TRABALHO ORGANIZADO POR JAY KLENDER WORSES
CENTRO EVANGÉLICO DE TEOLOGIA E
MISSÃO SILOÉ
CETEMIS
TRABALHO DE TEOLOGIA
TEMA:
TRABALHO CIENTÍFICO SOBRE RELATIVISMO
E PLURALISMO NA SOCIEDADE DE HOJE
ALUNO: CELESTINO CHIPINDO
DATA: 24-01-2019
LOCAL: VIDRUL – CACUACO
DOCENTE: PASTOR
– MESTRE – MANZAILA ANTÓNIO AFONSO
ÍNDICE
1-INTRODUÇÃO
O presente trabalho científico tem como
objectivo analisar a temática sobre o relativismo e pluralista na sociedade de
hoje. Não existe “certo e errado” quando o assunto é relativismo cultural, pois
se tratando de ética, existem vários códigos culturais e não uma verdade
universal e imperativa, que demonstre objectivamente que uma cultura pode vir a
ser melhor do que a outra (considerando, contudo, que há regras universais,
comuns a todas as sociedades, como “não matar” e “não mentir”).
Contudo, o pluralismo não nasceu no período
pós-moderno. Ele tem suas raízes já no período moderno. No começo do século XIX
Schleiermacher começou a questionar a exclusivismo do cristianismo que dizia
ser Jesus Cristo o único caminho para a vida. Tendo em vista que o bem-estar da
própria população é um valor interno comum a todas as culturas, sugere-se fazer
o seguinte questionamento quando houver dúvidas se determinada prática cultural
é passível de reprovação: a prática em questão promove ou impede o bem-estar da
sociedade afectada. Em um cenário mundial onde fronteiras se estreitam e
oceanos de distância passam a ser relativos, é difícil acreditar que ainda
possam existir classificações de “politicamente correcto ou incorrecto”, ao
invés de uma aceitação cultural. A tecnologia uniu vários mundos antes
desconhecidos, cabendo aos seres deste planeta fazer uso deste “encurtador de
distâncias” para aprender com o diferente e não discriminá-lo.
Contudo, embora o pluralismo não tenha
nascido no período pós-moderno, ele floresceu e desenvolveu-se de maneira
impressionante no período pós-moderno, porque este é o período das
contestações, do abandono e da rejeição dos padrões e das crenças anteriores. O
pluralismo teve as suas portas destravadas no período moderno, e elas foram
escancaradas no período pós-moderno.
2.ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2.1-O Relativismo e Pluralista na sociedade
Que se relativizarmos determinados valores o
resultado será a construção de valores degradados que, por exemplo, consideram
aceitáveis “a imposição de um sofrimento terrível sobre as pessoas” e que
justificam mortes de indivíduos em virtude de seus atributos, preferências,
modos de vida ou enfermidades. Uso a expressão “vida boa” no sentido dado pelo
professor John Kekes no livro The Moralityo fPluralism: uma vida que seja
“tanto pessoalmente satisfatória como moralmente meritória”. Mas “vida boa”,
para Kekes, não significa “vida moral”, observa o professor português José
Tomaz Castello Branco. Isso porque “o primeiro (conceito) é mais amplo que o
segundo na medida em que compreende elementos morais e elementos não morais”,
como afirma em Pensamento Político Contemporâneo – Uma Introdução.Por isso,
garantir a existência dessa “vida boa” exige aceitar “tipos de valores
radicalmente diferentes, e que muitos desses valores são conflitantes e não
podem ser realizados em conjunto”. O pluralismo definido por Kekes parece derrubar
a defesa dos valores morais e de uma verdade que não sejam relativizados, mas o
que ele faz é descrever a realidade que se manifesta na vida concreta: os
valores são muitos, distintos, discordantes e não podem ser todos eles
conciliados de maneira coesa.
Essa discordância entre os distintos valores
morais (bem comum, amor, amizade) e não morais (beleza, carreira, aventura)
podem produzir profundas mudanças morais, especialmente quando os fundamentos
da moralidade sofrem ataques sistemáticos e entram em processo de
desintegração. O equívoco mais comum é enfrentar esse problema radicalizando
uma visão monista segundo a qual só existe um único sistema razoável de valores
(morais e não morais) que funciona para todas as pessoas e ao qual todos
devemos ser submetidos. As últimas décadas do século XX têm sido caracterizadas
por movimentos filosófico-teológicos que romperam com tudo o que,
historicamente, tem sido crido como verdade fundamental, da qual não se poderia
abrir mão. Esses movimentos têm tomado vários nomes como: secularismo,
relativismo, pós-modernismo e pluralismo.
O relativismo é embalado também pelo
ceticismo e pelo utilitarismo, os quais só aceitam o que pode ajudar a viver
num bem-estar hedonista, aqui e agora. Há uma verdadeira aversão ao sacrifício
e à renúncia. Infelizmente, esse perigoso relativismo religioso, que tudo destrói,
penetrou sorrateiramente também na Igreja, especialmente nos seminários e na
teologia. Isso levou o Papa João Paulo II a alertar aos bispos na Encíclica
Veritatis Spendor, de 1992, sobre o perigo desse relativismo que anula a moral
católica.
2.2-O relativismo e o diálogo entre culturas na actualidade
A globalização é uma das características mais
marcantes dos tempos actuais, assim como o acesso rápido à informação através
de redes sociais e compartilhando de vídeos e notícias move o quotidiano das pessoas.
Tamanho avanço tecnológico teve um impacto cultural muito forte, já que agora
qualquer pessoa pode ter acesso e conhecimento a outras culturas e tradições. O
mundo sempre foi multicultural, todavia a visibilidade desse multiculturalismo
foi se afirmando através dos tempos, ganhando maior notoriedade na
contemporaneidade.
2.3-O relativismo no ambiente da Fé
O relativismo actual coloca a ciência como
uma deusa que vai resolver todos os problemas do homem; a qual está acima da
moral e da religião. O que é o relativismo moral e religioso? É uma linha de
pensamento que nega haver uma “verdade absoluta e permanente” como a Revelação
de Deus nas Escrituras e na Tradição da Igreja. Então, deixa por conta de cada
um definir a ”sua verdade” e aquilo que lhe parece ser o seu bem, como se a
verdade fosse algo a se escolher e não a se descobrir. Nessa óptica, tudo é
relativo ao local, à época ou a outras circunstâncias.
3- As Diversas Formas do Pluralismo Pós-Modernista
3.1-A. Pluralismo Intelectual
As fontes do pluralismo intelectual estão
claramente relacionadas com o pós-modernismo, que se evidencia numa cultura sem
os seus absolutos. O modernismo capitulou diante do pós-modernismo. Com este
último, houve um colapso geral da confiança no Iluminismo, no poder da razão
para proporcionar os fundamentos para um conhecimento universalmente válido do
mundo, incluindo Deus. A razão falha em libertar a moralidade correspondente ao
mundo real no qual vivemos. E com este colapso da confiança nos critérios
universais e necessários da verdade, têm florescido o relativismo e o
pluralismo. Uma das ilustrações do pluralismo intelectual pode ser vista na
abordagem dos textos e de sua linguagem.
3.2- Pluralismo Religioso
O pluralismo religioso vigente na sociedade
contemporânea ocidental teve a sua origem em outros ismos filosófico-teológicos
nestas últimas décadas. Ele tem a ver intimamente com o relativismo e com um
pós-racionalismo do Iluminismo, que é o chamado pós-modernismo, além das
influências do orientalismo religioso. Os pluralistas cristãos têm recebido
profundas influências das religiões orientais, especialmente do Budismo. Para
justificar suas ideias, os pluralistas cristãos usam uma parábola contada pelos
budistas sobre seis homens cegos e um elefante. Os pluralistas cristãos têm
usado esse tipo de parábola para ilustrar a relação que tem havido entre o
cristianismo e as outras religiões não-cristãs.
3.3- Pluralismo Teológico
Em virtude da "mega-mudança" havida
no pós-modernismo em relação ao cristianismo pré-moderno, vários pressupostos
teológicos foram modificados no cristianismo pluralista. Eles são evidentes nos
vários ramos da teologia cristã, mas especialmente na cristologia e na
soteriológica (doutrina da salvação):
3.4- Na Soteriologia
O Deus do cristianismo, na soteriológica
pluralista, é um Deus de amor, e não poderia excluir da salvação os
não-cristãos pelo simples fato de eles não serem cristãos. O particularismo
soteriológico dos cristãos durante séculos tem sido questionado, porque agora
tem sido ensinado que a graça de Deus está disponível em todas as culturas que
não foram evangelizadas à moda antiga. A salvação vem através de outras formas
reveladoras de Deus, além daquela que veio em Cristo.
3.5-Pluralismo Ético-Moral
Este aspecto do pluralismo é o resultado de
todos os outros. A ética é a prática da teologia. E o pluralismo do
pós-modernismo não evita os tropeços dos anteriores. As últimas consequências
do pluralismo recaem sobre a ética.Um dos maiores expoentes do pós-modernismo
intelectual de nossos tempos é Michel Foucault. Seu pós-modernismo é refletido
nas suas concepções éticas. Para Michel Foucault a "verdade" do
pré-modernismo e do modernismo sempre vem em favor do poderoso. A
"verdade" dá suporte aos sistemas de repressão por identificar os padrões
aos quais as pessoas podem ser forçadas a se conformar.
3.6- Ética Sexual
A homossexualidade não tem sido mais
concebida como um problema psicológico-moral; a homofobia, sim.15 Convencidos
de que não há uma verdade objetiva, os pós-modernistas ensinam que os valores
devem ser criados pelas próprias pessoas. Dessa forma, os princípios éticos
pós-modernistas passam a seguir a "norma" estabelecida pelo líder do
conjunto de Rock "SexPistols," Johnny Rotten: "Se nada é verdadeiro,
tudo é possível." Onde não há as leis básicas de Deus, os homens entram
numa situação anárquica ética e moralmente. Por essa razão, Dostoievsky disse:
"Se Deus está morto, tudo é permitido."
3.7- O Abandono da Arrogância Cultural e Teológica
A primeira grande pressuposição é que,
segundo a abordagem pluralista, todas as religiões têm que abandonar a sua
arrogância teológica. Nenhum grupo religioso pode jactar-se de ser superior ao
outro em termos de verdade, porque a religião está associada à cultura. E não
existe uma cultura superior à outra. Todas são igualmente boas.
3.8-Pluralista na sociedade de hoje
A cultura ocidental tem passado por muitas
mudanças. Uma cosmovisão depois da outra tem aparecido. A cosmovisão bíblica,
isto é, a ideia de mundo, de criação, de Deus, de homem, etc., através das
lentes da Escritura, tem atravessado todos os períodos da civilização
ocidental. Com o advento dos tempos modernos, a cultura ocidental foi invadida
pela cosmovisão romântica e de um cientificíssimo materialista, do século XIX.
No século XX, ela foi invadida pelo marxismo, fascismo, positivismo e
existencialismo.
4-CONCLUSÃO
O domínio e a consequente sofisticação das
tecnologias resultaram numa exacerbação de diferentes culturas no meio
internacional, o que significa, em termos gerais, uma evolução. Infelizmente, a
visibilidade de culturas tão distintas fez com que o preconceito velado virasse
público. Consequentemente, a questão da diversidade cultural passou a ser
amplamente debatida em nível mundial; afinal, cada cultura possui determinadas
práticas e tradições que, muitas vezes, são julgadas por outras culturas. Toda
esta movimentação faz com que seja necessário um diálogo cultural, que nada
mais é do que umas das premissas a serem compreendidas quando se fala em
relativismo cultural.
Nesse sentido, o discurso do relativismo
cultural defende que todos os povos, grupos ou comunidades expressem sua
cultura de maneira distinta, sendo todas igualmente válidas. Nesse raciocínio,
portanto, não existe um padrão pré-existente que julgue uma cultura como certa
ou errada. Todavia, não raro ocorrem choques entre culturas, como resultado de
reações e pré-julgamentos ao que é diferente.
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