faraónico, durante o tempo do faraó sahure e da rainha Hatshepsut.
O nascimento do Islão no lado oposto da costa da Somália no mar Vermelho significou que os comerciantes somalis, marinhos e expatriados que viviam na península arábica, gradualmente ficaram sob influência da nova religião, através de seus parceiros comerciais, convertidos á muçulmanos e árabes. Com a migração de famílias muçulmanas que fugiam do mundo islâmico na Somália nos primeiros séculos do islão e da conversão pacífica da população somali por estudiosos muçulmanos somalis nos séculos seguintes, as antigas cidades estados gradualmente se transformaram nas islâmicas, Mogadíscio, Berbera, Zeila, Barawa e Merca, que faziam parte da civilização Berberi.A cidade de Mogadíscio chegou a ser conhecida como a cidade de Islão, e controlou o comércio de ouro do Leste africano durante vários séculos. Na idade média impérios somalis dominaram o comércio regional.
O sultanato de Adal, cujo general, Ahmed Gurey, foi o primeiro comandante africano na história a usar canhões de guerra no continente durante a conquista do Adal pelo império etíope, e da dinastia gobroon, cujo domínio militar forçou os governadores do império omani, no norte da cidade de Lamu, a pagar tributo ao sultão somali Ahmed Yusuf. No final do século XIX, apôs o fim da conferência de Berlim, impérios europeus partiram com os seus exércitos para o corno de África. As nuvens imperiais oscilando sobre a Somália alarmaram o líder dervixe, Mohammed Abdullah Hassan, que se reuniu com os soldados somali de todo corno de África e começou uma das mais longas guerras de resistência colonial.
Os italianos preparavam os seus territórios para a descolonização, e pata tal elaboraram um plano que consistia que na abertura de escolas. Em 1950 abriram em Mogadíscio uma escola de administração e de política para preparar quadros e dirigentes, essa mesma escola tornou-se em 1957 instituto técnico e comercial que formava quadros técnicos médios, enquanto uma escola superior de direito e de economia continuada em Roma preparava para quadros e dirigentes, essa mesma escola tornou-se em 1957 instituto técnico e comercial que formava quadros técnicos médios, enquanto uma escola superior de direito e de economia continuada em Roma preparava diplomas universitários. Mesmo sendo os italianos lúcidos no concernente a descolonização, encontraram a oposição de Mohammed Hussein, este era um dos fundadores da (L.S.J), depois dos tumultos Hussein refugiou-se no Cairo e para terminar os seus estudos, tomou a direcção política, Abdullahi Issa, que preferiu cooperar com os italianos.
II.2 Instabilidade Política na Somália   
Em 1956,realizaram-se eleições e a L.S.J, conquistou mais de dois terços dos lugares e Abdullahi, assumiu as funções de primeiro-ministro, pouco tempo depois que Hussein regressa do Cairo ataca-o. Hussein foi preso, nas eleições de 1959 a L.S.J obteve 85% dos lugares e a independência foi alcançada em Julho de 1960, Abdullahi tornou-se ministro dos negócios estrangeiros, enquanto, Abdullahi Osman, que estava em posição intermédia entre Hussein e Abdullahi ocupou a posição de primeiro-ministro.
Os britânicos, tinham uma via de colonização mais violenta no seu protectorado somali, a princípio cederam á Etiópia o distrito do Haud, uma vasta zona integrada no império italiano e que haviam recuperado no decorrer da guerra. A comissão que pôs em marcha o mecanismo ritual dos textos constitucionais relativos aos conselhos legislativos e executivos com seus membros administrativos e não oficiais, foi instalada em 1958. A liga somali denunciou a maioria administrativa do conselho administrativo e boicotou as eleições de 1959. Um texto menos tímido previa um conselho legislativo de 33 eleitos e três administrativos.
A L.N.S, participou nas eleições de 1960 e conquistou 20 lugares, 12 foram para o partido somali unificado, a Somália britânica tornou-se independente em 26 de Junho de 1960, quatro dias antes da Somália italiana. O dirigente da Liga Nacional Somali que desempenhava a função de primeiro-ministro, exerceu o cargo por alguns dias, pois a 1 de Julho de 1960 as assembleias nacionais dos dois países reuniam-se em assembleias em Mogadíscio e constituíam-se em Assembleia Nacional da Republica independente da Somália, com uma bandeira ostentado uma estrela com cinco pontas. Três pontas representam os somalis no Quénia, na Etiópia, e em Djibuti (Somália francesa), Mahmud Harb, ganhou as eleições da lei-quadro, ele era partidário da integração Somali, o mesmo optou pela recusa da comunidade Somali, no referendo de 1958, e foi batido, por conta disso, refugiou-se no Cairo. As eleições que se seguiram, trouxeram uma assembleia favorável no ponto de vista da administração francesa, trouxe a promessa de conservar o estatuto do território ultramar.
Na revolução de 21 de Outubro de 1969, a acção foi levada a cabo por causa por causa da personalidade de Siad Barre, os somalis tinham o objectivo de instaurar o “socialismo científico” o mesmo foi apresentado como sendo idêntico ao islâmico. Foram feitas muitas nacionalizações ao controlo de preços, á constituição de comunidades de trabalhadores numa base autogestionária, persegue-se o tribalismo, as estruturas feudais, o novo código de trabalho foi posto em vigor, e também o código civil. Em 1975 proclama-se a igualdade de direitos para as mulheres. Apôs a introdução do alfabeto romano adaptado seguiu-se uma vasta campanha de alfabetização, até que em 1980, 80% da população já soubesse ler.
O processo de ocupação territorial, exploração económica e domínio político do continente africano por potências europeias teve o seu início no século XV, e estende-se até metade do século XX. Ligada a expansão marítima europeia, a primeira fase do colonialismo africano surgiu da necessidade de encontrar rotas alternativas para o Oriente e novos mercados produtores e consumidores. A partir do século XV, exploradores europeus chegaram a África e através de trocas com chefes locais, os europeus estabeleceram o seu domínio e com isso capturaram nativos africanos exportaram para vários pontos do mundo. Esses factores deram origem as crises na Somália, os somalis foram divididos pelas potências coloniais.
Após a Segunda guerra mundial, o território italiano foi colocado sob mandato da O.N.U, permanecendo a parte britânica sob a jurisdição da Inglaterra, em 26 de Junho de 1960 a Somália britânica conquistou a sua independência, quatro dias depois a Somália italiana também conquistou a sua independência, os territórios uniram-se e formaram a República da Somália. A primeira constituição do país foi promulgada em Junho de 1961, isto mediante referendo nacional. Foi estabelecido um sistema de governo parlamentarista inspirado nas democracias europeias, liderado pelo primeiro-ministro Mohamed Egel, e diversos partidos políticos surgiram, representando os mais variados interesses étnicos.
CONCLUSÃO
Apresentamos nesta parte do trabalho, em modo conclusivo a questão que serviu de estudo, bem como as hipóteses que conduziram o processo de investigação a volta do assunto. Assim a abordagem desta temática versou e orientou-se essencialmente nos conflitos da Somália que serviu como pano de fundo a questão colocada. Muito embora o conjunto dos países do Corno de África, depois da independência, ter assistido novos problemas como o das fronteiras das nações, bem como a vitória do nacionalismo africano, que por um lado impediu o progresso, pelo facto de os africanos, na década de 1960, começarem a imitar os modelos europeus ao erguerem em cada nova nação um grupo dominante privilegiado.
Este paradigma desenhou-se pelo facto de uma minoria ter assenhorando-se de muito dinheiro e poder político, sendo a maioria continuando pobre e impotente como antes. Porém, começou a cavar-se um fosso entre os poucos que governavam e os muitos que eram governados. Os governantes e os governados, começaram a olhar-se com ira e desconfiança, que resultou em problemas que hoje se traduz em conflitos. Esta tendência, reveste-se pelo facto de África ter sido parco de várias disputas entre as potências europeias que influenciaram directa e indirectamente na divisão e separação de povos do mesmo grupo étnico pertencentes a mesma região em particular a região do corno de África, onde depois da victória da emancipação política novos problemas surgiram como o caso das fronteiras das nações.    
Privilegiando os seus amigos do outro lado do mar, os novos grupos dominantes tendiam a cair na corrupção, na irresponsabilidade, na ditadura. Estes e mais factores como a competição mundial das grandes potencias e o jogo local de Estados de segundo plano, as recordações vivas de uma história recente e a busca inquieta de um futuro melhor, fazem do corno de África uma zona de mutações bastante aceleradas e de instabilidade durável, que forma o drama de hoje.                    




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[1]MARC, FERRO,(1996), História das Colonizações das Conquistas as Independências Século XIII-XX, Editorial Estampa, Lisboa, p.12.

[2]PODERES Políticos Africanos, Partilha Colonial (Cubango, 1885-1915), III Reunião Internacional da História de África. África e a Instalação do Sistema Colonial, Lisboa, PP.403-414.

[3] M`BOKOLO, Elikia, (2003), África Negra Histórias e Civilizações, Tomo I, Vulgata, Lisboa, p.23.

[4] Ibidem, p.24.
[5] REMOND, René, (2003), A Introdução a História do Tempo. Do Antigo Regime Aos Nossos Dias, edição Gradiva, Lisboa, p.54.

[6] H.L.WESSELING, (1988), A Partilha de África 1880-1914,  UFRJ-editora, p.4.

[7] D.T.NIANE; História Geral da África IV. A África do Século XII ao século XVI, p.437.

[8] CORNEVIN, R. (1972), Memorias de África: das Origens aos nossos dias, Laffont, Paris, p.12.

[9] BETTS, Raymond f, (1991) A Dominação Europeia: métodos e Instituições, in___. Boahen, Ad  Historia Geral da África sob Dominação europeia 1880-1935, Ática/Unesco, S. Paulo, p.13-14.

[10] FRANZ-WITHELM Heimer, (2001), Fronteiras e Identidades Sociais em África, centro de Estudos Africanos-ISCT E, Porto, p.45.
  








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