REICH E A PSICOLOGIA CORPORAL



ELABORADO POR JAY KLENDER WORSES



INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DE ANGOLA
(ISTA)


CURSO: PSICOLOGIA

DISCÍPLINA :TEORIA DA PERSONALIDADE



TEMA

REICH E A PSICOLOGIA CORPORAL

·         Biografia de wilhelm reich
·         Denifição da Psicologia Corporal
·         Etapas do Desenvolvimento para a Formação do Carácter
·         Objectivo da pesquisa sobre as etapas do Desenvolvimento para Formação do Carácter
·         A Hergonomia De Reich


TURMA: UNICA
SALA: 03
3º ANO
PERIODO: TARDE




                           A  DOCENTE
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                 Dr. Milagros Sotolongo





CAXITO/2017
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SUMÁRIO

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O presente trabalho visa desenvolver o tema Reich e a Psicologia Corporal. Em geral já ouvimos falar de Psicologia, ou Psicoterapia Corporal, mas o que vem a ser Psicologia Corporal?
            Vamos começar com a Psicologia Corporal. A Psicologia Corporal começa com Wilhelm Reich, médico e psicanalista, que  durante a primeira metade do século passado, passou a utilizar o corpo fisiológico do paciente, como parte integrante do seu trabalho, na clínica psicanalítica da época. Podemos considerar Reich, como o pai das Psicoterapias Corporais que se sucederam ao seu trabalho, tais como, a Biodinâmica de Gerda Boyesen, a Bioenergética de Alexander Lowen, a Biossíntese de David Boadella, e muitas outras que surgem e afloram nos dias atuais, como a Experiência Somática de Peter Levine, ou o TRE de David Berceli , ou o Pulsation de Aneesha Dillon, ou qualquer outra que provavelmente esteja surgindo agora em algum lugar do mundo, que nós não sabemos o nome ainda.
            Se as Psicoterapias Corporais tiveram a sua origem em Reich, é porque, consequentemente, beberam na fonte da Psicanálise de Sigmund Freud. Muitas delas, hoje em dia, nem prestam suas homenagens, e nem tomam mais a merecida benção ao grande mestre, Freud. Não obstante, somos obrigados a reconhecer, que os trabalhos clínicos psicológicos, onde o corpo entra em cena como parte do processo terapêutico (por meio de intervenções e/ou atuações), seu passado está ligado à medicina e à psicanálise: Freud era médico, Reich também.
            Não podemos agir da mesma maneira hoje. A Psicologia Corporal necessita cuidar do novo sujeito, dando-lhe contorno e acolhimento, reestruturando a sua casa interna, para que ele possa sentir o fluxo da vida pelo seu corpo, pelo seu ser.
            Olhar e pessoa atual com os olhos do século passado, é envenená-la.
            Aquilo que foi um elixir em tempos passados, pode ser um veneno hoje. O elixir, para a Psicologia Corporal, consiste em manter os olhos do Psicólogo límpidos, tal qual o párabrisa do carro precisa ser limpo o tempo todo para se enxergar o caminho.
            Enfim, utilizo o nome Psicologia Corporal para diferenciar da antiga Psicoterapia Corporal, no intuito de emprestar àquela uma atualização e um novo olhar clínico para as novas subjetividades contemporâneas, sem perder os alicerces teóricos construídos por esta.


Wilhelm Reich foi um dos pioneiros na aplicação à psicoterapia de uma compreensão do ser humano que não dissociasse corpo e mente. Um dos pilares de sua abordagem é a noção de couraça muscular do caráter, em que a musculatura estriada aparece como base para tal concepção integrada (REGO, 1991). Conforme afirma Almeida (2004), o corpo é capaz de traduzir, em linguagem não-verbal, as suas necessidades, por meio de simbolismos ou sintomas. Desta forma, torna-se possível “ler” no corpo, também, as resistências e defesas do indivíduo, uma vez que ele revela expressões emocionais vividas até o momento.
Em 1909 Wilhelm Reich começou com os grandes conflitos de vida familiar ainda em sua juventude, sua mãe acabou se suicidando com veneno em 01 de Outubro de 1910, em uma culminar tragédia familiar, que muito traumatizou Reich e lhe definiria o rumo de sua vida. Em 1914, cheio de remorsos, o pai de Reich contraiu uma pneumonia que degenerou em tuberculose e morreu, deixando o jovem Reich e seu irmão Robert ( nascido em 1900), desamparados com a gestão da fazenda em circunstancias muito dificéis. Formando-se em 1922, inicia seus trabalhos com o tratamento de pacientes com disturbios mentais, na Universidade Neurológica e Psiquiátrica, inlcui nos tratamentos de técnicas de hipnose e de psicoterapia. Em 1924, faz sua pós graduação, sendo membro integrante da sociedade psicanalítica de Viena, até 1930. Foi casado com a sua paciente Anne Reich, fruto de duas filhas, Eva e Lore. Viveu com a bailarina Elsa Lindenberg. Viveu com a bióloga e sua colaboradora, Auror a Karrer, sua última companheira Casou-se com sua assistente Ilse Ollendorf, fruto de um filho, Peter.
Reich dava ênfase a importância de desenvolver uma livre expressão dos sentimentos sexuais e emocionais dentro do relacionamento amoroso e maduro. Reich enfatizou a natureza essencialmente sexual das energias com as quais lidava e descobriu que a energia orgone era bloqueada de forma mais intensa na pélvis.  Embora Reich admirasse o trabalho de Freud, se divergiu em alguns fatores e se derivou da psique humana e da compreensão das funções sexuais. Um mestre iluminado, Osho e o irmão de Reich afirmam que Reich morreu na cadeia totalmente a parte de amigos e familiares e provavelmente enlouquecida.
Reich julgava ser característico de todos os organismos vivos: tensão mecânica: órgãos sexuais se intumescem de fluido. carga bioenergética: resulta uma intensa excitação. descarga bioenergética: excitação sexual descarregada em contrações musculares . relaxamento mecânico: segue-se um relaxamento físico. Depois do contato físico, a energia se acumula em ambos os corpos e, por fim, é descarregada no orgasmo, o qual se constitui essencialmente num fenômeno de descarga da bioenergia. Ele derivou o termo energia "orgônica" a partir de organismo e orgasmo. Dizia que a Energia Orgônica cósmica funciona no organismo vivo como energia biológica específica. Assim sendo, governa o organismo total e se expressa nas emoções e nos movimentos puramente biofísicos dos órgãos.
Wilhelm Reich (1897-1957) foi um importante psiquiatra e psicanalista austríaco pioneiro no estudo dos fenômenos psicossomáticos. A partir da psicanálise de Freud, criou uma nova abordagem terapêutica que atenta simultaneamente aos processos orgânicos e energéticos do corpo humano. Sua terapia é denominada hoje como “Psicoterapia Reichiana”. Wilhelm Reich nasceu em Dubrozcynica, no antigo Império Austro-Húngaro, hoje, no noroeste da Ucrânia, no dia 24 de março de 1897. Filho do fazendeiro Leon Reich, de origem judaica, que era autoritário e possesivo, e de Cäcilie Roniger. Logo depois de seu nascimento a família mudou-se para Jujinetz, uma vila em Bokovina, onde seu pai arrendou uma fazenda. Até seus 13 anos de idade, Reich foi educado por tutores. Com 14 anos viu sua mãe se suicidar depois que revelou ao pai a relação dela com um dos tutores.
Em 1914, após a morte de seu pai, Reich e seu irmão Robert continuaram trabalhando na fazenda. Com o início da Primeira Guerra, mudou-se para Viena, onde se alistou no exército e serviu na frente italiana. Em 1918, com o fim da guerra, Reich retornou para Viena e ingressou na Medical School. Em 1919 começou a se dedicar à psicanálise. Em 1920 entrou para a Associação Internacional de Psicanálise. Em 1921 passou a atender na Clínica Psicanalítica de Viena, os pacientes encaminhados por Freud. Nesse mesmo ano casa-se com Annie Pink, uma colega da faculdade.
Em 1922, depois de formado, se especializou em neuropsiquiatria com J. Von Wagner-Jauregg. Nesse mesmo ano, criou, com o apoio de Freud, o Seminário de Técnica Psicanalítica de Viena, para fins de pesquisa e aperfeiçoamento da abordagem psicanalítica. Em 1923 publica na Revista de Sexologia o trabalho “Sobre a Energia dos Impulsos”. Nesse mesmo ano, entra para o Partido Comunista da Áustria.
Em 1924 concluiu sua pós-graduação e integrou a Sociedade Psicanalítica de Viena. Junto com Paul Schilder iniciou o tratamento de pacientes com distúrbios mentais na Universidade de Neurológica e Psiquiátrica. Nesse mesmo ano, apresentou uma exposição sobre a “energia orgônica” que forneceu nova fundamentação às concepções energéticas mais antigas, permitindo correlaciona-las com os conceitos estabelecidos por Freud, de libido e energia psíquica e demonstrando sua relação com a sexualidade. Suas ideias passaram a ser discutidas e polemizadas, criando os primeiros atritos com a psicanálise.
Em 1929 fundou a Sociedade Socialista para Consulta Sexual e Investigação Sexológica. Seu interesse em compreender as origens sociais das doenças mentais e buscar métodos de prevenção das neuroses o levou para a Alemanha. Em 1931 criou a “Berlim Sexpol”, quando desenvolveu um trabalho sócio-político junto à juventude operária alemã, com o objetivo de ampliar a luta do proletariado com sua emancipação econômica, política e sexual. Suas intenções de fundir as ideias de Freud com as de Marx terminaram por deteriorar suas relações com Freud.
Em 1933 publicou “Análise do Caráter” e “Psicologia das Massas do Fascismo”. É expulso do Partido Comunista. Com o avanço do Nazismo, Reich se refugiou em Viena, depois em Copenhague e em Oslo. Na Universidade de Oslo, sua pesquisa clínica e experimental sobre a dinâmica biopsíquica das emoções permitiu que descobrisse o fenômeno da ”formação das couraças”, elucidando aspectos fundamentais da relação entre soma e psiquismo. Em 1934 foi expulso da Sociedade Freudiana e da Associação Psicanalítica Internacional. Em 1937 teve início uma campanha dos jornais noruegueses contra Reich. Por fim, em 1939 partiu para os Estados Unidos, a convite de Theodore Wolfe, importante pesquisador em Psicossomática. Em 1941 o FBI começou a investigar Reich como possível ativista subversivo.
Psicologia Corporal é uma ciência que estuda o homem em seu aspecto somatopsicodinâmico, onde o corpo e a mente são trabalhados em seu conjunto e em sua relação funcional. Dela fazem parte algumas escolas, sendo que as que mais se destacam são: Análise Reichiana e Análise Bioenergética.
Tem suas raízes nos trabalhos desenvolvidos pelo médico Austríaco Wilhelm Reich (1897-1957), que após anos de pesquisa decidiu abandonar a técnica da psicanálise e se dedicar ao estudo do corpo, da mente e da energia. Ainda enquanto psicanalista Reich descobriu que o corpo contém a história de cada indivíduo e é por meio dele que devemos buscar resgatar as emoções mais profundas. Com isso, desenvolveu a técnica da Análise do Caráter, fugindo da tradicional análise do sintoma proposta pela psicanálise e passando a analisar o caráter do paciente como um todo, um trabalho mais rápido e profundo.
A não aceitação das idéias de Reich pelos psicanalistas, fez com que ele criasse sua própria escola de pensamento, que a princípio foi denominada Economia Sexual e posteriormente de Orgonomia. Como um impiedoso combatente do cartesianismo que sugere a separação entre a mente e o corpo, Reich passou a observar não apenas o caráter do paciente, demonstrado por meio de gestos, postura, tom de voz, etc, como também sua postura corporal, podendo "ler" o caráter do paciente inscrito no corpo, nas tensões, nas couraças.
1.5-Etapas Do Desenvolvimento Para A Formação Do Carácter
Wilhelm Reich foi o primeiro teórico que se preocupou em formular uma teoria coerente do caráter, onde dizia que “o caráter consiste numa mudança crônica do ego que se poderia descrever como um enrijecimento” (Reich, 1989, p. 151).
Nesse sentido podemos compreender o caráter como algo que se forma para manter uma estrutura necessária ao desenvolvimento do indivíduo, porém, quanto mais rígida e inflexível for a estrutura do caráter, mais esse caráter se transformará em uma resistência que tenta manter o material inconsciente fora de alcance, fazendo com que o indivíduo passe a reagir de modo automático como um mecanismo de defesa. Ou seja, o caráter não é uma escolha deliberada, ele se forma devido a necessidade do indivíduo se proteger do meio externo. O caráter é uma reação àquilo que foi experimentado na infância. Cada caráter é único porque cada experiência é única.
Caráter é a maneira a qual a pessoa se apresenta e se comporta em suas relações. É a atitude psíquica particular em direção ao mundo externo, específica a um dado indivíduo. É determinado pela disposição e pela experiência de vida, assim, podemos considerar tipos de caráteres onde se apresentam comportamentos mais ou menos ajustados à realidade e ao contexto social. Na visão reichiana, caráter seria a dimensão total das atitudes e ações individuais em relação ao mundo. Sua formação estaria ligada a diversos fatores, entre os quais os processos de identificação com as figuras parentais, o desenvolvimento psicossexual, a relação entre ideal de ego e ego e a receptividade do prazer em relação às restrições e identificações. A variação desses fatores, devido ao contexto social, cultural e sexual, a disposição herdada pelo indivíduo e as defesas que se formam durante a vida, poderia aproximar ou afastar o caráter da neurose.
O caráter é composto por atitudes e hábitos de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações. Inclui atitudes, valores conscientes e comportamentos. Ou seja, é a maneira que a pessoa se expressa na vida, tanto na forma (postura, movimentos, expressões corporais, entonação da voz etc.), como no conteúdo (comunicação verbal). A finalidade do caráter é proteger o ego dos perigos internos e externos e, como função protetora, limita a mobilidade psíquica da personalidade. Essa função protetora podemos chamar de couraça de caráter, que se forma como resultado crônico do choque entre exigências pulsionais, o mundo externo que frustra essas exigências e a censura que impomos a nós mesmos.
A consequência disso seria a formação de um caráter com atitudes de evitação do medo. Em ambos os casos, a formação do caráter cumpre funções econômicas de aliviar a pressão do recalque e fortalecer o ego. Essa base de reação na tentativa de proteger o ego torna a pessoa rígida e limitada em suas percepções e ações.
São elas:
1-Fase oral (ocorre do nascimento até o primeiro ano): envolve a satisfação da fome e da sede e as sensações do contato com a mãe na amamentação, estimulando funções como: sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc.
2-Fase anal (ocorre do primeiro ao terceiro ano): envolve o controle dos esfíncteres anais e a defecação.
3-Fase fálica (ocorre do terceiro ao quinto ano): reconhecimento dos órgãos genitais e elaboração do complexo de Édipo.
4-Fase genital (ocorre na puberdade, que hoje se inicia cada vez mais cedo): seu desenvolvimento se dá durante a adolescência. Ocorrem mudanças corporais, há um retorno da energia libidinal aos órgãos sexuais e uma maior estruturação do ego. Complementando as fases do desenvolvimento, Reich percebeu também a fase ou estágio ocular, que seria o primeiro segmento, de fato, a entrar em contato com a mãe e com o ambiente. Tem relação com o reconhecimento materno, com a percepção de acolhimento e com o desenvolvimento da visão binocular. Vale lembrar que as fases citadas não compreendem rigidamente as idades mencionadas. Cada criança possui um desenvolvimento singular.
Para Reich, as possibilidades das quais depende a formação do caráter são:
– a fase na qual a pulsão é frustrada;
– a frequência e a intensidade das frustrações;
– as pulsões contra as quais a frustração é dirigida;
– a correlação entre permissão e frustração;
– o sexo do principal responsável pela frustração;
– as contradições na próprias frustrações.   (Reich, 1989, p. 156).
Essas condições são determinadas pela ordem social dominante no que diz respeito à educação, moralidade, satisfação das necessidades, pela estrutura econômica e psiquismo dos pais e demais cuidadores.
Existem ainda duas situações na constituição de um caráter:
O caráter totalmente reprimido, onde a repressão agiria na diminuição da pulsão fazendo com que o organismo não consiga descarregar sua energia sexual, tornando uma pessoa rígida e imóvel e ainda podendo voltar sua agressividade contra ela mesma. Exemplo disso é a pessoa deprimida, que é incapaz de reagir perante a vida. E o caráter insatisfeito, onde a energia sexual não é totalmente descarregada. Essa impossibilidade de satisfação será sempre sentida como uma necessidade / impulso e este caráter correrá o risco de viver sempre nos excessos. Exemplo: se a pulsão sexual foi bloqueada / insatisfeita na fase oral, o indivíduo tenderá a se comportar bebendo em excesso, podendo chegar ao alcoolismo, fumando em excesso (tabagismo), comendo excessivamente etc.
A Orgonomia, ciência que estuda e trabalha com a energia orgone (REICH, 1987), vê o homem como a expressão de uma energia, que está em constante movimento dentro e fora do corpo. Essa energia, presente desde a formação do óvulo e dos espermatozóides, têm um contínuo movimento de pulsação que e vai se somando a outras energias internas e externas.
A maturação psico-emocional de uma pessoa, acompanhada do movimento de pulsação da energia, atravessa uma sucessão de etapas que seguem uma seqüência lógica, uma organização e um calendário maturativo. As etapas do desenvolvimento emocional pelas quais uma criança passa desde a sua concepção até a adolescência é algo extremamente fascinante. Desenvolver significa progredir, crescer, amadurecer e conforme a criança vai crescendo, se desenvolvendo, vai apreendendo novas experiências que ficam registradas na memória celular em forma de imprintings, marcas, registros. As etapas representam momentos de passagem que induzem à incorporação de experiências vividas e determinam a entrada e a saída de uma etapa à sucessiva. Cada etapa é caracterizada por fenômenos específicos que desde o início trazem consigo, na bagagem genética da célula, valores biofisiológicos, emocionais-afetivos e intelectivos. E são esses valores que serão transmitidos para todas as demais células do corpo durante todo o processo de desenvolvimento e que, aos poucos, irão sendo acrescidas das experiências que a criança vivenciar.
É a primeira etapa do desenvolvimento que tem seu início na fecundação e se estende durante todo o período de amamentação, ou seja, até o nono mês de vida. O útero é o primeiro ambiente em que se encontra o bebê durante seu desenvolvimento físico, energético e emocional, onde o contato se dá com a mãe por meio de suas paredes e do cordão umbilical, que irá sustentar e nutrir o bebê não apenas de forma fisiológica, mas também emocional e energética para que possa continuar sendo gerado. É um contato não apenas corporal, mas também de energia e afeto entre a mãe e o bebê em formação. É importante ressaltar que o nível de energia do embrião será determinado pelo nível de energia do útero da mãe (REICH, 1987)
É a partir da fecundação que ocorre o início da formação da vida. Portanto, essa primeira fase tem início no momento da concepção e se estende até o momento em que ocorre a sustentação, a nidação – fixação do zigoto nas paredes uterinas –, por volta do quinto ao sétimo dia de gravidez. Nessa fase, ocorre a divisão do zigoto em várias outras células, sendo cada uma delas chamada blastômero. É um processo, no qual, há um gasto elevado de energia (ATP) autógena, que vem dos espermatozóides e do óvulo, fundidos no chamado zigoto. O útero é o primeiro ambiente da criança e, assim sendo, deverá ser receptivo, pulsante e acolhedor. Dessa forma, medo, estresse, angústia, ou qualquer outro tipo de emoção podem alterar esse processo energético e dificultar ou impedir a sustentação, nidação do zigoto nas paredes uterinas.

2.2.3-Fase Embrionária
A partir do momento em que ocorreu a nidação do zigoto nas paredes do útero, o bebê entra na segunda fase, que se estende até o final do segundo mês de gestação. Nessa fase há uma predominância biológica endócrina, na qual a célula continua a se multiplicar para formar o embrião e continua consumindo muita energia (ATP) que ainda é autógena, da própria célula, mas que com a formação do cordão umbilical, que sustenta o embrião nas paredes do útero da mãe, vai se organizando para passar a ser trofo-umbilical.
Essa fase tem início no terceiro mês de gestação e se estende até nascimento, mais especificamente até o décimo primeiro dia de vida. Em temos energéticos, como a placenta já se formou, a energia que o bebê recebe vem da própria mãe, através do cordão umbilical. É também a fase em que se pode presenciar a formação do cérebro e do sistema neurovegetativo.
Esta etapa tem início logo após o nascimento e finaliza com o desmame, que deverá ocorrer por volta do nono mês de vida, quando o bebê já tem dentes suficientes para triturar seu próprio alimento. Nessa etapa, o bebê abandona o útero para se ligar ao seio da mãe, introjetando tudo o que vier do mundo externo, começando pelo bico do seio ereto e disponível, passando pelo sabor agradável do leite, pelo cheiro da mãe, pela disponibilidade da mãe em amamentá-lo, pelos olhos atentos e receptivos, pelas mãos quentes e acolhedoras e pelo contato epidérmico que envolve o bebê, da mesma forma que ele foi envolvido pelo útero. Não devemos esquecer que “a pele é a ponte sensível do contato com o mundo.
É o nosso órgão mais extenso, é o nosso código mais intenso, um lar de profundas memórias” (LELOUP, 1998, p. 9). É importante apontar que uma mãe agitada e ansiosa descarrega na corrente sanguínea a bile, líquido presente na vesícula biliar, que chega até o leite deixando-o com um sabor amargo. É por isso que muitas crianças não querem ser amamentadas ao seio
A etapa de produção tem seu início com o desmame e se estende até o final do terceiro ano de vida ou para algumas crianças, pode até mesmo ocorrer um pouco antes. Nessa etapa, a energia da criança está inteiramente voltada à construção de pensamentos, de gestos, de brincadeiras, de jogos, de relacionamentos, etc, da mesma forma que produz sua urina e suas fezes. Ocorre o desenvolvimento da autoconsciência, o que lhe permite desenvolver a capacidade de antecipar os acontecimentos, como, por exemplo, não se sentir abandonada pelos pais quando eles saem, porque ela – a criança - sabe que eles irão voltar. É também nessa etapa que a criança imita os pais em busca de modelos.
É curiosa e procura descobrir tudo o que está à sua volta, recusando ser ajudada. É importante tomar cuidado com as preocupações excessivas, principalmente com a ordem e/ou limpeza e procurar não exigir que a criança contenha suas necessidades fisiológicas de xixi e cocô antes de completar 18 meses. Ela deve ser ensinada gradativamente. A frustração e o medo da punição nessa etapa tolhe a espontaneidade da criança, deixa-a numa situação de submissão ao genitor que a frustra e confinada às rotinas diárias de seu cotidiano.
Essa etapa tem início aos cinco anos de vida e se estende durante toda a puberdade, até o início da adolescência. Segundo Reich (1987), é a etapa em que a formação da estrutura básica de caráter se completa. Aqui ocorre a identificação da criança com o pai do mesmo sexo e a masturbação fica mais evidente. Aos poucos a criança vai encontrando a sua própria identidade e, se conseguir chegar nessa etapa sem bloqueios ou fixações das fases anteriores, poderá estruturar o chamado caráter genital, que de acordo com Reich (1995) é auto-regulado, equilibrado e maduro.
O termo ergonomia provém de um vocábulo grego e refere-se ao estudo dos dados biológicos e tecnológicos que permitem a adaptação entre o homem e as máquinas ou os objectos.
A ergonomia propõe-se a que as pessoas e a tecnologia funcionem em harmonia. Nesse sentido, dedica-se à concepção de postos de trabalho, ferramentas e utensílios que, graças às suas características, possam satisfazer as necessidades humanas e remediar as suas limitações. Esta disciplina permite, por isso, evitar ou pelo menos reduzir as lesões e doenças do homem associadas ao uso da tecnologia e de ambientes artificiais.
Wilheim REICH o que é necessário explicar não é que o faminto roube ou que o explorado entre em greve, mas por que razão a maioria dos famintos não rouba e a maioria dos explorados não entra em greve.
Ergonomia, antes de mais nada, é uma atitude profissional que se agrega à prática de uma profissão definida. Neste sentido é possível falar de um médico ergonomista, de um psicó- logo ergonomista, de um designer ergonomista e assim por diante. Esta atitude profissional ad- vém da própria definição estabelecida pela Associação Brasileira de Ergonomia, com base num debate mundial: A Ergonomia objetiva modificar os sistemas de trabalho para adequar a ativida- de nele existentes às características, habilidades e limitações das pessoas com vistas ao seu desempenho eficiente, confortável e seguro (centro reichiano, 2000).



Resumidamente concluindo, a psicologia corporal de Reich é uma área de estudo dentro da ciência psicológica na qual o individuo é considerado sob o ponto de vista energético. A energia é o equivalente a força vital que circula no organismo podendo estar em desequilíbrio. As pressões ambientais no trabalho, nos relacionamentos, os traumas emocionais, padrões rígidos de pensamento e comportamento, podem levar a doenças emocionais e físicas, que nada mais são que desequilíbrios energéticos.
Foi à partir de suas ideias que se formaram as bases para a Psicologia Corporal que temos em nossos dias. Wilhelm Reich nasceu em 1897, estudou medicina em Viena e parece ter sido um homem bem a frente do seu tempo. Afinal, falava de sexualidade e contracepção numa época de muito tabu com relação a temática. Foi discípulo de Sigmund Freud e em sua teoria, não admitia uma mente separada da repercussão física no corpo e vice-e-versa. Dessa forma, um corpo doente seria uma fonte de adoecimento para a mente e, uma mente perturbada, teria um impacto importante no enrijecimento e/ou contração muscular.
Por fim, utilizo o nome Psicologia Corporal para diferenciar da antiga Psicoterapia Corporal, no intuito de emprestar àquela uma atualização e um novo olhar clínico para as novas subjetividades contemporâneas, sem perder os alicerces teóricos construídos por esta.















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