A BULIMIA EM ADOLESCENTES

REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO GOVERNO DA PROVÍNCIA DO BENGO ESCOLA DE FORMAÇÃO DE TÉCNICO DE SAÚDE DO BENGO E.F.T.S.B TRABALHO DE SAÚDE DA CRIANÇA A BULIMIA EM ADOLESCENTES DOCENTE _______________________ MANUEL AFONSO MARÇO / 2019 ESCOLA DE FORMAÇÃO DE TÉCNICO DE SAÚDE DO BENGO E.F.T.S.B TRABALHO DE SAÚDE DA CRIANÇA A BULIMIA EM ADOLESCENTES SALA: 16 GRUPO: 03 CLASSE: 12ª PERÍODO: TARDE CURSO: ENFERMAGEM GERAL DOCENTE _______________________ MANUEL AFONSO MARÇO / 2019 LISTA DOS INTEGRANTES DO GRUPO 1. Adolfo Isaias Garcia 2. Engracia Gomes Pedro 3. Filomena Manuel Vunge 4. Ivánia Francisco Mateus 5. Manuel Rodrigues Sebastião 6. Nascimento da Piedade Augusto 7. Nelson António Paulo 8. Rosalina Seleste Sauandi INTRODUÇÃO Os transtornos alimentares são frequentemente considerados quadros clínicos ligados à modernidade, na medida em que ao avanço da mídia nas últimas décadas tem se dado papel de relevância quase casual.De acordo com a última edição do DSM, "a bulimia é caracterizada por episódios repetidos de compulsões alimentares seguidas de comportamentos compensatórios inadequados" (APA, 1995, p. 511), além de uma excessiva influência da forma e do peso corporal na auto-avaliação do indivíduo. Assim sendo, o presente trabalho visa abordar sobre a Bulimia em adolescentes, cujo objectivos é de Conceituar o termo Bulimia, identificar as suas Causas, Sinais e Sintomas, Conhecer o seu Diagnóstico, Tratamento, Complicações e Descrever os Cuidados de Enfermagem a ter com o paciente que apresenta este quadro clínico ou esta patologia. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Histórico O preconceito em relação à obesidade tem sido muito intenso e a magreza estáligada a um padrão de beleza massificado, ao sucesso, perfeição, competência,autocontrole e atratividade sexual. O corpo perfeito é sinônimo do ideal corporal dacultura no qual o ser humano está inserido e, na maioria dos casos, impossível de seralcançado (OLIVEIRA; HUTZ, 2010). A primeira descrição científica da Bulimia foi feita por GeraldRussell (1979), sendo caracterizada por uma ingestão rápida e compulsiva de grandesquantidades de alimentos, sem qualquer prazer, com sensação de perda de controle, deacordo com Claudino e Cordás (2002). Segundo esses autores, o termo foi usadoséculos antes de Cristo, designando-se uma fome doentia, por Hipócrates, querecomendava a indução de vômitos por dois dias consecutivos todo mês como ummétodo de prevenir diferentes doenças. Os romanos criaram o “vomitorium”, que lhespermitia alimentar-se em excesso durante os banquetes, e posteriormente vomitar emlocal reservado para esta finalidade. A bulimia nervosa (BN) tem uma história muito antiga; o termo deriva do grego"bous" (boi) e "limos" (fome), designando, assim, um apetite tão grande que seriapossível um homem comer quase um boi (CLAUDINO; CORDÀS, 2002). Gerald Russell (1979) descreveu a bulimia como uma nova doença derivada da anorexia. Russell considerou a bulimia como uma variante sinistra da anorexia e definiu-a assim: - os doentes sentem uma necessidade imperiosa e compulsiva de comer em excesso; - fazem tentativas para evitar o aumento de peso provocado pelos alimentos ingeridos através do recurso a vómitos e laxantes; - têm um receio mórbido de engordar; Mais tarde verificou-se que a bulimia nervosa também surgia em pessoas que registavam um peso normal e não só em anoréxicas. O conhecimento deste quadro como entidade nosológica distinta tem avançado rapidamente, graças à proliferação de grupos de pesquisa em vários países. Este facto é, principalmente, reflexo da importância clínica e epidemiológica que a Bulimia vem demonstrando, superando em número de publicações, o interesse pela sua "irmã mais velha", a Anorexia Nervosa. American Psychatric Association. DSM-IV-R. (1995). 2.1.1Conceito A bulimia refere-se a um distúrbio alimentar, algo semelhante a A.N. AB é caracterizado por episódio repetido por compulsão alimentar, seguidos de comportamentos compensatórios inadequados, tais como: vómitos, auto induzidos; devido delachantes, diuréticos, ou outros medicamentos.; jejum; ou prática de exercícios físicos excessivos. (American Psycgiatric Associatio, 2000). A nosso ver, “a bulimia é um transtorno alimentar no qual uma pessoa oscila entre a ingestão exagerada de alimentos, com um sentimento de perda de controle sobre a alimentação, e episódios de vômitos ou abusos de laxantes tentando impedir o ganho de peso. Também chamada de bulimia nervosa, o distúrbio leva as pessoas a estarem sempre preocupadas com a aparência, principalmente com o peso”. A bulimia nervosa geralmente acontece na adolescência e no início da faseadulta, sendo mais comum em mulheres, de acordo com Brandão (2004). Os episódiosbulímico acontecem após uma ingestão calórica de até 8585 kcal em uma média de 59minutos, podendo ser planejados, pois eles acontecem, muitas vezes, quando o pacientejá está se sentindo culpado por achar que comeu muito ou por ter comido algumalimento específico, sendo que seu pensamento passa a ser “Já que” ou “tudo ou nada”(PHILLIPI; ALVARENGA, 2004). 2.1.2 Causas A causa exata da bulimia ainda é desconhecida. Trata-se de um transtorno de alimentação e, por isso, muitos fatores podem estar envolvidos nos motivos que levam à sua ocorrência. (Associação Brasileira de Psiquiatria). A influência exercida pela mídia sobre o comportamento e o padrão de beleza das pessoas também pode estar entre as possíveis causas da bulimia. O culto ao corpo magro e o desprezo às pessoas acima do peso pregado pela indústria da beleza e da moda, aparentemente, levam milhões de pessoas em todo o mundo a apresentar quadros de bulimia. Dessa forma, a bulimia é um distúrbio de imagem, no qual o paciente não consegue aceitar seu corpo da forma como ele é, ou tem a impressão de que está acima do peso em níveis acima da realidade. Isso pode levar a um quadro de ansiedade, que faz a pessoa buscar maneiras bruscas de perder peso rapidamente, ao mesmo tempo em que busca conforto na comida. (Associação Brasileira de Psiquiatria). 2.1.3 Sinais e Sintomas de Bulimia Quando um indivíduo é afectado pelo nervosa da bulimia, diversas mudanças podem ocorrer no corpo que pode se tornar evidente. Em conseqüência da má nutrição, do vômito freqüente, ou do uso dos laxantes ou dos diuréticos, a concentração de eletrólitos (por exemplo, potássio, magnésio e sódio) no sangue pode ser alterada. Isto pode causar efeitos conseqüentes tais como mudanças no ritmo do coração (arritmias). Outros sintomas ligados ao sistema cardiovascular incluem a massa diminuída do músculo no coração, na parada cardíaca, na hipotensão, na bradicardia e na anemia. (Yolanda Smith, B.Pharm, Aug 23,2018). Outros sinais e sintomas de bulimia mais comuns são: • Preocupação excessiva com o peso e com a silhueta • Ter medo de ganhar peso • Perder o controle sobre o que come • Comer em excesso até sentir desconforto ou dor • Ir ao banheiro imediatamente após as refeições • Forçar o vômito após comer • Fazer uso de diuréticos e laxantes após comer • Usar suplementos diários de perda de peso. 2.1.4 Diagnóstico O diagnostico é feito com base as manifestações Clinica, em conformidade com os croterios estabelecidos pela American Psycgiatric Associatio (2000). A suspeita de um diagnóstico da Abulimia pode acontecer pela presença das complicações. De acordo com os critérios de Diagnóstico para BN no DSM-IV-TR (APA,1995), são comuns os comportamentos compensatórios inapropriados para prevenir ganho de peso, como vômito auto-induzido, laxantes, diuréticos ou outras drogas, alémde dietas restritivas e exercícios físicos excessivos, com episódios em média duas vezespor semana. São dois os subtipos da BN, o purgativo e o não purgativo. O purgativo tema auto-indução de vômitos, com abuso de laxantes e diuréticos e enemas. Já o nãopurgativo se baseia na prática de exercícios excessivos ou jejuns e sem práticaspurgativas. Para os critérios de Diagnóstico para BN no CID-10 (OMS, 1993), há, por partedo bulímico, auto percepção de estar muito gordo, com pavor intenso de engordar e comuso de exercícios excessivos ou jejuns. Em pacientes diabéticos, negligenciar otratamento insulínico é comum. Essa omissão ou uso insuficiente de insulina necessáriapara o controle da glicemia com o objetivo de perda de peso é chamado de Dia bulimia(RUTH-SAHD et al., 2009). Leonidas e Santos (2013, p. 562), alegam que pacientes com BN apresentam: Comportamentos marcadamente impulsivos, auto-estemas flutuante,pensamentos e emoções desadaptativas, busca exacerbada de estímulos eexperiências novas, além de traços histriônicos. 2.1.5 Tratamento Levando em consideração as diferentes linhas de atuação do psicólogo notratamento aos Transtornos Alimentares, a abordagem psicodinâmica refere-se àcompreensão do psiquismo em seus processos dinâmicos, tendo como objetivo deauxiliar os pacientes a compreender os significados dos sintomas manifestos e encontraralternativas para lidar com esse sofrimento (GORGATI et al., 2002). Quanto aos bulímico, eles demonstram claramente oconflito que estão tendo entre o desejo inconsciente para o comer compulsivo e acensura psíquica relacionada ao pavor intenso para engordar. Na maioria dos casos, esseconflito não é resolvido o que faz com que os episódios venham a se repetir (COBELOet al., 2008; FERNANDES, 2006) A psicologia comportamental tem como objetivo desenvolver repertórios queproduzam reforço social; buscar que o cliente se auto conheça e conheça as relações quecontrolam seu comportamento de não comer; e desenvolver repertórios que a levem adiversos reforços. Esse condicionamento comportamental consiste na liberação derecompensas à medida que o paciente vai cooperando com o tratamento (BRANDÃO,2004). O tratamento na terapia comportamental tem a função de avaliar ocomportamento contextualizado e em diferentes graus, devendo levar em consideraçãoque justamente esse comportamento é aprendido, chegando a se tornar um hábito oucostume (TODOROV, 2007). De acordo com Carter e McGoldrick (1995, p. 20) as famílias com filhosadolescentes devem estabelecer fronteiras qualitativamente diferentes das famílias comfilhos mais jovens. As autoras afirmam que: As fronteiras agora, devem ser permeáveis. Os pais não podem mais imporuma autoridade completa. Os adolescentes podem e realmente abrem afamília para o cortejo completo de novos valores, quando trazem seus amigose novos ideais para a arena familiar. As famílias que descarrilam nesteestágio podem muito fechadas a novos valores e ameaçadas por eles, e comfrequência estão fixadas numa visão anterior de seus filhos. Neste estágio, segundo as autoras citadas acima, os adolescentes começam aestabelecer seus próprios relacionamentos independentes com a família ampliada, e sãonecessários ajustes especiais entre os pais, para permitir que o adolescente possamovimenta-se para dentro e fora do sistema. As fronteiras devem ser permeáveis,permitindo aos adolescentes se aproximarem e serem dependentes nos momentos emque não conseguem manejar as coisas sozinhas, se afastarem e experimentarem, comgraus crescentes de independência. • Medicamentos para Bulimia Os medicamentos mais usados para o tratamento de bulimia são: • Daforin • Fluoxetina. Por fim, e não menos importante, a família tem sido considerada uma parceiranecessária no tratamento dos Transtornos Alimentares, porém é comum percebermosintensa dificuldade de entenderem o transtorno alimentar e seus sintomas comconcepções equivocadas, muitas vezes de viés moralista. (SCORSOLINI-COMIN et al.,2010; SOUZA; SANTOS, 2006) 2.1.6Complicações A bulimia pode ser perigosa e levar a complicações médicas graves ao longo do tempo. Por exemplo, os vômitos frequentes colocam ácido gástrico no esôfago (o tubo que liga a boca ao estômago), o que pode lesar permanentemente essa área. • Possíveis complicações da bulimia incluem: • Constipação • Desidratação • Cáries • Desequilíbrios eletrolíticos • Hemorroidas • Pancreatite • Inflamação na garganta • Rasgos no esôfago devido ao excesso de vômitos. 2.1.7 Cuidados de Enfermagem O processo de enfermagem para cuidado de adolescente com um transtorno alimentar é descrito no plano de cuidados.(American Psycgiatric Associatio, 2000). Se a vida do adolescente estiver em perigo iminente, como resultado da desnutrição, implementar um plano para restaurar a Homeostasia fisiológica: reposição de líquido e eletrólitos, alimentação intérica de acordo com as necessidades, e monitorização dos sinais vitais e do equilibro hidroelétricos. Trabalhar em colaboração com a equipa de saúde multidisciplinar (nutricionista, conselheiro de saúde mental, médico, enfermeiro), para estabelecer um plano de assistência consiste para o adolescente com transtornos alimentares identificados. • Desenvolver um acordo mutuo de objectivos diários de ingestão calórica. • Observar os comportamentos alimentares e monitorizar a ingestão nutricional e o comportamento durante 1 a 1 ½ horas. • Monitorizar-se nas vitais de acordo com a situação. • Monitorizar status dos líquidos e electrólitos. • Definir com adolescente a quantidade de líquidos aceitáveis a ingerir por dia. • Estabelecer com adolescente um objectivo relacionado com exercício diário que esteja de acordo com a gestão de nutrientes e ganho de peso. • Monitorizar as actividades para ver a ocorrência de comportamentos prejudiciais, tais como: administração de inemas, vomito, comportamento compulsiva (bulimia) e exercício excessivo. • Estabelecer limites e definir claramente expectativas em relação ao plano terapêutico que aumenta a gestão de nutrientes. • Desenvolver um contrato comportamental para gestão de nutrientes e sensação de comportamentos prejudiciais a alimentação. • Monitorizar sinais de recaídas: perda de peso, perda de massa muscular, alopésia, sinais de desequilíbrio, hidroelectrolicos. A literatura a respeito do papel do profissional de enfermagem no tratamento dos transtornos alimentares evidência a importância da actuação da enfermagem e destaca que é de fundamental importância estudos e pesquisas que discutam e reflictam sobre a qualidade da assistência de enfermagem e sobre o seu papel no tratamento desses pacientes, a fim de se ampliar as dimensões do cuidar, amenizando o sofrimento e a dor dessas pessoas e dos seus familiares. No que diz respeito especificamente ao papel da enfermagem no tratamento dos transtornos alimentares, autores afirmam que o profissional de enfermagem, pelo seu perfil de cuidador, educador e pesquisador, é elemento importante no trabalho da equipe multidisciplinar que atende a pacientes com anorexia e bulimia nervosas, uma vez que tenta buscar estratégias que favoreçam a recuperação do doente, de sua família e da sociedade em geral. Conclusão Os transtornos alimentares como a Bulimia são patologias, assim como os outros transtornos, que requerem dos adolescentes que convivem com ele comportamentos e atitudes de compreensão, entendimento, colaboração, paciência, disponibilidade, busca constante de orientação e momentos de reflexão. Nesse momento o principal e mais importante é o papel da família, que ajuda o paciente a chegar a uma compreensão melhor de como ele está e como chegou até aqui. Por fim, uma das ferramentas utilizadas pelos profissionais de enfermagem no tratamento dos transtornos alimentares (como a Bulimia) é a implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a qual permite que esses profissionais ofereçam assistência individualizada e holística aos pacientes sob seus cuidados. O enfermeiro de forma interdisciplinar necessita buscar qualificação profissional, atualizando-se sobre as melhores evidências científicas e tratamentos que demonstraram alto potencial de resolutividade, para que possam oferecer uma assistência qualificada aos pacientes com Bulimia. Referências Bibliográficas Ballone, G.J. (2005). Transtornos alimentares na adolescência, PsiqWeb. Disponível em www.psiqueweb.med.br. Acesso em: 25 de maio de 2011. BRANDÃO, M.L. Comportamento alimentar. In Brandão, M.L. (orgs.) As bases biológicas do comportamento: Introdução à neurociência. São Paulo: EditoraPedagógica Universitária, 2004 CLAUDINO, A.M.; CORDÀS, T.A. Transtornos alimentares: fundamentos históricos.Revista Brasileira de Psiquiatria. São Paulo, Edição 24, Periódico 3, p.03–06, 2002. COBELO, A.W.; GONZAGA, A.P.; WEINBERG, C. Abordagem psicanalítica nostranstornos alimentares. Cadernos da CEPPAN – Revista de TranstornosAlimentares. São Paulo, Edição 1, 2008. OLIVEIRA, L.L.; HUTZ, C.S. Transtornos Alimentares: o papel dos aspectos culturais no mundo contemporâneo. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, n. 3, p. 575-582,2010. PHILIPPI, S. T.; ALVARENGA, M. Transtornos alimentares: uma visão nutricional. Barueri: Editora Manole, 2004. RUTH-SAHD, L.A., SCHNEIDER, M.; HAAGEN, B. Diabulimia: what it is and howto recognize it in criticalcare. Dimensions of Critical Care Nursing, edição 28, v. 4, p.147-153, 2009. WONG, D. L. Enfermagem Pediátrica: elementos essências à intervenção efectiva. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000 https://www.minhavida.com.br/saude/temas/bulimia (Associação Brasileira de Psiquiatria) O que é Bulimia? INTRODUÇÃO Os transtornos alimentares são freqüentemente considerados quadros clínicos ligados à modernidade, na medida que ao avanço da mídia nas últimas décadas tem se dado papel de relevância quase casual. Uma breve revisão histórica evidencia a existência dessas patologias ao longo do tempo e retoma a velha discussão psicopatológica do essencial e do acessório, do patogenético e do patoplástico, enfim das relações entre a doença e a cultura. Os transtornos alimentares (TA) são caracterizados por perturbações severas no comportamento alimentar (APA, 1995). Existem, atualmente, dois tipos de TA bem definidos e descritos: a Anorexia Nervosa (AN) e a Bulimia Nervosa (BN). Ballone (2005) afirma que de 0,5% a 1% da população brasileira é diagnosticada com anorexia e que a bulimia apresenta índices entre 1% e 3%. Entretanto, de acordo com o mesmo autor, esses números vêm sofrendo um aumento significativo a cada ano, atingindo parcelas cada vez mais diversificadas da população. Ainda segundo Ballone, anteriormente, os transtornos alimentares tinham prevalência entre mulheres adolescentes, mas atualmente, tais patologias vêm atingindo também crianças e adultos. Da mesma forma, os TA se restringiam às classes mais privilegiadas, e hoje alcançam todos os níveis socioeconômicos. Fráguas (2009) constatou que a diferença entre gêneros também diminuiu, apesar de a prevalência continuar sendo entre mulheres. De acordo com Fráguas (2009, p. 334), tanto na anorexia quanto na bulimia, os indivíduos "vivem experiências silenciosas e solitárias de intenso sofrimento e segredo". São, geralmente, meninas "muito frágeis, com baixa autoestima e muita vulnerabilidade a situações de estresse, silenciosas e solitárias em sua dor". Portanto, são pessoas que, Apresentam percepção pobre sobre si mesmas e sentem-se muito inseguras de seus afetos e de sua atuação no mundo. Experimentam a sensação de que não conseguem atender às expectativas da família e das pessoas que as cercam, gerando sentimento de grande impotência e falta de competência. São escravas de ideais inatingíveis de beleza, buscando padrões inalcançáveis (Fráguas, 2009, p.334). Ambos os transtornos são considerados de origem e manutenção multifatorial, por envolver aspectos biológicos, psicológicos, familiares e sociais. Entretanto, a AN difere da bulimia em vários aspectos. Um deles é o estilo familiar, no qual as famílias de pacientes com BN tendem a ser mais desorganizadas e conflituosas, enquanto as famílias de pacientes com anorexia tendem a evitar conflitos e anseiam por manter uma boa impressão. Outra grande diferença está relacionada ao fato de que a BN está associada a uma vergonha considerável, o que implica numa dificuldade de tais pacientes revelarem seus sintomas. Estes veem os sintomas como indesejáveis e, muitas vezes, expressam o desejo de se livrarem dos mesmos. Já na AN, a vergonha está adjunta à alimentação e não aos sintomas da doença. Há, inclusive, um orgulho considerável dos sintomas (Le Grange & Lock, 2009). De acordo com a última edição do DSM, "a bulimia é caracterizada por episódios repetidos de compulsões alimentares seguidas de comportamentos compensatórios inadequados" (APA, 1995, p. 511), além de uma excessiva influência da forma e do peso corporal na autoavaliação do indivíduo. As compulsões e os comportamentos compensatórios devem ocorrer, em média, duas vezes por semana, por pelo menos três meses, para caracterizar a BN. É um transtorno que ocorre nas mulheres, em 90% dos casos, predominantemente entre adolescentes e jovens adultas, e costuma começar com a apresentação de compulsões durante ou após dietas. A compulsão alimentar deve ser definida como a ingestão de uma grande quantidade de alimentos, em um curto período temporal. Essa quantidade de alimentos deve ser consideravelmente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria, em uma situação semelhante. Comumente, as compulsões incluem alimentos de alto teor calórico, como doces, bolos e sorvetes. No início do quadro, os episódios de compulsão são acompanhados por um sentimento intenso de falta de controle, que, posteriormente, perde esta forma e se transforma em um prejuízo do controle, caracterizado pela dificuldade em resistir a comer excessivamente ou dificuldade para dar um fim ao episódio de compulsão iniciado (APA, 1995). Os comportamentos compensatórios inadequados, utilizados para prevenir o aumento de peso, definem os dois subtipos de BN. O subtipo purgativo é caracterizado por métodos como a autoindução de vômito ou o uso indevido de laxantes, diuréticos e enemas para evitar o ganho de peso. Já o subtipo sem purgação se caracteriza por comportamentos compensatórios tais como jejuns e exercícios excessivos, que podem ocorrer em momentos ou contextos inadequados, atrapalhando atividades importantes e que acontecem, inclusive, quando o indivíduo está lesionado ou com complicações médicas. Os sintomas depressivos e a preocupação com a forma e o peso são mais frequentes no subtipo purgativo (APA, 1995). Dados sugerem que os sujeitos que desenvolvem o quadro de BN estão mais propensos ao excesso de peso do que seus pares, principalmente no caso dos homens que apresentam esta patologia. Além disso, estas pessoas apresentam, com maior frequência, sintomas depressivos, de ansiedade e abuso ou dependência de substâncias, como álcool e estimulantes. Outros estudos sugerem que os indivíduos com esse quadro possuem familiares de primeiro grau com BN, transtornos de humor, abuso e dependência de substância, ou obesidade (APA, 1995). Além da morbidade psiquiátrica, os sintomas da BN e a preocupação com os alimentos e o peso corporal podem vir a prejudicar o funcionamento social, escolar e profissional. E embora se trate de uma condição psiquiátrica, a bulimia pode ser um risco à vida, em virtude dos efeitos fisiológicos dos sintomas. Além de que, a ideação suicida e as tentativas de suicídio são significantemente maiores em pacientes com BN do que em outros adolescentes (Le Grange & Lock, 2009). Espíndola e Blay (2006) realizaram um estudo no qual detectaram vários aspectos sobre as pessoas que apresentam o quadro de BN. Quanto à representação da doença, os portadores deste transtorno a veem como uma impossibilidade de se controlar frente ao ataque de compulsão, concebem a patologia como uma força externa que os domina, como uma doença propriamente dita ou como um traço da personalidade. Os principais sentimentos negativos, que permeiam a experiência de pessoas com BN, são a solidão, o medo, a culpa, a raiva, a tristeza e a baixa autoestima. Já os sentimentos positivos são o controle do peso, o poder sobre o corpo e o manter-se magra. Ainda segundo estes autores, as pessoas com BN costumam ter uma história pessoal de sobrepeso, ou experiências traumáticas no passado. Já sobre a função do sintoma, algumas pessoas utilizam a compulsão para o manejo de emoções negativas ou positivas, podendo usar o alimento como calmante, anestésico, conforto para momentos de solidão e satisfação de outras necessidades, que não a fome fisiológica, como uma forma de compensação. Normalmente, as relações interpessoais desses sujeitos são marcadas pela evitação de proximidade e intimidade, o que leva a relações distantes e superficiais, além do sentimento de rejeição atribuído à má forma física. As relações familiares também são seriamente comprometidas neste tipo de transtorno, devido ao aumento de desentendimentos, diminuição da comunicação e rivalidade entre irmãos (Espíndola & Blay, 2006). A colaboração da família no surgimento ou manutenção do TA, tem sido sugerida por Minuchin, Nichols e Lee (2009). Da mesma forma, a participação da família é de fundamental importância para a cooperação e adesão ao tratamento. Independente das leituras e interpretações, que podem ser feitas, é interessante conhecer as relações familiares, quando se pensa em uma intervenção clínica para situações de dor e sofrimento. Em artigo sobre esse tema, Fráguas (2009) cita Minuchin et al. (2009, p. 338), que identificaram e estudaram famílias que "funcionavam segundo um padrão interacional que se repetia, e o sintoma tinha importante função na evitação do conflito subjacente e na manutenção do equilíbrio familiar". Minuchin nomeou tais famílias como "famílias psicossomáticas" e identificou que as mesmas apresentam características como: aglutinação, superproteção, rigidez e falta de resolução de conflitos (Fráguas, 2009, p. 338). Esta pesquisa entra na área da psicossomática, quando retira o foco do impacto da doença na família e dá ênfase ao impacto da vida em família no processo da doença. As doenças psicossomáticas mostram como os fatores psicológicos podem afetar o corpo de forma destrutiva. Da mesma forma, a doença interfere nos processos interacionais da família, que, por sua vez, interferem no processo de adoecimento. O "modelo da família psicossomática" de Minuchin et al. (2009) propõe uma interação circular, na qual a doença interage com os padrões familiares e os processos interacionais da família interferem no processo de adoecimento, que, por sua vez, reforça os padrões familiares e estabelece um processo progressivo de interação. Optou-se pela abordagem sistêmica da família, devido à crença de que a dinâmica familiar pode estar relacionada tanto com o surgimento e a manutenção da doença, como também pode funcionar como uma forte colaboradora para o tratamento da BN. Segundo Le Grange e Lock (2009), existe, comumente, uma negação e minimização sobre a natureza alarmante dos sintomas bulímicos, tornando as pacientes impossibilitadas de avaliar a seriedade de sua doença. Esta situação exige que os pais garantam que a adolescente esteja recebendo um tratamento adequado. O objetivo desta pesquisa foi conhecer o papel da alimentação na família de uma adolescente que tem BN, identificando o padrão alimentar e o significado do alimento na história familiar. Buscou-se encontrar, nas narrativas familiares, fatos e situações que envolviam a alimentação, bem como compreender o significado do alimento para a família. American Psychatric Association. DSM-IV-R. (1995). Diagnostic and statistical manual of mental disorder. (4th ed. Revised). Washington. Ballone, G.J. (2005). Transtornos alimentares na adolescência, PsiqWeb. Disponível em www.psiqueweb.med.br. Acesso em: 25 de maio de 2011. historial Desde a primeira descrição da Bulimia por Gerald Russell (1979), que descreveu a bulimia como uma nova doença derivada da anorexia. A palavra bulimia tem uma raiz grega que significa "fome de boi". Russell considerou a bulimia como uma variante sinistra da anorexia e definiu-a assim: - os doentes sentem uma necessidade imperiosa e compulsiva de comer em excesso; - fazem tentativas para evitar o aumento de peso provocado pelos alimentos ingeridos através do recurso a vómitos e laxantes; - têm um receio mórbido de engordar; Mais tarde verificou-se que a bulimia nervosa também surgia em pessoas que registavam um peso normal e não só em anoréxicas. o conhecimento deste quadro como entidade nosológica distinta tem avançado rapidamente, graças à proliferação de grupos de pesquisa em vários países. Este facto é, principalmente, reflexo da importância clínica e epidemiológica que a Bulimia vem demonstrando, superando em número de publicações, o interesse pela sua "irmã mais velha", a Anorexia Nervosa. A Bulimia é caracterizada, em sua forma típica, pela ingestão compulsiva e rápida de grande quantidade de alimento, com pouco ou nenhum prazer, alternada com comportamento dirigido para evitar o ganho de peso (como vomitar, abusar de laxantes e diuréticos ou períodos de restrição alimentar severa) e medo mórbido de engordar. O vômito auto-induzido é extremamente comum, sendo encontrado em até 95% dos pacientes, provavelmente pelo seu efeito de redução imediata da ansiedade.23 É interessante lembrar que o comportamento de forçar o vômito é muito antigo e pode ser encontrado precocemente na história de diferentes povos da Antiguidade. No antigo Egito, por exemplo, grande parte do papiro de Eber é dedicado ao estímulo e às virtudes do ato de vomitar. Segundo Heródoto, os egípcios vomitavam e usavam purgativos todo mês, por três dias consecutivos, julgando que "todas as doenças dos homens são oriundas da comida". Na medicina grega é sabido que Hipócrates também recomendava a indução de vômitos por dois dias consecutivos todo mês como um método de prevenir diferentes doenças. Os romanos criaram o vomitorium, que lhes permitia alimentar-se em excesso durante os banquetes, e posteriormente vomitar em local reservado para esta finalidade, às vezes usando uma pena de ave para estimular o reflexo do vômito na garganta. Purgantes eram populares já na Idade Média. De fato junto com os eméticos (medicamentos para induzir o vômito) dominaram o arsenal terapêutico por muitos anos, sendo tudo o que um médico podia prescrever na época, prática que foi violentamente satirizada por Moliére em suas peças. O termo bulimia tem uma história muito antiga; deriva do grego "bous" (boi) e "limos" (fome), designando assim um apetite tão grande que seria possível a um homem comer um boi, ou quase. Entre os séculos XV e XVIII, diferentes variantes do termo, como os derivados do latim "bulimus" e "bolismos" ou do francês "bolisme", com o mesmo significado anterior, foram empregados na literatura médica na Inglaterra, França, Alemanha e Polônia.24 Desde há quase um século, pacientes com Bulimia Nervosa, como o célebre caso Ellen West, descrito por Binswanger, aparecem na literatura psiquiátrica recebendo outros diagnósticos ("obsessão da vergonha do corpo", Janet) na ausência de um nome mais apropriado.25 Mas ainda, o caso de Ellen West apresenta todo o corolário de sintomas que hoje nos permitiria o diagnóstico, como medo de engordar, marchas exageradas (20-25 milhas por dia), apetite voraz alternando-se com dietas restritivas e abuso de tabletes tireoideanos para perder peso. A sonhadora Ellen, que faz poesias, lê Rilke, Goethe, Tennyson e Mark Twain, apresenta períodos de melancolia, descreve-se como alguém com "compulsão de ter de pensar em comer" e, mesmo internada num dos melhores sanatórios da época, o "Kreuzlinger", e atendida por Bleuler, a pedido de Binswanger, não obtém qualquer melhora, cometendo o suicídio com ingestão de veneno. Inicialmente descrito entre pacientes com anorexia nervosa e posteriormente entre obesos (anos 50), em meados da década de 70, pesquisadores identificaram sintomas bulímicos entre mulheres jovens de peso normal.26 A descrição histórica de 30 casos por Russell, em 1979, sugeria que o quadro seria uma estranha evolução da Anorexia Nervosa e, particularmente, do subgrupo dos anoréxicos bulímicos. Essas pacientes possuíam um "impulso irresistível para comer excessivamente", seguido de vômitos auto-induzidos como forma de purgação e um medo mórbido de engordar. A perda de peso mínima ou ausente, refere Russell, caracterizaria os piores medos das pacientes tornando-se realidade.22 Estudos posteriores demonstraram, no entanto, que apenas 20% a 30% dos pacientes bulímicos apresentavam, em sua história pregressa, um episódio de anorexia nervosa, geralmente de curta duração.27 Nomes diferentes já foram dados ao quadro, incluindo hiperorexia nervosa, bulimarexia, bulivomia, síndrome do caos alimentar, bulimia e, finalmente, Bulimia Nervosa, termo hoje, de aceitação geral. Referências 1. Parry-Jones B. Historical terminology of eating disorders. Psychol Med 1991;21:21-8. [ Links ] 2. Bruch H. Eating disorders: obesity, anorexia nervosa, and the person within. New York: Basic Books; 1973. p. 396. [ Links ] 3. Bell RM. Holy anorexia. Chicago: University of Chicago Press; 1985. [ Links ] 4. Silverman JA. Historical development. In: Halmi KA, ed. Psychobiology and treatment of anorexia nervosa and bulimia nervosa. Washington (DC): American Psychiatric Press; 1992. p. 3-17. [ Links ] 5. Silverman JA. Louis-Victor Marcé, 1828-1864: anorexia nervosa's forgotten man. Psychol Med 1989;19:833- Definição A bulimia é um transtorno alimentar alimentar no qual uma pessoa oscila entre a ingestão exagerada de alimentos, com um sentimento de perda de controle sobre a alimentação, e episódios de vômitos ou abusos de laxantes tentando impedir o ganho de peso. Também chamada de bulimia nervosa, o distúrbio leva as pessoas a estarem sempre preocupadas com a aparência, principalmente com o peso. Causas A causa exata da bulimia ainda é desconhecida. Trata-se de um transtorno de alimentação e, por isso, muitos fatores podem estar envolvidos nos motivos que levam à sua ocorrência. A influência exercida pela mídia sobre o comportamento e o padrão de beleza das pessoas também pode estar entre as possíveis causas da bulimia. O culto ao corpo magro e o desprezo às pessoas acima do peso pregado pela indústria da beleza e da moda, aparentemente, levam milhões de pessoas em todo o mundo a apresentar quadros de bulimia. Dessa forma, a bulimia é um distúrbio de imagem, no qual o paciente não consegue aceitar seu corpo da forma como ele é, ou tem a impressão de que está acima do peso em níveis acima da realidade. Isso pode levar a um quadro de ansiedade, que faz a pessoa buscar maneiras bruscas de perder peso rapidamente, ao mesmo tempo em que busca conforto na comida. Fatores de risco Fatores genéticos, psicológicos, traumáticos, familiares, sociais ou culturais podem contribuir para seu desenvolvimento. A bulimia provavelmente ocorre devido a mais de um fator. A bulimia afeta muito mais mulheres do que homens e é mais comum em mulheres adolescentes e em jovens adultas. A genética também pode ser um fator de risco para a bulimia. Estudos mostram que ter um parente com bulimia pode favorecer o desenvolvimento da doença. No entanto, ainda não está certo se é um fator genético que predispõe à bulimia ou o comportamento familiar que favorece a doença. Sintomas de Bulimia Os sintomas de bulimia mais comuns são: • Preocupação excessiva com o peso e com a silhueta • Ter medo de ganhar peso • Perder o controle sobre o que come • Comer em excesso até sentir desconforto ou dor • Ir ao banheiro imediatamente após as refeições • Forçar o vômito após comer • Fazer uso de diuréticos e laxantes após comer • Usar suplementos diários de perda de peso. Diagnóstico de Bulimia Quando há suspeita de bulimia, o médico deverá realizar um exame físico completo do paciente em questão e pedir para que ele faça um exame de fezes e urina. É comum também que haja necessidade de avaliação psicológica do paciente, uma vez que bulimia é um distúrbio alimentar muitas vezes relacionado ao psicológico. Tratamento de Bulimia Pessoas com bulimia raramente vão ao hospital, exceto quando os ciclos de comportamento bulímico acarretam também em anorexia ou quando forem necessários medicamentos para ajudar a interromper a purgação e, também, em casos em que depressão profunda estiver presente. Com mais frequência, uma abordagem passo a passo é usada para pacientes com bulimia. O tratamento depende da gravidade da bulimia, assim como a resposta da pessoa aos tratamentos. Veja exemplos: • Grupos de apoio podem ser úteis para pacientes em condições estáveis, que não têm nenhum problema de saúde • A terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a terapia nutricional são os melhores tratamentos para a bulimia que não responde a grupos de apoio • Antidepressivos geralmente são usados para bulimia. Os pacientes com bulimia podem desistir dos programas se tiverem esperanças não realistas de serem "curados" somente com terapia. Antes do início de um programa, deve-se esclarecer o seguinte: • Várias terapias provavelmente serão experimentadas até que o paciente possa superar esse distúrbio grave • É comum a bulimia retornar (recaída), mas isso não é motivo para desespero • O processo é doloroso e exige um trabalho árduo da parte do paciente e de sua família. Medicamentos para Bulimia Os medicamentos mais usados para o tratamento de bulimia são: • Daforin • Fluoxetina. Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula. Complicações possíveis A bulimia pode ser perigosa e levar a complicações médicas graves ao longo do tempo. Por exemplo, os vômitos frequentes colocam ácido gástrico no esôfago (o tubo que liga a boca ao estômago), o que pode lesar permanentemente essa área. Possíveis complicações da bulimia incluem: • Constipação • Desidratação • Cáries • Desequilíbrios eletrolíticos • Hemorroidas • Pancreatite • Inflamação na garganta • Rasgos no esôfago devido ao excesso de vômitos. Prevenção Apesar de não haver um meio 100% garantido de se prevenir bulimia, é sempre possível evitar o contato com alguns fatores contribuintes. Veja: • Cultive sempre a ideia de um corpo saudável com seu filho ou filha, independentemente da silhueta ou do peso • Converse com o pediatra de seu filho ou filha. Eles podem notar desde cedo algumas indicações de distúrbios alimentares e as melhores maneiras de evitar que eles se desenvolvam • Converse com um médico também se souber de algum parente da família que já teve ou tem algum tipo de distúrbio alimentar. A pessoa pode ajudar a aprender desde cedo a lidar com a questão e a impedir que o problema evolua também. https://www.minhavida.com.br/saude/temas/bulimia (Associação Brasileira de Psiquiatria) As complicações da Bulimia As complicações da bulimia, como rouquidão devido ao refluxo gástrico, inflamação do esôfago e cáries e desgaste dos dentes, ocorrem principalmente devido à indução do vômito, que além dos alimentos também expulsa o ácido presente do estômago. Assim, o contato constante do esôfago, garganta, boca e dentes com o ácido gástrico causa lesões e feridas que só irão cicatrizar quando a doença for controlada e os vômitos pararem. Assim, saiba o que fazer para ajudar a tratar cada complicação durante o tratamento da bulimia de acordo com cada sintoma: Refluxo e feridas no esôfago O refluxo aparece devido à repetição da indução do vômito, o que enfraquece o esfíncter esofágico inferior, que é a estrutura responsável por evitar que o conteúdo do estômago volte para o esôfago. Assim, para ajudar no tratamento podem-se usar medicamentos que diminuem a acidez do estômago e estimulam a digestão, como Omeprazol e Plasil. Além disso, evitar beber líquidos durante as refeições e usar remédios caseiros como o chá de gengibre também são medidas que ajudam a controlar o refluxo. Desidratação A desidratação é corrente às práticas de vômito frequente e uso de medicamentos laxantes e diuréticos, fazendo com que o corpo perca muita água e minerais como o potássio, que são importantes para o equilíbrio do sangue e para o funcionamento dos músculos e dos rins. Veja os sintomas da desidratação. Assim, é importante beber pelo menos 2 litros de água por dia e dar preferência a líquidos que contenham vitaminas e minerais, como sucos naturais de frutas, água de coco e bebidas isotônicas. Inchaço nas bochechas O inchaço na região da boca e queixo normalmente está ligado ao aumento das glândulas parótidas, que são um tipo de glândulas salivares que acabam crescendo de acordo com a quantidade de vezes que o vômito é provocado. Para reduzir o inchaço, é necessário tratar a bulimia, normalizar a acidez do sangue e da boca, e evitar os vômitos, pois desta forma a glândula deixa de ser estimulada em excesso e volta ao seu tamanho normal. Deterioração dos dentes É comum a bulimia fazer com que a boca, a língua e a garganta fiquem ressecadas e doloridas, além de aumentar o risco de cáries e de sensibilidade nos dentes, que também acabam ficando deformados nos casos mais graves e prolongados da doença. Para tratar, deve-se enxaguar a boca com bicarbonato de sódio após os episódios de vômitos, e procurar um dentista que irá tratar cáries e outras doenças na boca, e prescrever enxaguantes bucais ou géis à base de flúor, o uso de um aparelho que proteja os dentes no momento dos vômitos. Além disso, é importante beber bastante água para manter a boca hidratada e evitar escovar os dentes logo após vomitar, pois isso piora a corrosão do esmalte dos dentes. Prisão de ventre crônica O uso excessivo de laxantes faz com que o intestino fique preguiçoso e pare de funcionar adequadamente, sendo difícil evacuar sem a ajuda de medicamentos. Nesses casos, é importante falar com o médico para avaliar a gravidade do problema, pois em alguns casos é necessário tomar medicamentos ou fazer cirurgia para corrigir alterações no intestino. Além disso, deve-se fazer uma dieta rica em fibras, legumes, verduras e sementes, e beber bastante água para facilitar o trânsito intestino, de preferência sob orientação de um nutricionista para evitar complicações. Ausência de menstruação Alterações no ciclo menstrual ou a ausência de menstruação pode ocorrer devido à falta de nutrientes no corpo e à diminuição dos hormônios que regulam sistema reprodutivo da mulher. Esse problema normalmente só é resolvido quando a paciente volta a se alimentar normalmente e a estar bem nutrida, pois assim a produção de hormônios volta ao normal, reativando o ciclo menstrual. Depressão e mudanças de humor As mudanças de humor e a depressão são comuns em pacientes com bulimia, e são problemas que devem ser tratados com acompanhamento médico, que poderá prescrever medicamentos antidepressivos, e de psicoterapia, com irá ajudar o paciente a melhorar sua autoestima e a ter uma nova atitude em relação à alimentação. Neste ponto é importante que o paciente receba o apoio da família e dos amigos para superar os transtornos psicológicos trazidos pela doença, sendo importante sua participação e incentivo ao tratamento. Insônia A insônia decorre principalmente das oscilações de humor, alterações hormonais e preocupação constante com o peso e a alimentação. Para melhorar o sono, pode-se usar medicamentos prescritos pelo médico e tomar chás calmantes à noite, como os chás de cidreira e valeriana. Além disso, é importante ter uma rotina para acordar e dormir, evitar fazer cochilos durante o dia e evitar tomar bebidas com cafeína a partir das 17h, como café e refrigerantes de cola. Veja outras dicas aqui. CONCLUSÃO: O enfermeiro de forma interdisciplinar necessita buscar qualificação profissional, atualizando-se sobre as melhores evidências científicas e tratamentos que demonstraram alto potencial de resolutividade, para que possam oferecer uma assistência qualificada aos pacientes com Bulimia. 2.6 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A enfermagem é a arte de cuidar e a ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano, individualmente, à família ou à comunidade de forma integral e holística, desenvolvendo-se de forma autónoma ou em equipa actividades de promoção, protecção, prevenção, reabilitação e recuperação da saúde. A literatura a respeito do papel do profissional de enfermagem no tratamento dos transtornos alimentares evidência a importância da actuação da enfermagem e destaca que é de fundamental importância estudos e pesquisas que discutam e reflictam sobre a qualidade da assistência de enfermagem e sobre o seu papel no tratamento desses pacientes, a fim de se ampliar as dimensões do cuidar, amenizando o sofrimento e a dor dessas pessoas e dos seus familiares. No que diz respeito especificamente ao papel da enfermagem no tratamento dos transtornos alimentares, autores afirmam que o profissional de enfermagem, pelo seu perfil de cuidador, educador e pesquisador, é elemento importante no trabalho da equipe multidisciplinar que atende a pacientes com anorexia e bulimia nervosas, uma vez que tenta buscar estratégias que favoreçam a recuperação do doente, de sua família e da sociedade em geral. Uma das ferramentas utilizadas pelos profissionais de enfermagem no tratamento dos transtornos alimentares é a implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), a qual permite que esses profissionais ofereçam assistência individualizada e holística aos pacientes sob seus cuidados. Pois, a SAE é capaz de actuar como norteadora nos cuidados de enfermagem destinados aos doentes. De acordo com alguns autores esses profissionais também podem utilizar e adoptar estratégias de cuidados conforme a necessidade individual e criatividade de cada paciente sob seus cuidados. Dentre elas destacam-se: estratégias de relacionamento interpessoal, confiança mútua, apoio, estabelecimento de limites e ajuda na expressão de pensamentos e sentimentos, entre outras. Uma vez que o objectivo da assistência de enfermagem é o de maximizar as interacções positivas do outro com seu ambiente, promover seu nível de bem-estar e intensificar seu grau de autonomia, os profissionais de enfermagem acabam conseguindo promover no paciente a manutenção de um comportamento positivo. Através da SAE, os profissionais de enfermagem conseguem avaliar a autonomia dos seus pacientes e sua liberdade para tomada de decisões com relação aos próprios objectivos, conseguem envolvê-los em todo o processo de seu próprio cuidado e a sua recuperação.   2.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os transtornos alimentares são patologias, assim como os outros transtornos, que requerem do paciente e das pessoas que convivem com ele comportamentos e atitudes de compreensão, entendimento, colaboração, paciência, disponibilidade, busca constante de orientação e momentos de reflexão. Nesse momento o principal e mais importante é o papel da família, que ajuda o paciente a chegar a uma compreensão melhor de como ele está e como chegou até aqui. As necessidades afectivas são intensificadas e é comum a regressão emocional, acompanhada de manifestações de sentimentos, tais como impotência, medo, raiva, culpa e agressividade. Sendo assim, será essencial que seja realizado um tratamento multidisciplinar que combine áreas da psiquiatria, psicoterapia, endocrinologia e nutrição.   3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APPOLINARIO, JC, Claudino AM. Transtornos Alimentares. Rev Bras Psiquiatr 2000; 22(Supl II):28-31. AZEVEDO AMC, Abuchaim ALG. Bulimia nervosa: classificação diagnóstica e quadro clínico. In: Nunes MA, Appolinario JC, Abuchaim ALA, Coutinho W. Transtornos alimentares e obesidade. Porto Alegre: Artes Médicas. 1998. BACALCTHUK J. Revisão sistemática sobre tratamento da bulimia nervosa com antidepressivos. Tese de doutorado. São Paulo, 1999. BORGES MBF, Jorge MR. Evolução histórica do conceito de compulsão alimentar. Psiq Prat Med 2000:33(4):113-8. CORDÁS TA, Negrao AB. Anorexia Nervosa. In: Assumpção Jr FB. Psiquiatria da Infância e da Adolescência. Porto Alegre: Artes Médicas. p. 283-290, 1994 CORDÁS TA, Negrao AB. Bulimia Nervosa. In: Assumpção Jr FB. Psiquiatria da Infância e da Adolescência. Porto Alegre: Artes Médicas. p. 291-297, 1994. MORGAN CM, Azevedo AMC. Aspectos sócio-culturais dos transtornos alimentares. Psychiatry On-Line Brazil (3)
2, 1998.

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