INSTITUTO SUPERIOR
TÉCNICO DE ANGOLA
ISTA
CURSO DE PSICOLOGIA
O TRABALHO E A ERGONOMIA
GRUPO Nº 03
CAXITO-2021
INSTITUTO SUPERIOR
TÉCNICO DE ANGOLA
O TRABALHO E A ERGONOMIA
DUAS ERGONOMIAS: A CORRENTE AMERICANA E A CORRENTE
EUROPEIA, ERGONOMIA DOS COMPONENTES HUMANOS E ERGONOMIA DA ACTIVIDADE E A
ANÁLISE DO TRABALHO
Trabalho científico
apresentado ao professor Lino Gonzales
H. Capemba, como requisito necessário para a avaliação na cadeira de
Ergonomia.
CAXITO-2021
LISTA
NOMINAL
1.
Flora Domingos
GRUPO Nº 03
4º ANO
SALA:
PERÍODO: TARDE
ÍNDICE
2.2.
Duas Ergonomias: a corrente americana e a corrente europeia
2.3.
Ergonomia dos componentes humanos e Ergonomia da actividade
2.4.1.
O que é análise do trabalho
2.4.2.
Usos da análise do trabalho em organizações
2.4.3.
Como realizar uma análise do trabalho
1. INTRODUÇÃO
Na antiguidade, o conceito de trabalho estava muito
associado a castigo, portanto, as condições de sofrimento impostas pelas actividades
laborais não preocupavam muito os estudiosos, cientistas e trabalhadores. Com o
advento da Revolução Industrial e após a Segunda Guerra Mundial, as condições
de trabalho a que os trabalhadores eram submetidos, começou a preocupar as
pessoas e surgiram os primeiros tratados de ergonomia.
Na sua evolução, o significado histórico e etimológico
do trabalho tem tido diferentes acepções ao longo do tempo. Segundo Ombredane e
Faverge (1955) citado por Santos e Fialho, (1997) “Todo trabalho é um
comportamento adquirido por aprendizagem e que teve de se adaptar às exigências
de uma tarefa”. Trabalho é um comportamento e um constrangimento (citado por
Actualmente, o trabalho, para muitos estudiosos, é
considerado como toda e qualquer atividade realizada pelas pessoas, seja
assalariada ou não. Ainda, existe um consenso, que diz que o maior ou mais
importante capital de toda organização, é o capital humano. Ao longo de toda a
história, o homem tem modificado seu comportamento frente às actividades de
trabalho, e estas mudanças têm sido foco da atenção de muitos estudiosos, que concluem
que o trabalho ocupa um lugar muito importante na vida de todas as pessoas.
Quase todo mundo trabalha, e uma grande parte do tempo de vida são passados
dentro de organizações. Desta forma, o trabalho possui um importante valor na
sociedade.
Para base introdutória, recorremo-nos a primeira
definição conhecida de trabalho está escrita nas Sagradas Escrituras em Gênesis
3, 17-19 "Disse, pois, o Senhor Deus ao ser humano, maldita é a terra por
tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Do suor do teu
rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado, pois
és pó, e ao pó tornarás". Podemos deduzir, então, que o trabalho está
relacionado a noção geral de sofrimento e pena
1.1-
OBJECTIVOS
1.1.1- Geral
·
A ergonomia se aplica ao
projeto de postos de trabalho, máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com
o objectivo de melhorar a segurança, a saúde, o conforto e a eficiência do
trabalho, de acordo com as habilidades, capacidades e limitações individuais;
·
Descrever a relação
existente entre o trabalho e a ergonomia.
1.1.2-
Objectivos específicos
·
Verificar
como a ergonomia pode beneficiar a qualidade de vida de um trabalhador;
·
Compreender
as duas correntes da ergonomia e seus fundamentos;
·
Analisar
a ergonomia dos componentes humanos e ergonomia da actividade.
2- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. O trabalho e a ergonomia
“Todo trabalho é um comportamento adquirido por
aprendizagem e que teve de se adaptar às exigências de uma tarefa”. Trabalho é
um comportamento e um constrangimento
Portanto, a ergonomia tem por objecto o trabalho e sua
transformação (GUÉRIN et al., 2001). Derivada do grego ergon (trabalho) e nomos
(regras) para designar a ciência do trabalho, a ergonomia é uma disciplina
orientada para o sistema, que hoje se aplica a todos os aspectos da actividade
humana
A ergonomia é o estudo do trabalho e da sua relação
com o ambiente no qual é desempenhado (o local de trabalho) e com aqueles que o
desempenham (trabalhadores). É utilizada com o objectivo de determinar a forma
como o local de trabalho pode ser concebido ou adaptado ao trabalhador, de modo
a prevenir diversos problemas de saúde, aumentando a sua eficácia; por outras
palavras, tem como objectivo a adequação e a adaptação da tarefa ao
trabalhador, em vez de forçar o trabalhador a adaptar-se à tarefa. Um exemplo
simples consiste em aumentar a altura de uma mesa, de modo a que o trabalhador
não tenha de se curvar desnecessariamente para poder realizar o seu trabalho
Na relação com o trabalho, segundo de Moraes (in
Rodrigues, 1998), parece algo ainda muito conflitivo, sendo ele, muitas vezes
percebido como algo indesejado, como um fardo pesado que acabe nos impedindo de
viver. Mas frequentemente ele é também percebido como algo que dá sentido à
vida, eleva o status, define identidade pessoal e impulsiona o crescimento do
ser humano
Portanto, a ergonomia é uma disciplina jovem em
evolução e que vem reivindicando o status de ciência. Esta disciplina, segundo
Montmollin (1990), poderia ser definida como uma “ciência do trabalho”.
Entretanto, não existe unanimidade no meio cientifico quanto a uma definição
para a ergonomia, pois se houvesse em muito contribuiria para estabelecer os
limites do seu campo de investigação
2.2.
Duas Ergonomias: a corrente americana e a corrente europeia
Historicamente, duas correntes filosóficas distintas
compõem o cenário da ergonomia. Uma delas, tem sua origem em 1947, na
Inglaterra, com características das ciências aplicadas. A outra surgiu na
França, em meados dos anos 50, com uma preocupação mais analítica. Estas duas
correntes da ergonomia, segundo
Montmollin (1990), podem ser assim caracterizadas: a primeira, a mais antiga e
hoje predominante nos países anglo saxônicos, considera a ergonomia como “a
utilização das ciências para melhorar as condições de trabalho humano” a segunda,
mais recente e usualmente adotada nos países de língua francesa, considera a
ergonomia como “o estudo específico do trabalho humano com a finalidade de melhora-lo”,
buscando autonomia e métodos
próprios
Actualmente são conhecidas duas tendências no trabalho
da ergonomia, estas possuem algumas características próprias que são
apresentadas a seguir:
2.2.1-
Corrente Americana
Na verdade, a corrente mais antiga e presente é a
Americana, também conhecidos como Human Factors, que considera a ergonomia como
a utilização das ciências para melhorar as condições de trabalho. Como forma de
exemplo, podemos citar a anatomia e a fisiologia se preocupando principalmente
na concepção de dispositivos técnicos adequados aos seus usuários
Nesta
perspectiva, a ergonomia dos métodos e das tecnologias, contínua necessidade de
adaptação da máquina ao homem. Em geral, na corrente americana, o homem é considerado
como uma peça do sistema, ou seja, faz parte do próprio sistema, enquanto que
na corrente francófona o homem é considerado como um ator no sistema, ou seja,
interage com o sistema.
2.2.2-
Corrente a Europeia
A segunda corrente e mais recente é a corrente europeia,
com o estudo especifico do trabalho, com a finalidade de melhorá-lo. Como forma
de exemplo, podemos citar uma maior preocupação de como é que o trabalhador faz
o seu trabalho, ao contrário da corrente anterior que se preocupa mais com os
aspectos fisiológicos.
Ergonomia da organização do trabalho, europeia, estudo
da inter-relação entre o homem e o trabalho, como o homem “sente” e
“experimenta” o trabalho. A ergonomia europeia ou Clássica vem sendo discutida
desde a Revolução Industrial, onde as relações do homem com o trabalho se
transformaram progressivamente porque o aumento do ritmo laboral demandou dos
operários uma nova perspectiva acerca das tarefas a serem executadas, bem como
maior disposição em vista de atender às metas de produtividade impostas pelo
sistema industrial
Estas duas ergonomias não são contraditórias e sim
complementares, sendo a utilização racional de ambas uma forma ideal de
trabalho. Assim podemos distinguir uma ergonomia centrada nas características
do operador humano e uma ergonomia centrada na actividade do operador
Ora, o progresso tecnológico e a sociedade industrial
criaram um ambiente favorável para o surgimento da ergonomia anglo-saxônica ou
clássica, porém foi a indústria da guerra que permitiu que esse novo ramo da
ciência se consolidasse
O enfoque clássico da ergonomia encontra-se voltado
para os métodos e as tecnologias. O que importa são os aspectos físicos da
relação homem-máquina, os quais serão dimensionados, discriminados e
controlados. A necessidade de adaptação da máquina ao homem é o centro desta
corrente ergonômica. Actualmente as duas abordagens ergonômicas se
complementam, pois, um mesmo ergonomista pode atuar, dependendo da problemática
a ser solucionada, tanto como projetista de um equipamento, quanto como um
idealizador de um sistema informatizado
Assim, os pontos positivos de uma preenchem as
carências de outra, enquanto os pontos negativos de uma são superados pelas
soluções diferenciadas da outra. Cabe, portanto, saber optar pela abordagem
mais adequada a ser aplicada à demanda do momento. Enfim, não se pode dizer que
uma abordagem seja mais ou menos adequada do que a outra. Existem diferenças
notórias entre estas duas vertentes ergonômicas.
2.3.
Ergonomia dos componentes humanos e Ergonomia da actividade
Entretanto, a ergonomia (ou Human Factors) é a
disciplina científica que visa a compreensão fundamental das interações entre
os seres humanos e os outros componentes de um sistema, e a profissão que
aplica princípios teóricos, dados e métodos com o objetivo de otimizar o
bem-estar das pessoas e o desempenho global dos sistemas”. Desta definição,
destacam-se duas intenções fundamentais da ergonomia já destacadas por Abrahão
e Pinho (1999): a produção de conhecimento científico (sobre o trabalho, condições
de sua realização, a relação do homem com o trabalho) e a racionalização da
ação (ou seja, formulação de recomendações e princípios capazes de orientar a
ação de transformação do trabalho)
Historicamente, duas abordagens ou quadros teóricos
gerais compõem o cenário da ergonomia. Segundo Montmollin (1995), o primeiro
corresponde à chamada ergonomia clássica (Human Factors), do contexto americano
e britânico, centrada no componente humano dos sistemas Homem-Máquina. O
segundo, enraizado nos países francófonos, corresponde à ergonomia da
atividade, com enfoque na atividade humana contextualizada
A ergonomia dos factores humanos apresenta características
das ciências aplicadas. Para Montmollin (1995), os componentes humanos dos
sistemas não são os homens, mas algumas das funções dos homens, que são
isoladas por um processo analítico que permite respeitar as duas maiores
exigências de todo o procedimento científico: a generalização e a medida
quantitativa
Assim, segundo o mesmo autor, o trabalhador é descrito
nas suas relações com o ambiente de trabalho “segundo as funções elementares
que partilha com a grande família humana à qual pertence” (p. 104). A ergonomia
dos fatores humanos não tem necessidade de uma análise do trabalho, que é
substituída pela construção de uma lista de exigências da tarefa, geralmente
estabelecida por perguntas baseadas nos dados sobre as características humanas
que entram em ação nas tarefas consideradas
A ergonomia da actividade, por sua vez, não considera
as funções de modo isolado (Montmollin, 1995), mas sim os comportamentos
(gestos, olhar, palavras) e os raciocínios tal como se apresentam nas situações
reais de trabalho, atuais ou a serem concebidas.
Entretanto, como aponta Montmollin (1995), uma
orientação nesses moldes da ergonomia permite chegar a resultados de uma grande
riqueza e de uma grande pertinência para a ação, mas por vezes, com um fraco
poder de generalização. Assim, o autor coloca que as duas abordagens podem ser
consideradas como complementares
Isto é corroborado por Lima (2000), em sua afirmação
de que não se tratam de duas abordagens diferentes na ergonomia, mas de
abordagens mais ou menos superficiais, mais ou menos parciais e que, em algum
momento, devem ser aglutinadas em um todo mais global e coerente. Dessa forma,
pode-se dizer que a ergonomia dos fatores humanos permite estabelecer normas e
conceber dispositivos adaptados às “características e limites” do homem, e a
ergonomia da atividade considera e insere estes conhecimentos nos contextos
específicos
2.4. Análise
do trabalho
A relação homem e o
trabalho: a questão dos critérios da ergonomia está relacionada a uma discussão
dos paradigmas à luz dos quais se estuda o trabalho. A ergonomia classicamente
leva em conta um duplo critério o da saúde dos trabalhadores e o da eficácia
econômica sobre o qual exige a construção de compromissos que são influenciados
por diversos fatores externos. Além disso, tem-se o enigma das relações entre
tarefa e actividade, o trabalho prescrito e o trabalho real, os limites da
adaptação humana, os modelos do homem e suas dimensões, os modelos da sociedade
e da mudança social.
2.4.1. O que é análise do
trabalho
Foi a partir de 1955, após a publicação do livro de
Faverge e Ombredane sobre a análise do trabalho, a actuação de diversos outros pesquisadores expoentes na
área fez com que a ergonomia centrada na análise da actividade fosse
desenvolvida ao longo do tempo, tendo suas bases teóricas aprofundadas, seus
métodos enriquecidos e suas aplicações às transformações das condições de
trabalho mais elaboradas
Portanto, entende-se a análise do trabalho um processo
que busca compreender quais são as tarefas importantes de um trabalho, como
elas são realizadas e que atributos humanos são necessários para a realização
exitosa deste trabalho. O resultado de uma análise do trabalho é um documento
com a descrição sumarizada dessas informações, refere-se à análise do trabalho
como um processo e como um resultado. Configura-se em uma tentativa de se
desenvolver uma teoria do comportamento humano do trabalho sob análise. “Esta
teoria inclui expectativas de desempenho (características do trabalho no
contexto das expectativas da organização na qual o trabalho é realizado), assim
como as habilidades, conhecimentos, experiência e características pessoais
necessários para que essas expectativas possam ser alcançadas”
A análise do trabalho foi originalmente denominada
“análise do cargo” ou “análise de função” e renomeada para análise do trabalho
na década de 1990. Influenciou a mudança de nome o facto de a análise de função
não ter sido capaz de responder à natureza dinâmica e mutável do trabalho na
contemporaneidade
Considera-se, portanto, que o termo análise do
trabalho reflita melhor a natureza do trabalho sem fronteiras que os sujeitos
realizam em organizações e fora delas
2.4.2. Usos da
análise do trabalho em organizações
A análise do trabalho é utilizada para apoiar decisões
em gestão de pessoas, para o treinamento e o desenvolvimento e para a
organização do trabalho (Wilson, 2012) citado por Brannick et al. (2007)
apresentam uma lista não exaustiva de usos da análise do trabalho: descrição,
classificação, avaliação e delineamento de cargos, requerimentos e
especificações em gestão de pessoas, avaliação de desempenho, treinamento,
mobilidade do trabalhador, planejamento de recursos humanos, eficiência, segurança
e requerimentos legais
Também citam usos sociais da análise do trabalho, como
o aconselhamento de carreira, em que o conhecimento sobre o trabalho pode
auxiliar pessoas a encontrar ocupações alinhadas com seus interesses e
atitudes. Quando da realização de uma análise do trabalho, a primeira decisão a
ser tomada é o seu objectivo. A informação da análise do trabalho será
utilizada, por exemplo, para o planejamento de um sistema de seleção ou para
ajudar a identificar necessidades de treinamento e desenvolvimento. Powell,
Woodhouse e Guenole (2012) ressaltam que diferentes objectivos requerem o uso
de métodos diferentes
No entanto, segundo Guerin (2001), a actividade de
trabalho está longe de ser um conjunto de regras conhecidas previamente;
trata-se de um conjunto de regulações contextualizadas, no qual se considera,
entre outros fatores, a variabilidade do ambiente e a variabilidade própria do
trabalhador
Tomando por base a ergonomia centrada na actividade, Guerin
et al. (2001) citado por
2.4.3. Como realizar
uma análise do trabalho
Os métodos de análise do
trabalho, mesmo com objectivos distintos, possuem algumas similaridades. Em
todos os métodos, por exemplo, precisam ser tomadas decisões relacionadas aos
tipos de informações a serem coletados; às fontes de informação a serem
contatadas; aos métodos específicos de coleta de informações; e à forma de
sintetizar e apresentar os resultados da análise do trabalho
Para Santos e Fialho (1997), os três aspectos
fundamentais de uma Análise Ergonômica do Trabalho são: o “metaconhecimento”,
dados coletados e o processamento e análise desses dados. Para tal, a Análise
Ergonômica do Trabalho deve comportar 3 fases: analise da demanda, analise da
tarefa e análise das atividades, que devem seguir uma ordem cronológica a fim
de se obter uma coerência metodológica. Na prática, elas podem ocorrer de forma
simultânea sem prejudicar a metodologia
2.4.4.
O analista do trabalho
O analista do trabalho pode ser útil como fonte de
informação objetiva e válida em função de sua educação, experiência e pelo fato
de não ser um funcionário do quadro da organização (quando for o caso). Por já
ter realizado análises do trabalho em diferentes organizações, o analista do
trabalho é capaz de trazer perspectiva a questões relacionadas ao contexto do
trabalho, especialmente aquelas relacionadas com os riscos ocupacionais
Por exemplo, trabalhadores têm uma percepção
“absoluta” do nível de barulho a que são submetidos no trabalho e podem
considerá-lo alto ou baixo. O analista do trabalho poderá comparar esse nível
percebido pelos trabalhadores com o nível real de barulho para, a seguir,
averiguar os limites estabelecidos em lei, trazendo uma contribuição objetiva e
válida ao processo
Para concluir essa apresentação da análise ergonômica
do trabalho, os alguns autores colocam que sua compreensão é um meio que
permite: Conhecer melhor e explicar
melhor as relações entre as condições de realização da produção e a saúde dos
trabalhadores.
3. CONCLUSÃO
Desta feita, a análise ergonômica do trabalho, é um
modelo metodológico de intervenção que possibilita a compreensão dos
determinantes das situações de trabalho. Para tanto, tem como pressuposto
básico, a distinção entre o trabalho prescrito, comumente denominado de tarefa
e o trabalho real, que é aquele efectivamente realizado pelo trabalhador,
inserido em um contexto específico, para atingir os objectivos prescritos pela
tarefa.
Esta
análise é permeada por várias fases, e tem como fio condutor a dialética entre
análise da demanda e análise da actividade. Seu ponto de partida é uma demanda
inicial que reflete um problema, buscando esclarecer esta demanda, com vistas a
propor formas de intervenção. Embora seja uma prescrição exterior ao operador,
que determina e constrange a sua actividade, a definição da tarefa visa reduzir
o trabalho improdutivo, otimizar ao máximo o trabalho produtivo além de ser um
quadro indispensável para que o operador possa trabalhar, pois ao determinar a
sua actividade, ela o autoriza
Já a actividade é o trabalho real, o que o operador
realmente faz para cumprir a tarefa. Segundo Falzon (2007), a atividade é
finalizada pelo objectivo que o sujeito fixa para si a partir do objectivo da
tarefa, e ela inclui não só a parte observável da actividade (o comportamento)
como também a parte inobservável (aspectos intelectuais ou mentais).
Em outras perspectivas, uma das questões que ajuda a
explicar a diferença entre o trabalho prescrito e o trabalho real é que na
actividade de trabalho sempre existem numerosas fontes de variabilidade que
levam a distanciamentos em relação às situações previstas segundo (Daniellou,
2002). Assim, o segundo pressuposto importante para a ergonomia é o da
variabilidade
Assim, o entendimento aprofundado da situação de
trabalho alcançado através da ergonomia da actividade está ligado aos seus três
fundamentos principais que estão inter-relacionados e podem ser sumarizados de
acordo com Tersac e Maggi (2004) como: a diferença entre tarefa e actividade; a
variabilidade dos contextos e dos indivíduos; e a actividade de regulação
(representação e competência)
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